História Pública e História do Tempo Presente | Rogério Rosa Rodrigues e Viviane Borges

Observou-se nas últimas décadas um crescimento em estudos que destacam a memória como objeto ou fonte de pesquisas históricas. Pautada principalmente a partir da década de 1980, sua interlocução com a história permitiu intensos debates sobre temáticas caras ao passado presente. A História Oral se estabeleceu como prática no campo, consolidou diferentes vertentes teórico-metodológicas e adensou as discussões entre memória e história. Conectada pela memória, a área se aproxima da História do Tempo Presente, e em consonância com a História Pública, busca amarrar esses pontos, com foco em produções realizadas com (e para) o público.

Essas questões estão no livro História Pública e História do Tempo Presente, lançado em 2020 pela editora Letra e Voz, com organização de Rogério Rosa Rodrigues e Viviane Borges, docentes na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Seus escritos são marcados pelas interfaces de contato entre esses campos, e desenvolvem pesquisas que abordam a relação entre temporalidades, memória, estratos temporais e o caráter público da história. A obra possui dez capítulos, divididos em artigos e entrevistas, e busca contribuir com diferentes panoramas a partir de linhas teóricas e discussões que se cruzam. Reunindo 12 autores, o livro nos convoca a pensar sobre os usos do passado, a monumentalização e o fomento de um campo preocupado com as implicações públicas do fazer histórico. Leia Mais

História pública e história do tempo presente | Rogério Rosa Rodrigues

A segunda década do século XXI marcou a consolidação do movimento da História Pública no Brasil. Apesar de sua emergência e seu estabelecimento através da formação da Rede Brasileira de História Pública, de publicações especializadas e eventos internacionais e nacionais, a História Pública ainda permanece permeada de dúvidas, críticas e estranhamentos por parte da comunidade de historiadores(as). É possível considerar que a maioria destas questões estão associadas à imagem de “novidade” em torno de uma prática que, para alguns, remonta a projetos anteriores que já existiam no âmbito universitário. Publicações como Que História Pública Queremos (2018) e História Pública no Brasil: Sentidos e Itinerários (2016) procuraram responder a algumas destas problemáticas que emergiram após a realização do curso de Introdução a História Pública na USP (2011). Em meio a tais esforços, verificou-se a expansão do interesse da comunidade por esta discussão em paralelo as possíveis críticas que emergiam. Cursos de graduação e pós-graduação foram revisados e/ou criados, projetos em diferentes níveis passaram a pensar a dimensão pública de suas produções e, acima de tudo, historiadoras(es) repensaram seu próprio ofício.

O que se percebe é um processo de construção de um movimento, mais que a fundação de um campo da História Pública (Santhiago 2016), que tem defendido a centralidade do público na prática historiográfica. Seja como uma história com, para, pelo ou através dos públicos, a História Pública tem revisitado as regras estruturais do campo disciplinar. Atenta a este processo, a editora Letra e Voz publica, desde 2019, a coleção “História pública e…” que mapeia as relações entre a prática da história pública na interface com outros campos, como a divulgação histórica (2019) e o ensino de história (2021). Em sua proposta, os livros da coleção reúnem artigos que possibilitam a reflexão epistêmica da História Pública e entrevistas com historiadores nacionais e internacionais de referência. Leia Mais