Todo império perecerá. Teoria das relações internacionais | Jean-Baptiste Duroselle

Como um instrumento de grande utilidade, recebemos a edição brasileira de Tout empire périra, do destacado historiador e professor francês Jean-Baptiste Duroselle. Para muitos autores, trata-se do melhor texto sobre aspectos teóricos e metodológicos da história das relações internacionais, bem como de uma densa teoria das relações internacionais.

Para iniciar nosso comentário, parece importante ter presente que Duroselle é um dos autores mais influentes da escola francesa de história das relações internacionais, fundada pelo grande mestre Pierre Renouvin, durante o decênio de 1930. Efetivamente, Duroselle recebe de Renouvin duas categorias centrais do paradigma francês: forças profundas e homens de Estado. Porém, Duroselle, também introduz novas categorias com fim de renovar suas pesquisas e interpretações, propor novas, úteis e pertinentes ferramentas de trabalho, assim como novos problemas de estudo em uma temática complexa, ampla e diversa como é a evolução das relações internacionais. Leia Mais

Brasil e Israel: diplomacia e sociedades | Norma Breda dos Santos

A Professora Norma Breda, da Universidade de Brasília, adicionou a ainda pouco desenvolvida bibliografia de estudos diplomáticos brasileiros uma valiosa coletânea dedicada às relações entre Brasil e Israel. Ela não somente organizou a coletânea e lhe escreveu o prefácio, como produziu também o mais extenso e abrangente estudo incluído no livro, enriquecido ainda pela substanciosa “Apresentação”, assinada pelo Professor Amado Luiz Cervo, diretor da Coleção Relações Internacionais da Universidade de Brasília.

No seu texto, Norma Breda acompanha com astúcia as posições, em relação a Israel, assumidas por diplomatas brasileiros, durante cinco décadas, nos inúmeros debates em torno da questão árabe-israelense, ocorridos nas Nações Unidas. Cabe aqui ressaltar que, até os anos setenta, tal era o contexto mental em que se pensavam, no Itamaraty, os problemas associados à existência de Israel: O mundo dos Estados árabes reagindo ao aparecimento entre eles do Estado judeu. O Brasil, que possuía bem agregado na sua população um forte contingente de judeus e grandes colônias árabes, tinha todo interesse em manter-se imparcial no conflito, vendo-se inclusive como candidato a mediador em eventual impasse. A autora registra, no contexto da preparação da famosa Resolução n° 242, análises do delegado brasileiro ao Conselho de Segurança, demonstrando a auto-satisfação com a contribuição dada pelo Brasil, forçando as partes a abandonarem suas posições inflexíveis e tornando possível o compromisso encerrado na Resolução. Leia Mais

Depois das Caravelas. As relações entre Portugal e Brasil/ 1808-2000 | Amado Luiz Cervo e José Calvet de Magalhães

Depois das Caravelas, obra publicada na Coleção Relações Internacionais da Editora Universidade de Brasília, representa um trabalho de grande importância para as relações bilaterais entre Portugal e sua ex-colônia, o Brasil. Com seu enfoque nos últimos duzentos anos, o livro preenche uma grande lacuna na literatura acadêmica sobre as relações entre os dois países, que tende a focalizar, sobretudo no ano do V Centenário do Descobrimento do Brasil, o próprio descobrimento e o período colonial. O livro soma os esforços de scholars dos dois países, como que simbolicamente representando a nova qualidade das relações bilaterais. A obra contém duas partes. Na primeira (151 páginas) o historiador brasileiro Amado Luiz Cervo analisa as relações entre Portugal e Brasil no século XIX. Segue um capítulo sobre as relações culturais no século XIX, escrito pelas duas historiadoras cariocas Tânia Maria Tavares Bessone da Cruz Ferreira e Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves, ambas especialistas em história cultural do Brasil (30 páginas). A segunda parte do livro trata das relações bilaterais do início do século XX até os tempos mais recentes (122 páginas). O autor, José Calvet de Magalhães, é diplomata português e especialista em história diplomática do seu país. O livro conta ainda com uma apresentação, escrita por Dário Moreira de Castro Alves, que oferece, em 50 páginas, um resumo de seu conteúdo. Finalmente, são reproduzidos em anexo os três mais importantes tratados entre Portugal e Brasil. Leia Mais

História do Cone Sul | Amado Luiz Cervo e Mario Rapoport

Este livro que acaba de ser trazido a público, História do Cone Sul, vem cumprir importante missão. Trata-se de obra coletiva, realizada por professores e pesquisadores da Universidade de Brasília e da Universidad de Buenos Aires, que pretende expor “uma nova visão do assunto”, à luz dos avanços mais recentes do conhecimento histórico e da própria realidade política regional. Do ponto de vista da criação e propagação de ideologias, a história das relações internacionais na América do Sul padecia de males de origem, que por força da repetição irrefletida de certas visões e conceitos, não acompanhava a evolução intrínseca verificada na sub-região desde o final da década de 1980. Assim, entre os objetivos dos autores estava também “redigir um texto didático para servir ao ensino de História nas universidades e nas escolas”, o que, além de necessário e urgente, preenche incômoda lacuna que insistia em nos acompanhar.

A propósito do título do livro, um dos autores assinala que o nome Cone Sul é “objetável”, pois, além de associar uma forma geométrica a um ponto cardeal, sem aludir a qualquer categoria histórica, política, econômica ou cultural, a denominação corresponde a “concepções estereotipadas do espaço”, em geral relativas a “elucubrações geopolíticas clássicas”. A questão do nome, ainda segundo o próprio livro, permanece “como uma matéria pendente” e, quer me parecer, não invalida nem põe em risco o conteúdo da obra, muito mais importante e relevante do que qualquer debate estéril sobre um conceito que, se não é consensual, ao menos identifica e remete o leitor, pela via do senso comum, ao objeto de estudo a que se refere, conforme uma rápida passagem pelo sumário pode provar. Leia Mais

O lugar da África: a dimensão atlântica da política externa brasileira (de 1946 a nossos dias) | José Flávio Sombra Saraiva

A coleção Relações Internacionais (da Editora da Universidade de Brasília), coordenada pelo professor Amado Luiz Cervo, acaba de lançar uma importante obra sobre a política africana do Brasil e as relações Brasil-África, de autoria do africanista e especialista em relações internacionais José Flávio Sombra Saraiva. Este livro vem, em primeiro lugar, cobrir uma grave lacuna existente sobre o tema em nossos manuais universitários, atualizando, aprofundando e inovando o trabalho iniciado pelo professor José Honório Rodrigues com Brasil e África, outro horizonte (2 volumes) e pelo diplomata Adolpho Justo Bezerra de Menezes com Ásia, África e a Política Independente do Brasil e O Brasil e o mundo ásio-africano, todos eles trabalhos publicados no início dos anos 60.

Evidentemente os cursos de Pós-Graduação de Relações Internacionais, História e Ciência Política têm propiciado a elaboração de vários estudos específicos sobre este tema, mas não um abrangente, de síntese. Neste caso, merece referência o excelente trabalho geral do diplomata Fernando Marroni de Abreu, L’évolution de la politique africaine du Brésil, tese defendida na Sorbonne em 1988, mas não publicada. Assim, o livro recém lançado pelo Dr. Flávio Saraiva constitui o primeiro manual universitário sobre o conjunto das relações contemporâneas do Brasil com a África. Não se trata, contudo, de um simples manual, pois, se está apresentado com este perfil, nem por isso deixa de constituir uma obra de análise aprofundada, baseada também numa ampla documentação, bibliografia e entrevistas realizadas tanto no Brasil como na África. Leia Mais