Descobrir | Tzvetan Todorov

Tzvetan Todorov foi um filósofo e linguista búlgaro, com formação acadêmica na Universidade de Sofia, Bulgária. Influenciado pelo seu instrutor Roland Barthes, um dos mais respeitados teóricos do estruturalismo (método no qual elementos da cultura humana devem ser entendidos em face de sua relação com um sistema ou estrutura mais abrangente), o pensamento de Todorov direciona-se para a filosofia da linguagem, numa visão estruturalista que a concebe como parte da semiótica (saussuriana).

Todorov foi professor da École Pratique Des Hautes Etudes, da Universidade de Yale, diretor do Centro Nacional de Pesquisa Científica de Paris (CNRS) e dirigiu o Centro de Pesquisa sobre as Artes e a Linguagem da mesma cidade. Ele produziu vastas obras na área de pesquisa linguística e teoria literária e que estão hoje traduzidas em vinte e cinco idiomas. Em sua obra: “A conquista da América: A questão do outro”, Tzvetan Todorov analisa a conquista da América sob a questão do outro, a qual ele estabelece como unidade de ação a percepção que os espanhóis têm dos índios nesse contexto de conquista, além de expor suas pesquisas a respeito do conceito de alteridade, existentes na relação de indivíduos pertencentes a grupos sociais diversos, cujo objeto central justifica-se na própria situação do autor, que é imigrante na França, um país onde supostamente a relação entre nacionais e estrangeiros é historicamente marcada por um xenofobismo não declarado. Leia Mais

Sete mitos da conquista espanhola | Matthew Restall

O autor Matthew Restall, professor da Universidade da Pensilvânia, procura, em seu livro, desconstruir sete mitos consolidados sobre o processo de descoberta e conquista da América e povos nativos. Para realizar essa tarefa, utilizou-se de registros escritos realizados por espanhóis que participaram do processo de conquista, cartas de religiosos, biografias, filmes produzidos sobre o tema, relato de pensadores do século XVIII, abordagens historiográficas contemporâneas, enfim, uma gama de fontes históricas. Restall desmonta inúmeras “verdades” relacionadas ao processo de dominação ibérica sobre a América ao propor-se a comparar duas formas de descrever o que se passou: uma criada no decorrer do processo de dominação, e a outra, formulada em arquivos e bibliotecas em séculos posteriores, ou seja, confrontando explicações sobre a conquista formuladas ao longo dos séculos XVI ao XX. Sugere algumas outras interpretações, as quais afirma também não serem infalíveis e eternas, o que não significa, segundo ele, que não possam revelar algo de verdade.

No primeiro capítulo denominado Um punhado de aventureirosO mito dos homens excepcionais o autor questiona a idéia de que um pequeno número de homens “notáveis” teria conquistado a América e subjugado milhões de nativos. Restall argumenta que a necessidade de permissão real e de um contrato estabelecido entre a Coroa e o conquistador para a exploração do Novo Mundo estimulou a escrita de cartas, nas quais os colonizadores superestimavam suas atividades e feitos nas novas terras. Exaltando a si mesmos por meio das “Probanzas”, uma espécie de prestações de contas enviadas à Coroa, os colonizadores criaram o mito de homens grandes, corajosos e desbravadores, prontos a vencerem qualquer obstáculo. Religiosos, biógrafos e cronistas ajudaram a confirmar o mito em seus relatos. Segundo o autor, esses homens eram, em sua maioria, despreparados, mal treinados, insuficientemente armados e famintos, que fizeram da aliança com outras nações nativas suas aliadas para a sobrevivência e vitórias em batalhas. Leia Mais