Catolicismo, poder e sociedade / Faces de Clio / 2019

Com muita satisfação, a Revista Faces de Clio lança o dossiê Catolicismo, poder e sociedade (Julho – Dezembro de 2019). O presente arquivo reúne artigos de historiadores e cientistas da religião sobre as relações do catolicismo para com as instituições políticas e sociais em diferentes contextos históricos, considerando não apenas os espaços oficiais ou teológicos da Igreja Católica, mas também as suas manifestações não oficiais ou populares.

Visando facilitar a difusão dos nossos artigos, damos início a uma nova fase da Revista, que agora se integra ao novo Portal de Periódicos da Universidade Federal de Juiz de Fora. Com nosso novo site (OJS 3), teremos todo o fluxo editorial administrado na plataforma, facilitando a comunicação entre autores, editores, pareceristas e leitores.

Iniciamos este número com o artigo de João Antônio Fonseca Lacerda Lima, que analisa a importância das cerimônias católicas nos vários âmbitos dos bispados do Maranhão e do Pará, desde a sua instalação até o modo de seleção dos clérigos nas dioceses. Assim, mediante o estudo da “pompa e circunstância”, o autor demonstra o lugar da Igreja e dos eclesiásticos naquela sociedade.

Em seguida, temos o artigo de Júnior Cesar Pereira, “Lágrimas no púlpito A morte de D. Pedro III na parenética de Teodoro de Almeida”, que explora a relação entre a esfera do político e do religioso a partir da oratória sagrada, entendida com prática cultural. No texto, o autor procurou demonstrar como a morte de Dom Pedro III foi refletida no púlpito, a partir da análise de um sermão pregado pelo padre Teodoro de Almeida (1722-1804).

Nívea Mendonça, doutoranda em História Social pela Universidade Federal Fluminense, analisa o processo de entrada de pessoas na Ordem Terceira do Carmo em Vila Rica e em Mariana. De acordo com a autora, tal processo era extremamente criterioso e, somente ao final de todas as etapas, os noviços eram reconhecidos como Irmãos Terceiros da Ordem do Carmo.

No artigo intitulado “A Igreja Católica e o Movimento de recatolização no início do século XX”, Allan Fernandes discorre sobre a Igreja Católica no contexto político das décadas de 1920 e 1930. No texto, o autor relaciona o movimento de Recatolização no Brasil, a crise dos anos 1920, a ascensão de Vargas ao poder com os Levantes comunistas de 1935.

O texto de Pedro J. Silva Reis, Mestre em história contemporânea pela Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Nova de Lisboa, retoma o debate em torno da problemática da observação do comportamento político dos católicos produzido no âmbito da historiografia francesa, confrontando e equacionando as vantagens e desvantagens do universo crente contemporâneo.

No artigo intitulado “O Social Catolicismo e a sua atuação no meio rural na segunda metade do século XX no Brasil”, Nilmar Carvalho analisa a atuação da Igreja Católica no meio rural brasileiro, na segunda metade do século XX, sobretudo em relação à reforma agrária. A pesquisa está circunscrita aos eventos que ocorreram entre os anos de 1950 e 1964 e analisa os documentos eclesiais e bibliografias sobre o assunto.

Leiliane Louise Lucena da Costa, por sua vez, investiga por meio de cartas e rabiscos deixados por suicidas nos processos policiais de 1920 e 1952, a busca pelo perdão do pecado cometido contra si mesmo. O suicídio, tema tabu e hodierno para sociedade, é trabalhado na perspectiva da Igreja Católica, que com o desenvolvimento da medicina e áreas afins, fez rever algumas de suas doutrinas e passou a permitir o cumprimento de todos os rituais necessários para encomendar o enterro destes sujeitos.

Ainda no século XX, o artigo “Orientando o voto católico sul-rio-grandense: a LEC (Liga Eleitoral Católica) e a propaganda político-partidária veiculada na imprensa escrita em 1950” tem como objetivo compreender a influência da Igreja Católica por meio dos ditames apregoados pela Liga Eleitoral Católicos (LEC) na propaganda político-partidária do Partido Social Democrático (PSD) e do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) veiculada nos jornais Correio do Povo e Diário de Notícias.

Finalizando a sessão do dossiê temático, trazemos o artigo de Rita Suriani Lamas, que apresenta uma revisão bibliográfica sobre a atuação da Igreja Católica durante o governo ditatorial militar brasileiro, entre as décadas de 1960 e 1980. Ao longo do texto, a autora analisa documentos oficiais emitidos por órgãos ligados à Igreja, examinando as transformações ocorridas no clero brasileiro relativas às posturas adotadas frente às ações dos militares no poder.

Quanto aos artigos livres, iniciaremos com as contribuições do historiador Aguiomar Rodrigues Bruno, que no artigo intitulado “Por tudo que é vivo morre: a morte negra numa freguesia do Recôncavo da Guanabara, Rio de Janeiro (Séc. XVIII)”, o autor analisou as representações e as práticas do bem morrer católico entre os indivíduos forros da freguesia de Nossa Senhora da Piedade do Iguaçu, no Recôncavo da Guanabara, ao longo do século XVIII.

Adentrando na segunda metade do século XIX e início do século XX, o Professor Doutor Antônio Gasparetto Junior explora as manifestações culturais da comunidade germânica em Juiz de Fora, município que recebeu elevado número de imigrantes alemães e em muito se destacou pelas manifestações culturais e profissionais que os mesmos empreenderam na cidade. Por meio de fontes provenientes de suas antigas associações, o autor avalia a relevância que elas tiveram para a proteção dos germanos na região.

Finalizando os artigos da revista, Geovano Chaves, professor de história do IFMS, apresenta o artigo intitulado “O cinema polonês nos trilhos da História: As 200 crianças do Doutor Korczac de Andrej Wajda”. Ao longo do texto, o autor analisa as afinidades entre política e religião através do cinema, refletindo sobre os aspectos do antissemitismo no território polonês. No artigo, o autor analisa o filme “As 200 crianças do Doutor Korczac” com o objetivo de exemplificar alguns “trilhos” da história da Polônia.

Agradecemos a todos(as) membros da equipe editorial, ao conselho consultivo, aos pareceristas, aos autores(as), que participaram ativamente da construção deste dossiê, e aos leitores que prestigiarão o nosso trabalho.

Ana Paula Dutra Bôscaro – Doutoranda em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora. E-mail: [email protected]

Bárbara Ferreira Fernandes – Doutoranda em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora. E-mail: [email protected]

Jorge William Falcão Junior – Doutorando em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora. E-mail: [email protected]


BÔSCARO, Ana Paula Dutra; FERNANDES, Bárbara Ferreira; FALCÃO JUNIOR, Jorge William. Editorial. Faces de Clio, Juiz de Fora, v.5, n.10, jul / dez, 2019. Acessar publicação original [DR]

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Múltiplos olhares sobre política e religião / Faces de Clio / 2019

Com muita satisfação, a Revista Faces de Clio lança o dossiê Múltiplos olhares sobre política e religião (Janeiro – Junho de 2019). O arquivo é composto de trabalhos que observam os limites entre os espaços públicos e privados, assim como as fronteiras entre as experiências religiosas e as atuações políticas. Contamos, nesta edição, com artigos que transitam sobre diversos períodos da história, desde a “Grécia antiga” ao Brasil contemporâneo.

Visando facilitar a difusão dos nossos artigos, damos início à uma nova fase da Revista, que agora se integra ao novo Portal de Periódicos da Universidade Federal de Juiz de Fora. Com nosso novo site (OJS 3), teremos todo o fluxo editorial administrado na plataforma, facilitando a comunicação entre autores, editores, pareceristas e leitores.

Iniciamos este número com um artigo de Thales Moreira Maia Silva, no qual a semântica do conceito de “experiência religiosa” é explorada a partir de fontes da Grécia antiga e de um diálogo com a historiografia. O fio condutor do trabalho é a relação com o contexto político das “religiões de mistério” helenísticas.

Ainda sobre História Antiga, Eduardo Belleza traz a sua contribuição com o artigo “Os Césares” de Juliano como construção de uma propaganda política. Recorrendo à sátira intitulada “Os Césares”, demonstra as tentativas do imperador Juliano (361 – 363 d.C.) para difundir uma propaganda política e religiosa no intuito de promover a sua imagem e reestabelecer os antigos cultos romanos em oposição ao avanço do cristianismo.

No artigo O príncipe indômito: uma análise das políticas praticadas nas vidas de São Hermenegildo para a construção hagiográfica do príncipe mártir visigodo, a historiadora Luanna Klíscia explora as implicações políticas das vidas do príncipe visigodo São Hermenegildo (564 – 585 d.C., considerado mártir da Igreja espanhola), sobretudo na disputa contra o rei Leovigildo (seu pai, que adotava em seu reino uma perspectiva ariana do cristianismo).

Recorrendo como fonte aos jornais A República e O Apologista Christão Brasileiro, o historiador João Gabriel Moraes de Souza trata das tensões presentes no processo de laicização da República Federativa do Brasil a partir da polêmica em torno ao casamento civil no Belém do Pará. A problemática envolve o missionário metodista Justus Nelson, os católicos e os republicanos entre os anos de 1890 e 1893.

Nilciana Alves explora o olhar de Emma Goldman sobre o puritanismo, sobretudo no que se refere às relações estabelecidas entre mulher, política e religião. Para tanto, a autora, além de explorar o artigo “The Hypocrisy of Puritanism” (1910), analisa os livros “La palavra como arma”, “O indivíduo, a sociedade e o Estado, e outros ensaios” e “Vivendo minha Vida”.

Karina Fonsceca Soares Rezende apresenta uma reflexão histórica acerca da teologia política que orientou Dietrich Bonhoeffer (teólogo conhecido por sua atuação contra o nazismo), tendo como fio condutor a análise do conceito de “comunhão”, dado sua importância para a articulação de uma ideia de responsabilidade cristã em relação aos problemas de ordem pública. Além disso, a historiadora traça um paralelo entre o referido termo e o conceito de “amizade política”, desenvolvido por Hanna Arendt no livro “As origens do totalitarismo”e as ideias de Bonhoeffer.

Em relação ao envolvimento dos evangélicos na política, o historiador Vinícius Rodrigues Dias propõe uma análise das eleições para deputados estaduais de Rondônia em 1982, as primeiras depois da criação do Estado, com ênfase nas trajetórias de Amizael Silva do PDS e de Sadraque Muniz filiado do PMDB. Para isso, o estudioso recorre à fontes orais, jornais e cartas.

Adentrando no século XXI, Aline Beatriz Coutinho investiga as disputas em torno à questão do aborto na Câmara dos Deputados por parte dos movimentos feministas, dos deputados federais pentecostais e do poder executivo. Coutinho explora o impacto da temática a partir das eleições de 2014 e observa em que medida a discussão é pautada no âmbito da moralidade e da religião e no contexto da saúde pública.

Sobre os eventos políticos recentes da História do Brasil, o prof. Dr. Emanuel Freitas da Silva (Universidade Estadual do Ceará) aborta as tensões entre os parlamentares evangélicos o governo de Dilma Rousseff. Além de discutir o conceito de modernidade e secularização aplicados aos eventos recentes da história política do Brasil, o sociólogo apresenta brevemente a constituição da bancada evangélica desde 1988 ao governo Dilma. Por fim, expõe sete cenas, como o debate sobre o conceito de família, que marcaram os debates entre o governo e a bancada evangélica.

O historiador Marcelo Noriega reflete acerca dos desafios no Ensino de História no combate à intolerância religiosa. Pautado na abordagem da Educação Histórica, tendo como fundamento às contribuições da Jorn Rusen, o autor demonstra a importância de desenvolvermos, além dos aspectos cognitivos, as capacidades dos estudantes se posicionarem como cidadãos autônomos aptos a conviverem numa sociedade plural.

Enceramos esta edição com uma resenha produzida por Edson Silva de Lima sobre o livro Bram Stoker e a Questão Racial. Literatura de horror e degenerescência no final do século XIX.

Agradecemos a todos (as) membros da equipe editorial, ao conselho consultivo, aos pareceristas, aos autores(as), que participaram ativamente da construção deste dossiê, e aos leitores que prestigiarão o nosso trabalho.

Ana Paula Dutra Bôscaro – Doutoranda em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora. E-mail: [email protected]

Bárbara Ferreira Fernandes – Doutoranda em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora. E-mail: [email protected]

Jorge William Falcão Junior – Doutorando em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora. E-mail: [email protected]


BÔSCARO, Ana Paula Dutra; FERNANDES, Bárbara Ferreira; FALCÃO JUNIOR, Jorge William. Editorial. Faces de Clio, Juiz de Fora, v.5, n.9, jan / jun, 2019. Acessar publicação original [DR]

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Experiências Autoritárias: Política, Instituição e Sociedade / Faces de Clio / 2018

A Revista Faces de Clio, periódico discente vinculado ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Juiz de Fora, publica, com grande satisfação, a sua 8ª edição com o dossiê temático Experiências Autoritárias: Política, Instituição e Sociedade. Contamos nesta edição com quinze trabalhos de pesquisadores: nove artigos relacionados à temática do dossiê e seis artigos livres.

A organização desta publicação foi realizada com o objetivo de integrar pesquisas que abordam o conceito de autoritarismo enquanto corrente do pensamento político ao longo da história mundial a partir do século XX. A proposta, portanto, foi de reunir trabalhos com enfoques em regimes políticos, eventos, personalidades, intelectuais, ideias ou instituições que experienciaram essa ideologia ou forma de governo. A ideia é problematizar as participações sociais vivenciadas nesses regimes.

Regimes autoritários, na tipologia dos sistemas políticos, conforme nos esclarece o Dicionário de Política1, são aqueles que privilegiam a autoridade governamental, reduzem o consenso e concentram o poder político em apenas uma pessoa ou órgão, posicionando secundariamente as instituições representativas. Por esse motivo, excluem ou reduzem a participação do povo no poder e empregam meios coercitivos. Ideologias autoritárias são aquelas que negam a igualdade dos homens, colocam em destaque o princípio hierárquico e defendem formas de regimes autoritários e personalidades autoritárias.

O autoritarismo foi uma característica presente no pensamento político alemão do século XIX com Carl Ludwig Haller; Friedrich Stahl e Heinrich Treitschke. Na primeira metade do século XX, Charles Maurras encabeçou o movimento de extrema direita da Action Fran-çaise na França da III República. A partir da Primeira Guerra Mundial novas correntes políticas e ideológicas emergiram representando a crise do sistema liberal com novas formas de se compreender a realidade. Partindo de questionamentos sobre o liberalismo, desenvolveram-se correntes ideológicas autoritárias. Depois da Segunda Guerra Mundial e de duas consequências, entretanto, o autoritarismo encontrou-se frente a uma realidade fechada para lançar suas profundas raízes2.

A partir disso, estudiosos acreditavam que a ideologia autoritária não teria futuro. Ao contrário, nossa conjuntura política atual nos demonstra um ressurgimento e uma readaptação aos novos tempos. Deste modo, a organização deste dossiê temático responde a algumas das prioridades e tendências atuais e nos ajuda a empreender uma análise crítica e apropriada desse passado político recente.

O artigo de Álvaro Ribeiro Regiani, A Recepção do Holocausto na América: os artigos de Hannah Arendt na Partisan Review e a elaboração de Origens do Totalitarismo, interpreta alguns ensaios de Hannah Arendt publicados na revista literária Partisan Review entre 1944 e 1954. Seu objetivo é estabelecer uma conexão entre esses textos e os temas centrais apresentados em Origens do totalitarismo (1951). Além disso, o seu intuito é compreender as considerações de Arendt sobre o cotidiano, a tradição e a filosofia da história para indicar o sentido que atribuiu à crise política e moral do século XX, que se iniciou com o sistema totalitário.

Trabalhadores Rurais e Movimentos Reivindicatórios no Regime Militar: greve nos engenhos da zona canavieira de Pernambuco – 1979, de Cristhiane Laysa Andrade Teixeira Raposo, trata das experiências trabalhistas coletivas no mundo dos engenhos e usinas da zona canavieira de Pernambuco através das paralisações e mobilizações trabalhistas do final da década de 1970. Para tal abordagem, a autora utiliza prontuários arquivados pelo DOPS de Pernambuco, processos trabalhistas e registros na imprensa local e nacional sobre a paralisação no campo. A intenção é refletir sobre a organização dos trabalhadores rurais, suas reivindicações por espaços de luta e a repercussão legal do movimento com a primeira Convenção Coletiva do Trabalho no campo em meio ao regime autoritário instaurado com o golpe civil-militar de 1964.

O artigo intitulado Repressão ao Parlamento: as cassações de mandatos dos arenistas paraibanos em 1969, de Dmitri da Silva Bichara Sobreira, analisa o processo de cassação do mandato e dos direitos políticos dos membros da Aliança Renovadora Nacional (ARENA), secção Paraíba, no ano de 1969, através das atas do Conselho de Segurança Nacional (CSN) e de jornais locais. O objetivo é investigar os motivos que levaram a ditadura a expurgar membros de sua base aliada.

Em Definindo o Fascismo: comparando análises e interpretações, Gustavo Feital Monteiro analisa duas obras sobre a história do fascismo: A anatomia do fascismo, de Robert Paxton, e Fascistas, de Michael Mann. Através da comparação das interpretações, o autor busca identificar quais os pontos entre as duas obras que se assemelham e quais se diferem. A análise crítica dos textos em questão permite a percepção de questões complexas voltadas à compreensão do fascismo, além das diferenças entre perspectivas analíticas deste tema tão complexo.

O Antiliberalismo de Alberto Torres e Andrés Molina Enríquez: a formação do pensamento autoritário no Brasil e no México em princípios do século XX, de Jorge Eschriqui Vieira Pinto, tem como proposta a análise de uma corrente de pensamento autoritário no Brasil e no México a partir do entendimento e da reflexão das ideias de Alberto Torres e Andrés Molina Enríquez. Ambos, nas primeiras décadas do século XX, esforçaram-se na reflexão de suas respectivas sociedades nacionais e elaboraram um projeto de política nacional para a promoção do desenvolvimento e a construção de uma unidade nacional por meio de uma ação efetiva de um governo central forte.

O artigo As Resistências à Organização Corporativa Portuguesa: a perspectiva regional do Instituto Nacional do Trabalho e Previdência, de Jorge Mano Torres, propõe-se a esclarecer aspectos sobre o Estado Novo português, que criou um aparato para o regime corporativo, como o Instituto Nacional do Trabalho e Previdência. O INTP possuía funções de coordenação e controle sob a organização corporativa lançada a nível nacional e regulava o trabalho e a previdência. Desse modo, esse texto procura analisar as dificuldades / constrangimentos para a implementação da organização corporativa sindical e patronal no olhar dos delegados distritais do Instituto.

Rafael Athaides, com seu artigo Liderança Carismática e Mobilização Afetiva na Ação Integralista Brasileira: a “fascinação do predestinado” no Paraná (1935), procura analisar a liderança carismática de Plínio Salgado na Ação Integralista Brasileira, observando seus aspectos afetivos. Para isso, a fonte utilizada é o jornal A Razão, pertencente ao movimento no Paraná. É uma documentação de caráter regional / local que revela os níveis de devoção carismática tanto em aglomerações urbanas, quanto em lugares longínquos.

No trabalho Nacionalismo, Educação e Conflitos Religiosos Durante o Período Estadonovista no Rio Grande do Sul, Rodrigo Luis dos Santos analisa os conflitos políticos que que envolveram os campos educacionais e religiosos no Rio Grande do Sul, entre os anos de 1937 e 1945, permeados pelo pensamento e discurso nacionalista impetrado pelo regime do Estado Novo. Para tanto, seu recorte espacial se dará no município de Novo Hamburgo, localizado próximo da capital do estado, Porto Alegre.

Já o artigo La Dictadura Perfecta: una analisis de las estrategias de permanencia del régimen priista en México, Romulo Gabriel de Barros Gomes empreende uma análise a respeito do Partido Revolucionário Institucional (PRI) no México. O autor discute aspectos que levaram o governo do PRI a mergulhar nos eixos mais profundos da vida cotidiana dos cidadãos mexicanos. Também, reflete sobre a permanência do partido no poder durante décadas, a partir do uso da violência e controle ideológico através do discurso da imprensa e da difusão de material cinematográfico erótico influenciando, pois, a dinâmica cultural deste país. Assim, o artigo analisa o impacto cultural de tais ações no âmbito das relações cotidianas do referido país.

Quanto aos artigos livres, iniciaremos com as contribuições da historiadora da arte Clara Habib de Salles Abreu. Em seu artigo Da “Mimese” na Antiguidade à “Imitatio” Renascentista: Reflexões Sobre O Conceito De Imitação Na Teoria Da Pintura, Clara levanta uma discussão acerca dos usos dos conceitos de imitação e imagem, presente desde os debates filosóficos da antiguidade clássica, entre os renascentistas, como: Leon Battista Alberti, o escritor Aretino e o gramático Fabrini.

A respeito das questões de gênero, raça e justiça, Ceudiza Fernandes de Souza expõe em Trajetórias E Experiências De Gênero, Racialização e Liberdade no Âmbito Judicial do Pós-Abolição os resultados de sua recente pesquisa sobre um caso criminal ocorrido em Oliveira de Minas Gerais, em 1983. O evento está relacionado a Narciza da Conceição, uma ex – escrava.

Em seu artigo Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e o Personalismo na Memória sobre a Revolução de 1930, o historiador Danyllo Di Giorgio Martins da Mota explica, tomando como base textos de Aurino Morais, como os mitos que envolveram o referido momento político ajudaram a afirmar a imagem de Antônio Carlos no cenário político mineiro.

Tendo como fundamento as contribuições de Peter Burke no trato das imagens enquanto fontes históricas, Lorenzo Silva Ortiz tece apontamentos acerca das composições e posições sociais da Nova Espanha em seu artigo Castas y Posición Social: Un Cuadro de Mestizaje como Reflejo del Poder en la Sociedad Novohispana del Siglo XVIII.

Para esboçar respostas à pergunta lançada em seu título Relação Brasil – França no Oitocentos: Fruto de uma Empatia Cultural ou de um Projeto de Hegemônia, a historiadora Thalita Moreira Barbosa utiliza como aporte teórico as contribuições de Raymond Willians sobre cultura e materialismo.

Finalizamos esta edição com a apresentação dos resultados das pesquisas de Yobani Maikel Gonzales Jauregui, que parte de uma abordagem comparativa para investigar a questão do matrimônio entre escravos, haja vista a legislação canônica em seu artigo La Legislación Canónica y el Matrimonio de Esclavos en la América Española y la América Portuguesa.

Agradecemos a todos os pesquisadores que confiaram na Revista Faces de Clio e enviaram artigos para serem publicados. Indubitavelmente, para nós é uma grande honra receber trabalhos concernentes às diversas e importantes temáticas advindas de distintas regiões do Brasil e do exterior.

Agradecemos aos professores pareceristas, membros de nosso Conselho Consultivo, que, gentilmente, dedicaram tempo nas análises dos artigos.

Agradecemos à nossa equipe do Conselho Editorial por toda dedicação e empenho neste trabalho junto conosco ao longo do semestre. Vocês são peças-chave para o êxito da revista.

Notas

1 BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco (orgs.). Dicionário de política I. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1 la ed., 1998

2 BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco (orgs.). Dicionário de política I. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1 la ed., 1998

Daniela de Miranda dos Santos

Jorge William Falcão Junior


SANTOS, Daniela de Miranda dos; FALCÃO JUNIOR, Jorge William. Editorial. Faces de Clio, Juiz de Fora, v.4, n.8, jul / dez, 2018. Acessar publicação original [DR]

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