Trabalho doméstico: sujeitos, experiências e lutas | Mundos do Trabalho | 2018

Nas últimas décadas, muito foi discutido, entre historiadores sociais brasileiros e estrangeiros, sobre as renovações ocorridas no campo da História Social do Trabalho. Em já conhecidos balanços historiográicos reconheceu-se o fato de que, após um período de crise nos anos 1990, os estudos acadêmicos reunidos em torno da História do Trabalho, no Brasil e no mundo, aumentaram em termos de pesquisas e publicações e passaram por signiicativas mudanças nas primeiras décadas do século XXI.1 De modo geral, tais transformações foram marcadas por uma ampliação de temas e problemas e por uma abertura para novos métodos e abordagens. No Brasil, até os anos 1980, aproximadamente, pode-se dizer que se predominou o interesse pelo movimento operário e pelas relações dos trabalhadores organizados com o patronato e o Estado, a partir daquele momento, a historiograia do trabalho passou a abranger também outras dimensões das experiências dos trabalhadores, as quais envolvem, por exemplo, o cotidiano de vida e de trabalho e todo o universo da cultura operária.

Um dos aspectos mais evidentes desse processo de renovação na História do Trabalho é a mudança de perspectiva em relação ao seu objeto, que, inequivocamente, deixou de ser a história do operariado fabril (branco, masculino, imigrante, urbano e organizado). Conforme apontaram Alexandre Fortes e John French, “a exploração da complexidade da formação da classe, com atenção para a diversidade de culturas e identidades entre os trabalhadores” e “a redeinição do campo através de um esforço consciente para incluir aqueles que estão fora do mundo urbano-industrial”, implicou em “um recuo no tempo para incluir o trabalho escravo e outras formas não assalariadas de trabalho”.2 Leia Mais