Sociedades Indígenas: política e poder / História Unisinos / 2005

A revista História UNISINOS apresenta-se, a partir deste número, com formato e diagramação novos, bem como com um comitê científico que agrega e amplia os anteriores conselhos consultivo e editorial. Dentro desse processo de atualização, História UNISINOS revê também a numeração de seus fascículos, buscando ampliar possibilidades de indexação nacional e internacional e atender aos critérios vigentes. Assim, os fascículos editados ao longo de cada ano civil, a partir de 2005, serão numerados de forma seqüencial dentro de cada volume. Todas essas mudanças, que buscam qualificar o periódico, não o alteram no que diz respeito aos seus objetivos e características fundamentais. Ele continua a ser um canal de divulgação e intercâmbio da produção historiográfica e de áreas afins, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em História da UNISINOS, cuja área de concentração é Estudos Históricos Latino-Americanos.

A bem de evidenciar os vínculos que o Programa mantêm com intelectuais que pesquisam sobre temas relativos às suas linhas de pesquisa, a revista História UNISINOS apresenta, nesse número, o Dossiê Sociedades indígenas: política e poder. Além de dar destaque à linha Populações Indígenas e Missões Jesuíticas, os artigos aqui publicados visam a contribuir para uma melhor compreensão da complexidade que envolve as relações estabelecidas por estas sociedades com o Estado (metropolitano ou nacional) e com as instituições político-administrativas e eclesiásticas a ele ligadas.

Bartomeu Melià, pesquisador do Centro de Estudios Paraguayos Antonio Guasch, de Assunção, Paraguai, é o autor do primeiro artigo. Nele, propõe uma “lectura excéntrica” dos escritos guaranis – com destaque para os produzidos no século XVIII – como fontes documentais que, ao permitirem que suas vozes se expressem, possibilitam – além de uma releitura da história paraguaia – uma nova história indígena.

O artigo de autoria de Mercedes Avellaneda, investigadora do Instituto de Antropologia da Universidade de Buenos Aires, aborda a organização de uma sociedade de caráter militar nas reduções jesuíticas do Paraguai no século XVII, ressaltando que a participação ativa de um exército guarani acabou por reforçar a liderança dos caciques e garantiu a obtenção de reconhecimento pelas autoridades coloniais.

No terceiro artigo do dossiê, Carlos Paz, pesquisador do Conselho Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET), de Buenos Aires, analisa o que denominou de “conflictividad indígena” entre grupos Abipones na segunda metade do século XVIII, inserindo-a no processo de conformação e de consolidação de chefaturas, com destaque para a Missão de São Jerônimo del Rey.

Luís Fernando da Silva Laroque, doutorando do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, ressalta, no seu artigo, o papel desempenhado pelas lideranças Kaingang no sul do Brasil, destacando, através de uma análise de falas por elas proferidas, a alteração de sua condição de coadjuvantes para a de protagonistas, a partir da segunda metade do século XX.

Jean Baptista, docente da Universidade de Caxias do Sul / RS, valendo-se da análise do discurso missionário jesuítico do século XVII, discute, no último artigo do dossiê, a centralidade ocupada pelo domínio da natureza – e, em especial, da manipulação da ameaça de tigres / jaguares – para a atribuição de poder e de liderança disputada tanto pelos indígenas quanto pelos missionários nas reduções da Província Jesuítica do Paraguai.

Relacionado, ainda, com o tema desenvolvido no dossiê, mas se constituindo numa análise de documento inédito, razão pela qual aparece na seção Notas de Pesquisa, Beatriz Vasconcelos Franzen, professora do nosso Programa de Pós-Graduação, realiza uma análise da Carta Ânua de 1735 / 43 da Província Jesuítica do Paraguai. Nela, identifica os temas principais abordados pelo jesuíta Pedro Lozano, cronista da província na época, tais como a forma como operavam as missões populares e os exercícios espirituais, bem como a religiosidade feminina e as principais festividades desenvolvidas.

Numa seção especial – Despedida –, os professores do Programa de Pós-Graduação em História da UNISINOS fazem uma homenagem póstuma ao professor Marcos Tramontini, que, até a data de seu falecimento – 1º de dezembro de 2004 – atuou com extrema dedicação e competência como docente do Programa e como editor da revista História UNISINOS. Para fazer jus à contribuição do referido colega ao mundo acadêmico e à instituição, os professores focalizaram, no texto, a sua trajetória profissional, destacando, também, a sua produção historiográfica, através da análise das suas principais obras publicadas e pesquisas realizadas.

Comissão Editorial

Comissão Editorial. Apresentação. História Unisinos, São Leopoldo, v.9, n.1, janeiro / abril, 2005. Acessar publicação original [DR]

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