Forças Armadas / História – Debates e Tendências / 2010

A relação da historiografia acadêmica com os temas relacionados às Forças Armadas é um tanto curiosa. A história, como narrativa de uma investigação ou relato comprometido com a veracidade, inicia como “história militar”. Heródoto e Tucídides inauguram um gênero cujas obras constituem, até hoje, não apenas fontes para o estudo da Antiguidade, mas referências sobre os fundamentos básicos da disciplina. Durante muito tempo, mesmo após a institucionalização da história no circuito das universidades, grande parte da atenção dos historiadores era devotada aos temas ligados à guerra, à diplomacia e aos demais eventos políticos que modelaram os modernos Estados nacionais. No entanto, no decorrer do século XIX, e com mais força desde as primeiras décadas do século XX, produziu-se um distanciamento da academia em relação aos temas que envolviam a guerra e as modernas organizações militares. A chamada “história militar” tornou-se, então, quase que exclusivamente disciplina formativa e objeto de estudo dos militares. Seus usos, do ponto de vista acadêmico, tornaram-se meramente instrumentais: narrativas de batalhas e campanhas que visam conferir “lições” a oficiais e estrategistas do que se deve fazer ou não em combate. Esse relativo encapsulamento é ainda mais curioso porque se deu num século excepcionalmente marcado pela quantidade, intensidade e violência das guerras e pelo vertiginoso desenvolvimento dos meios de destruição. Isso, por si só, já é um relevante tema de investigação. Leia Mais