História da comunicação no Brasil | B

Fazer um consolidado de uma longa duração histórica, tendo um eixo temático como guia, não é tarefa fácil. Especialmente quando não se quer cair na tentação de fazer justamente o que se critica: pontuar datas, fatos e personagens, dando a impressão de que eles são os balizadores da verdade histórica. Marialva Barbosa, em sua obra sobre a história da comunicação no Brasil, tem plena consciência do caráter interpretativo que está embutido na abordagem histórica: não há uma verdade, mas – citando Paul Ricouer – cristalizações operadas pelo esforço científico do pesquisador em iluminar o passado a partir de uma hermenêutica dos vestígios que lhe estão disponíveis no presente. Tudo isso sem cair no anacronismo.

A aproximação do livro História da comunicação no Brasil com essa temática tão abrangente e prolongada ecoa uma postura teórica prévia da autora, que tradicionalmente aponta os perigos teóricos de uma narrativa da história feita a partir da exaltação de “grandes feitos”, considerados pontos de rompimento abrupto e transformador em relação ao passado, seja nos regimes de poder, seja nos costumes, seja nos valores, nos saberes, nos modos de vida, enfim, no próprio tempo. A autora faz questão de reiterar que a ênfase no poder individual de um único elemento na pesquisa histórica acaba por negligenciar a compreensão dos contextos e das continuidades, os quais estão necessariamente imbricados com o entendimento dos processos de mudança, sempre múltiplos e multifacetados. Leia Mais