Teoria da História e História da Historiografia na América Latina e no Caribe / História da Historiografia / 2018

La constitución de la historia como disciplina en América Latina y el Caribe durante los siglos XIX y XX coincidió con el proceso de emergencia y consolidación de los Estados nacionales a los que proveyó de relatos e interpretaciones sobre sus orígenes, su evolución, sus rasgos particulares y su identidad. De ese modo, las narrativas históricas tomaron a la nación como principal escala de análisis y, mucho más importante aún, como sujeto protagónico de los procesos históricos.

Hasta mediados del siglo XX, y aunque con importantes diferencias regionales, la historiografía de los países latinoamericanos se desarrolló en buena medida por fuera de los sistemas universitarios. Los historiadores eran en general políticos, funcionarios, escritores, médicos o abogados, que podían estar ligados o no a instituciones como las academias de historia, los institutos históricos o las sociedades de estudios históricos. Después de la Segunda Guerra Mundial, y sobre todo a partir de la década de 1960, las universidades comenzaron a concentrar la producción de conocimiento histórico. Tributaria de una tradición local de ensayismo crítico, y enriquecida por el contacto con la historia social marxista y annaliste -contacto que en parte se debió al exilio provocado por las dictaduras militares-, la historiografía latinoamericana fue entonces objeto de una notable renovación teórico-metodológica que promovió la incorporación de nuevos temas, problemas y abordajes. En ese sentido se destaca la consideración de América Latina y el Caribe como un espacio con una historia común que era pensada con categorías como dependencia, desarrollo, modernización o formación económico-social. Sin embargo, y a diferencia de lo sucedido con otras disciplinas como la filosofía, la sociología o la economía, esta caracterización no fue una condición suficiente para que la historiografía produjera interpretaciones y narraciones de conjunto capaces de trascender la suma de casos nacionales. Leia Mais

Bicentenário das Independências da América Latina / Estudos Ibero-Americanos / 2010

O ano de 2010 marca o bicentenário da deflagração dos movimentos pela independência na América espanhola. Um observador menos atento poderia dizer “na América Latina”, para aí incluir também o Brasil. Temos, porém, bons argumentos para dizer que o Brasil é um caso à parte, inclusive no que respeita ao seu processo de emancipação política. A propósito, para aqueles que compartilham da ideia de que a deflagração do processo de independência no Brasil pode ser datada de 1808, com a vinda da família real, as comemorações da independência no Brasil começaram efetivamente há dois anos. E com qual alarde! Esse “acontecimento histórico” foi não apenas ensejo de um sem número de atividades acadêmicas, de congressos e publicações, mas também ocupou grande espaço na mídia e na agenda de governo, ministerial e diplomática. Quem não concorda que espere por 2022!

Esse furor comemorativo não é novo, data pelo menos da década de 1980, quando a história-disciplina foi sensivelmente tocada com essa mudança de perspectiva, da história à memória. A celebração atual de acontecimentos “históricos” seminais no sentido da construção (o uso, a manipulação, o abuso) da memória sempre existiu; porém, a maneira como é feita em nossos dias, começou a ser praticada e teorizada a partir da década de 1980 pela historiografia francesa da geração do bicentenário da revolução. Para uma historiografia fortemente conservadora, muito incensada pelos historiadores brasileiros até hoje, importa menos a história (que é experiência vivida, mudança, transformação) do que a comemoração (que é memória, representação, reiteração seletiva, preservação). De modo que essa perspectiva fez-se conveniente tanto para os policy makers (vide o afã com que os agentes de Estado assumem entusiasticamente a celebração das efemérides) como para a grande mídia, que incorporou as efemérides em seu calendário – basta lembrarmos como a mídia e os governos apropriaram-se de 1808. Outro fator para o estardalhaço comemorativo é o contexto histórico em que vivemos, marcado pela mercantilização de todas as esferas e relações humanas, tornando a própria história mais uma mercadoria nas prateleiras ao acesso do grande público. As efemérides, e o que se veicula em torno delas, constituem consciências.

De modo que, nos próximos quinze anos, haverá muita comemoração aqui e acolá pela América Latina adentro e afora (posto que na Europa e nos Estados Unidos essas datas redondas também não passam em branco). E se devêssemos apontar pelo menos um aspecto positivo das efemérides diríamos que, junto com toda publicidade e uso político, elas acabam fomentando a boa reflexão acadêmica. A produção deste dossiê temático da Revista Estudos Ibero-Americanos caminha neste sentido, de acrescentar uma contribuição ao debate dos processos de independência na América Latina.

O assunto é vastíssimo e por certo que estes Organizadores não tiveram qualquer pretensão de “esgotar” o tema. Mesmo que optássemos por um recorte mais específico – por exemplo, regional –, lacunas sempre permanecerão. Por isso, definimos nossa estratégia de constituir este dossiê a partir de uma perspectiva continental, cara especialmente à historiografia brasileira, ainda carente de produção significativa e em chave comparada do processo brasileiro com o do mundo hispano-americano.

Neste dossiê “comemorativo”, motivado por uma efeméride, chama a atenção que nenhum dos ensaios reunidos tenha foco na questão da memória, mas sim da História – propriamente dita. Abre-se o volume com uma análise “ao telescópio”, em perspectiva comparada, das revoluções de Independência da América Latina, por Stefan Rinke e Frederik Schulze (Universidade Livre de Berlim). Os sucessos na Grã Colômbia são abordados por Marixa Lasso (Case Western Reserve University, EUA), a partir das questões racial e nacional. Christon Archer (Universidade de Calgary, Canadá) discute a questão das forças armadas no cenário mexicano. A região platina é contemplada em dois artigos, que depositam muita ênfase na participação popular nos movimentos de independência, escritos por Raúl O. Fradkin (Universidad Nacional de Luján e da Universidad de Buenos Aires) e Gabriel Di Meglio (Universidad de Buenos Aires-Conicet). Justo Cuño Bonito (Universidad Pablo de Olavide, Espanha) aborda aspectos do processo político em Cartagena de las Índias, a partir do julgamento de Don Governador Gabriel Torres de Velasco. Por fim, dois aspectos do caso brasileiro são oferecidos nos artigos de Luiz Geraldo Silva (UFPR), em co-autoria com João Paulo Pimenta (USP), e Valdei Lopes Araújo (UFOP). Os Organizadores assinam um balanço deste conjunto no final do volume, que traz ainda resenha da coletânea organizada por Ivana Frasquet e Andréa Slemian, De las independencias iberoamericanas a los estados nacionales (1810-1850), assinada por Alex Jacques da Costa.

Há um universo de temas relativos aos processos de independência na América Latina a serem pesquisados e debatidos e, por certo, não caberiam todos eles em um único volume. Temos aí, contudo, mais umas duas décadas para comemorar deste modo, publicando e discutindo material de ponta da historiografia. Outros dossiês temáticos virão.

Hendrik Kraay – Departamento de História Universidade de Calgary

Jurandir Malerba – Departamento de História Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Os Organizadores


KRAAY, Hendrik; MALERBA, Jurandir. Apresentação. Estudos Ibero-Americanos. Porto Alegre, v. 36, n. 1, jul. / dez., 2010. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê