Coffee is Not Forever: A Global History of Coffee Leaf Rust | Stuart Mccok

Coffee is not forever, do historiador Stuart McCook, redimensiona o debate sobre as agências humana e não humana na história ambiental global a partir de uma commodity que se tornou, desde a modernidade, não apenas um produto, mas também foco de dinâmicas biológicas e históricas interconectadas: o café. McCook articula a ecologia do café como planta, o café como commodity e os sistemas políticos, econômicos e sociais, narrando-os a partir das interconexões humanos-não humanos proporcionada pela epidemia de ferrugem-do-cafeeiro causada pelo fungo Hemileia vastatrix e sua itinerância mundial, do século XV até ter-se tornado uma ameaça global a plantações entre o século XX e XXI. O autor aproveita os processos de abandono de plantações, os dilemas socioambientais da sobrevivência de pequenos e médios produtores de café – especialmente na América Latina entre o final do século XX e XXI – para dimensionar essa realidade nas interações entre agroecologia do café e sociedades que estão no centro das mudanças climáticas. Nesse sentido, percebe como populações do sul global têm se preparado e respondido a mudanças cada vez mais repentinas e catastróficas em seus ambientes. Leia Mais

The restless clock: a history of the centuries-long argument over what makes living things tick | Jessica Riskin

The restless clock ( Riskin, 2016 ) é a mais recente obra da historiadora das ciências Jessica Riskin, professora da Universidade de Stanford e autora também das obras Science in the age of sensibility (2002) e Mind out of matter (2007). O presente livro analisa cinco séculos de intensos debates sobre agência: a capacidade intrínseca de qualquer entidade, seja ela humana ou não humana, de agir no mundo. A autora mostra como a emergência de santos, demônios, divindades gregas e criaturas autômatas no fim da Idade Média e a visão mecanicista de mundo do realismo cartesiano no século XVII originaram um dos maiores problemas ainda sem solução no âmago da ciência moderna: o das origens da vida e do movimento das coisas.

São variados os personagens dessa longa viagem pelos meandros do debate sobre agência: relojoeiros, autômatos, médicos, filósofos, matemáticos, engenheiros, androides, biólogos, teólogos, geneticistas, robôs, só para mencionar alguns. As máquinas são personagens ativos nessa história, favorecendo com suas presenças materiais e seus movimentos, em meio a olhares de espanto, admiração e curiosidade, a emergência de uma série de análises e debates sobre as origens da inteligência, dos movimentos, da fisiologia dos seres vivos, entre outros. Questões que permeiam esses debates são: a origem dos movimentos está em uma agência externa ao mundo (regida por um designer divino, por exemplo)? A origem dos movimentos e da vida está na própria natureza (sendo o mundo composto por entidades que possuem agência)? Ou os movimentos do mundo exibem uma agência aparente, mas são regidos por aleatoriedades? Leia Mais