Deslocamentos populacionais, migrações de crise e refugiados | Monções – Revista de Relações Internacionais | 2019

O início do século XXI pode ser marcado de diversas formas. Podemos elencar: as guerras ao terror, e suas graves consequências; a popularização da internet, e todas suas decorrências; a consolidação da China como ameaça à hegemonia das grandes potências ocidentais sobre o mundo, e seus impasses. Qualquer uma delas, ou outras que não inserimos aqui, não pode ser enxergada apenas como uma virada de página de um século para outro. Da mesma forma ocorre com as migrações internacionais, com suas variadas formas, estratégias, repercussões e impactos. As atualizações que esses movimentos populacionais estão sujeitos são marcadas, também, pelas assimilações que obtiveram a partir daquelas novidades que mencionamos.

Sem dúvida, os movimentos migratórios internacionais se avolumaram, isso em função, também, do aumento de guerras e catástrofes ambientais, principalmente nos países mais pobres. Consideramos que isso tenha ocorrido como consequência de uma somatória de elementos que aqui é difícil de ser resumida. Além dos conflitos e das tragédias, ocorridos por motivações internas ou externas a cada país, as formas como os vizinhos reagiram ou não, os posicionamentos políticos das nações mais desenvolvidas, as rotas que foram abertas ou consolidadas, as estratégias de sobrevivência e de administração dos recursos para chegar a um destino são apenas alguns dos pontos a constar nas observações. Há outros, diretamente ligados aos países em que escolhem, ou não, para sua reconstrução. E, neste ponto, reside aquilo que Michel Foucher denominou por obsessão pelas fronteiras, que pode ser entendida como uma expressão de endurecimento de práticas de controle por parte dos estados nacionais envolvidos. Mas, também, como uma atualização da governamentalidade ensinada por Michel Foucault, que se expressa, por exemplo, na seleção de ‘bons imigrantes’, que ocorre há muitos anos. Leia Mais

Economia política internacional de Sul a Norte: desafios para a agenda global em um contexto de crises e instabilidade | Monções – Revista de Relações Internacionais | 2016

Praticamente uma década após o estouro da bolha especulativa do setor imobiliário norte-americano, que deflagrou a mais grave crise financeira global desde o crash da Bolsa de 1929, o mundo ainda vive o sob efeitos da crise. De maneira preocupante, analistas e investidores vivem a expectativa de momentos de grande instabilidade no sistema financeiro da China, vistos os indícios de que a nação que apresenta maior grau de dinamismo na economia e comércio internacional não deva manter seu ritmo de crescimento e consumo nos próximos anos, cujo efeito cascata deve ser sentido em todo o mundo, mas afetará largamente os integrados mercados do sudeste asiático.

Somado a esse clima de apreensão em relação ao principal motor da economia global na última década, o quadro para algumas das demais economias emergentes da periferia do sistema, responsáveis por sustentar boa parte dos fluxos globais nos anos pós-crise, é bastante complicado em virtude de questões de ordem política, tanto no âmbito doméstico quanto no internacional. Na América do Sul, rupturas nas ordem institucional em diversos países, tendo Brasil e Venezuela como expoentes do momento, aprofundam o cenário de crise econômica e política, e dificultam um projeto de integração política, econômica, comercial e produtiva. Na Rússia, disputas no campo geopolítico ofuscam alternativas de retomada econômica do país e um projeto de desenvolvimento para toda região da Ásia Central. Leia Mais

Relações Internacionais: Ensino e Agendas | Monções – Revista de Relações Internacionais | 2012

A área de Relações Internacionais (RI) passou por um importante processo de expansão no Brasil na última década e vem demonstrando fôlego necessário para sua consolidação como importante campo do conhecimento nas ciências humanas e sociais brasileiras. As características herdadas da multidisciplinaridade da área fizeram com que os primeiros cursos de graduação e pós-graduação fossem bastante moldados pelas características regionais e de suas instituições promotoras. Nos últimos anos, sobretudo a partir da criação da Associação Brasileira de Relações Internacionais (ABRI), em 2006, e da realização de seus encontros nacionais, tem sido estimulada a criação de uma identidade comum à área em todo o país. Esse esforço, que já apresenta resultados significativos, ocorre tanto por meio do intercâmbio entre pesquisadores e profissionais nos eventos acadêmicos, como da discussão de uma proposta de estabelecimento de Diretrizes Curriculares Nacionais mínimas.

De acordo com dados do Ministério da Educação (INEP-MEC), estão autorizados a funcionar no Brasil, atualmente, mais de 100 cursos de graduação em Relações Internacionais. Ainda que haja uma concentração bastante expressiva nas regiões Sudeste e Sul, é possível notar o processo de diversificação e interiorização do ensino de RI no país1. Com relação ao ensino na pós-graduação, também se pode perceber ampliação dos Programas específicos em Relações Internacionais e a consolidação de uma agenda de pesquisas da área. Segundo a CAPES, hoje estão credenciados 10 programas de pós-graduação stricto sensu em Relações Internacionais, além de uma série de programas de áreas afins, como os de Estudos Estratégicos, Direito, Ciências Sociais, Ciência Política e Economia Política, com áreas de concentração e linhas de pesquisa específicas em Relações Internacionais. Leia Mais