As flores de abril: movimentos sociais e educação ambiental | Carlos Rodrigues Brandão
A leitura de As Flores de Abril: movimentos sociais e educação ambiental, de Carlos Rodrigues Brandão, permite a reflexão a respeito da interação entre o homem e a natureza e ainda sobre a Educação Ambiental. Tal reflexão destaca a questão ambiental, com ênfase para os movimentos sociais, especificamente os ambientalistas.
O autor enfatiza que o homem socializa a natureza, do qual ele faz parte, destruindo o meio ambiente, como se os recursos naturais não se esgotassem. Discute também a Educação Ambiental sob a perspectiva de uma nova lógica da natureza e uma nova ética ambiental, fundamentada na harmonia entre os seres humanos com a natureza, bem como entre si.
A Educação Ambiental é concebida por Brandão (2005) como um conjunto de trabalho científico, pedagógico e ambientalista que deve conter planos e direcionamentos de atividades integradas, com objetivo de motivar saberes e valores na busca de uma sociedade sustentável.
Nesta perspectiva, o referido autor aponta cinco princípios que devem ser abordados pela Educação Ambiental. Estes princípios são baseados desde a compreensão dos valores sociais perante a natureza e a sociedade até a prática de ações adequadas à preservação e a recriação dos espaços degradados.
Assim, o cuidado com o meio ambiente é tratado pelo autor diante das atitudes e práticas sociais, baseadas nos princípios éticos e políticos da sustentabilidade. Neste contexto, para o autor é imprescindível que a Educação Ambiental, como uma prática social, deve sustentar-se nos complexos processos de influência mútua cultural das práticas sociais coletivas dos seres humanos diante do meio ambiente, na perspectiva de agregar valores à lógica da natureza. Cumpre apontar que Brandão (2005) entende como lógica da natureza a construção de conhecimentos referente ao mundo natural, pertinente a uma cultura, baseada em uma ética ambiental.
Faz-se importante ressaltar que o autor entende a importância dos movimentos sociais para a sociedade, quando assinala que estes movimentos almejam diluir o poder do Estado e, consequentemente, o poder das empresas capitalistas, as quais emprestam ao Estado o seu poder.
Cabe salientar, que o autor evidencia que os movimentos sociais não aspiram atingir um lugar restrito, mas, sobretudo, buscam propor ações de cunho social e solidário, a fim de abranger as interações múltiplas da vida, incluindo a existência da natureza, com destaque para o meio ambiente.
Neste sentido, o referido autor enfatiza a importância dos movimentos sociais como segmentos autônomos que atuam fundamentados em ações sociais, ainda que sejam por meio de atuações políticas.
Diante de uma breve análise, Brandão (2005) aborda algumas características positivas dos movimentos sociais, principalmente os de cunho ambientalistas, já que aponta a relevância de tais movimentos como necessários e importantes para a busca de uma sociedade sustentável. Destarte, a originalidade da proposta do autor está no entendimento que os movimentos sociais possuem sobre os problemas ambientais. Desse modo, a preocupação é a acelerada e desordenada degradação ambiental, que ameaça a qualidade da vida humana.
Diante disso, as considerações abordadas por Brandão (2005) contribuem para a compreensão da análise da importância dos movimentos sociais, já que entende que os movimentos sociais brotaram como opções de questionamentos e críticas de respostas da sociedade civil perante as consequências negativas do capitalismo.Resenhista
Resenhista
Laily Souza Benedictis – Professora da APAE de Vitória da Conquista. Especializada em Geografia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). E-mail: [email protected]
Referências desta Resenha
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. As flores de abril: movimentos sociais e educação ambiental. Campinas, SP: Autores Associados, 2005. (Coleção Educação Contemporânea). Resenha de: BENEDICTIS, Laily Souza. Revista Brasileira Educação em Geografia. Campinas, v. 2, n. 4, p. 203-204, jul./dez. 2012. Ace