História e Humor | Fênix – Revista de História e Estudos Culturais | 2018

“Le bon historien (…) saura ce qu’il faut penser de toute cette mascarade. Non point qu’il la repousse par esprit de sérieux; il veut au contraire la pousser à l’extrême: il veut mettre en oeuvre un grand carnaval du temps, où les masques ne cesseront de revenir. (…) Car cette identité, bien faible pourtant, que nous essayons d’assurer et d’assembler sous un masque, n’est elle-même qu’une parodie.”

Michel FOUCAULT. “Nietzsche, la généalogie, l’histoire”. In BACHELARD, Suzanne et al. ‘Hommage à Jean-Hyppolite’. Paris: Presses Universitaires de France, 1971, p. 169-170.

No senso comum, inclusive acadêmico, não é difícil um pesquisador do humor ser encarado com estranheza, seu tema ser visto como menor, com mais expectativa de provocar risos do que reflexões sobre seu estudo. Tal percepção incorpora nos meios universitários os estereótipos que tendem a ver o fenômeno como ligado à dimensão do divertimento, do lúdico, da mera brincadeira, motivo pelo qual teriam menos relevância em relação a assuntos considerados mais sérios. 1 Essa ideia se esfumaça quando, sobretudo na vertiginosa velocidade da internet e redes sociais digitais, o riso e seu móvel começam a tocar problematicamente naqueles campos sensíveis da sociedade contemporânea e veicular preconceitos, exagerar estereótipos, ferir subjetividades, contrariar interesses dos poderosos ou dos historicamente oprimidos e, por tudo isso, motivar repulsas e censuras. Talvez seja nesses momentos extremos e polarizados que a suposta “neutralidade” do riso saia de cena e fique mais evidente como o humor pode ser mobilizado para grupos e indivíduos se afirmarem simbolicamente em calorosas disputas e conflitos. Porém, de modo menos evidente, além de brinquedo e/ou arma, o humor pode ser instrumento, um meio de conhecimento da realidade humana, já que é “um índice de como as sociedades se representam – e um índice mais significativo porque fortemente ligado às emoções”. 2

Manejar esse instrumento de saber não é uma tarefa tão fácil quanto parece à primeira vista. Primeiramente porque a variedade de teorias e análises indica que não é fácil definir categoricamente o que é o humor, o cômico ou o riso. Para além das proposições consensuais que afirmam ser o humor ou o risível aquilo voltado a provocar o riso3 as grandes divergências começam na tentativa de circunscrever e explicar seu porquê, como e de quê se ri. Uma robusta tradição, que engloba desde as contribuições das poéticas clássicas aos trabalhos da estética moderna e contemporânea, marca a produção interpretativa de um conceito que não deve ser levado em conta fora de seus contextos sócio-históricos. Assim, no Ocidente, o riso tem sido objeto de reflexões desde a Antiguidade, tema de autores como Aristóteles, Platão, Cícero, Thomas Hobbes, Immanuel Kant, Henri Bergson, Sigmund Freud, Pirandello, Friedrich Nietzsche, Joseph Joubert, Georges Bataille e Mikhail Bakhtin. Além dessa questão conceitual, mais recentemente o humor e o riso tem se tornado objeto de pesquisa marcado por diferentes abordagens em múltiplas áreas de conhecimento, desde a inusitada computação, passando pelas ciências da vida como medicina, biologia evolutiva, psicologia e neurociência, chegando aos diversos ramos das humanidades como linguística, literatura, artes, comunicação, sociologia, antropologia e, é claro, História.4 Por se situar em áreas de fronteira acadêmicas, os estudos sobre humor costumam mobilizar métodos e perspectivas multidisciplinares.

Tais dificuldades redobram os cuidados no entendimento e na construção dos objetos de pesquisa, sobretudo no campo que nos interessa aqui, a História. As variadas perspectivas teóricas e as abordagens e metodologias interdisciplinares podem auxiliar a lidar com o problema de “como o historiador pode delimitar a configuração de suas fontes? Como validar a imensidão das mais variadas manifestações humorísticas, elevando-as do cotidiano efêmero ou da opacidade da mera diversão, a índices privilegiados da história cultural?”5

No Brasil, essa questão tem sido respondida de maneira múltipla. Embora socialmente marginalizada nos meios literários e intelectuais, a dimensão do riso e do humor foi tratada nos escritos dos humoristas e comediógrafos que, ao longo de suas trajetórias, conferiram valor e teorizaram sobre essa produção. Embora não haja uma sistematização histórica do humor brasileiro, há pelo menos desde os primeiros tempos da República, em campos particulares como a literatura (Afrânio Peixoto e Sud Menucci), caricatura (Max Fleiuss, Raul Pederneiras, Mendes Fradique e Herman Lima), teatro (Artur Azevedo, Bastos Tigre, Oduvaldo Vianna) importantes reflexões que se configuram sobre o humor em ensaios, apresentações/prefácios e mesmo nas obras artísticas. A despeito de tais esforços, é recente a produção acadêmica sobre o riso e o humor, já que na área de História se tornaram objeto de estudos a partir dos anos 1980, na esteira das guinadas linguísticas e subjetivas, que fomentaram a emergência da História Cultural no campo da historiografia, com o foco nas representações, práticas e agenciamentos individuais como porta de entrada para abordagem de temas e recortes até então desprivilegiados pelas macroanálises econômicas e sociais. 6 Foi nesse ambiente intelectual, marcado pelas grandes questões postas pelos pós-estruturalismos, que historiadores como Marcos Antonio da Silva, Elias Thomé Saliba, Isabel Lustosa, Mônica Pimenta Velloso e Raquel Soihet passaram a mobilizar os vestígios diretos e indiretos das diversas manifestações e formas da cultura humorística do passado para lidar com as questões e contradições brasileiras.

Destes autores, Marcos Antonio da Silva7 foi o primeiro a se debruçar de maneira mais regular às temáticas e objetos considerados de menor relevo na historiografia, tais como o humor manifesto nas caricaturas, charges e cartuns. Silva dedicou sua produção acadêmica à análise de aspectos do riso e do risível, elegendo como personagens icônicos do humor republicano brasileiro “Zé Povo”, “Amigo da Onça” e “Fradim”. Assim, as pesquisas de Silva, a partir da década de 1980, relacionam periodismo, expressões gráficas de humor e política. Em sua dissertação de mestrado Humor e Política na ImprensaOs olhos de Zé Povo (1981) Marcos Silva explora as contradições da Primeira República a partir do personagem criado nas páginas da revista Fon-Fon, Zé Povo, assinalando uma incongruência entre a República que se pretendeu e aquela que existiu. A tônica da anulação da participação do povo na Primeira República revela a exclusão da representação política à simultânea apresentação crítica humorística daquele contexto manifesta em Zé Povo.

Já em sua tese de doutoramento Prazer e Poder do Amigo da Onça – 1943/1961 (1987)8 Silva analisou o papel da personagem “Amigo da Onça”, criada por Péricles Maranhão, no período de 1943 até 1962 com o intuito de pensar as imagens construídas quanto aos papéis sociais hegemônicos no imaginário popular. Para o autor fazia-se necessário entender a construção das imagens dos papéis sociais no intuito de “contribuir para sua localização na produção humorística e plástica brasileira e esboçar aquelas articulações a partir de uma problematização histórica de sentimentos e vontades trabalhados na produção do personagem”. 9 Com vistas a este objetivo, Marcos Silva se interessou ao longo de seus estudos à maneira pela qual o masculino, o feminino, a infância, os idosos, apareceram nessas narrativas. Em consonância a outras produções do período, tem como ponto de partida que os papeis sociais desenvolvidos nas charges revelam uma serie de posturas que expõem preconceitos, sadismos, e desempenham um papel demonstrativo no que se refere às práticas cotidianas na sociedade brasileira. Esse tipo de exibição demonstra também uma especificidade do riso derivado dessa narrativa.

A sátira às pessoas excluídas socialmente (como mendigos, “feios”, deficientes, negros, etc.) que está presente em “Amigo da Onça” é acentuada por Marcos Silva que atenta para que a questão do poder que se fez presente nas histórias de Péricles Maranhão, sendo identificada por meio do tratamento depreciativo em relação ao outro, manifestada por seu protagonista, denuncia a opressão e as relações de poder: “Definir o outro do Amigo da Onça, portanto, passa por uma relação fortemente contida em regras, como que num jogo – que também é beco sem saída –, cujo desfecho é previamente estabelecido: o personagem vencerá. A tensão se renova, o sofrimento, o susto e a dor do outro são atualizados, assim como o prazer do leitor – que não se veja como aquele outro! – e do Amigo da Onça. Apesar disso, a necessidade da vantagem sobre o outro e a certeza de que ela será atingida mantêm a permanente potência do personagem e do leitor para enfrentarem novas situações que prefiguram a relação de sua superioridade sobre o resto do mundo”. 10 No que diz respeito ao “Fradim” de Henfil é uma personagem na qual Henfil revela por meio das narrativas experiências sociais que mobilizam não apenas uma identificação, mas provocação, questionamento assumindo múltiplas tensões. Assim para Marcos Silva “o riso henfiliano, indo além da piedade, põe em xeque a moral do coitadinho, deixando claro que velhos, loucos e mortos possuem poderes e são transformados em objetos descartáveis exatamente por esse motivo”. 11

Mônica Pimenta Velloso12, cujo objeto é o humor na década de 1920, assenta o Rio de Janeiro no debate da modernidade, a fim de contrapor o modernismo como um movimento restrito à década de 1920 em São Paulo. A autora trilha este caminho por meio da crítica à nacionalidade de estilo humorístico, compreendida mediante a revista satírica Dom Quixote. A partir de uma contraposição entre o tom “sério” dos paulistas e a boêmia carioca, a autora considera especialmente o debate entre os intelectuais de D. Quixote – que afirmava que o povo brasileiro não era triste – e Retratos do Brasil, a partir do ensaísta paulista Paulo Prado: “De modo geral, a tristeza é resgatada nessas reflexões como uma espécie de fatalidade, já que resulta da nossa diversidade étnico-cultural. Daí a idéia do banzo africano e do saudosismo português. Toda a nossa cultura, segundo a perspectiva da D. Quixote, refletiria essa imagem errônea do caráter nacional”. 13 Sob a égide da Semana de Arte Moderna de 1922, o modernismo se tornou canônico e a força adquirida por sua literatura excluiu dos estudos qualquer produção que não fosse considerada expressão legítima dele. Assim, a ideia em torno do moderno no Rio de Janeiro se apresenta de forma bastante diferenciada do cânon paulista. Ao pressupor a estética da modernidade em função do humor, Velloso relativiza o papel do modernismo enquanto um movimento de vanguarda, analisando suas dimensões no cotidiano carioca: “Avessos à idéia de movimento, organização e projeto, os intelectuais freqüentemente imaginam outro espaço de instauração do moderno. Sua ligação com as camadas populares e com a marginalidade acaba se transformando em uma espécie de álibi que dá sentido e justifica a própria existência do artista moderno”. 14

Rachel Soihet15, ao analisar os sambas bem como as manifestações popularescas em torno do carnaval, observa aspectos de um riso burlador e sarcástico durante o final do século XIX até a década de 1930. Nesse aspecto, a quebra de hierarquias pelas práticas festivas populares, associadas ao não-moderno, não-civilizado, assim como a atitude debochada e irônica, identificada em blocos carnavalescos, revelam o riso como instrumento crítico dos foliões. No dizer de Soihet, a existência de uma resistência cultural diante de um projeto político que não oferecia aos populares uma inserção efetiva. Apoiada no trabalho de Mikhail Bakhtin, Soihet revela a interpenetração entre cultura dominante e popular e como esta subverte pelo riso a cultura da elite.

Isabel Lustosa16, ao realizar pesquisa de mestrado sobre a obra de Mendes Fradique, relaciona seu modernismo ao de nomes mais diretamente envolvidos a ele, como Mário de Andrade. Lustosa compara a obra do autor de Macunaíma, por considerar o máximo expoente do humor modernista, a História do Brasil pelo Método Confuso, publicada semanalmente em D. Quixote por Mendes Fradique a partir, principalmente, da aproximação entre Brasil e Macunaíma, personagens dos respectivos livros. Se a análise de Lustosa busca as faces de um mesmo indivíduo, Madeira de Freitas e seu pseudônimo, Mendes Fradique, o faz pela ambiguidade representada por cada uma delas, certeira que é da ambiguidade da própria formação de uma modernidade nas terras brasis de fins do século XIX e princípio do século XX, tão bem representada pelo humor de então. Característica própria do modernismo, repensar o Brasil, seus sentidos, sua constituição, sua história, não faltaria material e ensejo para tanto a Mendes Fradique. Seu humor tem um caráter carnavalizador que o tornaria contemporâneo a nós, não fosse a própria carnavalização tão anterior a nós e presente de tantos outros antes. Aqui, a autora busca as ideias de modernidade, modernização, progresso, tão caras ao período em questão, mas por outro viés, o dos modernistas, por outros atores, não os já consagrados pela historiografia e pela história da arte, mas pelo humor de Fradique. Há que se ressaltar, apesar do tema tão recorrente da historiografia, as inovações da autora.

Elias Thomé Saliba17 discute como o humor causa impacto no Brasil, no surgimento da imprensa moderna, no final do século XIX e início do século XX, dissolvendo as concepções clássicas do cômico. A tensão entre uma tradição clássica de humor em que o sentido de superioridade precisa ser articulado para que ocorra a graça e, outro sentido libertário do humor que transgride a esse distanciamento. Saliba também relaciona o humorismo ao processo de modernização e à tentativa de construção de uma identidade nacional, ressaltando o caráter multifacetado e subversivo do riso entre o final do século XIX e a década de 1940. Retomando as análises sobre o papel da dimensão cômica para expressão da relação entre público e privado nesse período18, em Raízes do Riso o autor aponta como a representação da nacionalidade, dos tipos brasileiros e das questões políticas da Belle Époque se deu de forma privilegiada por meio do cômico.

As raízes do riso no Brasil estão ligadas a uma “ética emocional”, termo cunhado por Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil. A “formação” do riso no Brasil deve ser entendida, para Saliba, a partir da abertura da imprensa moderna, juntamente com as expectativas geradas com o advento da República. Nesse sentido, o humor questionou falsas identidades na tentativa da construção de uma ideia de nação comprometidas com o poder. Dessa forma, os registros cômicos do período inaugurado pelo fim da abolição e pela República são formas privilegiadas para representar as condições do país, à medida que, retomando a inspiração de Raízes do Brasil, observa na República uma estrutura mantenedora de fundamentos tradicionais que ela pretendia ultrapassar. Assim, segundo Saliba, de acordo com os atores históricos e do limiar dos seus destinos na história do país, era difícil pensar numa representação da sociedade brasileira, que não fosse pela via da constatação da ausência de sentido características intrínsecas de uma representação cômica do mundo.

Saliba acentua que o humor contribuía com a forma de vida dos brasileiros ajudando a sublimar impasses, conflitos sociais e as perspectivas de futuro, concedendo nesses momentos de riso, pertencimento a um universo que a esfera do político lhe subtraía. O autor salienta o papel irreverente do humor e sua influência na vida cotidiana: “A representação da sociedade e da história brasileiras pela dimensão humorística também criava, por assim dizer, um espaço para o indivíduo afirmar-se perante aquela espécie de vazio moral que se abria cada vez que a aceleração da história reforçava, por estruturas mais gerais e vastas temporalidades os redutos da racionalidade. O humor permitia, assim, tanto na vida cotidiana como nas situações coletivas, livrar-se, pela irreverência, de autoridades e gestos incômodos, de si mesmo ou de outros, dando ao indivíduo, por efêmeros momentos, a sensação de pertencimento que o nível público lhe subtraíra e que, lentamente, ele tentava conquistar”. 19

Assim, a modernidade e a configuração do moderno no contexto da Primeira República (1889-1930), tema clássico na historiografia brasileira, ganha novas luzes e nuances quando abordado por esses historiadores sob o prisma do riso e o risível, ou seja, por meio de manifestações como o samba, o carnaval, charges, caricaturas, paródias, crônicas, música, rádio e teatro, entrevistos a partir da imprensa periodística como fonte principal e priorizando São Paulo e Rio de Janeiro como recorte espacial. Nos estudos históricos Silva, Soihet, Saliba, Lustosa e Velloso, o humor apresenta-se como capaz de expressar os impasses vividos no final do dezenove e início do século XX no Brasil, temporalidade marcada pelas contradições e desigualdades de um processo de urbanização, industrialização e ruptura política institucional, os quais mobilizaram as indagações e expectativas de intelectuais, literatos e jornalistas sobre a construção de um modo de ser “nacional”, assombrado pela imagem do progresso civilizatório reiterado por usos de artefatos tecnológicos. Por meio dos recursos corporais, visuais e verbais próprios da comicidade em diversos suportes e linguagens, essa imagem triunfante foi deslocada de forma crítica à modernidade por diversos humoristas.

À parte dessas pesquisas pioneiras, há acerca de duas décadas um leque de iniciativas e pesquisas em nível de doutoramento têm ampliado os espaços, temporalidades e perspectivas dos estudos do humor no Brasil e em Portugal.

A Sociedade de Estudos do Humor Luso-Hispânico (ISLHS – International Society for Luso-Hispanic Humor Studies) realizou o seu XIII congresso em Lisboa, em 2012, cujas comunicações deram origem ao livro digital De Lisboa para o Mundo. Ensaios sobre o Humor Luso-Hispânico, editado por Laura Areias e Luís da Cunha Pinheiro20 . Outro marco coletivo foi a realização, no Brasil, de dois Congressos da Sociedade Internacional de Humor Luso-Hispânico, o primeiro em Cuiabá em 2015 e o segundo em Araraquara em 2016. 21 Mesmo com escopo interdisciplinar, a programação dos eventos congregou, em suas comunicações e mesas-redondas, a apresentação de diversos trabalhos sob perspectiva histórica. 22 Na área da história, a realização do primeiro congresso no Brasil é tributário do término da tese de doutoramento, sobre teatro e humor, em 2011 de Vieira, 23 que impulsionou a tentativa de estabelecer uma rede de pesquisadores no país sobre o humor, alargando o eixo territorial inicial.

Com o intuito de expor um breve panorama desses estudos contemporâneos, apresentamos neste dossiê oito artigos, duas entrevistas e um depoimento. Nos artigos, observamos a interdisciplinaridade inerente ao campo de estudo do humor, com artigos analisando a comicidade verbal sob a perspectiva da história da imprensa e também da linguística. Seguindo uma crescente tendência, é expressivo o número de estudos que se debruçam sobre o humor gráfico através das charges, mobilizando o aparato teórico-metodológico da análise das fontes imagéticas. Pontualmente, um dos trabalhos analisa o humor teatral e outro aborda as problemáticas a partir dos estudos jurídicos. Com relação aos objetos, a relação entre humor e política tem sido a tônica hodierna. Os estudos que se valem do humor aqui publicados, ao se voltarem ao passado, revelam antes de mais, dimensões das narrativas humorísticas do nosso próprio tempo. Ao sublinhar as interfaces entre humor e política, numa realidade tão marcada por desigualdades e hierarquias, os artigos e as entrevistas nesse dossiê, talvez nos deem pistas de como o humor pode se tornar um catalisador de mudanças sociais. Sem se distanciar dessas problemáticas, é significativo notar abordagens centradas dimensões subjetivas do próprio humorista, seja os sentidos que conferem à sua produção ou como essa pode expressar vivências pessoais.

A dimensão política é objeto dos textos sobre a caricatura na Segunda Guerra, sobre as representações de Dom João VI e sobre os usos das charges de Latuff em manifestações sociais. Aqui os autores realizam a abordagem comum sobre o tema, contextualizando, conforme o período histórico, as mobilizações satíricas contra determinados alvos ou, em períodos de censura, valendo-se do passado para refletir sobre o presente. Essa abordagem é explícita no artigo de André Luís Bertelli Duarte, com a análise da apropriação da figura de Dom João VI em três representações distintas, duas peças de teatro e um filme, durante a ditadura de Vargas, da abertura após a queda de Salazar e após a primeira eleição direta para presidente no Brasil. Ao trabalhar a partir de uma duração mais ampla, seu artigo permite entrever a relação entre os aspectos datados ou situacionais com aqueles arquetípicos expressos nas diversas representações do monarca português. Essa tensão entre a dimensão arquetípica e a mobilização do humor para tratar do momento também aparece nos estudos mais situados historicamente, os quais privilegiam charges e caricaturas. Marilda Lopes Pinheiro Queluz ressalta como dois famosos caricaturistas da primeira metade do século XX no Brasil, Belmonte e J. Carlos, mobilizaram as técnicas do humor gráfico e as referências do público, do cotidiano carioca e da indústria cultural norte-americana, para produzir peças que traduzissem criticamente sua visão sobre a Segunda Guerra Mundial. Na mesma linha, Rozinaldo Antonio Miani e Viviane Guimarães analisam três contundentes charges de Carlos Latuff, ativista engajado nos movimentos sociais, bem como sua apropriação em protestos por movimentos sociais.

Os limites do humor estão presentes de forma mais direta nos textos sobre o politicamente correto e nos processos judiciais. Os trabalhos de João Paulo Capelloti e Alan Lobo de Souza se complementam ao abordarem diferentes as facetas do fenômeno na atualidade. A partir de uma entrevista com o editor-chefe do jornal satírico francês Charlie Hebdo feita pelo programa Roda Viva em 2015, Alan Lobo analisa os sentidos que os produtores de humor conferem à questão da sua função na democracia e dos seus limites, sobretudo os externos, oriundos de críticas, tentativas de censura e silenciamento. Os conflitos gerados na recepção desse tipo de humor no Brasil e as tentativas de sua mediação são o objeto do artigo de João Paulo, que toma como fontes processos contra humoristas na esfera do judiciário, entre 1997 e 2014. Neste artigo aparece de maneira mais evidente a questão do desconhecimento da especificidade do discurso humorístico, normalmente avaliado pelos juízes e pelo público conforme parâmetros da reportagem jornalística, isto é, do discurso referencial. Questão também levantada no artigo de Alan Lobo, o extremo dessa incompreensão foi o atentado sofrido pelo jornal Charlie Hebdo em janeiro de 2015, fruto da leitura literal da representação exagerada própria da sátira e, daí, vista como ofensa passível de morte.

O foco se desloca para a questão do cotidiano e das moralidades no último bloco de textos, o primeiro tratando dos costumes na cidade de Fortaleza, o segundo da escrita de si nos quadrinhos de Henfil e o terceiro na análise de um poema macarrônico espanhol e francês em fins do XIX. O primeiro, de autoria de Marco Aurélio Ferreira da Silva, retoma um conhecido preceito latino para analisar, por meio dos proprietários redatores dos pequenos jornais e folhas circulantes, a sátira a hábitos considerados indecorosos, no contexto da modernização de Fortaleza na segunda metade do século XIX. O artigo de Marco Aurélio permite ver o papel do humor moralmente conservador em um contexto de transformações sociais, mobilizando sua sátira com fins civilizatórios e quase sempre mantendo ou criando hierarquias. O texto de autoria de Francisco Ocampo se mantém nessa linha de análise da crítica dos costumes tomando como objeto principal as múltiplas dimensões de um poema do espanhol Vital Aza, sobretudo seu jogo anárquico com o francês e o castellano, elemento importante da sátira ao prestígio da França no período, tomada como ideologia de civilização entre jovens madrilenhos. Toma o caminho inverso aos anteriores o artigo de Ciro Lins da Silva e Maria da Conceição Francisca Pires24, ao analisar a escrita de si nas charges de Henfil. O foco não é como o humorista defende ou critica padrões morais já estabelecidos, mas como lida com sua internalização e os transfigura em sua produção. Para isso, mobilizam a biografia e a produção gráfica do famoso cartunista, analisando-a não apenas sob o ângulo do conflito político mais amplo mas do processo de subjetivação e construção pessoal, sobretudo das tensões com a moral religiosa cristã que vivenciou em sua juventude.

Nas entrevistas com Elias Saliba e João Luís Lisboa destaca-se a trajetória de ambos pesquisadores de grande escopo nos estudos de humor.

Na Universidade de São Paulo (USP), desde 2010 Elias Thomé Saliba mantém o único grupo de pesquisa da área de História sobre humor registrado no CNPq, “as narrativas históricas e a polifonia da linguagem humorística brasileira (1930-1960)”. 25 Na linha da História Cultural do Humor, estuda “as várias modalidades de narrativas humorísticas, a partir das grandes teorias da comicidade, acentuando a historicidade das diferentes linguagens e territórios da produção da comicidade”. Concentrando-se na história do Brasil, tem como foco a investigação dos padrões e territórios cômicos, seu papel na construção de circuitos alternativos de sociabilidade, bem seu papel crítico ou desviante em relação aos padrões linguísticos e culturais hegemonicamente estabelecidos. A abordagem em diversas frentes interdisciplinares das várias culturas e modalidades humorísticas brasileiras pode ser vista na produção de livros, artigos e teses/dissertações sobre humor dos pesquisadores agregados. É o caso do estudo da imprensa de narrativa irreverente, 26 atuação de humoristas na imprensa (Tiago Espilostro), produção ou atuação de cineastas, atores ou comediógrafos (Rosane Barguil Pavan, Ana Karícia Dourado Machado e Wagner Madeira), humor infantil (Patrícia Tavares Raffaini e Camila Rodrigues), autores e textos de prosa de ficção (Leandro Antonio de Almeida e Carmen Lúcia de Azevedo), charges e caricaturas (José Carlos Augusto e João Eduardo Cezar de Vilhena). Além dessa produção, destaca-se as reuniões de seminários sobre o Humor e História, que ocorrem mensalmente desde 2013.

Em Portugal, o riso tem sido abordado sobretudo do ponto de vista da análise linguística e literária, com destaque para obras sobre a sátira ou a ironia. 27 Além da monumental Antologia do Humor Português 28, complementada por recolha homónima mais recente, 29 são de referência os estudos de João Palma-Ferreira30; de Alberto Pimenta31; de Abel Barros Baptista (2004); ou de Rui Zink32, que pesquisou para a sua dissertação de mestrado a obra do humorista José Vilhena, o autor com mais livros proibidos pela Censura durante a ditadura derrubada em 1974.

Da perspectiva da história cultural, João Luís Lisboa orientou recentemente uma tese de doutorado em História e Teoria das Ideias, na Universidade Nova de Lisboa, sobre o humor na imprensa periódica portuguesa. As suas publicações33, ao lado de Ana Cristina Araújo34 e Esteves35, Dias e Refoios (2015) são referências no que diz respeito à inclusão do humor como tema de pesquisa no país. Também Paulo Jorge Fernandes36 iniciou a divulgação de sua pesquisa sobre a utilização da caricatura e do cartoon com intuitos políticos e sociais.

O depoimento de Rui Zink sobre o percurso acidentado do jornal O Fiel Inimigo enriquece este dossiê por se tratar de um testemunho em primeira mão de um episódio marcante na história recente do jornalismo humorístico português. A apesar de efémero – durou menos de um ano, entre 1993 e 1994 –, o Inimigo, dirigido pelo jornalista, humorista e ativista político Júlio Pinto (1949-2000) é ainda hoje uma referência do humor impresso em Portugal. Contou com a colaboração de praticamente todos os nomes importantes do humor lusitano da época, incluindo o próprio Rui Zink que, além de professor e investigador, é romancista, ocupando o humor um lugar central na sua já vasta obra. Para este número da revista Fênix, Zink faz um relato muito pessoal sobre a aventura de produzir um semanário de humor com uma escassez de meios de arrepiar um espartano. Ao mesmo tempo, contextualiza, problematiza e reflete sobre a evolução da escrita humorística periódica em Portugal dos últimos anos do século XX e dos seus constrangimentos.

Boa Leitura!

Notas

1 SALIBA, Elias Thomé. Crocodilos, Satíricos e Humoristas Involuntários: ensaios de história cultural do humor. São Paulo: Intermeios, 2018.

2 SALIBA, Elias Thomé. História cultural do humor: balanço provisório e perspectivas de pesquisas. Revista de História, 176, FFLCH- São Paulo, 2017, p. 10. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/127332

3 ALBERTI, Verena. O riso e o risível na história do pensamento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; Ed. FGV, 1999. BREMMER, Jan; ROODENBURG, Herman. (orgs). Uma História Cultural do Humor. Rio de Janeiro: Record, 2000 (1997).

4 RASKIN, Victor (ed.). The primer of humor research. Berlin: De Gruyter, 2008. ATTARDO, Salvattore (ed.) Encyclopedia of humor studies. Los Angeles: Sage, 2016.BELLUZZO, Ana Maria de Moraes. A tradição da caricatura no Brasil e Angelo Agostini. In: Voltolino e as raízes do modernismo. São Paulo: Marco Zero, 1992. SALIBA, Elias Thomé. História cultural do humor: balanço provisório e perspectivas de pesquisas. Revista de História, 176, FFLCH- São Paulo, 2017. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/127332

5 SALIBA, Elias Thomé. História cultural do humor: balanço provisório e perspectivas de pesquisas. Revista de História, 176, FFLCH- São Paulo, 2017, p. 23 Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/127332

6 SALIBA, Elias Thomé. História cultural do humor: balanço provisório e perspectivas de pesquisas. Revista de História, 176, FFLCH- São Paulo, 2017, p. 18 e ss.. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/127332

7 SILVA, Marcos Antônio da. Caricata República: Zé Povo e o Brasil. São Paulo: Marco Zero/CNPq, 1990. [Dissertação de 1981]

8 SILVA, Marcos A. da. Prazer e poder do Amigo da Onça 1943-1962. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. [Doutorado de 1987]

9 Ibid., p. 16.

10 Ibid., p. 50.

11 SILVA, Marcos Antônio da. Rir das ditaduras – os dentes de Henfil: ensaios sobre Fradim – 1971/1980. São Paulo: USP, 2000, p. 230. [Tese de Livre Docência em História Social].

12 VELLOSO, Mônica Pimenta. Modernismo no Rio de Janeiro: turunas e quixotes. Rio de Janeiro: FGV, 1996. [Doutorado de 1995]

13 Ibid., p. 17

14 Ibid., p.30.

15 SOIHET, Rachel. A subversão pelo riso: estudos sobre o carnaval carioca da Belle Époque ao tempo de Vargas. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1998.

16 LUSTOSA, Isabel. Brasil pelo método confuso – humor e boemia em Mendes Fradique. 1. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1993. [dissertação de 1991]

17 SALIBA, Elias Thomé. Raízes do riso: a representação humorística na história brasileira: da Belle Époque aos primeiros tempos do rádio. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. [Tese de Livre Docência 2000]

18 SALIBA, Elias Thomé. “A dimensão cômica da vida privada na República Brasileira In: SEVCENKO, Nicolau (org). História da Vida Privada no Brasil, 12a. ed., São Paulo: Cia. das Letras, 2011 (1998), pp. 289-365.

19 SALIBA, Elias Thomé. Raízes do riso: a representação humorística na história brasileira: da Belle Époque aos primeiros tempos do rádio. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 304.

20 AREIAS, Laura e PINHEIRO, Luís da Cunha. De Lisboa para o Mundo. Ensaios sobre o Humor Luso-Hispânico. 2 tomos. Lisboa: CLEPUL, 2013.

21 International Society for Luso-Hispanic Humor Studies (ISLHS). https://islhhs2016.wordpress.com/. A programação dos mencionados eventos ocorridos no Brasil estão disponíveis em http://xvicongressodehumorluso-hispanico.blogspot.com/p/sobre-o-congresso.html (XVI Congresso, Cuiabá) e http://congressodehumorlusohispanico.blogspot.com/  (XVII Congresso, Araraquara).

22 VIEIRA, Thaís Leão; FERREIRA, J. P. R. (Org.). Humor, língua e linguagem: Representações Culturais. São Paulo: Verona, 2017. ARANDA, L. (Org.); VIEIRA, THAÍS LEÃO (Org.) . Os sentidos do humor: possibilidades de análise do cômico. São Paulo: Verona, 2016. 388p .VIEIRA, Thaís Leão ; IMPERIALE, L. (Org.) . Perspectivas del humor: estudios del humor luso-hispánico. São Paulo: Verona, 2014. 391p.

23 VIEIRA, Thaís Leão. Allegro Ma Non Troppo: ambiguidades do riso na dramaturgia de Oduvaldo Vianna Filho. 2011. 233 f. Tese (doutorado em História) – Programa de Pós-Graduação em História Social, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia. 2011.

24 PIRES, Maria da Conceição Francisca. Cultura e Política entre Fradins, Zeferinos, Graúnas e Orelanas. Tese (Doutorado em Programa de Pós Graduação Em História Doutorado) – Universidade Federal Fluminense, 2006.

25 SALIBA, Elias Thomé e ALMEIDA, Leandro Antonio. Humor e História (FFLCH-USP). https://humorhistoria.wordpress.com/

26 JANOVITCH, Paula Esther. Preso por trocadilho: a imprensa de narrativa irreverente paulistana 1900 – 1911. São Paulo: Alameda, 2006.

27 PAIVA, Maria Helena Novais. Contribuição para uma Estilística da Ironia. Lisboa: Centro de Estudos Filológicos/Instituto de Alta Cultura, 1961. MARTINS, Mário. O riso, o sorriso e a paródia na literatura portuguesa de Quatrocentos. Lisboa: Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, 1978.

28 MARTINHO, Vergílio e SAMPAIO, Ernesto. Antologia do Humor Português. Lisboa: Edições Afrodite, 1969.

29 SILVA, Nuno Artur e SANTOS, Inês Fonseca. Antologia do Humor Português. Lisboa: Texto Editores, 2008.

30 PALMA-FERREIRA, João. Obscuros e Marginados. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1980. PALMA-FERREIRA, João. Do pícaro na literatura portuguesa. Lisboa: ICALP, 1981.

31 PIMENTA, Alberto. Prefácio e notas. In: COSTA, José Daniel Rodrigues da. O balão aos habitantes da lua. Lisboa: Edições 70, 1978.

32 ZINK, Rui. O Humor de Bolso de José Vilhena. Oeiras: Celta Editora, 2001. ZINK, Rui. “Da bondade dos estereótipos”. In: LUSTOSA, Isabel (org.). Imprensa, Humor e Caricatura: a questão dos estereótipos culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011, p. 47-68.

33 LISBOA, João Luís. “«Tanta virtude…» em papéis correndo. (Persistência e poder do manuscrito no Antigo Regime)”. In ABREU, Márcia Abreu e SCHAPOCHNIK, Nelson (orgs.). Cultura letrada no Brasil: objetos e praticas. Campinas: Mercado de Letras e ALB, São Paulo: FAPESP, 2005, p. 277- 291. LISBOA, João Luís. “O Anatómico entre os papéis jocosos setecentistas”. In: LUSTOSA, Isabel (org.). Imprensa, Humor e Caricatura: a questão dos estereótipos culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011, p. 391-406. LISBOA, João Luís. “Read, watch and laugh (with eighteenth century humorous books)”. In: FERRÃO, Leonor e BERNARDO, Luís M. (ed.). Views on Eighteenth Century Culture, Design, Books and Ideas. Cambridge: Cambridge Scholars Publishing, 2015, p. 346-357.

34 ARAÚJO, Ana Cristina. “Vocabulário, imagens e modalidades irónicas de comunicação política em finais de Antigo Regime. O caso de José Daniel Rodrigues da Costa”. In: Actas do IV Congresso Histórico de GuimarãesDo Absolutismo ao Liberalismo. Guimarães: Câmara Municipal de Guimarães, 2009, p. 147-173.

35 ESTEVES, Elisa Nunes, DIAS, Isabel Barros e REFFÓIOS, Margarida (coord.). O Riso. Teorizações. Leituras. Realizações. Casal de Cambra: Caleidoscópio, 2015.

36 FERNANDES, Paulo Jorge. “Caricatura e Cartoon em Portugal: Humor sem contenção no Portugal Contemporâneo”. In: Humor, Direito e Liberdade de Expressão. Lisboa: Centro de Estudos Judiciários, 2016, p. 215-235.


Organizadores

João Pedro Rosa Ferreira – Pesquisador do CHAM – Centro de Humanidades da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Doutor em História e Teoria das Ideias (“Castigar a rir. O humor na imprensa periódica portuguesa 1797-1835”). É autor de O Jornalismo na Emigração. Ideologia e Política no Correio Braziliense (1808-1822) e de vários livros de divulgação, incluindo Histórias Rocambolescas da História de Portugal (2010, 10ª edição 2016). Membro da International Society for Luso-Hispanic Humor Studies/Sociedade Internacional de Estudo do Humor Luso-Hispânico e da SHARP – Society for the History of Authorship, Reading and Publishing. Foi bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Como jornalista, desempenhou funções de coordenação editorial e de direção em revistas e jornais diários e semanários. Colaborou com as revistas brasileiras História Viva e Entre Livros.

Leandro Antonio de Almeida – Doutor em História pelo programa de História Social da USP em 2013 (As mil faces de João de Minas: a construção do escritor e a repercussão de seus livros no campo literário brasileiro (1927- 1989)), onde realiza estágio pós-doutoral desde 2017, pesquisando o humor nas narrativas policiais da República. É professor de Ensino de História e Estágio Supervisionado da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e do Mestrado Profissional em História da África, da Diáspora e dos Povos Indígenas.

Thaís Leão Vieira – Professora adjunta do Departamento e do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Doutora em História pela Universidade Federal de Uberlândia (2011). Autora de “Allegro Ma Non Troppo: ambiguidades do riso na dramaturgia de Oduvaldo Vianna Filho” e “Vianinha no Centro Popular de Cultura (CPC da UNE): nacionalismo e militância política em Brasil-Versão Brasileira (1962)”, ambos pela editora Verona. Atualmente é editora-chefe da Revista Territórios & Fronteiras (PPGHis-UFMT). Foi coordenadora do XVI Congresso da Sociedade Internacional dos Estudos de Humor Luso-Hispânico que ocorreu pela primeira vez no Brasil em 2015 em Cuiabá-MT, sendo membro dessa Sociedade. Organizadora, juntamente com João Ferreira (Portugal), Lucía Aranda (EUA) e Louis Imperiale (EUA), de três volumes sobre estudos do humor, publicados respectivamente em 2015, 2016 e 2017, tributários dos congressos internacionais da International Society for Luso-Hispanic Humor Studies/Sociedade Internacional de Estudo do Humor Luso-Hispânico.


Referências desta apresentação

FERREIRA, João Pedro Rosa; ALMEIDA, Leandro Antonio de; VIEIRA, Thaís Leão. Apresentação. Fênix – Revista de História e Estudos Culturais. Uberlândia, v.15, n.1, jan./jun. 2018. Acessar publicação original [DR]

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