Computadores e Linguagens nas aulas de Ciências: uma perspectiva sociocultural para compreender a construção de significados – GIORDAN (EPEC)

GIORDAN, Marcelo. Computadores e Linguagens nas aulas de Ciências: uma perspectiva sociocultural para compreender a construção de significados. Ijuí: Ed. Unijuí, 2008. 308 p. Resenha de: COSTA, Alberto Luiz Pereira da. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, Belo Horizonte, v.12, n.03, p.153-156, set./dez. 2010.

Subo uma ladeira contra o vento Volto a esquina e encontro o tempo Já não tem porque correr E fico ali olhando e vendo Revivendo1 Marcelo Giordan em sua obra Computadores e linguagens nas aulas de ciências: uma perspectiva sociocultural para compreender a construção de significados, apresenta um relevante trabalho que ainda hoje foi pouco divulgado pelos pesquisadores do ensino de ciências. Neste trabalho o autor busca indícios sobre questões mediadas a partir de construtos teórico-metodológicos utilizando a perspectiva sociocultural com intuito de analisar as elaborações de significados na sala de aula e suas possíveis interações discursivas com o uso de ferramentas computacionais.

O livro é dividido em oito capítulos em que retratam um programa de pesquisa que vem sendo desenvolvida nos últimos dez anos pelo professor Giordan e seu grupo de pesquisa em Educação em Ciências e Tecnologias Educativas na área de formação de professores pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo.

No primeiro capítulo discutem-se as questões socioculturais baseada nos estudos de Vigotski e Bakhtin, este capítulo é dividido em duas partes, a primeira parte o autor apresenta uma relação de face a face em sala de aula presencial, com o objetivo de compreender a aprendizagem por meio da fala, do gesto e dos textos escritos. Na segunda parte Marcelo Giordan busca focar suas atividades em um ambiente on-line, em que “as linguagens verbal, escrita e iconográfica são os principais sistemas semióticos empregados” (GIORDAN, 2008, p.

25). Para o autor, a formação do pensamento e da linguagem pode ser articulada para observar como o estudante e o docente interage diante do computador em situações de ensino.

Para reforçar o estudo Giordan (2008), no segundo capítulo apresenta contribuições da Teoria da Ação Mediada, proposta por James Wertsch, que além de inserir a busca pelo sociocultural como responsável pela metodologia também interfere na construção de significados com a mediação do computador.

O pesquisador Giordan descreve que a Teoria da Ação Mediada realizada por Wertsch é uma síntese sobre o pensamento de Vigostski e Bakhtin. Wertsch observa que Vigostski não se dispôs a discutir “conceitos marxistas, como mercadoria, alienação e consciência de classe, preferindo se inspirar nos métodos marxistas de análise e nas proposições sobre a origem social dos processos psicológicos” (GIORDAN, 2008, p. 77). Nesta citação observamos que as questões que Giordan busca apresentar são voltadas para as práticas socioculturais.

O capítulo três tem por objetivo mostrar pesquisas que são desenvolvidas com a presença do computador nas aulas de ciências. O autor fez um estudo sobre as experiências com o uso do computador e da internet. Giordan (2008) apresenta neste capítulo uma breve revisão crítica sobre o uso de ferramentas tecnológicas na educação em ciências, tendo como base os conceitos da Teoria da Ação Mediada. O autor expõe seis formas da utilização do computador na sala de aula de ciências, são elas: linguagem de programação, sistemas tutoriais, caixas de ferramentas, simulação e animação, comunicação mediada por computador, e as dinâmicas das interações diante do computador. Neste momento, Giordan discorre sobre os seis temas por ele apresentado, mostrando com relevância cada uma das seis formas, e como estas podem ser uteis nas aulas de ciências.

Algumas questões técnicas e metodológicas sobre o registro da ação na sala de aula: aplicativos, captação e armazenamento digitais, este é o quarto capítulo da obra em que o autor faz uma apresentação da mediação do computador com referência a dados que foram coletados e posteriormente escritos nos correios eletrônicos.

Questões de tutoria on-line que foi desenvolvida no laboratório de pesquisa da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo – FEUSP – com parceria com o laboratório de engenharia de software da USP, também fazem parte deste capítulo. Buscando ressaltar as interações discursivas entre os personagens envolvidos no ambiente on-line, o foco são os registros do armazenamento e do tratamento dos dados no Tutorial de Química Orgânica.

No capítulo cinco, o autor discute a linha de pesquisa desenvolvida por ele e seu grupo em que utiliza a “teoria do conhecimento químico, como experimentação, simbologia, natureza particulada da matéria com questões sobre a organização do ensino desde a perspectiva sociocultural e das contribuições da Teoria da Ação Mediada” (GIORDAN, 2008, p. 55). O autor ainda discute a particularidade da Química no que diz respeito às dimensões espaço – temporais das realidades investigadas. Apresenta um projeto de ambiente virtual de aprendizagem, cujo objetivo é representar simulações de experimentação que o grupo de pesquisa em Educação em Ciências e Tecnologias Educativas propôs para a aplicação nas salas de aula do ensino médio.

Já o capítulo seis, tem como objetivo mostrar a introdução da internet em uma comunidade escolar, com a utilização de ferramentas computacionais para contribuir com a formação continuada de professores que lecionam no ensino médio. Segundo Giordan (2008), os ambientes informatizados demonstram como ocorrem as modalidades discursivas por meio da escrita, e os diálogos neste cenário são importantes para as ações dos docentes, e como este elabora significados em sua comunicação nas aulas de ciências.

No capítulo sete Giordan mostra com propriedade a importância da tutoria pela internet, relacionando os aspectos da interação na elaboração de significados com o uso do correio eletrônico. Marcelo Giordan comenta os fundamentos da tutoria, para mediar o conhecimento a ser estudado entre os alunos e o professor/tutor e como o serviço de tutoria pela internet auxilia na orientação no planejamento de tarefas escolares. Neste mesmo capítulo o autor divulga dois episódios ocorridos em sua pesquisa, os episódios envolveram alunos do ensino médio que faziam perguntas sobre o tema de Química por um ambiente virtual de aprendizagem on-line, em que seu professor/tutor deveria sanar suas dúvidas, neste momento a pesquisa esta sendo aplicada na comunidade escolar.

A conclusão é o capítulo oito em que Marcelo Giordan apresenta uma possível investigação com a utilização da Teoria da Ação Mediada, que atribui neste capítulo o nome de Modelo Topológico de Ensino. O autor encerra a obra voltando assinalar a essência que as contribuições da perspectiva sociocultural podem promover para a formação inicial e continuada de professores de Química e Ciências das escolas de ensino fundamental e médio e nos cursos de licenciatura e de extensão que são promovidos pela instituição a qual o autor atua.

Finalizando é um livro que destaca o computador e a linguagem como prática para o desenvolvimento da educação em ciência, relacionando a experiência e o conhecimento em interações on-line. A leitura é recomendada para alunos do curso de ciências em geral, professores, profissionais da educação, pesquisadores e estudiosos em educação, preocupados com as questões do ensino de ciência e as modalidades de ensino por ambientes virtuais de aprendizagem on-line.

Nota

1 Epígrafe extraída do disco de Francis Hime (1978), Se porém fosse portanto.

Alberto Luiz Pereira da CostaMestre em Educação para a Ciência e a Matemática pelo Centro de Ciências Exatas da Universidade Estadual de Maringá – (UEM/PR). Docente do Projeto de Educação Novo Telecurso. E-mail: [email protected]

Acessar publicação original

[MALPDB]

Brasil de Getúlio a Itamar: quatro décadas de história vivida | Heinz F. Dressel

DRESSEL, Heinz F. Brasil de Getúlio a Itamar: quatro décadas de história vivida. Ijuí: Editora Unijuí, 1997. Resenha de: SANTOS, Ana Maria Barros dos. CLIO – Revista de pesquisa histórica. Recife, v.17, n.1, p.201-202, jan./dez. 1998.

Acesso apenas pelo link original [DR]