Reflexões teóricas e narrativas históricas no Tempo Presente / Tempo e Argumento / 2018

E a história hoje…

O dossiê – Reflexões teóricas e narrativas históricas no tempo presente – reúne artigos que se dedicam a um duplo-esforço: o de pensar o mundo contemporâneo, e isso a partir da preocupação com a diferença, ou ainda, com todo e qualquer modo de ser ou perspectiva que venha despontando, com especial destaque para as discussões que articulam narrativas históricas no tempo presente. Em linhas gerais, se trata do que temos chamado de uma tendência (ou giro) ético-política no interior da teoria da história, da história da historiografia, da disciplina em geral.

A qualidade específica da disciplina história é a de constituir compreensões acerca de passados, no entanto, o que temos percebido é que temos tido nas últimas décadas um interesse crescente por parte de historiadores e historiadoras em (também) pensar problemas próprios ao nosso presente, o que tem sido feito a partir de uma abertura temporal capaz de reconhecer passados que não passaram, irrupções e insurgências, bem como usos e apropriações do passado. Neste sentido, podemos dizer que esse interesse está diretamente relacionado com algo mais geral, com o próprio horizonte histórico atual, com suas demandas, pontos de saturação e problemas contemporâneos.

Tais demandas e intervenções têm se constituído a partir de uma forte tensão com o que podemos chamar, de um lado, democratização, e, por outro lado, certo conservantismo comprometido com uma perspectiva mais homogênea e mesmo tradicional da realidade. Uma tensão, precisamos sublinhar, que se constitui a partir de uma intimidade significativa de certo caráter técnico do saber, ou ainda, com um modo de ser e um ritmo marcado pela necessidade constante (algumas vezes sem sentido) de produção e produtividade com fins nem sempre qualitativos.

Desse modo, se, por um lado, o nosso horizonte histórico está num momento crítico, decisivo, o que temos, por outro, é uma preocupação mais geral e crescente no interior das humanidades em participar desse momento crucial, especialmente a partir de um cuidado especial com isso, que é a diferença, e com a democratização. Nesse contexto, a disciplina história tem se esforçado e tem tido um papel expressivo a partir de um diálogo profundo com a filosofia, literatura, antropologia etc., re-tematizando insistentemente determinados passados e se esforçando no sentido de constituir atmosferas próprias à retenção da tensão no interior do espaço público.

No que pese a desqualificação do exercício de reflexão histórica, parece fundamental abrirmos o tempo atual às múltiplas temporalidades, desnaturalizar o presente, acenar para novas abordagens e problemas do contemporâneo. Este dossiê é um exercício de imersão nesse campo de disputas. A partir da reflexão de historiadoras e historiadores, convida ao debate sobre os limites e potencialidades da narrativa histórica no tempo presente.

Ao propormos este dossiê para a revista Tempo e Argumento, não esperávamos pelo número de quase 40 artigos submetidos. A partir da avaliação ad hoc, selecionamos 11 textos. Acreditamos que são representativos da diversidade teórica e metodológica da história em tempos recentes, assim como da possibilidade de intervenção nas questões que afligem as humanidades, e a história em particular.

Esperamos que os leitores não deixem os artigos caírem na vala comum das milhares de produções científicas que circulam na internet, ou seja, que leiam, critiquem e debatam entre colegas e alunos. Que se posicionem sobre as reflexões propostas e, com isso, intervenham nas discussões do nosso tempo.

Marcelo de Mello Rangel

Rogério Rosa Rodrigues

(Organizadores)


RANGEL, Marcelo de Mello; RODRIGUES, Rogério Rosa. Apresentação. Tempo e Argumento, Florianópolis, v.10, n.24, 2018. Acessar publicação original [DR]

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Paisagens brasileiras: narrativas históricas / Textos de História / 2009

Apresentação

O presente número da revista Textos de História, intitulado Paisagens brasileiras: narrativas históricas, tem como temática a história dos rios e das paisagens brasileiras. Buscou-se, com tal eixo, ampliar espaços de interlocução e divulgação do debate acadêmico em torno da história do meio ambiente, das relações entre história e natureza. Vivemos um momento de tomada de consciência do grave problema ambiental na sociedade brasileira, como ressaltam colaboradores/autores desse dossiê. Em suas reflexões, eles contribuem, com suas experiências e seus diferentes pontos de vista, para o estudo de tal objeto e para o alargamento do campo historiográfico brasileiro.

As afinidades mais aparentes entre os diversos artigos permitiram-nos identificar dois conjuntos de reflexões sobre o tema: os rios e as paisagens.

Nesse sentido, dividimos o conjunto de trabalhos em duas seções, cada uma delas com o enfoque que lhe é específico. Em uma delas, agrupamos um conjunto de textos que abordam a temática ambiental, como são os artigos de José Luis de Andrade Franco e José Augusto Drummond, Sandro Dutra e Silva, Antônio Fernando de Araújo Sá e Tereza Marta Pressotti. Os autores debatem questões teóricas relacionadas aos conceitos de memória, sertão e natureza, meio ambiente, bem como os problemas e desafios quanto à conservação, preservação e expansão das regiões brasileiras frente ao “progresso”.

Em outra, reunimos os estudos voltados para os rios brasileiros em diferentes perspectivas e a partir de diferentes diálogos, como são as narrativas de Vanessa Maria Brasil, Gercinair Silvério Gandara, Ana Cristina Mandarino e Estélio Gomberg.

Em continuidade à produção e publicação da revista Textos de História, esse número inclui, na seção Artigos Avulsos, o texto do pesquisador cubano Alejandro F. Dias Palácios, com um ensaio sobre a crise econômica mundial capitalista.

Por último, as resenhas do doutorando Tiago Gomes de Araújo e da mestranda Ada Dias Pinto Vitenti, ambos do PPGHIS/UnB, área História Social, integram a última seção da revista.

O conjunto de trabalhos apresentado mostra a diversidade de pensamento e o esforço coletivo e contínuo dos demais envolvidos, como os leitores/ leitoras poderão facilmente constatar.

Vanessa Maria Brasil

Organizadora

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