História e Linguagens | Em Tempo de Histórias | 2011

Os estudos culturais vêm crescendo cada vez mais no âmbito da História, por ser o terreno da cultura capaz de contar histórias, representar passados e revelar sujeitos, colocando-nos em contato com as mudanças e permanências no tempo, matéria prima para a pesquisa histórica. A partir da leitura de diferentes linguagens como imagens, sons e escritas literárias, cinema, dentre outras construídas no passado, sociedades são descortinadas, sujeitos apresentados e mudanças percebidas, na medida em que essas linguagens são criações humanas, logo se tornam lugares privilegiados para quem pretende entender dinâmicas socioculturais.

As mudanças ocorridas nos últimos anos na historiografia possibilitaram o aumento considerável na quantidade e na variedade de fontes a serem levadas em consideração, a fim de entender os sujeitos no mundo, pois com base em estudos das formas e circunstâncias dessas criações humanas, o historiador busca entender as concepções de “mundo” dos sujeitos, tudo isso representado nas diversas formas de linguagens, que se apresentam as manifestações culturais. Segundo Certeau, a partir do lugar de que falamos é que se realizam as leituras das fontes, “mas o gesto que liga as ‘idéias’ aos lugares é, precisamente, um gesto de historiador. Compreender para ele é analisar os gestos de produções localizáveis, o material que cada método instaurou inicialmente segundo seus critérios de pertinência” (CERTEAU: 2002; 65). As manifestações culturais estão carregadas de memórias, gestos, ideias que revelam formas de pensar o mundo, assim como as sociedades.

Neste número a Revista Em Tempos de História, apresenta um dossiê sobre as diversas formas de linguagens que se tornaram fontes inesgotáveis para quem se debruça sobre a diversidade sócio-cultural humana, a fim de entender as histórias que se apresentam em cada uma delas, como a música, o teatro, a literatura, o cinema, a fotografia, dentre tantas outras.

Também se pautando nos periódicos como fonte histórica tem-se o artigo “FOTOJORNALISMO COMO FONTE HISTÓRICA: CONTRIBUIÇÕES DA COMUNICAÇÃO PARA A PRODUÇÃO HISTORIOGRÁFICA” que faz uma revisão das principais ideias de Ernest Gombrich, Roland Barthes, e Eliseo Verón a respeito da análise de imagens a fim de averiguar quais as contribuições desses teóricos no trabalho com jornais e revistas antigos como fontes históricas.

O artigo “O ‘CULTO DA SAUDADE’ NAS COMEMORAÇÕES DO CENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL: A CRIAÇÃO DO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL, 1922.” vem apresentar a analise da criação do Museu Histórico Nacional (MHN), em um momento em que os debates políticos concentravam em torno da busca de uma definição do que seria uma identidade nacional, tendo como fontes, periódicos, anais do MHN, crônicas e jornais do período para relacionar a criação e a estruturação do Museu Histórico Nacional.

Em um campo mais teórico, se fazem presentes os artigos “DA HISTÓRIA DAS IDEIAS À HISTÓRIA SOCIAL DAS IDEIAS: ENTRE A RENOVAÇÃO EPISTEMOLÓGICA E A PRÁTICA HISTORIOGRÁFICA” que se debruça sobre o processo de renovação epistemológica da história das idéias considerada como abordagem especializada nos problemas ontológicos e epistêmicos das ideias unidades.


Organizadora

Valeska Barreto – Conselho Editorial.


Referências desta apresentação

BARRETO Valeska. Apresentação. Em Tempo de Histórias. Brasília, n. 18, p.4-5, jan./jul. 2011. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê

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