Multiculturalismo Crítico / Peter McLaren

A partir da obra Multiculturalismo Crítico do autor Peter McLaren, destacamos nesta resenha os conceitos centrais e principais influências teóricas trazidas pelo autor. Tendo sua primeira edição publicada na América do Norte no ano de 1994, o livro é considerado ainda hoje uma das grandes obras de referência mundial em relação ao ensino multicultural. Destaca as possibilidades que o multiculturalismo crítico exerce numa pedagogia de resistência, interrogando os sistemas culturais estabelecidos em uma lógica fixa e unitária. Neste sentido, o que seria o multiculturalismo crítico? O que vem a ser uma pedagogia de resistência? Na tentativa de responder estas e demais perguntas desmembramos o trabalho de acordo com a sequência de capítulos abordada pelo autor. Analisamos dessa forma, o contexto global em que o multiculturalismo esta inserido; os diferentes tipos de multiculturalismo existentes, bem como as diversas correntes e influências das teorias pós-modernas e, por fim, tecemos nossas considerações sobre alguns pontos de sua teoria.

Introdução

Quando vasculhamos dentro dos estudos históricos, ainda nas primeiras décadas do século passado, podemos observar que somente a partir dos anos 70 com o interesse sobre a chamada “História dos Vencidos” 2, a história dos povos colonizados, como a dos povos africanos, sociedades ameríndias entre outros foram ganhando novos espaços no meio acadêmico.

Seguindo esta abertura, o multiculturalismo “nasce” imbricado nas lutas sociais3 dos anos 60, 70 e aos poucos vai se constituindo em uma proposta pedagógica no campo do Currículo. Neste momento, Peter McLaren já reconhecido como um dos principais autores da teoria da resistência4 lança em 1994 o livro ‘Multiculturalismo Crítico’ nos Estados Unidos e no ano de 1997 o publica no Brasil.

Peter McLaren é um canadense radicado nos Estados Unidos, que segundo Moacir Gadotti (2000), antes de ser professor universitário lecionou nas escolas da periferia de Toronto no Canadá, aprendendo com os filhos dos imigrantes de diferentes nacionalidades as fronteiras de um ensino multicultural.

Neste sentido, o livro teve grande repercussão marcando um mapeamento das correntes multiculturais. Mas, o que seria o multiculturalismo crítico? E, sobretudo, o que caracteriza as possibilidades de uma educação de resistência, é uma das tantas questões que o autor busca responder.

1.1 Pedagogia Crítica na idade do Capitalismo Global alguns desafios para uma educação de esquerda

Entrando no primeiro capítulo, a questão dos desafios para se vivenciar uma pedagogia crítica em contexto global é logo apresentada. Compartilhando do pensamento de David Harvey (1989), afirma que a relação capitalista expandiu seu alcance para todas as coordenadas do tempo e espaço geográfico, se transformando num espaço sem limites, onde passado e futuro encontram-se em um “relógio timex” ou em outras inúmeras possibilidades dos shoppings centers.

Mas, neste sentido, qual seria o papel da escola neste contexto de economia globalizada marcada pela sociedade de consumo? Qual sua função para uma educação crítica e de resistência?

Por pedagogia crítica ou de resistência entende-se o conceito e “chave mestra” utilizada pelo autor para designar uma práxis transformadora na sociedade e uma educação não harmônica. Em suas palavras “na medida em que o objetivo da pedagogia crítica é o de capacitar seus praticantes a falar com autoridade, enquanto perturbam a naturalização de convenções fixas(McLaren, 2000:50). Em outras palavras, é a pedagogia mais condizente com um possível multiculturalismo crítico, conceito que abordaremos mais adiante.

1.2 Multiculturalismo e a crítica Pós Moderna: por uma pedagogia de resistência e transformação

Já no segundo capítulo, o foco concentra-se em torno da crítica pós – moderna. Por teoria pós – moderna, o autor considera uma teoria com distinções entre duas tendências fortemente expressas, a primeira classifica-a como pós-modernismo lúdico e a segunda como pós-modernismo crítico ou de resistência.

Posicionando-se como um teórico de forte influência marxista, logo nas primeiras páginas do livro, o autor expõe seu desconforto a partir do que compreende como “pós-modernismo lúdico”, define-os como uma teoria que privilegia o cultural, o discursivo em detrimento da materialidade dos modos de produção levando a um relativismo epistemológico que demanda uma tolerância por uma gama de significados sem defender nenhum deles” (McLaren, 2000:51).

Por conseguinte, apresenta a “teoria pós-moderna da resistência”, mas não como forma de uma alternativa à corrente que descreve como lúdica, mas como um meio de extensões de suas críticas. Para ele o pós-modernismo de resistência “traz à crítica lúdica uma forma de intervenção materialista uma vez que não está somente embasado em uma teoria social da diferença, mas em vez disso, em uma teoria que é social e histórica” (Idem, p.68). A corrente pós – moderna de resistência, seria uma crítica intervencionista, onde as “textualidades” tornam-se práticas materiais.

Mas, em que sentido as correntes pós-modernas se relacionam com o multiculturalismo? Em que aspecto a teoria pós-moderna da resistência difere das demais concepções de diferença proposta pelas teorias liberais?

Segundo o autor, para os liberais, o conceito diversidade estaria associado à noção de um “balsamo calmante”, isto é, uma solução para “administração da crise” imposta pelas questões raciais. Mas já para os membros da teoria pós-moderna de resistência, a diferença difere do conceito de diversidade. Isto porque o conceito não é tomado superficialmente – afirma a “diferença” ser sempre incerta e polivocal, nem sempre servindo ao consenso, e, portanto um conceito não determinado por limites claramente demarcados, servindo assim, ao que chama de “multiculturalismo crítico”.

1.2 O terror Branco e Agência de Oposição: por um multiculturalismo crítico Por conseguinte, na terceira parte o eixo concentra-se na discussão sobre as diferentes concepções de multiculturalismo diferenciando-os em (1) multiculturalismo conservador ou empresarial; (2) multiculturalismo liberal humanista; (3) multiculturalismo liberal de esquerda e (4) multiculturalismo crítico. Assumindo a preocupação com o risco de uma representação monolítica, o autor adverte que seu objetivo não se estende além de uma tentativa inicial de mapear um esquema teórico.

Dessa forma, por multiculturalismo conservador é apresentado o projeto de universalização da cultura branca, respaldado nas teorias evolucionistas do século XIX. Sob este contexto, a representação da África como um “grande” e “misterioso” continente selvagem expressa uma dessas conotações imperialistas das primeiras vertentes desse tipo de multiculturalismo. Como forma de ilustrar a extenuação do racismo, o autor conta que na virada do século XIX, Joseph Moller, um menino negro de 10 anos chegou a ser exibido em um zoológico na Europa como um legítimo descendente “homoluncus africano”.

Sob outra perspectiva, já na versão de um multiculturalismo humanista liberal descreve como sua principal característica certa apropriação humanística, respaldada na crença do princípio de igualdade independentemente de questões de etnia, gênero ou sexualidade.

Diferentemente da corrente conservadora, o multiculturalismo humanista acusa o sistema capitalista de prover restrições econômicas. Defendendo assim, a mudança dessas condições, mas embasados no discurso da equivalência intelectual ente as raças, afirmando que todas podem competir “igualmente” em uma sociedade capitalista. No entanto, McLaren adverte que o fato desse caráter universal ser dotado de aspectos predominantemente brancos, eurocêntricos e referentes à cultura ocidental não é em nenhum momento colocado em questão.

De forma contrária, apresenta o multiculturalismo liberal de esquerda (uma terceira versão), que enfatiza a diferença cultural acusando a ênfase na igualdade universal de “esconder” as diferenças entre raça, gênero, classe e sexualidade.

Entretanto, critica a tendência que esta terceira corrente teria de “essencializar” a diferença como se fosse algo suspensa do processo histórico. E no mais, o fato deste multiculturalismo de esquerda privilegiar a fala de uma pessoa que possua a marca de uma identidade local, é igualmente criticado pelo autor como “um populismo elitista que se constrói na medida em que professores de bairros pobres estabelecem um pedigree de voz baseado na experiência.” (McLaren, 2000:120). Deste modo, acusa o político de estar sempre reduzido ao pessoal.

Por último, como uma alternativa apresenta o Multiculturalismo Crítico a partir de uma abordagem pós-moderna de resistência. Em suas palavras: a perspectiva que chamo de multiculturalismo crítico compreende a representação da raça, classe e gênero como resultado de lutas sociais sobre signos e significações e, enfatiza não apenas o jogo textual, mas a tarefa de transformar as relações sociais” (Idem, p.123).

Dessa forma, enfatiza que o pensamento ocidental é construído como um sistema de diferenças organizado por lógicas binárias – branco /preto, bom /ruim, e, neste sentido quando os binarismos tornam-se racial e culturamente identificados, o branco acaba por assumir a posição do ele ou do tu, onde a “branquidade” é percebida como neutra. Os signos são assim, compreendidos como parte de uma luta ideológica.

Portanto, para um currículo multiculturalista crítico, Peter sugere que os educadores levantem questões da diferença de maneira que superem o essencialismo monocultural dos “centrismos” – anglocentrismos, afrocentrismo e assim por diante, pois um multiculturalismo de resistência entende a cultura como não harmoniosa e consensual.

Considerações Finais

Considerando a tentativa de apresentar nesse breve texto, os elementos centrais referentes à obra Multiculturalismo Crítico, terminamos afirmando sua relevância. O texto da forma como conduzido, torna-se uma espécie de bússola que nos permite visibilizar as diferentes tendências multiculturalistas.

A partir desta perspectiva, o multiculturalismo crítico é definido como aquele que se recusa a ver cultura como não conflitiva, harmoniosa ou consensual. Ao longo de todo o livro, é notável sua preocupação em afirmar a influência do pensamento marxista. Portanto, defende que é necessário “não ver a diferença como simples textualidade” (Idem, p.69).

Do contrário, cabe ressaltar que já para o filósofo Jacques Derrida5, o próprio conceito de identidade traz consigo suas problemáticas, pois ao atribuir ao outro uma identidade, nós limitamos os campos de possibilidade desse outro. Contudo, a nosso ver, a concepção derridiana não reduz a idéia de diferença a “mera textualidade”. A proposta suplementa6 a busca por uma pedagogia de resistência, quando nos instiga a procurar deslocamentos e desvios possibilitando novas formas de pensar.

Assim, encerramos o artigo, consonantes com Peter McLaren quando diz que entre os muitos aspectos de sua teoria concordantes com o pós-estruturalismo está, o fato, de que a língua não é apenas um reflexo passivo da cultura e, portanto, no caminho para uma pedagogia crítica cabe buscar uma educação que interrogue os discursos racistas, xenófobos e machistas.

Notas

  1. OLIVEIRA, João Pacheco de. Ensaios em Antropologia Histórica. Rio de Janeiro: Ed. Museu Histórico Nacional. UFRJ, 1999.
  2. De acordo com Vera Candau (2002) as “raízes” do multiculturalismo podem ser encontradas nos movimentos sociais, mais especificamente nos movimentos étnicos que ocorreram nos Estados Unidos durante a década de 60 quando estudantes, líderes religiosos e negros do sul resolveram levar adiante a luta por igualdade de exercício dos direitos civis.
  3. Segundo Lopes e Macedo (2011) as teorias da resistência são desenvolvidas por diferentes autores nos Estados Unidos e na Inglaterra entre os fins dos anos 1970 e início dos anos 80. No Brasil, as teorias da resistência ocupam debate crítico no campo do currículo nos anos 80.
  4. Jacques Derrida é descrito por Peter McLaren como um dos autores pertencentes à corrente que intitula como “pós-modernismo lúdico”. Contudo, para alguns campos da Filosofia o pertencimento do Derrida é algo ainda muito polemizado, considerado por alguns como pós-estruturalista, e, por outros somente como filósofo da diferença.
  5. Para Derrida, por suplemento entende-se um “algo a mais”, isto é, um suplemento, mas que não se constituirá jamais em outro centro ou em mero complemento, de vez que sua função é a de suprir, transitoriamente. Afinal, a suplementaridade vai marcar-se por um mesmo diferido e, por isso, é incapaz de complementar.

 

Referências Bibliográficas

BHABHA, Homi. O Local da Cultura. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2003.

CANDAU, Vera. Educação Multicultural: tendências e propostas. In: Candau, V. (Org.). Sociedade, Educação e Cultura(s): questões e propostas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

DERRIDA, Jacques. A escritura e a diferença. Trad. Maria Beatriz da Silva, São Paulo: Ed. Perspectiva, 2002.

__________. Posições. Trad. Maria Correia Cavalcante. Lisboa: Ed. Plátano, 1975.

LOPES, Alice Casimiro; MACEDO, E (Orgs.). Teorias de Currículo. São Paulo: Cortez, 2011.

MCLAREN, Peter. Multiculturalismo Crítico. São Paulo: Cortez, 2000.

OLIVEIRA, João Pacheco de. Ensaios em Antropologia Histórica. Rio de Janeiro: Ed. Museu Histórico Nacional. UFRJ, 1999, Jun. 2006.

Danielle Bastos Lopes – Doutoranda em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro PROPED- UERJ e mestre em História Social PPGHS-UERJ.


MCLAREN, Peter. Multiculturalismo Crítico. São Paulo: Cortez, 2000. Resenha de: LOPES, Danielle Bastos. Multiculturalismo crítico: uma aproximação. Em Tempo de Histórias, Brasília, n.21, 205-210, ago./dez., 2012. Acessar publicação original. [IF].

Pedagogía crítica y cultura depredadora. Políticas de oposición en la era posmoderna – McLAREN (RTDCS)

McLAREN, Peter. Pedagogía crítica y cultura depredadora. Políticas de oposición en la era posmoderna. Barcelona. Paidós Educador, 1997. Resenha de: VILLERA, Aliria. Revista de Teoría y Didáctica de las Ciencias Sociales, v.7, n.7, p.271-275, ene./dic., 2002.

Ante la vida contemporánea, sujeta a las transiciones de fin de siglo, la variedad de discursos “plurales”, “alternos” o “periféricos” evidencian las nuevas formas de encuentros intersubjetivos como acontecimientos signados por el “espíritu de los tiempos”. Colapsan las visiones lineales y la mirada logocéntrica como eje predominante de la razón totalizante y entra en descrédito toda supuesta unidad y modo universalista instaurado desde la modernidad.

Hoy, asistimos a la existencia de las paradojas entre lo uno y lo múltiple, lo simple y lo complejo, lo simultáneo y lo sincrónico, el caos y lo sistemático; en fin, las nuevas socialidades hacen surgir interrogaciones nuevas ante la emergencia de lo posmoderno – multiplicidad de identidades inestables, coexistentes y ambiguas-.

En el escenario presencial actual de nuevas realidades fluctuantes y fragmentadas, hacen ruidos múltiples voces desde las periferias y las diversas narrativas de la ficción. Nuevas búsquedas exigen re-equipamientos desde todos los sentidos representacionales posibles, a efectos de asumir la complejidad del presente. Pero, ¿desde dónde pueden ser pensadas, repensadas, recreadas o resituadas? Posiblemente, lo que hoy circula como vivencia de un “mundo de simulación” requiere de diversidad de lecturas como desplazamientos bajo distintos espacios e hiperdimensiones.

En estos asuntos que recorren los “nuevos tiempos”, McLaren se lanza a la disputa y al debate que supone “leer críticamente las narraciones que ya nos están leyendo a nosotros”.

El contexto de análisis de la obra presentada por Mclaren, examina la vivencia cultural en torno a los distintos escenarios de la existencia social -deslocalizada y sin rumbo fijo- como proliferación de múltiples divergencias y contingencias que imponen la velocidad tecnológica y los excesos del marketing y del consumo. El autor, expone tales cuestiones con la idea de “cultura depredadora”, la cual sobrevive sin antifaz ni camuflaje. Indica “la cultura depredadora es la gran impostora. Marca la ascendencia de la imaginación deshidratada que ha perdido su capacidad de soñar. Es la cultura de las víctimas erotizadas y de las revoluciones descafeinadas. Nosotros somos sus hijos y sus hijas”.

El texto contiene una narrativa inquietante que configura una exigencia reflexiva acuciosa, de constante ejercicio del pensamiento crítico y de la meditación ante todo lo que supone los llamados modos “alternos” y “periféricos” como lectura transtextual, además, aunado a la diversidad de los contenidos temáticos complejos en cuanto a: lo social, lo cultural, lo paradigmático, lo humano y, por supuesto, en las implicaciones con lo educativo, la crisis de significado y de representación.

Las nuevas formas culturales, desde los estilos de vida múltiples hasta todo el bricolage cultural massmediático comunicacional, es abordado por McLaren asumiendo la incerterza del presente en el advenimiento de la posmodernidad.

En tal sentido, la idea-fuerza que vehicula el texto de McLaren, se corresponde con la comprensión crítica de los diversos pluralismos y de las modalidades de subjetividades diseminadas en la cultura de la imagen como nuevas estructuras ideológicas hegemónicas.

Desde esta perspectiva, McLaren apuesta por una pedagogía crítica que denomina “praxis utópica sociocrítica” en tanto postula la acción crítica en tiempos de vida posmoderna, apropiándose dialécticamente y mediando activamente en “esferas públicas de oposición conectadas a la producción de la vida cotidiana y a las más amplias esferas institucionales de poder” .

Para McLaren la propuesta de una pedagogía crítica se deberá asumir como forma política cultural de resistencia.

Hace hincapié en plantear un tipo de teoría social posmoderna que él llama “posmodernismo de oposición”, en tanto ello supone asumir una acción educadora crítica intervencionista y transformadora que exige ver la diferencia situándola en conflictos históricos y sociales concretos que atraviesan diversas significaciones.

En tales asuntos, McLaren argumenta sobre la necesidad de mantener una narrativa liberadora que nutra la pedagogía. Así, expone: “los educadores necesitan de la liberación que realice una función metacrítica —que pueda metaconceptualizar las relaciones de la vida diaria— y esto no sucumbe a la unidad trascendental del sujeto o a su función transfiguradora”. La exigencia planteada obliga a una comprensión analítica además de una comprensión dialéctica.

Al interior de estas cuestiones se destaca en el texto la necesidad de repensar lo educativo bajo nuevas formas de praxis pedagógicas que resistan la tradicional lectura unívocamonodimensional de la Escuela y la práctica de domesticacióndisciplinamiento que impone la lógica cultural dominante.

Interesa para McLaren, una pedagogía crítica formada en la vivencia de un posmodernismo de resistencia como “lógica del sentir”, desde donde la “diferencia” permita “formas nómadas de acción individual y colectiva que abran nuevas disposiciones del deseo y nuevas modalidades de estar- en el mundo”.

Se percibe en el texto de McLaren una “otra mirada” para insistir, desde la educación y de la pedagogía, en el uso de un lenguaje del discernimiento, del pensar la complejidad, de atender la fuerza dialógica-analítica ante las nuevas experiencias societales en los modos de vida multiculturales, hibridados, fragmentarios, escépticos, contingentes y de tolerancia, entendidos todos como una condición epocal con lectura desde el “discurso de la posibilidad”, sin que por ello se obvien las representaciones de poder.

Advierte el autor:

zlos educadores deben mirar fijamente con audacia dentro del presente histórico y asumir un espacio narrativo en el que puedan ser creadas las condiciones para que los estudiantes expliquen sus propias historias, escuchen atentamente las historias de los otros y sueñen el sueño de la liberación”.

La riqueza intelectual y el ejercicio reflexivo-crítico de oposición, asumido en la obra de McLaren, exige del encuentro entre sus lectores, principalmente de los educadores, a efectos de confrontar el propio pensamiento crítico y apostar por asumir activamente la praxis pedagógica de disentimiento y transformación aquí formuladas como acción de resistencia y de oposición , o en todo caso, como posturas contrahegemónicas emergentes.

Por lo nutrido del texto, invito al lector a transitar intelectualmente su contenido, estando segura sobre la necesidad de asumir el reto implícito al interior de sus páginas ante la complejidad de las ideas expuestas, así como, de las tendencias teóricas de oposición propuestas por el autor.

Por tal motivo, recomiendo ampliamente la consulta de esta obra a efectos de comprender, desde la pedagogía crítica, aspectos importantes en torno a la discusión sociocultural y a la exigencia de responsabilidad intelectual actual.

Aliria Villera – GITDCS. Universidad de Los Andes. Facultad de Humanidades y Educacion.

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