Mergulhos de leitura: a compreensão leitora da literatura infantil – RAMOS; PANOZZO (C)

RAMOS, Flávia Brocchetto; PANOZZO, Neiva Senaide Petry. Mergulhos de leitura: a compreensão leitora da literatura infantil. Caxias do Sul: Educs, 2015. Resenha de: GABRIELLI, Mariele. Conjectura, Caxias do Sul, v. 21, n. 1, p. 238-243, jan/abr, 2016.

A obra Mergulhos de leitura: a compreensão leitora da literatura infantil, objeto de análise deste estudo, é fruto de trabalho desenvolvido a quatro mãos, pelas professoras-pesquisadoras Flávia Brocchetto Ramos, Mestre e Doutora em Letras pela PUCRS, e Neiva Senaide Petry Panozzo, com Mestrado e Doutorado em Educação pela UFRGS, que uniram suas experiências pedagógicas ao gosto de estudarem juntas. Essa pareceria iniciou na década de 80, quando, compartilhando o trabalho de coordenação pedagógica na Secretaria Municipal de Educação de Caxias do Sul, Flávia e Neiva trocavam ideias, pensavam o currículo e a formação continuada de professores, no que tange à linguagem literária e questões ligadas à leitura no âmbito das artes visuais.

Atualmente, Flávia Brocchetto Ramos e Neiva Senaide Petry Panozzo atuam como docentes e pesquisadoras na Universidade de Caxias do Sul. Colecionam artigos publicados em parceira, cursos de formação de professores e juntas já publicaram a obra Interação e mediação de leitura literária para a infância (2011). Leia Mais

Cadernos Negros, três décadas: ensaios, poemas, contos – RIBEIRO; BARBOSA (S-RH)

RIBEIRO, Esmeralda; BARBOSA, Márcio. (orgs.). Cadernos Negros, três décadas: ensaios, poemas, contos. São Paulo: Quilombhoje; Brasília: SEPPIR, 2008, 333 p. Il Resenha de: FLORES, Elio Chaves. A literaturanegra nas aulas de História e de Historiografia. sÆculum REVISTA DE HISTÓRIA, João Pessoa, [22] jan./ jun. 2010.

A expressão “cadernos”, numa era de ferramentas virtuais, soa um pouco escrever artesanalmente à moda dos românticos oitocentistas: ao bico de pena. A par disso, também podem implicar corpus fragmentários de atividades intelectuais que, encadernados, sustentam concepções de história e de cultura histórica. Antonio Gramsci, no cárcere do fascismo italiano, não deixou de escrever suas cartas filosóficas e políticas que, mais tarde, teriam grande aceitação entre os intelectuais das esquerdas como reflexões de renovação da própria tradição marxista e da “cultura revolucionária”. Mas se Gramsci fosse negro ou afrodescendente sua escrita em cadernos teria o mesmo reconhecimento? Qual seria a diferença entre um escritor marxista branco e um escritor marxista negro na perspectiva do materialismo cultural? Stuart Hall, um expoente da diáspora negra contemporânea, no denso ensaio “A relevância de Gramsci para o estudo de raça e etnicidade”, observa que devido às circunstâncias de produção numa epocalidade racialmente transtornada “os Cadernos [gramscianos] representam uma proeza intelectual surpreendente”2. O próprio Gramsci pode iluminar uma resenha sobre um livro que reúne trinta anos de literatura negra no Brasil. Dos seus Cadernos do Cárcere é possível apoderar-se das ideias de que “literatura não gera literatura”, “ideologias não geram ideologias”, “superestruturas não geram superestruturas senão como herança de inércia e passividade”, pois elas são geradas “pela intervenção do elemento ‘masculino’, a história”. Dessas ideias incompletas e polêmicas, retiradas de um diálogo negativo de Antonio Gramsci com Benedetto Croce (Cultura e Vida Moral), passamos a outra que nos acompanhará até ao final de nossa análise: “se o mundo cultural pelo qual se luta é um fato vivo e necessário, sua expansividade será irresistível, ele encontrará os seus artistas”3. Leia Mais