Arqueología de las sociedades campesinas en la cuenca del Duero durante la Primera Alta Edad Media | Carlos Tejerizo García

Os estudos sobre a Alta Idade Média vêm passando por uma forte renovação nos últimos anos. Um dos grandes exemplos da mudança experimentada pela área é a obra Framming the Early Middle Ages, de Chris Wickham,1 livro que sinaliza algumas profundas e necessárias transformações no que diz respeito à historiografia desse período. Entre elas, a incorporação sistemática das referências arqueológicas e um foco maior no mundo rural e no campesinato como um agente histórico fundamental, o que favorece novos olhares para esse período fundamental da história humana enquadrado pela passagem do Império Romano e o advento de um mundo propriamente medieval.

Assim, pode-se dizer que o livro de Wickham é em alguma medida tributário do desenvolvimento da arqueologia rural. Contudo, trata-se de uma área de conhecimento que vem conhecendo um desenvolvimento bastante heterogêneo no continente europeu, com algumas regiões pioneiras – como Alemanha e Inglaterra – desenvolvendo-o desde princípios do XX enquanto outras – como os países ibéricos – o iniciam bem mais tardiamente.2 Assim, a cultura material ainda é uma fonte pouco explorada para a compreensão das transformações da Península Ibérica altomedieval, com as primeiras sínteses regionais sendo produzidas bastante recentemente.3 Leia Mais

A aristocracia na Idade Média: redes sociais e instrumentos de poder e autoridade (Séc V-XIII) | Signum – Revista da ABREM | 2016

Pela natureza de suas fontes a escrita da história da Idade Média, mais do que qualquer outra, por muito tempo esteve circunscrita às elites leigas e religiosas. A despeito disso, nos anos 1960-1990 houve um grande esforço teórico para a elucidação de campos sociais mais vastos. Depois de mais de três décadas de intensa atenção aos enfoques sociais e às maneiras como se constituíram e se transformaram as sociedades medievais, observamos um retorno significativo da história política e, com ela, uma maior atenção às elites. No cerne dessa atenção renovada às elites está a releitura sistemática daquilo que as fontes têm de substancial com o objetivo de se chegar a um conhecimento aprofundado do poder – os diferentes lances que marcam seu estabelecimento, sua constituição intrínseca, os fundamentos de sua eficácia, seus instrumentos de atuação – e assim a uma percepção mais acurada das razões atuantes na dinâmica fundamental das sociedades. Um dos campos mais profícuos desses estudos aborda as aristocracias a partir do esclarecimento de suas redes e modalidades de relações, do sistema de comunicação social em que estão inseridas e da identificação e compreensão de cada instrumento de poder por elas mobilizado. Este dossiê reúne estudos que discutem como se deram, entre os séculos V e XIII, o estabelecimento e gestão pela aristocracia de suas relações internas (redes de relações e difusão de ideias) como instrumentos de poder e autoridade. Leia Mais