Zoo studies: a new humanities | Tracy MacDonald e Daniel Vandersommers

O livro de Tracy McDonald e Daniel Vandersommers (2019) é um ótimo sinalizador do potencial e dos limites que o campo de investigações identificado como zoo studies possui. Associados a campos similares, como animal studies, os zoo studies têm uma particularidade: são centrados em uma instituição que, segundo os organizadores, normaliza uma determinada maneira de estar no mundo, apartada dos demais seres viventes. Essa instituição é acusada de legitimar, por meio do cativeiro, a supremacia dos humanos sobre os não humanos, assim como de desqualificar o direito destes últimos ao mesmo planeta que habitamos. Os zoo studies surgem, portanto, não apenas para dar visibilidade aos habitantes cativos dos zoológicos, mas também para questionar o nosso próprio conceito de “humanidade”, em oposição, desde o Iluminismo, ao de “animal”.

Esses princípios são interessantes e oportunos. A academia tem, de fato, muito a investigar sobre a história dos zoológicos, assim como há muito a ser discutido, nas mais diversas áreas de conhecimento, sobre o papel que os zoológicos desempenham na sociedade contemporânea e em diversos contextos socioculturais. Não são os princípios, portanto, a razão de minha crítica ao livro de McDonald e Vandersommers. Não divergimos quanto a eles, mas na plataforma política que subjaz a esses princípios. Antes de levantar questões para um debate, farei um breve sumário do conteúdo do volume. Leia Mais