No Enxame: perspectivas do digital | Byung-Chul Han

Manuel Castells, em sua clássica obra Sociedade em Rede, afirmou que no final do segundo milênio da era cristão, “uma revolução tecnológica concentrada nas tecnologias da informação, começou a remodelar a base material da sociedade em ritmo acelerado” (2000, p. 39). O sociólogo não pode prever que, mais do que modificar e “remodelar a base material”, iriamos ser arrastados para estes meios tecnológicos, em uma velocidade que ultrapassou o limite do material, chegando ao imaterial. Dessa forma, vivemos hoje um momento de dúvida, crise, instabilidade, sem sabermos para onde vamos.

Devido a este cenário, a obra de Han se apresenta como necessária aos estudos das humanidades, e, também, diretamente à historiografia. Afinal, muito destas transformações afetam diretamente o trabalho do/a historiador/a. Leia Mais

The disappearance of rituals: a topology of the presente | Byung-Chul Han

O desaparecimento dos rituais: uma topologia do presente é um ensaio publicado em 2019, originalmente em língua alemã, foi traduzido em inglês e em português em 2020, esta última pela editora Herder. Trata-se de uma obra curta, como ocorre com as outras produções do filósofo e teórico cultural sul-coreano Byung-Chul Han, que é professor de Filosofia e Estudos Culturais na Universidade de Artes de Berlim. O livro possui pouco mais de cem páginas divididos em dez capítulos que discutem temas como a produtividade, a autenticidade, os rituais, “o fim da história”, o império dos signos, os dados (dataísmo), entre outros assuntos que estão concatenados pela escrita direta e simples, inclusive, aos outros ritos da vida moderna, como a pornografia.

O autor toma como ponto de partida as reflexões sobre a vida moderna e a tecnologia, aliando-as ao seu pensamento filosófico e, em certa medida, recorrendo aos referentes históricos para embasar noções teórico-críticas quanto ao mundo contemporâneo, como por exemplo as tecnologias digitais e os seus impactos na sociedade. Nessa perspectiva, caso venhamos a pensar nas proposições de Agamben (2013) quanto ao contemporâneo – o qual também é referenciado por Han neste e em outros ensaios –, é possível dizer que Han é um contemporâneo de seu tempo. Isto significa que ele enxerga as obscuridades do momento em que vive ao estabelecer uma relação de dissociação e anacronismo, de desconforto com o tempo a que “pertence” e percebendo os confrontos e problemáticas de seu entorno. Leia Mais