Internet e Saúde / Cadernos do Tempo Presente / 2015

A revista Cadernos do Tempo Presente continua em movimento. Prosseguimos com a nossa 19ª edição acompanhando e buscando analisar variadas experiências. Seguimos refletindo sobre a temporalidade e a complexa relação entre passado e presente com uma gama de temas e problematizações. Continuamos assim, sendo movidos por aquilo que cerca o “tempo presente”: os discursos heterogêneos.

Giuseppe Frederico Benedini abre a seção de artigos com seu trabalho, “A Rússia Czarista e as origens da Revolução: um ensaio”. Em sua apresentação sobre a política vigente nos reinados sucessivos da dinastia Romanov, de Alexandre I a Nicolau II, veremos as mais importantes transformações sociais ocorridas na Rússia daquela época, incluindo os movimentos políticos e culturais de oposição ao regime.

Em “Os movimentos sociais das “Gentes do Mar” no Brasil”, Arilson dos Santos Gomes faz uma pertinente discussão sobre a importância dos movimentos sociais no final do século XIX e início do século XX ligados ao ‘povo brasileiro do mar’, os pescadores. Suas atividades no mar e na terra e o constante diálogo entre estes dois mundos.

Nesta Edição, nos preocupamos em presentear nossos leitores com um dossiê sobre saúde e internet, ao observarmos o aumento e a frequência com que os internautas tem visitado a web em busca de informações sobre tratamento médico e os usos das redes sociais cibernéticas enquanto espaços de promoção para variados fins. André Pereira Neto e Mônica Dantas trazem no primeiro artigo desse Dossiê uma análise sobre a violência simbólica sofrida pelo grupo denominado GLBT nos discursos homofóbicos, e suas reações no Facebook “Rio sem Homofobia – Grupo Público”.

Os usos de uma Fan Page do Facebook como estratégia de comunicação para divulgação das ações do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict / Fiocruz) pode ser apreciado no segundo artigo do Dossiê. Intitulado “O uso de Fan Page como estratégia de comunicação institucional” o trabalho tem como autoras Renata Rezende e Cristiane Almeida.

Na linha sobre saúde, Rita Machado e Maria da Costa discutem a internet como um fenômeno contemporâneo que revolucionou a sociedade e mudou o modo como as pessoas lidam com a saúde em “Disponibilidade da informação para pacientes de câncer: a internet como ferramenta de visibilidade e construção de empoderamento”,

Finalizando o Dossiê, temos o artigo de Tatiana Clébicar e Kátia Lerner. “Interatividade nas fanpages do Facebook de jornais cariocas: o caso das notícias de saúde” faz uma significativa comparação dos indicadores de interatividade nas publicações sobre saúde nas fanpages do Facebook dos jornais cariocas O Globo e O Dia.

Nossos variados discursos não param por aí. A resenha de Clotildes de Sousa discorre sobre a obra Didática para Licenciaturas, de Itamar Freitas, em que o autor discute os limites entre aprendizagem e ensino. Noutro viés, Diogo Perin reflete sobre a narrativa de Paulo Knauss no texto A cidade como sentimento: história e memória de um acontecimento na sociedade contemporânea — o incêndio do Gran Circus Norte-Americano em Niterói, 1961.

Tenham todos uma ótima leitura!

Os Editores


Editores. [ Internet e Saúde]. Cadernos do Tempo Presente, São Cristóvão, n.19, 2015. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê

 

História e Internet / Tempo e Argumento / 2014

O momento em que este número da Revista Tempo & Argumento se dá a ler ao público, coincide com o encerramento das atividades de uma grande rede social pela Internet, o ORKUT. Este fato, em princípio ocasional, reforçou e importância de se pensar no caráter efêmero destas tecnologias sujeitas à brevidade, à transitoriedade e, especialmente, para apresentar discussões que tematizam a História e a Internet no Tempo Presente, enfatizando estudos sobre as chamadas “mídias digitais” que ampliam o mundo de nossa existência social e as relações com o avanço dos suportes digitais do conhecimento.

Dessa maneira, este número pretende discutir como a Internet e as novas ferramentas de comunicação, dela derivadas, vêm modificando as bases históricas de nossa experiência e os parâmetros nos quais a sociabilidade, no tempo presente, se edifica tendo no horizonte de expectativa variados ambientes de interação humanos positivados pela transitoriedade e pelas muitas possibilidades de acesso à informação que, cada vez são mais complexas.

Com o objetivo de aprofundar estas delicadas e arriscadas relações entre História e Internet no Tempo Presente, este volume 6, número 12 (2014) da Revista Tempo & Argumento apresenta um conjunto de onze (11) artigos que evidenciam como as possibilidades de acesso à informação revolucionam as relações entre os indivíduos, alimentam novas modalidades de construção subjetiva do conhecimento e trazem as redes para dentro das escolas e do cotidiano dos alunos, ensinando‐os a habitar e conviver com este novo / outro espaço de convivência e experimentação.

Nos dois primeiros artigos, o professor uruguaio Juan Bresciano e a professora brasileira Núcia Alexandra Silva de Oliveira evidenciam as conexões entre Internet e História mostrando a incorporação de novas tecnologias em investigações sobre os usos, pelos historiadores, do passado local e cujos resultados culminam em narrativas que apresentam outras formas de produção e divulgação do saber histórico na escola e / ou fora dela.

Na trilha do interesse renovado, os usos da Internet na pesquisa histórica vêm mobilizando autores e pesquisas que problematizam, em cinco (5) artigos, situações da conjuntura política e social do Tempo Presente e que nos convidam a pensar sobre os prolongamentos das escritas e das imagens, das redes para as páginas. Nesse sentido, Dilton Maynard investiga como grupos fascistas do Brasil e da Argentina disseminam ideias e articulam grupos, nas páginas da rede, através de mensagens xenófobas, racistas, antissemitas e homofóbicas presentes no portal Libre Opinión. Por sua vez, o artigo de João Gilberto Neves Saraiva analisa imagens e textos de postagens, em relação à política e à História do Brasil, realizadas pela embaixada dos Estados Unidos do Brasil na rede social Flickr no ano de 2009, durante o primeiro governo do presidente Barack Obama.

A construção de memória de uma cidade submersa pela construção de uma barragem no Rio Grande do Norte, em 1980, cria condições para que Francisco das Chagas Silva Souza discuta o papel do Orkut, três décadas depois, como suporte para “salvar” restos do passado pela construção de uma memória para aquele local. Os escritos em blogs, Orkut, Facebook são problematizados por Pedro Eurico Rodrigues que analisa estas ferramentas de comunicação, disponíveis na Internet, como formas de novos mecanismos de sociabilidade em um movimento que incita a borrar fronteiras entre o público e o privado. Completando este bloco de artigos que enfatizam, de maneira geral, os usos da Internet na pesquisa história, George Zeidan Araújo trata da chamada “história digital” ao escrever sobre a emergência e as configurações atuais da Internet associadas à ressonância destas mídias digitais na pesquisa e escrita da História, no Tempo Presente com seus desafios e suas possibilidades.

Três importantes artigos, resultados de pesquisas no âmbito das universidades, abordam as possibilidades de acesso à informação que tratam a relação entre os indivíduos e a escola, e muito especialmente, como as tecnologias de informação e comunicação (TICs) podem gerar novas práticas. Marcella Albaine Farias da Costa e Carmen Teresa Gabriel problematizam a forma como as disputas em torno da significação e fixação de ‘sentidos do digital’ circulam no currículo de História, tendo como empiria o Edital do Programa Nacional do Livro Didático (PNDL) 2015 e mobilizando conhecimentos em diálogo com a cultura histórica e a cultura escolar. Um estudo que pretende compreender como o computador vem sendo utilizado no ensino de história, em escolas públicas e particulares, do ensino fundamental e médio da região de Londrina (PR) é trazido à leitura por Simioni França e Cristiano Biazzo Simon. Na mesma clave da presença do computador em aulas de História e deslocando um olhar especificamente para o ensino de História Antiga, Dominique Vieira Coelho dos Santos divisa possibilidades de, por meios digitais, sistematizar ferramentas para auxiliar os interessados na temática e assim, fomentar o ensino e a pesquisa nas culturas cuneiformes, no Brasil.

Encerrando a seção de artigos, Veridiano Koeffender Moreira, sob o título “Plasmando a história: efeito‐mundo, retórica do tempo e ficção” apresenta uma discussão sobre o problema do falso e da ficção em história, tema atual e que se liga aos estudos sobre a narrativa na historiografia.

Duas resenhas completam este número da Revista. Na primeira, Rafael Trindade Pellegrini e Ramon Trindade Pellegrini discutem a obra escrita por Julian Assange, primeiro livro do autor, editor chefe do Wikileaks, publicado no Brasil (Boitempo Editorial,2013) intitulada “Cypherpuns: Liberdade e Futuro da Internet” e , por sua vez, Adgélzira Capeloti Pereira discute a obra “A jornada mitológica de Mário Palmério. Um estudo sobre a ascensão social e política do autor de Vila dos Confins” (Editora UNESP, 2012) escrita por André Azevedo da Fonseca.

Dar visibilidade a este tema permitiu refletir sobre a presença das mídias como uma das características do nosso Tempo em todos os aspectos da vida, além de reconhecer como as mídias digitais ampliaram sua abrangência e passaram a ser um imperativo que produz outras (novas) sensibilidades nas relações da contemporaneidade. Em certo sentido, discutir / propor / ler este tema significa discutir criticamente seus argumentos e refletir sobre que tipo de História podemos escrever, que estilo de vida devemos defender e que tipo de país queremos construir no Tempo Presente; contudo, convém pensar na perigosa ilusão de que se pode vencer o Tempo.

Desejamos, enfim, que estes artigos sejam inspiração para uma leitura crítica das mídias digitais neste Tempo Presente, tão incerto quanto encantador!

Maria Teresa Santos Cunha

Luciana Rossato

Editoras‐ Chefe

 


CUNHA, Maria Teresa Santos; ROSSATO, Luciana. Editorial. Tempo e Argumento, Florianópolis, v.6, n.12, 2014. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê

 

Conhecimento histórico e internet / Aedos / 2011

É com grande satisfação que apresentamos a edição n° 8 da Revista Aedos, tratando de um assunto cada vez mais presente na atividade de pesquisa histórica: a Internet. O meio digital, ao qual essa mesma revista deve sua existência e circulação, permite ao historiador trocar e produzir dados que elevam o conhecimento a um novo patamar, seja pela digitalização de documentos e acervos, seja através de projetos institucionais de recuperação de fontes, ou ainda a elaboração estatística de dados informatizados. Revolucionando as comunicações e formas de armazenamento e indexação de informações, que tipo de consequências esse processo gera no campo da História? Como a pesquisa vem sendo transformada por esse acesso antes impensado à informação?

A proposta do dossiê é refletir sobre a utilização desse instrumento, uma vez que, através dele, o acesso ao conhecimento histórico foi massificado, revolucionando também o ensino e as práticas escolares, sobretudo pela riqueza de material audiovisual ao alcance de poucos cliques. A notável defasagem entre o uso da Internet na produção e reprodução do saber historiográfico e a pouca problematização feita sobre o assunto torna-se interessante campo de debates e é nesse sentido que os artigos que compõem o dossiê são apresentados. Abrindo a discussão proposta, Fábio Chang de Almeida, em “O historiador e as fontes digitais: uma visão acerca da internet como fonte primária para pesquisas históricas”, aborda a utilização desse tipo de fonte no ofício do historiador, especialmente daqueles voltados para o estudo do Tempo Presente que, com o advento da Internet, passaram a contar com inesgotável aporte de fontes. Em “Reflexões sobre a modernidade, a tecnologia e a educação: o legado iluminista na Era da Wikipédia”, Israel Aquino analisa o impacto das novas tecnologias sobre a produção e disseminação do conhecimento, sobretudo através da popular experiência da Wikipédia, a enciclopédia virtual e colaborativa da Internet, trazendo relato de experiências desenvolvidas sobre a temática. Uma aplicação do tema à pesquisa histórica pode ser observada em “Akira: porque o pesadelo já começou”, no qual Vitor Batalhone Junior estabelece uma descrição iconográfica e um estudo iconológico do animê Akira a partir de fontes virtuais, disponíveis na Internet.

A seção de artigos diversos conta com publicações das mais variadas temáticas e debates historiográficos. Rosemere Olimpio Santana, em “Pérfida ou ingênua – a visibilidade da mulher paraibana através dos jornais e de casos de rapto – 1880-1910”, apresenta a construção de um discurso que deu visibilidade às práticas amorosas e a identidade feminina no período, sobretudo através da análise dos casos de raptos consentidos. Em “Gandhi e a verdade: reflexões entre autobiografia e história”, Sinuê Neckel Miguel tece relações entre a produção histórica acadêmica e a vida de Gandhi, procurando entender a importância do método de luta política não-violenta. A partir do estudo de um amplo conjunto documental, Veronica de Jesus Gomes, analisa e traça o perfil socioeconômico e intelectual de padres que teriam praticado abusos sexuais na Bahia durante os séculos XVI e XVII em “Nas malhas da Inquisição de Lisboa: um perfil dos sodomitas da Igreja e de seus amantes”.

Abordando a escrita da História da Política Externa Independente do governo João Goulart e o contexto da Guerra Fria, Charles Sidarta Machado Domingos, em “As relações internacionais do Brasil no governo João Goulart (1961-1964): leituras sobre a Política Externa Independente”, realiza uma análise historiográfica de trabalhos que privilegiaram as relações internacionais do Brasil durante esse período. Fabiano Farias de Souza, em “Operação Condor: Terrorismo de Estado no Cone Sul das Américas” analisa a literatura baseada no Arquivo del Horror, descoberto no Paraguai no início da década de 90 e que confirmou ações promovidas por governos militares baseadas em constantes violações dos Direitos Humanos. O artigo “O 15 de Novembro na Imprensa Carioca”, de Camila de Freitas Silva, mostra como a Proclamação da República repercutiu em jornais de grande circulação no Rio de Janeiro em 1889, mostrando a construção de discursos acerca do processo de mudança de governo.

Na seção Mesa Redonda desta edição, apresentamos o comentário crítico de Ana Paula Squinelo ao texto de André Átila Fertig e Tassiana Maria Parcianello Saccol, “A Guerra do Paraguai nos livros didáticos de História do Brasil”, publicado no nº6 da revista. Muito embora tenha havido impossibilidade dos autores responderem às críticas colocadas, Aedos coloca-se a disposição para dar prosseguimento ao debate.

Na seção das resenhas, dentre outros, George Zeidan Araújo trata da obra de Salvador Neves e Alejandro Pérez Coutubre, “Pólvora y tinta: Andanzas de bandoleros anarquistas”, trazendo ao conhecimento do público brasileiro uma obra da pouco estudada produção historiográfica uruguaia. Bruno Silva de Souza traz apontamentos sobre o livro de Reinhart Koselleck, “Futuro Passado. Contribuição à semântica dos tempos históricos”, cada vez mais presente nas discussões históricas. Abordando a utilização do cinema nas Ciências Humanas e Sociais, Bianca Melyna Filgueira trata da obra de Nildo Viana, “A concepção materialista da História do Cinema”. George Wilson dos Santos Sturaro traz uma visão das Relações Internacionais com a obra de José Luís Fiori, “O Poder Global e a Nova Geopolítica das Nações”. Evandro dos Santos apresenta “A questão dos livros: presente, passado e futuro”, de Robert Darnton e Mateus Dagios traz a discussão sobre o silêncio e suas diferentes práticas como modo discursivo no mundo grego na obra de Silvia Montiglio, “Silence in the Land of Logos”.

Nas resenhas de clássicos, Luiz Alberto de Souza discute questões teóricas sobre a historiografia contidas na obra de Dean Warren, “A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira.”

Finalizando nossa edição, apresentamos a entrevista com o historiador italiano Carlo Ginzburg, que esteve em Porto Alegre para realizar uma conferência no seminário internacional Fronteiras do Pensamento. Célebre por seu trabalho com crenças populares europeias do século XVI, a conferência realizada teve como tema História na Era Google. Em uma conversa com Dênis Renan Corrêa e Marcos Schulz, Ginzburg falou sobre suas percepções sobre o impacto da revolução tecnológica na História e a forma como ele próprio se apropria desses recursos, não deixando de falar da importância dos livros para o conhecimento. Uma conversa que, de certa forma, retoma o tema de nosso dossiê, deixando claro que História e Internet ainda deverão render muitas discussões e reflexões.

Por fim, agradecemos a todos aqueles que contribuíram para o nosso trabalho: autores, pareceristas, funcionários e professores do PPG, equipe da Propesq / UFRGS e todos aqueles que, de alguma forma, colaboram para manutenção desse espaço como local sério e qualificado para a discussão historiográfica.

Boa Leitura a todos!

Conselho Editorial

Gestão 2010-2011


Conselho Editorial. Editorial. Aedos, Porto Alegre, v.3, n.8, janeiro-junho, 2011. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê