Trabalho e Migração- Parte 2/Tempos Históricos/2020

Apresentamos a edição do 2º semestre de 2020 da Revista Tempos Históricos, periódico científico do Programa de Pós-Graduação em História e do Curso de Graduação em História da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Neste número, temos o prazer de publicar mais uma importante seleção de artigos científicos no campo das Ciências Humanas, majoritariamente da área de História; tal produção é fruto, essencialmente, de docentes e pós-graduandos de universidades brasileiras que estão em constante combate contra a perda de recursos pela educação pública, a deterioração das condições de trabalho e o descrédito enfrentado pela Ciência.

Neste número apresentamos também a segunda parte do Dossiê Temático Trabalho e Migração, organizados pelo Prof. Dr. Antonio de Pádua Bosi (Unioeste) e pelo Prof. Dr. Sergio Paulo Morais (UFU). Nesta seção, Guélmer Júnior Almeida Faria no artigo Redes sociais das/nas migrações tecidas em contextos de vida e trabalho de domésticas imigrantes, aborda aspectos importantes das relações de trabalho das domésticas do norte de Minas Gerais e da constituição de suas redes de sociabilidade. No artigo Migrantes Haitianos em Sinop/ MT: direitos, trabalho e redes de sociabilidade, Ivone de Jesus Alexandre e Everton Neves dos Santos discorrem sobre a precariedade do trabalho dos imigrantes haitianos na cidade e a importância da igreja como espaço de sociabilidade deste grupo social. Ivna de Oliveira Nunes, em Ser mulher e migrante: debates sobre a divisão sexual do trabalho nos fluxos migratórios, dedica-se a abordar aspectos da intersecção entre gênero e mobilidade social a partir da condição de trabalho das mulheres imigrantes na perspectiva da divisão sexual do trabalho. Em Apropriações do trabalho rural e da migração no poema Martim Cererê e na Revista São Paulo, de George Leonardo Seabra Coelho, o autor baseia-se na perspectiva teórica de Roger Chartier para analisar as representações elaboradas por Cassiano Ricardo sobre aspectos da identidade paulista, especialmente relacionados à migração. Ainda nessa seção, Trabalhadoras domésticas: memórias, resistências e criação de direitos (São Paulo, Amazônia e tantos lugares, de um tempo recente e ainda agora) de Vanessa Miranda, Maria do Rosário da Cunha Peixoto e Nelson Tomelin Jr., apresenta pesquisa sobre o processo de construção de memórias das trabalhadoras domésticas – organizadas ou não – nos anos da Ditadura Militar (1964-1985). Por fim, Wellington Teixeira Lisboa debruça-se sobre o panorama histórico das migrações para a cidade de Santos/SP em As faces da cidade: migrações históricas no município de Santos/SP. Encerrando o dossiê, Luiz Sapia de Campos e Ema Cláudia Ribeiro Pires entrevistam Alberto Matos, militante de uma organização de apoio aos imigrantes na região do Alentejo, em Portugal, na seção Entrevista.

Nos Artigos Livres, o texto O “antigo” e o “novo” no debate da historiografia brasileira acadêmica (1961-1979), de Wesley Rodrigues de Carvalho, estabelece os usos das ideias de “novo” e antigo” nas produções acadêmicas oriundas das universidades brasileiras. A seção continua com o texto de Augusto Rodrigues de Assis Resende, O Império e as celebrações de Tiradentes, por meio do qual os usos políticos da Inconfidência mineira e da figura de Tiradentes são analisados em suas manifestações ainda no período monárquico. Já Regras para o trato virtuoso das vestes na Castella dos séculos XIV e XV, de Thiago Henrique Alvarado, nos mostra como as orientações e regras para a vestimenta de clérigos e leigos, entre os séculos XIV e XV, favoreciam o entendimento do que era ser um bom cristão.

Na sequência, Georgiane Garabely Heil Vásquez em Corpos imperfeitos: as teses médicas sobre infertilidade feminina apresentadas à Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XX demonstra que, de maneira geral, o entendimento da saúde reprodutiva das mulheres no início do século XX estava marcado por julgamentos morais. No trabalho Povos indígenas no vale do Rio Branco/ Roraima na segunda metade do século XVIII: a construção de uma representação, Maria Luiza Fernandes, nos oferece um estudo sobre a representação dos indígenas da região em contraposição ao projeto colonizador português. Joice de Souza Soares, no artigo Em meio a cidadãos e soldados: o meio termo policial na regência do Império, avalia as questões do nascente Estado brasileiro, no início do século XIX, em relação à constitucionalização, à Justiça e à instituição policial. Ainda encontramos o artigo Práticas testamentárias em Mariana: os executores das últimas vontades nos séculos XVIII e XIX, de Karina Aparecida Lourdes Ferreira, que analisa as sociabilidades envolvidas na constituição e cumprimento de testamentos e sua relação com as próprias funções do documento. A reflexão de Ricardo Marques de Mello, em Funções contemporâneas do ensino de história no Ensino Médio de Campo Mourão – PR: a perspectiva dos estudantes, nos apresenta um panorama da compreensão da função da aprendizagem da História para os estudantes do Ensino Médio. Por fim, o artigo Os percalços da propriedade cafeeira: a transformação dos direitos de propriedade na formação e na reprodução das fazendas de café em Valença (Província do Rio de Janeiro, 1850-1888), de Felipe de Melo Alvarenga analisa a transformação dos direitos de propriedade após a promulgação da Lei de Terras de 1850. Encerramos a seção com o artigo Usos do passado nos animes japoneses: a presença de imagens míticas das deusas da destruição e do mito dos irmãos, em Naruto Shippuden, de Rodolfo Alexandre Melo Bastos e Daniel Lula Costa, que realiza um estudo sobre a relação entre os personagens do anime de origem japonesa e o uso de imagens mitológicas.

A leitura de Valney Mascarenhas Lima Filho na seção Resenhas apresenta a obra Ganhadores: a greve negra de 1857 na Bahia, de João José Reis, editada em São Paulo, pela Cia das Letras em 2019. Fechando a edição, apresentamos a importante Tradução do texto de Josep Fontana, Para que serve o ensino de História?, realizada por Sheille Soares de Freitas.

O Conselho Editorial agradece autores e pareceristas desta edição e deseja a todos(as) uma excelente leitura!


Organizadores

Antônio de Pádua Bosi – Unioeste.

Sérgio Paulo Morais – UFU.


Referências desta apresentação

Conselho Editorial. Apresentação. Tempos Históricos, v. 24, n.2, p. 11-13, 2020. Acessar publicação original [DR/JF]

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