Americanos: representações da identidade nacional no Brasil e nos EUA | Lúcia Lippi Oliveira || A conquista do Oeste: a fronteira na obra de Sérgio Buarque de Holanda | Robert Wegner

Numa passagem de entrevista publicada no número 58 da revista Novos Estudos Cebrap (2000), Roberto Schwarz chama a atenção para o “comparativismo congênito” da história literária brasileira, que localiza invariavelmente a literatura produzida entre nós no interior da tradição ocidental mais ampla, conectando, portanto, produção nacional e matrizes européias. Nos trabalhos realizados nas áreas de sociologia e história, por sua vez, continua o crítico, o Brasil parece se esgotar nele mesmo, “como se o que acontecesse aqui dispensasse a consideração do resto” (p. 54). Se a advertência parece procedente em linhas gerais — as nossas ciências sociais, obcecadas pela compreensão do país, driblaram freqüentemente a empresa comparativa e os nexos com a produção internacional —, ela não se aplica a uma série de trabalhos produzidos nos últimos anos, entre os quais figuram A conquista do Oeste: a fronteira na obra de Sérgio Buarque de Holanda, de Robert Wegner, e Americanos: representações da identidade nacional no Brasil e nos EUA, de Lúcia Lippi Oliveira, ambos cuidadosamente editados pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Apesar de seus diferentes formatos e propósitos, os estudos têm, entre outros, o mérito de desprovincianizar a reflexão sobre o país, situando-a num debate ampliado sobre a(s) América(s).

Nesse sentido, a leitura dos volumes, lado a lado, revela-se extremamente proveitosa. Poderíamos dizer que os ensaios reunidos de Lúcia Lippi esboçam um grande painel sobre as relações Brasil-Estados Unidos no seio da qual o estudo de Robert Wegner se abriga ao focalizar estas mesmas relações através da obra de Sérgio Buarque de Holanda. De modo inverso, e complementar, o retrato minucioso pintado por Wegner permite qualificar processos e dimensionar questões apontadas no vasto e elaborado painel traçado por Lippi. Leia Mais