Lugares da História do Trabalho | Revista Latino-Americana de História | 2012

Pesquisas nas áreas de história, sociologia, economia e direito do trabalho etc., têm cada vez mais se dedicado aos mundos do trabalho, seja na busca de seus direitos e lutas históricas de resistências, suas formas de organização, suas conquistas, suas identidades e fazeres cotidianos, suas culturas de classe. Parte desta trajetória vem sendo encontrada nos acervos públicos e privados de nosso país e de nosso estado, o Rio Grande do Sul, particularmente nos últimos anos nos da justiça do trabalho.

Os lugares da História Social do Trabalho foram o tema das VI Jornadas Regionais do Grupo de Trabalho Mundos do Trabalho da Seção Rio Grande do Sul da Associação Nacional de História (ANPUH-RS). O evento discutir isto e os olhares interdisciplinares sobre o mundo do trabalho.

Para desenvolvê-lo, as Jornadas tiveram conferência e mesa-redonda, comunicações coordenadas (com a apresentação e debate de pesquisas em andamento ou concluídas) e mini-cursos. As VI Jornadas contaram com participação da comunidade acadêmica e de amplo público interessado, incentivando o diálogo entre a Academia e a Sociedade, a partir da promoção conjunta com o Memorial da Justiça do Trabalho no Rio Grande do Sul, o Foro Trabalhista de Santa Maria e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Neste volume, apresentamos em texto completo a Conferência de abertura, realizada pela Professora Doutora Beatriz Ana Loner, bem como os resultados das comunicações, produtos de ampla gama de pesquisas que têm envolvido a área de História Social do Trabalho, em especial, e áreas afins, de forma geral.

As Jornadas foram organizadas em cinco mesas de comunicações coordenadas, sendo que os textos completos apresentados aqui seguem a sequência das mesmas:

Mesa I – “Enterrado no Cemitério do Passado? Trabalho Indígena e Trabalho Escravo”: nela, os textos procuram abordar a regulamentação do trabalho indígena nas Missões, assim como desenvolver sobre o trabalho escravo na Região Missioneira na Vila de Caçapava e na Quarta Região de Imigração Italiana. Não são deixados de lado estudos sobre o trabalho doméstico servil de Pelotas e Rio Grande, a tutela de filhos de escravas em Porto Alegre e a transição para do trabalho escravo para o trabalho livre na então Província de São Pedro;

Mesa II – “Pessoas Extraordinárias: Trabalhadores e suas Categorias”: aqui, diversas profissões de trabalhadores são apresentadas, em recortes de sua História, em diversas experiências e recortes temporais da formação histórica rio-grandense, como operários da Viação Férrea do Rio Grande do Sul, trabalhadores das minas de carvão, indo até as jornadas de caminhoneiros, fumicultores e trabalhadoras agrícolas;

Mesa III – “Os Trabalhadores Não Tem Nada a Perder: Suas Organizações e Seus Movimentos”: os textos daqui evidenciam a continuidade das pesquisas sobre as correntes políticas dos trabalhadores. Destaca-se a trajetória dos comunistas, suas greves e outras formas de resistência, com participação ativa em conjunturas importantes que organizaram a luta antifascista, por democracia e direitos, contra o Golpe de 1964, rumando até para a resistência armada a Ditadura Civil-Militar. Também abrem espaço de análise para diversos movimentos políticos e sindicais que contribuíram no processo de abertura política e democratização da sociedade brasileira, chegando até a situação atual dos trabalhadores no Brasil, em termos de legislação trabalhista e sindical;

Mesa IV – “Trabalho: Diversos Lugares, Diversas Fontes, Diversos Olhares”: os resultados apresentados aqui explicitam acervos de pesquisa e rastros de processos históricos que envolvem, sobretudo, a história dos direitos dos trabalhadores, enfocando questões teóricas em torno do chamado “populismo” e do debate sobre a “revolução brasileira”, não esquecendo a luta do magistério estadual e aprofundando novidades acadêmicas de pesquisa sobre a relação entre o trabalho e o esporte;

Mesa V – “O Longo Caminho das Teorias sobre o Trabalho”: os textos publicizados aqui procuram fazer a reflexão teórica e historiográfica sobre diversos temas e condições que fazem parte da trajetória do mundo do trabalho. Tratam, também, dos movimentos sociais que lhe são correlatos, trazendo á tona debates interdisciplinares sobre padrão de vida e empregabilidade, sobre estudantes, operários e educadores, entre outros, em torno das transformações do trabalho, atualizando o debate diante da reestruturação produtiva do capital e das políticas econômicas dos governos.

Assim, esta edição da Revista Latino-Americana de História, publicação organizada pelos discentes do Programa de Pós-Graduação em História da UNISINOS, em parceria com o GT Mundos do Trabalho da ANPUH-RS, apresenta nesta edição especial os textos completos das comunicações apresentadas nas respectivas mesas citadas acima. Estes artigos demonstram o grau de acúmulo quantitativo e qualitativo que as pesquisas em torno dos mundos do trabalho têm acumulado no Rio Grande do Sul, ao mesmo tempo em que sobressai sua articulação através deste Grupo de Trabalho da Associação dos Professores de História – Seção Rio Grande do Sul.

Seja pela pesquisa empírica em suas diversas formas, seja pela reflexão teórica e historiográfica, o GT Mundos do Trabalho da ANPUH-RS tem ganhado destaque regional e nacional pela contribuição que têm dado ao conhecimento histórico e interdisciplinar, “cruzando fronteiras” em todos os sentidos e inspirando jovens pesquisadores em torno da temática, não se conformando com uma retórica sobre o “fim do mundo do trabalho”, indo na contramão sobre a afirmação do esgotamento de estudos na área.

Cresce cada vez mais o interesse em torno dos mundos do trabalho na academia, traduzindo a resistência dos processos e sujeitos históricos que são nosso objeto de investigação. Temos traduzido nas Jornadas Regionais do GT os resultados deste interesse, os quais, parte deles são apresentados ao público, tanto universitário como a integrantes e líderes dos movimentos sociais e políticos que fazem a História do Trabalho, bem como aos sujeitos ditos comuns, os trabalhadores em geral.

As VI Jornadas Regionais do GT Mundos do Trabalho da ANPUH-RS demonstraram o acúmulo do debate sobre o trabalho livre e o escravo, mas aprofundaram o caminho trilhado para pesquisas em torno de outras formas de trabalho, especialmente o informal, que assim como o servil e o indígena, vem ganhando para o tema novos interesses, olhares e pesquisadores.

Que o leitor e o estudioso do tema tenham nos textos abaixo uma síntese e o aprofundamento de parte do atual estado de pesquisas que os organizadores deste volume têm a honra de compartilhar. A fim de que os mundos do trabalho, tanto em nível estadual e nacional, intelectual e na ação propriamente dita, ocupem seus lugares, de fato e de direito, na formação social e histórica.

Saudações mundo do trabalhistas!


Organizadores

Diorge Alceno Konrad – Comissão Executiva das VI Jornadas do GT Mundos do Trabalho da ANPUH-RS.

Glaucia Vieira Ramos Konrad – Comissão Executiva das VI Jornadas do GT Mundos do Trabalho da ANPUH-RS.

José Carlos da Silva Cardozo – Comissão Executiva das VI Jornadas do GT Mundos do Trabalho da ANPUH-RS.


Referências desta apresentação

KONRAD, Diorge Alceno; KONRAD, Glaucia Vieira Ramos; CARDOZO, José Carlos da Silva. Apresentação. Revista Latino-Americana de História. São Leopoldo, v.1, n.3, p. 7-9, 2012. Acessar publicação original [DR]

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