Reclamando a liberdade: mulheres em busca de emancipação em sociedades escravistas nas Américas (séculos XVIII e XIX)/Tempo/2023

Escravidão, raça e gênero: caminhos possíveis para a historiografia brasileira

Desde a renovação historiográfica ensejada pelo centenário da abolição no fim da década de 1980 e aprofundada nas décadas seguintes, a história social da escravidão tem incorporado um conjunto diverso de temáticas e perspectivas fortemente marcadas pela consideração da participação escrava nos processos de contestação e desagregação da escravidão. Estudos sobre práticas de resistência e autonomia escravas – como o crime, a formação de quilombos e as rebeliões, o trabalho ao ganho, o financiamento de alforrias, a formação de famílias e redes de solidariedade, o recurso à Justiça e a interposição de ações de liberdade, entre outros – vêm colaborando, desde então, para enriquecer a tradição historiográfica dos estudos da escravidão.1 Mais recentemente, novas pesquisas vêm tornando ainda mais complexas as considerações sobre a escravidão e seus sujeitos ao demonstrar que os processos de emancipação, como saída individualizada do cativeiro, e abolição, como eliminação formal da instituição, redundaram em desafios à construção de vidas efetivamente autônomas por escravizados, libertos e aqueles em vias de libertação, deles demandando o empenho de investimentos e esforços de longo prazo, frequentemente coletivos.2 Leia Mais