Futebolidade: história do futebol e modernidade na cidade de Belo Jardim – SILVA (CTP)

SILVA, Cristiano Cezar Gomes da. Futebolidade: história do futebol e modernidade na cidade de Belo Jardim. Resenha de: SANTOS, Jacqueline dos. Futebol, história e modernidade. Cadernos do Tempo Presente, São Cristóvão, n. 01 – Outubro de 2010.

Futebol, História e Modernidade

Há quem diga que o futebol é o esporte mais praticado do mundo, este esporte tem apaixonado milhões e milhões de pessoas. No Brasil foi introduzido no final do século XIX por Charles Miller (1874-1953), onde de início era praticado apenas pela elite, com restrições de negros nos times de futebol, depois se tornou o esporte das massas, abarcando todo operariado e atualmente observamos a grande expansão deste esporte. Com uma prática simples, o futebol compreende as mais variadas camadas sociais, promovendo assim uma interação, o desenvolvimento sócio-econômico, além de proporcionar alegria, prazer, momentos de fuga da realidade. É esta a temática da obra Futebolidade: história do futebol e modernidade na cidade de Belo Jardim, de Cristiano Cezar Gomes da Silva.

O autor é mestre em História pela UFPE e doutorando no programa de Pós-Graduação em Letras da UFPB. Foi pesquisador visitante no Department of Spanish and Portuguese at The Ohio State University, nos Estados Unidos. Sua obra foi elaborada a partir das reportagens em jornais de época e através de fotografias coletadas juntamente com as transcrições de entrevistas. A obra objetiva um estudo historiográfico da prática do futebol em Belo Jardim, no agreste de Pernambuco. O estudo compreende o período de 1940 a 1961. O livro está dividido em três partes. A primeira é intitulada: “Futebol, cidade e cotidiano”. Aponta como o jogo, no caso futebol, imbrica-se com o cotidiano das cidades e constrói um espaço lúdico, que proporciona, em alguns casos, uma fuga da realidade. A segunda parte; “Futebol: um signo moderno?”, fala sobre o surgimento do futebol na Inglaterra durante o século XIX e como este esporte influenciou nas mudanças ocorridas na sociedade daquele país. Partindo deste pressuposto o autor faz uma analogia com as mudanças ocorridas em Belo Jardim, a partir da instituição do futebol na década de 1940. Chega à conclusão que com a implantação do esporte na cidade houve resultados positivos. E, encerrando, “A expansão do futebol em Belo Jardim”. Neste capítulo, o autor amplia observações sobre a proliferação do futebol iniciada no capítulo anterior. Destacará a criação da Liga Desportiva de Belo Jardim, ligada à Federação Pernambucana de Futebol (FPF), que impulsiona a prática de futebol mediante a organização de campeonatos locais e por fim, a participação da cidade na I Copa do interior, em 1961. A obra é voltada para o esporte que mais atrai multidões e desperta paixões: o futebol. Segundo o autor, este jogo consegue envolver de forma única povos de diferentes culturas, hábitos e costumes. Como ele mesmo escreve o futebol promove: “a prática da socialização”, atraindo dessa forma a atenção do público, mobilizando grande parte da sociedade em busca de um fim único: a fuga da realidade, garantindo assim, segundo o autor, uma felicidade momentânea. Por mobilizar uma maior quantidade de pessoas promovendo uma “socialização”, o autor comprova ao escrever que desde o surgimento do futebol na Inglaterra, por volta do século XIX, observou-se uma enorme mudança na sociedade contemporânea. Estas mudanças que, segundo ele, são positivas são também observáveis na cidade de Belo Jardim por volta da década de 1960. Neste período, o futebol é instituído naquela cidade e a partir daí cria-se uma identidade, transformando o cotidiano das pessoas, proporcionando-lhes momentos de felicidade. É perceptível uma verdadeira adoração não só de Silva – como o brasileiro de maneira geral – pelo futebol. É impressionante como este esporte envolve e transforma a maneira de pensar das pessoas. O autor deixa entrever em sua obra que o espaço lúdico permitido pelo futebol insere o indivíduo numa coletividade, criando assim uma interação entre pessoas de diferentes níveis culturais. Diante disso, faço o seguinte questionamento: será que não há outra forma para que as pessoas se afastem por alguns instantes de sua realidade ao não ser a prática do futebol? Enquanto nós nos alienamos em busca do lúdico, não enxergamos as decisões que são tomadas sobre nossas vidas, que podem nos afetar mais profundamente.

É um exagero afirmar que a construção de um estádio é tão importante quanto uma obra de saneamento básico. Mas se não há saúde e educação, conseqüentemente não há força para que as pessoas possam interagir. Não quero dizer que numa cidade o lugar para o lúdico não seja reservado, mas tenhamos cuidado para não nos desviarmos do que é realmente primordial à população e não nos deixarmos alienar por aquilo que deve receber papel secundário em nossas vidas. O futebol, sem dúvidas, tem o poder de reunir pessoas das mais diversas camadas sociais, de hábitos e costumes diferentes. No entanto, o autor só procurou mostrar o lado positivo deste esporte, deixando de lado os gastos excessivos na promoção de campeonatos e mais, os casos de violência ocorridos dentro e fora dos estádios de futebol, que muitas vezes são tão agressivos que chegam negar o lado positivo deste esporte.

Jacqueline dos Santos – Graduanda em História / Integrante do GET /UFS    Cadernos do Tempo Presente, São Cristóvão, n. 01 – Outubro de 2010.

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História política do futebol brasileiro | Joel Rufino dos Santos

O livro História política do futebol brasileiro é de autoria de Joel Rufino dos Santos, um dos principais nomes do movimento conhecido como a Nova História do Brasil. Tal movimento foi formado por um grupo de intelectuais ligados ao Departamento de Historia do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB). Este último, por sua vez, criado em 1955 pelo então presidente Café Filho e vinculado ao Ministério da Educação e da Cultura, foi um instituto de pesquisa que pretendia ser um espaço de vanguarda no pensamento social nacional. Entre suas contribuições, está a formalização de um Projeto Nacional Desenvolvimentista, que, de certo modo, foi a base teórica para o projeto de governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961).

Em 1964, com o golpe militar e o estabelecimento de um regime de exceção, o ISEB foi extinto e muitos dos seus membros exilados. Mas o período no qual esteve ativo foi suficiente para impulsionar importantes ações, como a Nova História, por exemplo. Nesse caso, especificamente, a ambição fora desde o início a de reescrever a história do Brasil, “rompendo com a história oficial, factual e mitificada”. Nas palavras de Nelson Werneck Sodré, um dos seus idealizadores, pretendia-se mesmo “fugir à rotina dos compêndios”. Leia Mais