The Three Trillion Dollar War – The True Cost of Iraq Conflict | Joseph Stiglitz e Linda J. Bilmes.

Num mundo dominado por forças hostis, são sempre muito bem vindas pelos progressistas as obras em que a guerra e o imperialismo são criticados. Porém, a crítica não pode deixar de fazer a “crítica da crítica”, a troco de permitir reforçar as posições dos adversários às custas das próprias perspectivas que se julgam contestadoras – como mostrou uma vez Marx na crítica ao Programa de Gotha.

Chegou ao Brasil, praticamente no mesmo momento de seu lançamento nos Estados Unidos, a obra The Three Trillion Dollar War – The True Cost of Iraq Conflict, de co-autoria de Joseph Stiglitz e Linda Bilmes. Joseph Stiglitz é um economista de renome mundial, e dispensa maiores apresentações. Já ela, além de professora da Harvard University’s Kennedy School of Government, trabalhou em cargos do governo norte-americano, tendo sido, entre outros, secretária do Department of Commerce. Leia Mais

Adam Smith em Pequim | Giovanni Arrighi

Giovanni Arrighi é velho conhecido nos meios intelectuais das Ciências Sociais brasileiras, principalmente devido a sua obra mais conhecida O longo século XX, publicada pela Editora Contraponto, do Rio de Janeiro. No ano passado (2007), Arrighi lançou nova obra, onde continua sua interpretação sobre os canais de acumulação de capital em escala mundial, especialmente aquela calcada especificamente no crescimento da China contemporânea. A obra, que foi editada no Brasil neste ano de 2008, chama-se Adam Smith em Pequim, e foi editada pela Editora Boitempo. Na edição nacional, há um interessante prefácio de Theotonio dos Santos.

A temática discutida baseia-se na seguinte indagação de Adam Smith: haverá um momento onde chegaria ao fim a supremacia econômica de um determinado continente, ou “raça”, sobre a maior parte das outras – com o crescimento do poder político e econômico de todos os povos atingindo um patamar mais ou menos similar? Haverá um tempo onde as diferentes culturas regionais do mundo poderão encontrar-se numa arena onde as forças econômicas nas quais se apóiam terão um grau mais ou menos parecido de força, extinguindo-se a dominação internacional de uns povos sobre outros? Traduzindo em termos mais concretos: poderá o crescimento do poder chinês pôr em xeque o papel que os Estados Unidos ainda têm (ou tinham, na própria análise de Arrighi) hoje no mundo? Leia Mais

Macroeconomia da Estagnação | Luiz Carlos Bresser

Luiz Carlos Bresser Pereira lançou neste ano, pela Editora 34, a obra Macroeconomia da Estagnação, que versa sobre a política macroeconômica vigente no Brasil desde a implantação do Plano Real. Com subtítulo de “Crítica da ortodoxia convencional no Brasil pós-1994”, a obra pretende engrossar o coro da chamada escola “novo-desenvolvimentista”.

A obra está dividida em onze capítulos; nos dois primeiros – “Quase-estagnação” e “Nação e desigualdade” – faz-se um balanço da economia brasileira desde os anos trinta, basicamente endossando as idéias já presentes em outras obras suas, comentando também o ambiente econômico recente. Os capítulos restantes formam densa análise de aspectos da política macroeconômica que constituem o eixo fundamental da discussão moderna. Comentemos alguns capítulos: Leia Mais

Transformação e Crise na Economia Mundial | Celso Furtado

Em fins de 2006, a Editora Paz e Terra lançou, em forma de livro, dez artigos de Celso Furtado, escritos ao longo dos anos sessenta, setenta e oitenta do século passado, sobre economia mundial. Especificamente, os artigos concentram-se nas modificações do cenário externo após o fim da segunda grande guerra mundial. Sobre o fio condutor destes textos, que contém, de modo geral, as mesmas idéias-força desenvolvidas de modo distinto ao longo dos anos em que escrevia, Furtado escreve:

“A idéia central, desenvolvida ao fio de dois decênios, é simples: as modificações políticas causados pelo segundo conflito mundial conduziram à integração dos mercados das economias capitalistas industrializadas, reduzindo a capacidade reguladora dos estados-nacionais, e aumentando a autonomia de ação das grandes empresas. (p.9-10)” Leia Mais

Ideologia e Ciência Econômica – estudos de caso | L. e. S. Souza

Aprendemos com Marx que o pressuposto fundamental da dominação social é fazer crer que interesses particulares, restritos a determinados grupos minoritários, são os interesses gerais da sociedade. Para isso, constrói-se uma visão sobre a organização da sociedade que procura legitimá-la. Nas sociedades modernas, o pensamento desempenha este papel, e a forma de legitimá-lo é, sem dúvida, emprestar-lhe um suposto caráter “científico”.

Esta perspectiva surge com força nas correntes liberais do pensamento econômico, e, hodiernamente, nas perspectivas neoliberais. Esta corrente de pensamento, que nasce na metade do século XX mas que triunfa apenas na década de setenta, leva do modo mais radical à frente o binômio composto pela tentativa de pintar os interesses dos dominadores como os interesses gerais mediante um enfoque pretensamente científico da economia. Leia Mais

O Renascimento do Império | Claudia Trevisan

Saiu pela editora Planeta do Brasil o relato da jornalista Cláudia Trevisan sobre sua viagem e permanência na China. Trata-se de obra de cunho jornalístico e, assim, pouco rigorosa, do ponto de vista da análise social e econômica. Mas num contexto onde uma visita à China é difícil, e as informações escassas, mesmo a aparente pouca objetividade do relato biográfico é uma fonte valiosa para a pesquisa social.

O objetivo da autora é revelar informações e impressões que teve no período em que viveu na China. Logo, são as informações que o livro traz as que mais importam para a discussão sócio-econômica da China atual, e não a estrutura da obra propriamente dita, ou suas idéias e teses, explícitas ou subjacentes. Uma seqüência de capítulos da primeira das oito partes do livro é: “Cerimônias em alta, casamentos em baixa; Os esquecidos; A língua; Xangai; Beleza Artificial”. Isto é, faz-se uma miscelânea, lançando-se mão de curiosa diagramação: os capítulos mais formais, com informações sociais e econômicas, esto em formatação comum; os capítulos com relatos sobre costumes, cultura etc., estão em itálico. Leia Mais

Os exuberantes anos 90 | Joseph E. Stiglitz

Em Os exuberantes anos 90 Joseph E. Stiglitz traça uma interpretação do grande boom e da subsequente retração da economia norte-americana durante a década de 1990. Trata-se preponderantemente de uma interpretação econômica, sob viés keynesiano, escrita em linguagem simples, sem gráficos nem tabelas, nem pretensões teóricas elevadas. Pelo contrário, Stiglitz quer escrever ao grande público, divulgando uma visão crítica e mais alternativa, que destaque não apenas os pontos positivos da década- que de fato existem, para ele, sob o ponto de vista da abundância material, para os EUA – mas principalmente as contradições do período, que em geral despertou apenas muito otimismo, e consequentemente muita ladainha laudatória.

De fato, o objetivo é menos perscrutar as causas do vigoroso crescimento econômico da economia norte-americana mas sim quais teriam sido as “sementes da destruição”- segundo sua própria expressão- da subseqüente queda, proporcional àquele crescimento, que jogou por terra a hipótese do desaparecimento dos ciclos dada uma suposta “nova economia da informação”. Para Stiglitz, as bases sobre as quais se apoiou a “exuberância irracional” econômica dos anos noventa nos Estados Unidos foram débeis, instáveis. As tintas com que os grupos e interessados as pintaram não passavam de véus míticos; suas justificativas de que passariam a trazer crescimento econômico e distribuição de riqueza de modo perene, erradas. Leia Mais