Oswaldo Corrêa Gonçalves, arquiteto cidadão | Gino Caldatto Barbosa

Gino Caldatto Babosa Foto Matheus Tage Oswaldo Corrêa Gonçalves
Gino Caldatto Babosa | Foto: Matheus Tagé

Para a apresentação deste minucioso trabalho sobre a vida e a obra de Oswaldo Correa Gonçalves, meu caro colega e amigo, realizado pelos jovens Ruy Eduardo Debbs Franco e Gino Caldatto Barbosa, penso em esboçar uma lembrança pessoal, pois conheci o arquiteto praticamente desde que cursei a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.

Para isso, reuni as mais importantes imagens que guardei de Oswaldo, e que podem ser resumidas em quatro retratos parciais de sua e de minha vida. Aliás, embora ambos tenhamos nos modificado ao longo desses sessenta anos, essas imagens demonstram que, curiosamente, permanecemos idênticos: afinal, não sou capaz de lembrar de visões e atitudes desde a minha mais longínqua infância? O mesmo pode ser dito de nosso biografado. Pretendo, por fim, apresentar a síntese dessas imagens. Leia Mais

Brasil Arquitetura. Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz, projetos 2005-2020 | Abilio Guerra, Marcos Grinspum Ferraz e Silvana Romano Santos

Taí um livro que não carece de resenha. Dado que se constitui em si mesmo, sem necessária tradução ou reforço teórico, crítico ou explicativo; vamos começar pelo começo, por puro e respeitoso apreço e deleite.

É um lindo corpo físico – que bom poder sentir o peso do volume nas mãos e folheá-lo, percorrendo página a página, composta cada uma a sua vez de texto e imagem com medida apurada. Quase, mas não perfeitamente quadrado – a proporção nos atinge de primeiro, sem racionalização, não é mesmo? – e assim ele fica de pé, posto que tem um tantinho mais de altura do que largura. Mas se deita, também, sobre um plano qualquer e nos espera, ao expor seu rosto de chofre, claro, sincero. Um ser encarnado. Leia Mais

Brasil Arquitetura. Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz, projetos 2005-2020 | Abilio Guerra, Marcos Grinspum Ferraz e Silvana Romano Santos

Tempos difíceis estes que estamos vivendo. Especialmente difíceis para nós, ofendidos e maltratados brasileiros. Muito difíceis para terra e homens ressecados e silenciosos, apiloados pela marcha dura de botas e coturnos. Enquanto isso os espíritos xapiri continuam fugindo, os xamãs quase não conseguem mais fazê-los dançar para nos proteger e o céu que vem se aproximando cada vez mais da terra, não tendo mais ninguém que consiga sustenta-lo, corre sério risco de desabar de vez; assim profetizou Davi Kopenawa narrando uma lenda comum a vários povos indígenas (1). A proximidade cada vez maior do céu é que vai explicar esta sensação estranha de angústia e sufocamento. E porque os coqueiros e mamoeiros não dão mais conta sozinhos de suportar o céu, vamos fazendo exercícios diários para ajudar a segurá-lo, lembrando de brasis mais justos, ou mais alegres, ou mais serenos, ou mais criativos, ou mais tolerantes, ou mais singelos, ou tudo isso mais ou menos combinado. Saudades das aquarelas do Brasil… Leia Mais

Memória da amnésia. Políticas do esquecimento | Giselle Beiguelman

Hoje, nem o tempo é mais o que era. Antigamente, reconhecia-se o passado como algo que dizia respeito ao que havia acontecido, o presente ao que estava acontecendo e o futuro ao que iria acontecer. Como aqui demonstra a artista e pensadora Giselle Beiguelman, a partir de ensaios textuais e visuais, a presumida linearidade do tempo explodiu, e a temporalidade parece estruturar-se numa nuvem de fragmentos com espessuras e velocidades distintas e em direções desencontradas. Sobre esse caráter essencialmente contraditório, a autora lembra que a mesma cidade onde foi inaugurado o Museu do Amanhã, instituição que quer nos fazer crer que o amanhã já é hoje, transformou em cinzas o Museu Histórico Nacional, um patrimônio de 20 milhões de itens. Rasurou irreversivelmente uma parte significativa do passado não só brasileiro e português, mas da humanidade.

Nunca se produziu tantos registros como atualmente, ao mesmo tempo em que nunca foi tão difícil ter acesso ao passado recente. O tsunami de informações tem o esquecimento como efeito colateral. Não é isso o que sentimos quando, na inspeção arqueológica de gavetas e armários, encontramos disquetes obscuros? Leia Mais