História e Literatura | SÆCULUM – Revista de História | 2009

Prezado (a) Leitor (a),

No distante ano de 1966 Hayden White cutucou a comunidade de historiadores com afiada aziaga de crítico da cultura no seu espetacular ensaio, “O Fardo da História”, onde afirmava a seguinte tese: “avulta em toda parte um ressentimento motivado pelo que parece ser a má fé do historiador em reivindicar os privilégios tanto do artista quanto do cientista, ao mesmo tempo em que recusa submeter-se aos modelos críticos que atualmente vão sendo estabelecidos na arte ou na ciência”. Tratava-se, segundo o autor, de uma “tática fabiana”, análoga a dos operários vitorianos que queriam ardorosamente o socialismo, mas não abriam mão do capitalismo e do imperialismo.

Depois de um silêncio sepulcral em torno dos “ataques de literatice” às consagradas epistemologias historiográficas oitocentistas grandes reações surgiram para defender o campo do historiador. Entre nós, brasileiros e intelectualmente híbridos, tomamos a literatura sem as reverências canônicas e buscamos dessacralizá-la, atirando-a ao rés do chão: como testemunho histórico e como representação. Muitos de nós seguimos o manifesto-apresentação dos organizadores de A História Contada (Capítulos de história social da literatura no Brasil), já então no final da década de 1990 e, portanto, no ocaso do século em que a comunidade viva de historiadores nasceu. Leia Mais