Um papel para a história: o problema da historicidade da ciência | Mauro Lúcio Leitão Condé

A ciência tem história? É dessa questão aparentemente singela e por que não óbvia, que o autor procura resolver e/ou apontar possíveis caminhos para discussão acerca do “problema da historicidade”. O livro em questão surgiu a partir de um curso ministrado pelo autor em 2013 na Escola Paranaense de História e Filosofia da Ciência por ele classificado como uma “análise de episódios importantes da historiografia da ciência produzida ao longo do século XX” (p. 19).1 Segundo o autor, não seria propriamente um livro de história da ciência, mas uma reflexão sobre como pensar filosoficamente a escrita da história da ciência (linguagem, narrativa, discurso), uma vez que, a “historiografia da ciência” situa-se entre a história da ciência e a filosofia da ciência, pois, “pressupõe sempre uma concepção epistemológica por trás de seus modelos” (p. 19), em que os paradigmas epistemológicos são também históricos, partindo da premissa kuhniana de que “a ciência tem história” (p. 20). Leia Mais

Um papel para a história: o problema da historicidade da ciência | Mauro Lúcio Leitão Condé

A produção acadêmica mostra a importância de que as teorias e as práticas científicas sejam investigadas à luz de seu desenvolvimento desde o passado, motivo pelo qual a história da ciência se instituiu como domínio autônomo do conhecimento. Construída em debate (e também embate) disciplinar com a história, a filosofia e a sociologia, a história da ciência tem proposto questionamentos teóricos, alguns respondidos de diferentes maneiras ao longo do tempo, outros ainda não totalmente solucionados. Produzir uma narrativa em história da ciência suscita problemas metodológicos e epistemológicos para o pesquisador. De um lado, a escolha das fontes e a adoção do referencial teórico podem gerar dificuldades práticas para o trabalho investigativo; de outro, o caráter histórico da constituição da ciência interroga a escrita da história da ciência. É nesse cenário que se insere o livro Um papel para a história: o problema da historicidade da ciência ( Condé, 2017 ). Leia Mais

“Um Papel para a História”: O Problema da Historicidade da Ciência | Mauro L. Condé

This is a book on the historicity of science. To say that science has a history may at first glance seem like a great triviality. For the simple fact of being a human construct, science was not born yesterday and has always undergone several changes in its most varied aspects; what we understand today as “science” has resulted from a long and repeated process involving continuities and ruptures with what preceded it – we all know about that, and this is enough to admit that science has a history.

But it is by no means trivial that science has, besides an ordinary history, a certain historicity. It might well happen that to have a history was only a matter of fact about science, so that the ties with its past would be nothing more than mere contingencies. Or again, it would not be unthinkable that the reach of historical circumstances to which science is subject did not exceed the more superficial or visible level of that activity – usually the one to which the layman has access and which constitutes the public image of the scientist’s work, such as laboratory practices, technological applications, etc. – in such a way that science, let us say, in itself would be minimally unaffected by these historical vicissitudes. In that case, it would no longer be imposing to admit that science has a history. The approach proposed by Condé in “A Role for the History”: The Problem of the Historicity of Science, however, does not recommend this interpretation at all. For our author, the historicity of science is definitely not a mere contingency. On the contrary, it must be admitted as a matter of law over science, that is, a sine qua non condition for science to be what it is, from any point of view. Leia Mais