Gênero e Diversidade / Vozes Pretérito & Devir / 2017

A chamada feita a investigadores interessados em compor o Dossiê História, Gênero e Diversidade – integrante da sétima edição da Revista de História da Universidade Estadual do Piauí, “Vozes, Pretérito e Devir” – resultou no trabalho que ora apresentamos. Diante de uma abrangente gama de possiblidades analíticas, pudemos fazer a seleção aqui apresentada e conseguimos cobrir regiões diferentes, momentos sócio históricos plurais e elaborações diversas e academicamente sofisticadas.

Hodiernamente, as discussões sobre gênero e diversidade assim como a intersecção entre estas duas categorias ainda se constituem numa miríade de possibilidades no campo da história. Advogamos que os estudos sobre gênero devem incluir o pensar de mulheres e homens nas mais diversas interações, relações matrizes e etnias, bem como em suas masculinidades e feminilidades, assim também nas instâncias intervalares da homossexualidade, transsexualidade, dentre outros lugares e orientações possíveis de serem ocupados.

Os estudos sobre as relações de gênero na imprensa escrita e a representação de suas imagens e apropriações estão analisados nos textos: Lindas, bonitas, gentis e graciosas nos divertimentos, práticas corporais e esportivas (Uberlândia e Uberaba – MG, 1918-1943) de Igor Maciel da Silva; Lugar Santo: A mulher, a sacerdotisa do lar sob ótica do Jornal Cruzeiro em Caxias Maranhão (1950) de Jakson dos Santos Ribeiro e Representações sociais de homens provedores nas páginas da revista veja (década de 1970) de Douglas Josiel Voks. Reunidos, estes trabalhos cobrem mais de meio século de alegorias simbólicas sobre tais imagens.

O discurso de propriedade sobre o corpo seja pela ótica religiosa, seja como objetificação que a torna vulnerável e vítima de várias violências pode ser cotejado nos textos O discurso religioso católico sobre o aborto e a biologização da vida social de Luiz Augusto Mugnai Vieira Júnior e Violência contra a mulher: questionamentos frente ao silenciamento em cidades de pequeno porte, de Érika Oliveira Amorim e Maria Beatriz Nader, ao lado da Educação no / do Corpo: Negro e Feminino de Joanna de Ângelis Lima Robert e Eliane Almeida de Souza e Cruz.

A construção dos conhecimentos realizados por mulheres negras ativistas voltadas para a Educação e a sociedade podem ser academicamente apreciados no textos. Memória histórica da pedagogia multirracial no Rio de Janeiro na década de 1980: O protagonismo de Maria José Lopes da Silva de Ivan Costa Lima e o outro intitulado Interseccionalidade e Desigualdades Raciais e de Gênero na Produção de Conhecimento entre as Mulheres Negras, de Sônia Beatriz dos Santos.

Já o trabalho de Lívia Maria Silva Alves e Manoel Ricardo Arraes Filho: A representação política feminina na Assembleia Legislativa Piauiense (1998-2014) nos brinda com um reflexivo questionando sobre a efetividade da Lei de Cotas, sobretudo no quer tange a participação feminina na política piauiense após a Lei de Cotas. Suas reflexões têm como ponto de partida a luta sufragista na sua intensidade e continuidade, na busca por igualdade em todas as esferas da sociedade, inclusive no espaço público.

Por fim as Professoras Joselina da Silva e Maria Simone Euclides com o texto: Histórias de vida e superação: semelhanças e ambiguidades nos caminhos profissionais de docentes negras, nos agracia com a análise reflexiva das histórias de vida de professoras negras e os processos de superação e rupturas que estas passam ao ingressarem no ensino superior e suas nuances. Elas realizaram um total de nove entrevistas com professoras negras das instituições de ensino superior: Universidade Federal do Ceará, Universidade Estadual do Ceará, Universidade Regional do Cariri e Universidade da Integração Internacional e da Lusofonia Afro-Brasileira, e o resultado desse trabalho, aqui está para o nosso aprendizado.

Além das produções que compõem o atual dossiê temático, também contamos com produções de notáveis relevâncias, presentes na seção de artigos livres, como é o caso dos artigos Parnaíba Historiografada, de Antonia Valtéria Melo Alvarenga, e Os “guardiões da História Oficial”, de Ana Priscila de Sousa Sá, estudos que consequentemente analisam parte da historiografia local e nacional. Os estudos relacionados ao espaço citadino, suas transformações, os elementos de pertencimento e ressignificações se encontram presentes nos textos História, cidade e memória, Pauliana Maria de Jesus, e Lápides do século XIX, Jéssica Gadelha Morais. A seção é encerrada com o texto sobre o “Estudo sobre o bemestar / mal-estar docente na perspectiva dos professores de História da educação básica”, de Gabriela Alves Monteiro.

Por fim, ainda cotamos, nesta edição, com a publicação do resumo expandido da monografia de Elizeide Miranda de Oliveira, intitulada: Saberes Culturais: um olhar sobre as mudanças e permanências da cultura imaterial de São Raimundo Nonato – Piauí (2004-2014) e na seção de publicação de fontes temos “O testamento de Dona Maria Gonsalvez de Novoa, Capitania do Rio Grande do Norte, 1788”, uma exposição textual do historiador Thiago do Nascimento Torres de Paula.

Agradecemos penhoradamente os envios de relevantes trabalhos, bem como a leitura atenta e analítica de todos(as).

Iraneide Soares da Silva – Professora Doutora (UESPI).

Joselina da Silva – Professora Doutora (UFRRJ).


SILVA, Iraneide Soares da; SILVA, Joselina da. Apresentação. Vozes Pretérito & Devir. Teresina, v.7, n.1, 2017. Acessar publicação original [DR]

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