Guia de escrita: como conceber um texto com clareza, precisão e elegância – PINKER (B-RED)

PINKER, Steven. Guia de escrita: como conceber um texto com clareza, precisão e elegância. Tradução de Rodolfo Ilari. São Paulo: Editora Contexto. 2016. 252 p. Resenha de POSSENTI, Sirio. Bakhtiniana – Revista de Estudos do Discurso, v.12 n.3 São Paulo Set./Dec. 2017.

Há livros que não deveriam ser resenhados. Este é um deles. Não porque não mereça ser apresentado a um público, especializado ou não, mas porque é precedido de um prólogo da lavra do tradutor que bem poderia servir de resenha. Provavelmente é uma questão de negócios que ele não seja publicado aqui, como se fosse agora outro gênero. Mas como os leitores só conhecerão o prólogo se tiverem o livro em mãos, que sirva esta resenha também de propaganda.

O título do livro pode enganar, porque ele ressoa outros que andam por aí, que prometem o céu textual com dicas do tipo “seja breve, claro e original”.

Ora, de certa forma é disso que este livro trata, só que seus fundamentos não são simplórios, não apelam a um ato de vontade ou a uma decisão a ser tomada no dia da redação. O mais interessante na obra são as explicações. Sim, porque os “fatos” são conhecidos. Forneço em seguida uma breve nota sobre cada capítulo.

O prólogo é, primeiro, uma defesa da língua viva, muito combatida por autores de manuais de estilo (uma curiosidade é a citação de seis pensadores preocupados com a decadência das línguas que repetem o mesmo discurso em 1785, 1883, 1889, 1917, 1961, 1978). Em segundo lugar, é uma elegia à beleza, que vem depois de Pinker ter afirmado que ter estilo traz confiança. Possivelmente, é uma certa dificuldade (carência de familiaridade?) com a escrita que leva muita gente a dizer que está tudo pronto, “só falta escrever”… Pinker pode ajudar.

O primeiro capítulo é, por sua vez, uma defesa do aprendizado estilístico. “Ninguém nasceu com competência para redigir em inglês enquanto tal” é seu mote. Tal capacidade decorre de vários fatores, entre os quais está a escrita dos bons autores (se você não os frequenta, pode desistir de escrever bem). Mas Pinker não advoga que tudo decorra da familiaridade, que alimentaria uma intuição decorrente da imersão. Analisa um conjunto de pequenos textos que considera exemplares, e explicita (mostra, já veremos por quê) o que os torna exemplares. Defende que esse tipo de análise leva quem escreve a dominar uma escrita clara, elegante e precisa. Ou seja: conhecer os recursos da língua permite melhorar o desempenho. Há alguma coisa de gosto e predileção em suas escolhas e análises, mas há nitidamente mais explicitação dos ingredientes que o bom escritor deve considerar, o que significa manipulá-los conscientemente.

O segundo capítulo revisita alguns manuais famosos, que expõem teses corretas, mas pouco explicadas, sempre acompanhadas dos preconceitos conhecidos (como o que critica as escritas na rede por mero purismo, deixando de perceber não só que as línguas mudam, mas especialmente que as redes estão introduzindo grande parte da humanidade no mundo da escrita). Também cita lições estranhas, como a que recomenda não usar passivas, logo seguida de uma…

Defende uma tese por demais interessante: que escrever é mostrar o mundo. Ou seja: não se trata de uma relação entre língua e pensamento (do autor ou do leitor), que exigiria ideias claras, por exemplo, mas da possibilidade de “mostrar o mundo”, o que implica mais claramente “as palavras e as coisas” (sem nenhuma ingenuidade). Também implica fortemente o leitor, porque se trata de mostrar-lhe o mundo. Esta é medida do sucesso do texto. Os modelos seriam Descartes (o Discurso do método poderia sem dúvida ser lido como um modelo de escrita) e La Rochefoucault: curiosamente, dois franceses. Talvez não seja à toa que a ideologia da clareza do francês (que o diga Lacan!) tenha feito fortuna… Exemplos são: em vez de “a prevenção da neurogênese diminui a não integração social”, diga “quando evitamos a neurogênese, os ratos pararam de evitar outros ratos”; ou, em vez de “pode ser que alguns genes faltantes sejam mais contributivos com o déficit espacial”, escreva “talvez alguns genes faltantes contribuam para o déficit espacial”.

O terceiro capítulo põe em cena outra questão talvez velha, mas também com olhos novos. É que, usualmente, culpa-se o leitor pela incompreensão dos textos. Mas Pinker mostra que, frequentemente, a culpa é do autor. Não que ele padeça (mesmo quando é o caso) de ignorância ou de pouco domínio da escrita, no sentido tradicional. O fracasso tem a ver com o fato de o autor não “escolher” seu leitor, não levar em conta seu universo – sua memória ou seu conhecimento de mundo, conforme a teoria. Assim, ele sonega pressupostos, começa sempre in media res ou no lugar errado. Não é que o leitor não entenda as frases ou a língua ou mesmo não perceba do que se trata: ele apenas não consegue ancorar o que lê em seu conhecimento anterior. Todos passamos por isso, seja numa consulta ao solucionador de problemas de informática, que logo nos pergunta sobre detalhes dos sistemas operacionais; pode ser numa conversa com advogados que perguntam sobre alternativas no contrato (há alternativas?), pode ser a fala de um físico que acha que todos sabem o que é o quantum… (Aliás, um dos fenômenos paralelos a esta questão, de que Pinker não trata, é exatamente o quanto – sem trocadilho – um leitor pode achar que é moderno porque sua dieta é quântica). Pinker chama a este problema de “maldição do conhecimento”, resultado de um desajuste entre texto e leitor, por culpa do autor. É claro que se pode reclamar de Pinker, achando que ele está dizendo que o autor deve sempre se colocar no nível do leitor, esquecendo que o leitor postulado pelo texto é diferente do leitor empírico, que o leitor deve mudar de texto quando não dá conta dele, etc. Mas Pinker é coerente, concorde-se com ele ou não: ele acha que escrever é mostrar o mundo, e não supor que o leitor tenha uma visão de raios X…

O capítulo seguinte (se eu mantiver “seguinte”, posso ganhar alguma coisa em termos de estilo, se a repetição for considerada um defeito, mas o leitor perde, porque terá que voltar para saber o lugar dele no livro, a não ser que tenha boa memória1; seria melhor dizer “o quarto”?) interessa talvez mais aos linguistas, especialmente aos sintaticistas. Pinker considera muitos casos que poderiam ser qualificados como ambíguos. Mas seu problema não é descrever a ambiguidade, especialmente a decorrente da possibilidade de um constituinte ocupar nós alternativos em uma árvore. Seu problema é mostrar como isso pode apresentar o mundo ao leitor de forma obscura. Ou seja, não está descrevendo as possibilidades dos deslocamentos, mas o efeito que produzem. Não está descrevendo uma propriedade da sintaxe, mas tirando dela consequências em favor da clareza. Mata a cobra e mostra o pau – e o faz na árvore! Todo mundo aprendeu na escola (pelo menos antigamente) que frases como “pentes para mulheres de osso” são viciosas, mas nunca nos disseram que havia uma teoria sintática que explicava isso.

Melhor ainda (e nem Pinker o faz): poderiam nos explicar que, se queremos ser claros, poupar a energia do leitor, devemos dizer “pentes de osso para mulheres”, porque “de osso” qualifica pentes (no mundo!!), porque a expressão está contígua ao nome a que se refere e a contiguidade é relevante. Por isso, se dizemos “pentes para mulheres de osso”, pode acontecer, como efeito da contiguidade, que imaginemos mulheres de osso. O que, e é isso que Pinker deixa passar, pode ser muito bom se queremos fazer humor… porque, como se sabe, ele depende crucialmente de sentidos surpreendentes, que não precisam mostrar o mundo – ou, pelo menos, o mesmo mundo.

O melhor exemplo de Pinker, também um pouco engraçado, é “um painel sobre sexo com quatro professores”. Pinker organiza os constituintes numa árvore (aqui mostro só o fundamental):

[um painel] [sobre sexo com quatro professores].

e

[um painel com quatro professores] [sobre sexo].

“Com quatro professores” é uma sequência que se associa a sexo ou a painel, conforme a contiguidade. Uma frase mostra um mundo, outra mostra outro. Pelo menos à primeira leitura. Escolha o mundo que quer mostrar e coloque “com quatro professores” no lugar mais adequado ao seu propósito.

O último capítulo, o quinto, chamado “Arcos da coerência”, tem a ver, como o título indica, com coerência (no sentido corrente na linguística de texto), mas, como se trata de clareza e de elegância, logo o leitor perceberá que, um pouco como no capítulo anterior, se trata de mostrar o mundo. Ou seja: o problema é a clareza. Neste capítulo, os textos analisados são mais extensos, o que dificulta sua apresentação numa resenha, mas alguns exemplos mostram do que se trata: sem perder de vista o que se poderia chamar de macroestruturas, é nas micro que o livro mais insiste.

Por exemplo, que se evitem construções como “Minha mãe quer que o rabo da cachorra seja operado de novo, e se ela não sarar desta vez ela terá que ser sacrificada”, em que o último “ela” pode evocar a mãe; melhor repetir “cachorra”. O mesmo fenômeno ocorre em “A culpa, a vontade de vingança e o rancor podem ser destrutivos para você e para seus filhos. Trate de livrar-se deles”. Há certamente um conjunto de razões que levarão a interpretar “deles” como correferindo os três sentimentos listados no começo da oração, e não “seus filhos”. Mas não deixa de ser verdade que o mundo parece um pouco opaco aqui. A diferença entre estes exemplos e os de sintaxe, quando a questão é a posição de um constituinte, adjacente ou não a um elemento ao qual se refere, é que lá se trata da estrutura da língua, e aqui estamos no outro patamar, o do texto (uma questão nunca bem resolvida, embora a distinção pareça óbvia). Que fique claro que Pinker não descuida das macroestruturas; é que, como disse, ocuparia muito espaço expor alguma das análises de Pinker, que são diversas e muito interessantes. E a leitura do livro poderia ser dispensável, que é o contrário do que uma resenha quer.

No prólogo, o tradutor informa que o último capítulo não foi traduzido. Trata da correção. O principal mérito do capítulo, segundo Ilari, é que ele põe em dúvida os critérios de correção, frequentemente puristas ou saudosistas. Um tema que, diria, conhecemos bem. Não que as coisas estejam claras para todos, porque é na hora de corrigir, como se sabe, que a cobra fuma (seja no ENEM, seja nos vestibulares, seja nas escolas). De certa forma, o capítulo faz falta. Mas o leitor, se procurar, vai encontrar bons substitutos no Brasil.

O livro é um guia da escrita acadêmica, jornalística, de divulgação. Certamente não pretende ser uma orientação para escrever a poesia ou humor. São coisas que talvez não se aprendam “na escola”, embora, em alguns casos, baste apenas virar a chave.

1Pinker provavelmente reprovaria tudo o que está entre parênteses…

Sirio Possenti – Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, Campinas, São Paulo, Brasil; CNPq 3062218/2013-5; [email protected].

Novas tecnologias para ler e escrever: algumas ideias sobre ambientes e ferramentas digitais na sala de aula – RIBEIRO (REi)

RIBEIRO, Ana Elisa. Novas tecnologias para ler e escrever: algumas ideias sobre ambientes e ferramentas digitais na sala de aula. Belo Horizonte: RHJ, 2012. Resenha de: PINHEIRO, Daniel Silva Pinheiro; CALDEIRA, Marildes. Revista Entreideias, Salvador, v. 1, n. 2, p. 159-162, jul./dez. 2012.

Ao longo dos séculos, os processos de ler e de escrever foram redesenhados pelas modificações dos seus suportes e materiais. Passamos desde a argila, papiro e papel, bem como pelos formatos de rolo e códice chegando à atualidade em que temos à disposição as telas dos dispositivos digitais. Estes vêm exercendo forte influ¬ência nos modos de ler e escrever, alterando a própria estrutura textual, em que se apresenta na forma de hipertexto, cada vez mais multimodal no sentido em que podem combinar as diversas linguagens, tais como imagens, sons, códigos verbais, dentre outras.

Essas combinações multiplicam as possibilidades de comunicação para o sujeito, lhe permitem novas formas de interação social, assim como estimulam o aparecimento de novos gêneros textuais. Tal assertiva, implica numa ampliação e complexificação dos processos de letramento. É justamente considerando e discutindo estas questões que a Ana Elisa Ribeiro nos convida ao diálogo com o livro Novas tecnologias para ler e escrever.

A obra constitui-se numa organização das pesquisas acadêmicas realizadas pela autora e de suas experiências em sala de aula como professora de Português e de Produção de Textos. Trata-se de um trabalho que busca não somente esclarecer conceitos do campo da leitura e da escrita em meios digitais, mas que também traz relatos bem fundamentados, de atividades de leitura e escrita, usando o que ela denomina “ferramentas digitais”.

Ao descrever algumas experiências realizadas, em práticas de letramento digital, ou seja, situações de uso da escrita e leitura em meio digital, percebe-se que a pretensão da autora é viabilizar que seus leitores reflitam e sejam instigados a também experienciar estas e outras práticas similares em seus respectivos contextos. É evidente ao longo da obra que a mesma destina-se, especialmente, a professores que já trabalham ou pretendem trabalhar com produção textual considerando as questões emergentes no que diz respeito às tecnologias e ao letramento.

Apesar do enfoque prático, e de frequentemente ser empregado o termo “ferramentas” para designar os ambientes e dispositivos digitais, a autora avança para além da concepção das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) enquanto simples suportes ou instrumentos e sustenta a importância desses espaços como potencializadores do trabalho crítico e colaborativo, favorecendo assim uma perspectiva que considera a escrita como processo e não como produto.

Ribeiro sustenta que a Web 2.0 é caracterizada especialmente pela participação dos sujeitos que concomitantemente produzem conteúdo e aperfeiçoam o próprio sistema. Também é peculiar ao contexto da Web 2.0 a intersecção entre os dispositivos digitais e a rede, a internet, o que aumenta significativamente as possibilidades de colaboração, de produção e publicação de textos. Temos ai, um avanço em relação à visão restrita das TIC como meras ferramentas, em seu texto, a autora evidencia sua compreensão das TIC enquanto potencializadoras da produção de saberes e culturas. Para além de suas próprias pesquisas a autora utiliza-se de alguns outros referenciais do campo da linguística e da comunicação para estruturar suas observações. São citados, por exemplo, Lucia Santaella, Manuel Castells, Pierre Lévy, Antônio Marcuschi, André Lemos, entre outros.

O livro é organizado em 12 pequenos capítulos que ao mesmo tempo em que tem seus temas interligados, oferecem a possibili¬dade de um caminhar não linear. O leitor possui a liberdade para escolher qual o assunto específico que lhe interessa ou em qual capítulo do livro quer iniciar sua leitura sem, com isto, ter sua compreensão comprometida.

Diante da nossa dificuldade em dissociar a priori o termo tecnologia do contexto que envolve exclusivamente equipamentos elétricos, a autora atenta para o fato de que o homem já há muito tempo age sobre a natureza modificando-a. Para isto, ele utiliza-se de recursos técnicos que originam tecnologias capazes de suportar e estruturar as ações humanas. Importa perceber isto, pois tal dificuldade pode ocorrer de maneira similar com relação à percepção das TICs, as quais também não são tão recentes – exemplo disto, é o rádio, cuja criação e utilização data de algumas décadas.

Por meio de uma observação histórica o que se percebe é uma relação imbricada entre tecnologia e sociedade, ambos sendo influenciados e influenciando-se mutuamente. É a partir desta relação que os sujeitos vão se apropriando das tecnologias, transformando seus usos e construindo novas necessidades.
Desta forma, o domínio da tecnologia da escrita exige o domínio conjunto de várias técnicas, isto, desde que predominavam o uso do lápis e papel chegando até os nossos dias de uso intensivo dos dispositivos tecnológicos digitais. Conforme a autora, os usufrutos são aprendidos, cada objeto de ler e suas configurações são apropriados pelos sujeitos por meio da experiência e experimentação. Considerando a argumentação feita até aqui, e as afirmações de Ribeiro, seria possível imaginar a existência de uma disputa envolvendo as tecnologias (novas e antigas) e as instituições formativas, tais como a escola. Contudo, ela argumenta que esse tipo de compreensão se constitui num equívoco, já que o que se percebe é uma reconfiguração das tecnologias e mídias para que se mantenham entre as opções do leitor. Com relação a escola, o que se faz necessário é um olhar outro no que diz respeito às mídias que precisam ser vistas como novos meios de fazer, propor e mesmo seduzir, tanto alunos quanto professores.

Também merece relevância apresentar a reflexão acerca do conceito e do contexto de utilização do termo letramento feito pela autora, bem como sua relação com a alfabetização. Ribeiro define o letramento como sendo os usos que as pessoas realizam da alfabetização que tiveram ou das práticas ligadas à cultura escrita em que estão imersas. Argumenta em torno da existência de agências de letramento, que seriam espaços de socialização de práticas de letramento, tais como a escola, o trabalho e a família. Além de empregar a concepção de graus de letramento, em que por meio das mais diversas agências os sujeitos podem adquiri-los em variados níveis. Esses termos e conceitos são fundamentais no campo dos estudos sobre as práticas de uso da língua e seus variados gêneros. Já que a humanidade sempre inventará novas formas de escrever, novos gêneros de textos e suportes de leitura é impossível afirmar que existam limites para o letramento. Desta forma, na atualidade, em que contamos com a internet e os dispositivos digitais, a autora julga como pertinente adjetivar o termo letramento com a palavra digital, isto, para indicar a escrita em ambiente online, em rede, utilizando-se de dispositivos digitais.

Visto que se inserem neste contexto sociotécnico como mediadores instituídos para isto, a escola e o professor são multiplicadores potenciais deste letramento digital. Para Ribeiro, é justamente a partir do momento que as agências de letramento, com especial menção – a escola, compreenderem a permeabilidade relativa que existe entre textos e dispositivos de ler que será possível formar leitores hábeis e aptos a qualquer experiência de leitura (p. 119), consequentemente será possível colaborar para emancipação humana.
Como eventos de letramento que podem ser trabalhados em sala de aula, a obra conta com a indicação de experiências, por exemplo, o trabalho com webjornais, que possui entre as suas principais características a não linearidade e a multimodalidade. Estas, no entanto, não são propriedades dos jornais da web, pois já existiam há algumas décadas. Os ambientes digitais intensificaram e ampliaram essas características, trazendo outras opções de combinação das linguagens, como o áudio e o vídeo, que não seriam possíveis no meio impresso.

Outra experiência envolvendo letramento digital relatada no livro de Ribeiro é o trabalho com Google Docs cujo enfoque está mais voltado a valorização da escrita. Esse recurso possibilita a produção de escritos elaborados colaborativamente, estando os sujeitos em tempos e espaços diferentes, basta estarem com algum dispositivo digital conectado a internet. Nesse trabalho, o professor tende a enfatizar o processo de escrita, ainda mais do que o seu produto.

Ribeiro também opta por relatar nesta obra o seu trabalho com os alunos envolvendo práticas de retextualização, as quais requerem um maior planejamento e o uso efetivo de algumas linguagens. Para exemplificar, a autora trás uma experiência que refere-se ao uso de programas de rádio, em que os alunos foram instigados a retextualizar na forma de material impresso, uma locução gravada de uma rádio web. Ribeiro sustenta que essas atividades podem ser remodeladas e promovidas em qualquer série, em qualquer etapa de ensino, só dependendo da criatividade da agência e do professor (p. 75).

Consideramos que a obra oferece uma leitura clara, objetiva e promove importantes reflexões sobre os processos de letramento, principalmente quando este é confrontado com as novas práticas de leitura e escrita mediadas pelos meios eletrônicos.

Daniel Silva Pinheiro

Marildes Caldeira

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