A vida sportiva de Nichteroy (séc. XIX-1919) | Victor Andrade Melo

Victor Andrade Melo Foto Sergio Settani GiglioLudopedio
Victor Andrade Melo | Foto: Sérgio Settani Giglio/Ludopédio

O presente livro resenhado trata-se de uma contribuição para as discussões acadêmicas sobre a história do esporte nacional. A obra intitulada “A vida sportiva de Nictheroy”, publicada pela Editora Niterói Livros em parceria com a Fundação de Arte de Niterói, foi escrita por Victor Andrade de Melo3, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O livro é organizado em cinco capítulos e tem por objetivo investigar as experiências esportivas estruturadas na antiga capital do estado do Rio de Janeiro – Niterói. Essa localidade é carinhosamente apelidada de “Cidade Sorriso”, por seu acolhimento e hospitalidade, e “Cidade Invicta” por sua atuação na Revolta da Armada (1891-1894).

Há que se destacar que o recorte temporal abordado pelo autor, em especial o século XIX, foi um período emblemático na história do Brasil. Representa uma época singular no que tange a sua formação enquanto estado-nação em um território que passou de colônia para império e, posteriormente, à república. Foi um momento de intensas mudanças no que diz respeito ao desenvolvimento das ideias de modernidade e progresso. Aliás, elementos de ordem progressista são aspectos percorridos pelo autor durante toda obra, ao sinalizar que nesse contexto, o esporte, objeto central de sua investigação, emergia como uma importante prática moderna e modernizadora. Destaca-se, ainda, que para a escrita da presente obra, Victor Andrade de Melo usufruiu de uma estrutura descritiva e materialista da história social, pautada em fontes coletadas de jornais4 referentes ao local e período investigado. Essas empirias foram rotineiramente apresentadas com o suporte de ilustrações e mapas da cidade de Niterói, características que se figuraram na obra como elementos chave, pois facilitam a localização geográfica das dinâmicas e aproximam com riqueza o leitor da vida social, cultural e econômica explorada. Leia Mais

As narrativas dos mestres e uma história social da capoeira em Teresina/PI: do pé do berimbau aos espaços escolares | Robson Carlos da Silva

Se você é leigo nos estudos da capoeira e está buscando aprimorar seus estudos sobre esse esporte considerado “genuinamente nacional”, você deve antes de tudo entender que a capoeira não é simplesmente baiana em sua constituição. A capoeira institucionalizada com Mestre Bimba e Mestre Pastinha na Bahia nos anos de 1920, era só uma parcela da prática que já havia sido registrada em outros estados, principalmente no Rio de Janeiro, como as pesquisas de (SOARES, 1999; 2002) nos mostram.

Entretanto desde o início do século XXI, inúmeras pesquisas surgiram e ampliaram nossos encontros com a história da capoeira em outros estados. Foram ampliados os estudos de capoeira na Bahia com a dissertação de (OLIVEIRA, 2004) e a historiografia da capoeira passa a construir uma lógica de prática regional, consolidada sobretudo nos estudos do século XX, presente nos trabalhos de (LEAL,2002) com a história da capoeira no Pará republicano, recentemente com a história da capoeira no Maranhão por (PEREIRA, 2019) e com as dissertações de (CUNHA, 2012) e (AMADO, 2019) traçando a prática da capoeira no estado de São Paulo, desde a monarquia até a república. E ainda pouco divulgado temos a história da capoeira no Piauí, escrita pelo Mestre Bobby2 e objeto de reflexões dessa resenha. Leia Mais

Não existe vitória sem sacrifício: da depressão severa à medalha olímpica, a trajetória de superação do mais vitorioso ginasta brasileiro. Diego Hypolito em depoimento a Fernanda Thedim | Diego Hypolito

Nascido em Santo André (SP), o vice-campeão olímpico, Diego Hypolito, contou a sua trajetória em depoimento a jornalista Fernanda Thedim, em cerca de seis encontros na casa do atleta no Rio de Janeiro. O livro intitulado Não existe vitória sem sacrifício: da depressão severa à medalha olímpica, lançado em novembro de 2019 pela editora Benvirá, é escrito em primeira pessoa e dividido em 11 capítulos, além do prefácio, apresentação, agradecimentos e quadro de medalhas (com linha do tempo). Sendo assim, nas próximas linhas será apresentada a resenha crítica da obra.

A jornalista Glenda Kozlowski, ao prefaciar a obra relembrou a primeira entrevista que realizou com o atleta, quando ele ainda era o “irmão da Daniele”, no ginásio do Flamengo em 1996. O menino agitado que a chamava de “tia” e “senhora” tirou a atenção da repórter e, mais tarde, tornou-se o Diego Hypolito – primeiro campeão mundial da história da ginástica artística brasileira. Leia Mais

Esportes nos Confins da Civilização: Goiás e Mato Grosso, c.1866-1966 | Cleber Dias

O livro “Esportes nos Confins da Civilização: Goiás e Mato Grosso, c.1866-1966”, publicado em 2018 pela editora 7letras, foi escrito pelo professor Dr. Cleber Dias. A obra em questão se propõe investigar a história do Esporte em regiões menos exploradas pelos pesquisadores que se interessam na respectiva discussão, problematizando ideias e conceitos enraizados sobre o que o autor denominou de “confins da civilização”. Para realizar tal empreitada a autoria utilizou-se de fontes historiográficas como ferramentas de pesquisa, em uma tentativa de ampliar os debates acerca da temática Esporte e cidade.

Cleber Dias se licenciou, no ano de 2004, em Educação Física pela Universidade Castelo Branco (UCB), especializou-se em Educação Física Escolar pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2006. No ano de 2008 se tornou mestre em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e em 2010 obteve o título de doutor em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente o pesquisador é docente na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) onde atua no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, dedicando-se particularmente aos estudos da História do Esporte e do Lazer. Contudo, a pesquisa apresentada no livro foi realizada no período no qual o autor foi professor na Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Goiás. Leia Mais

Pois temos touros: touradas no Brasil do século XIX | Victor Andrade de Melo

O livro “Pois temos touros: touradas no Brasil do século XIX”, publicado em 2017 pela editora 7 Letras, foi organizado pelo professor Doutor Victor Andrade de Melo – docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro, atuando nos Programas de Pós-Graduação em Educação e História Comparada; coordenador do Sport: Laboratório de História do Esporte e do Lazer; e Bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Reconhecido por suas pesquisas sobre as práticas físicas de cunho historiográfico, Victor Andrade de Melo junto de mais cinco pesquisadores publicaram a referida obra, dedicando-se exclusivamente às dinâmicas tauromáquicas. Constituído por oito capítulos, o livro analisado tem a intenção de auxiliar os leitores a entender as atividades realizadas com touros em algumas cidades brasileiras, na Península Ibérica e em Moçambique, focando em revelar apontamentos sobre as origens históricas e antropológicas das dinâmicas tauromáquicas em cada contexto investigado. Leia Mais

Não é só a torcida organizada: o que os torcedores organizados têm a dizer sobre a violência no futebol? | Marcelo Fadori Soares Palhares e Gisele Maria Schwartz

Introdução

A violência no futebol tem sido um dos principais temas de pesquisas acadêmicas nas áreas das ciências humanas e sociais dos últimos vinte anos no Brasil, sobretudo no que se refere aos confrontos envolvendo torcedores organizados. 5 Alguns trabalhos e autores se tornaram referência nesse tema, por exemplo, a produção de Maurício Murad e Luiz Henrique de Toledo. Na esteira de um tema com grande potencial, Marcelo Palhares e Gisele Schwartz apresentam o livro Não é só a torcida organizada: o que os torcedores organizados têm a dizer sobre a violência no futebol?

Nesta pesquisa, os autores apresentam novas perspectivas acerca do estudo desta relação tensa entre o torcer e a violência, a fim de destacar as motivações destes agentes para tal ocorrência 6. Para isso, Palhares e Schwartz descarregam grande esforço na coleta de informações referentes aos episódios envolvendo violência nos estádios, aplicando uma metodologia embasada em depoimentos retirados de entrevistas envolvendo membros de algumas torcidas organizadas do São Paulo Futebol Clube7 que visa detectar aspectos linguísticos regulares que tipificam a definição de “violência no futebol brasileiro”8. Com efeito, o intuito das entrevistas e das demais ferramentas apresentadas para interpretação das falas dos entrevistados (ricamente aplicada no decorrer do livro) é identificar quais embasamentos e táticas argumentativas estão presentes nas falas dos torcedores para poder, enfim, compreender o que é violência para determinado grupo. Leia Mais

Torcidas organizadas na América Latina: estudos contemporâneos | Bernardo Borges Buarque de Hollanda

Temas relacionados a grupos organizados de torcedores de futebol se instalaram mais fortemente na agenda de pesquisadores latino-americanos nos anos noventa, quando já havia um conjunto relativamente vasto de produções sobre o tema na Europa – principalmente sobre os hooligans ingleses, que já constituíam objeto de preocupação constante por parte das autoridades públicas. Evidentemente que isso impactou a produção latino-americana. No entanto, nossos pesquisadores e nossas pesquisadoras têm feito um grande esforço para encontrar seus próprios caminhos interpretativos e oferecer mais substância para compreender o que ocorre nas arquibancadas da América Latina. Compreensão que é fundamental para a criação de políticas públicas mais justas, democráticas e eficazes. Políticas que sejam capazes de transformar, de modo criativo e pacífico, os conflitos no futebol latino-americano.

Sem dúvida, o livro “Torcidas organizadas na América Latina” faz parte desse esforço coletivo, apresentando trabalhos discutidos em dois congressos promovidos pela Asociación Latino Americana de Sociología (Alas), ocorridos em 2013, em Santiago (Chile), e em 2015, em San José (Costa Rica). Trabalhos que foram compilados por dois dos mais importantes pesquisadores das Ciências Sociais latino-americanas e do campo de estudos socioculturais do futebol em particular: os professores Bernardo Borges Buarque de Hollanda e Onésimo Rodríguez Aguillar. O primeiro é professor da Escola de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas e pesquisador do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, da mesma instituição. Já o segundo é professor e pesquisador da Escuela de Antropología de la Universidad de Costa Rica. Leia Mais

Béla Guttmann: uma lenda do futebol no século XX | Detlev Claussen

Parte significativa da história do futebol foi construída sobre a trajetória de grandes técnicos: toda uma geração de torcedores brasileiros lembra, nostalgicamente, dos feitos de Telê Santana, que desenvolveu, para muitos, o futebol mais próximo da perfeição estética. 3 Sir Alex Ferguson, por outro lado, preocupado mais com a competitividade de suas equipes do que com a beleza do jogo, é o principal responsável por alçar o cambaleante Manchester United ao posto de marca mais importante do futebol globalizado (TWEEDALE, 2017). No entanto, capaz de produzir nas equipes que treinou um estilo de jogo tão bonito quanto competitivo, a relação entre a trajetória de Béla Guttmann e a história do esporte bretão é muito mais íntima do que a dos técnicos anteriormente citados. O húngaro colocou seu nome entre os grandes do esporte ao desenvolver um estilo ofensivo que influenciou diversos treinadores, mas só pôde se colocar em tal posição por estar em contato com diversas transformações sócio-políticas determinantes para o fenômeno do futebol como o conhecemos. Leia Mais

Rousey – my fight/your fight | Ronda Rousey e Maria Burns Ortiz

As artes marciais mistas (MMA) têm se tornado um assunto em pauta nos mais variados meios de comunicação. Dessa forma, as produções bibliográficas e cinematográficas explorando tal temática têm seguido um curso crescente, principalmente nos últimos dez anos.

O gênero mais explorado em livros relacionados ao MMA tem sido a biografia/autobiografia. Destacam-se no território norte-americano os livros do referido gênero em que protagoniza-se os lutadores estadunidenses BJ Penn, Brian Stann, Brock Lesnar, Chael Sonnen, Chuck Liddell, Forrest Griffin, Jens Pulver, Ken Shamrock, Matt Hughes, Pat Miletich, Randy Couture e Urijah Faber e o lutador canadense Georges St. Pierre, bem como demais figuras do meio do MMA, como o árbitro ‘Big’ John McCarthy, o anunciador Bruce Buffer, o cutman Jacob ‘Stitch’ Duran e, em biografia não autorizada, o presidente do Ultimate Fighting Championship (UFC) Dana White. Leia Mais

Coligay: Tricolor e de todas as cores | Léo Gerchmann

Pensar hoje na existência de “torcidas gays” presentes nas arquibancadas de futebol é certamente impensável — para não dizer perigoso —, tendo em vista os inúmeros acontecimentos relacionados à homofobia e mesmo às manifestações violentas de racismo espalhadas por todos os cantos destes espaços esportivos coletivos. No entanto, o mesmo não pode ser dito dos anos 1970-1980, quando em pleno regime ditatorial no país, uma expressão criativa, divertida e polêmica se fez presente no meio das torcidas organizadas do Grêmio: a Coligay. Esta resenha é sobre essa torcida e sua trajetória histórico-afetiva.

Escrito pelo jornalista gaúcho e gremista Léo Gerchmann, o livro Coligay Tricolor e de Todas as Cores busca o resgate da história do primeiro agrupamento de gays torcedores de futebol do país, que pertencia ao Grêmio Foot Ball Porto-Alegrense (FBPA). Um dos rastros que Gerchmann procura revelar é a visibilidade do torcedor como fundamental estímulo para o seu time e a peculiaridade vibrante que a Coligay mantinha em relação às outras duas torcidas organizadas do Grêmio à época (Eurico Lara e Força Azul)3. Leia Mais

O tênis no Brasil: de Maria Esther Bueno a Gustavo Kuerten | Gianni Carta e Roberto Marcher

A resenha é do livro “O tênis no Brasil – de Maria Esther Bueno a Gustavo Kuerten”, de autoria de Gianni Carta e Roberto Marcher, publicado pela editora Códex em 2004, com 399 páginas. Marcher (1946) é porto alegrense, estudou e cursou mestrado em literatura na Florida State University, foi jogador de tênis, é um dos mais renomados técnicos do país, durante anos assinou uma coluna de tênis no jornal Folha de São Paulo, na Revista Tênis e colaborou na Revista IstoÉ. Carta (1963) é paulistano, estudou na University of California, mestre em Ciências Políticas pela University of Boston, foi professor de tênis no Brasil e nos Estados Unidos, trabalhou ao lado de Marcher como técnico/assistente, foi correspondente da rede de televisão norte-americana CBS, da Revista Europeia GQ e da Revista IstoÉ, atualmente é repórter da Revista CartaCapital e consultor internacional do site da Revista.

Os autores propõem uma história do tênis no Brasil contada pelos jogadores de destaque profissional. Foi traçado um perfil dos jogadores que figuraram entre os 50 do ranking da Association of Tennis Professionals (ATP) e da Women’s Tennis Association (WTA) e foram citados os que entraram para os 100 melhores do mundo. Visto que até 1973 não existia um ranking de tenistas profissionais, os autores recorreram à classificação tabulada pela revista americana World Tennis. Assim, “demos destaque aos melhores” tenistas brasileiros (CARTA & MARCHER, 2004, p. 14). Leia Mais

De Atenas a Sidney: el cine y la televisión em los Juegos de verano | Juan Gabriel Tharrats

O registro dos Jogos Olímpicos é uma prática cultivada em todo mundo por profissionais e espectadores esportivos. As tentativas de eternizar momentos de superação dos atletas, das nações e do esporte enquanto prática cultural motiva o desenvolvimento de variadas estratégias para documentação. Neste sentido, destacam-se as formas de registros audiovisuais que acompanharam historicamente o nascimento dos Jogos Olímpicos da Era Moderna.

Inegavelmente, o cinema foi testemunho recorrente das transformações do esporte, e, apresentou registros de competições esportivas em produções desde sua origem em diversos países (Grã Bretanha, Austrália e Espanha) e com enfoque em diversas práticas esportivas (MONTIN, 2004). Leia Mais

Breve historia del kungfu | William Acevedo, Carlos Gutierrez e Mei Cheung

Estamos en un terreno muy dado a la fantasía y a la leyenda, a historias que se repiten en un libro tras otro, por lo menos en forma de introducción a un arte marcial que luego se procede a enseñar. En obras que tienen un carácter eminentemente práctico puede que esto no sea especialmente grave, aunque al lector con unas ciertas aspiraciones académicas es lógico que esto le produzca un profundo disgusto. Por eso cualquier texto que decida investigar o informar sobre la historia de las artes marciales chinas con rigor y seriedad ha de recibir una bienvenida calurosa. Este es el caso del que ahora nos ocupa. Que sepamos, el primero en castellano. Leia Mais

Do dom à profissão: a formação de futebolistas no Brasil e na França | Arlei Sander Damo

Há uma tese, bastante difundida nos círculos onde o futebol é discutido, que versa sobre a habilidade ímpar do jogador brasileiro diante dos atletas das demais nacionalidades. Graças ao seu dom, este jogador apresentaria um diferencial na maneira de praticar futebol capaz de suplantar qualquer limite técnico. Essa imagem, amplamente explorada no chamado futebol espetacularizado, cujo monopólio pertence à FIFA (Federação Internacional de Futebol) fornece a base para a formação/produção e a venda de jogadores brasileiros.

É este o principal cenário investigado por Arlei Sander Damo em Do dom à profissão – a formação de futebolistas no Brasil e na França. O livro, originalmente uma tese de doutorado4, apresenta minucioso trabalho etnográfico que analisa o processo de formação de jogadores de futebol no Brasil, no Sport Club Internacional, de Porto Alegre, e na França, no Olympique Marseille. O dom, noção amplamente utilizada no meio futebolístico, figura como tema central, pois fornece a base simbólica para o processo de formação dos jogadores brasileiros. Leia Mais

Corpo e alma: Notas etnográficas de um aprendiz de boxe | Loïc Wacquant

O livro “Corpo e Alma” do francês Loïc Wacquant foi publicado no Brasil em 2002 pela Editora Relume Dumará2. E rapidamente vem se tornando referência na abordagem acadêmica do meio esportivo. Essa repercussão se explica pela inovadora proposta: misturar a experiência etnográfica do campo, a análise sociológica do espaço social do gueto norte americano (em Chicago) e uma bela escrita que bebe na fonte dos clássicos da literatura do boxe norte-americano3. A partir desses instrumentos teóricos, o autor busca compreender o ethos do boxeador da academia de boxe, quais são as táticas (MAUSS, 2005) e as práticas corporais dos lutadores. Para melhor compreender essas disposições, Wacquant adota a chamada “participação observadora” e decide a aprender a boxear.

A princípio, o sociólogo pretendia realizar uma pesquisa sobre os guetos de Chicago. Mas por caprichos da circunstâncias preliminares de sua pesquisa, acabou sendo levado à Woodlawn Boys Club, famosa academia do gueto de Chicago. Através dessa surpresa etnográfica, passou a se estudar as relações entre os freqüentadores dessa academia e o ringue de boxe. Leia Mais

Gobernar es ejercitar. Fragmentos históricos de la Educación Física en Iberoamérica | Pablo Scharagrodsky

El libro Gobernar es ejercitar. Fragmentos históricos de la Educación Física en Iberoamérica reúne un conjunto variado de historias acerca de la Educación Física y de las prácticas corporales en Argentina, Brasil, Uruguay, Colombia y España en diferentes períodos y desde una perspectiva crítica, a fin de identificar y analizar diversos aspectos de lo corporal que hacen a la salud, al poder, al género, a las políticas de exclusión, negación y omisión de otras alternativas posibles de vivir y experimentar la corporeidad. El texto recorre diferentes análisis sobre la Educación Física y las prácticas corporales en tanto “potentes formas de gobernar los cuerpos… Ejercitar los cuerpos se convirtió en una potente metáfora…” (Scharagrodsky, p. 14)

El historiador e investigador argentino en el campo de la Educación y de la Educación Física, Pablo Scharagrodsky, con lucidez, organizó el libro en tres secciones tituladas: fragmentos de una pedagogía corporal higiénico/moral; fragmentos de una pedagogía corporal en clave de género; y fragmentos de una pedagogía corporal en la historia reciente. El texto reúne diez brillantes investigadores/historiadores de los mencionados países, sumado a la distinción crítica y perspicaz de Estanislao Antelo quien, orientado por dos preguntas, prologa el libro interrogando la idea de cuerpo: ¿qué es un cuerpo físicamente educado? y ¿qué tipo de personas produce una escuela que dice intervenir metódicamente sobre los cuerpos de las nuevas generaciones, con el objetivo de mejorar su existencia? Antelo no alberga dudas: somos lo que nos ha sido enseñado corporalmente. Desmitificador de inocentes bondades de la Educación Física y de las prácticas corporales, especialmente en el territorio de la salud, propone una sugerente idea que, a la vez, oficia de síntesis “el libro que va a leer hace añicos la prosa bienintencionada y pueril, que promete bienestar en zapatillas.” (p. 11). Leia Mais

100 años de artes marciales: repertorio bibliográfico de monografías publicadas en España (1906- 2006) | Mike Pérez Gutiérrez e Carlos Gutiérrez García

Dentro del ámbito de las Ciencias de la Actividad Física y del Deporte en España, la figura del repertorio bibliográfico ha estado ciertamente desatendida. Aunque la rápida evolución de muchas de estas Ciencias, así como las formas actuales de acceso a la información, pueden hacer considerar al repertorio bibliográfico como un tipo de recurso poco útil y rápidamente obsoleto, no es menos cierto que para determinadas disciplinas como la Historia de la Actividad Física y del Deporte constituye una fuente fundamental para la investigación.

Es, precisamente, bajo esta perspectiva donde adquiere valor la obra de Mikel Pérez y Carlos Gutiérrez, ya que en ella se recogen la práctica totalidad de registros bibliográficos correspondientes a las monografías de artes marciales publicadas en España desde 1906, año en el que se publicaba la primera obra de artes marciales escrita en español, hasta 2006. En total, los autores han recopilado 1.285 registros, lo que da una clara idea del gran volumen de información producido durante este siglo de permanencia de las artes marciales en España. Leia Mais

História comparada do esporte | Victor Andrade de Melo

O livro História comparada do Esporte reúne um conjunto seleto de onze textos escritos por alunos e professores do Programa de Pós-Graduação em História Comparada do Instituto de Filosofia e Ciências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC/IFCS/UFRJ). Sob orientação e organização do Prof. Dr. Victor Andrade de Melo, que também escreve um dos textos, os autores fazem uso da História comparada para direcionar suas investigações e estabelecer considerações sobre o esporte em suas diferentes manifestações.

Pautados no sub-campo da história do esporte, os textos, além da diversificação no uso do método de História comparada, analisam temáticas e períodos históricos diferenciados. Divididos e organizados a partir de cinco áreas, os artigos publicados demonstram coerência entre si e proporcionam ao leitor uma compreensão facilitada acerca dos temas que abordam. A divisão proposta pelo organizador compreende, desde a caracterização das possibilidades e dos limites teórico-metodológicos da Historia comparada do esporte até o agrupamento dos textos a partir de temas como Futebol, História Antiga/História Contemporânea, Esporte, e Outras práticas corporais. Leia Mais

Capoeira – The History of an Afro-Brazilian Martial Art | Matthias Röhrig Assunção

A produção intelectual sobre capoeira tem crescido vertiginosamente, no Brasil e no exterior. Em meio a esse aumento de publicações e pesquisas sobre a temática, o livro do historiador Matthias Assunção, Capoeira – The History of an Afro-Brazilian Martial Art, merece destaque pelas questões levantadas. Assunção, que nos últimos quinze anos é membro do corpo docente da Universidade de Essex, na Inglaterra, se configura hoje como um dos principais expoentes nos estudos sobre capoeira.

No livro em questão, o autor estabelece um grande panorama da situação da capoeira desde o século XIX até os dias de hoje. O fio condutor da análise constitui-se em perfazer os caminhos pelos quais uma brincadeira de escravos marginalizada e temida “arma corporal” se tornou o jogo da moda de ‘descolados’ pelo mundo todo. Leia Mais

História política do futebol brasileiro | Joel Rufino dos Santos

O livro História política do futebol brasileiro é de autoria de Joel Rufino dos Santos, um dos principais nomes do movimento conhecido como a Nova História do Brasil. Tal movimento foi formado por um grupo de intelectuais ligados ao Departamento de Historia do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB). Este último, por sua vez, criado em 1955 pelo então presidente Café Filho e vinculado ao Ministério da Educação e da Cultura, foi um instituto de pesquisa que pretendia ser um espaço de vanguarda no pensamento social nacional. Entre suas contribuições, está a formalização de um Projeto Nacional Desenvolvimentista, que, de certo modo, foi a base teórica para o projeto de governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961).

Em 1964, com o golpe militar e o estabelecimento de um regime de exceção, o ISEB foi extinto e muitos dos seus membros exilados. Mas o período no qual esteve ativo foi suficiente para impulsionar importantes ações, como a Nova História, por exemplo. Nesse caso, especificamente, a ambição fora desde o início a de reescrever a história do Brasil, “rompendo com a história oficial, factual e mitificada”. Nas palavras de Nelson Werneck Sodré, um dos seus idealizadores, pretendia-se mesmo “fugir à rotina dos compêndios”. Leia Mais

Recorde | UFRJ | 2008

RECORDE

Recorde – Revista de História do Esporte (Rio de Janeiro, 2008-) é uma revista científica editada pelo “Sport”: Laboratório de História do Esporte e do Lazer (Programa de Pós-Graduação em História Comparada/IH/UFRJ).

Publica artigos que se debruçam sobre as práticas corporais institucionalizadas (esporte, educação física, dança, ginástica, capoeira, entre outras), bem como sobre as atividades de diversão/lazer, desde o ponto de vista das ciências humanas e sociais, especialmente da História.

Recorde – Revista de História do Esporte é uma publicação destinada a acadêmicos, discentes e docentes, pesquisadores das áreas de História, Sociologia, Antropologia, Educação Física e demais ciências humanas e sociais, abrangendo áreas multidisciplinares como a dos “estudos do esporte”.

Periodicidade semestral.

Acesso livre.

ISSN 1982-8985

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