(Des)Arquivar: arquivos pessoais e ego-documentos no Tempo Presente / Maria Teresa S. Cunha

Historia da Educacao ASPHE (Des)Arquivar

CUNHA M DesArquivar (Des)Arquivar“O trabalho com esse material ao longo de minha trajetória e o encantamento pelos seguros indícios de vida ali presentes e nunca abandonados acabaram por fazer de mim uma historiadora dessas coisas ditas ordinárias” (CUNHA, 2019, p. 12). É assim que Maria Teresa Santos Cunha anuncia os propósitos do livro de sua autoria e declara suas afinidades historiográficas.

Essas palavras, que estão logo nas primeiras páginas de “(Des)Arquivar”, incitam à leitura da obra que reúne produções acadêmicas representativas dos percursos da autora.

Ao apreciar cada capítulo, como não se deixar comover pelas abordagens sensíveis e fecundas desenvolvidas por Maria Teresa? Como não se emocionar ao perceber os frutos de pesquisas de muitos anos em que guardou, garimpou, manuseou, leu e examinou papeis da ordem do comum, outrora desprezados pela historiografia? Leia Mais

Arquivos pessoais: reflexões disciplinares e experiências de pesquisa | Luciana Heymann, Isabel Travancas e Joelle Rouchou

Embalado por um movimento entendido nos estudos da pós-modernidade como “o retorno do sujeito”1 se percebe há mais de trinta anos um aumento crescente do interesse de pesquisadores quanto a utilização de arquivos que “vão além” daqueles considerados “consagrados”. Mas quais seriam estes arquivos “para além”? A palavra “arquivo” correntemente esta associada à imagem de grandes conjuntos documentais onde podem ser encontrados os saldos das atividades burocráticas de determinada instituição, seja ela pública ou não. Já os arquivos “para além” ultrapassariam essa noção circunscrita de arquivo como um lugar de verdade e imparcialidade.

Como exemplo destes diferenciados corpos documentais, se colocam os arquivos pessoais, que, durante décadas, desde as primeiras manifestações do movimento Annales, ficaram marginalizados pois entendia-se que estes estavam ligados a um fazer histórico a ser superado. No entanto, mudanças no “fazer” historiográfico ligadas sobretudo a releitura de uma história política e o desejo de construção de uma história do “ordinário”, do homem comum, suas práticas e hábitos trouxeram novamente à cena tais vestígios, instigantes testemunhos de trajetórias individuais. Leia Mais