Historica racialized toys in the United States – BARTON; SOMERRVILLE (RA)

BARTON, C. P.; SOMERVILLE K.. Historica racialized toys in the United States. Walnut Creek, Califórnia: Left Coast Press, 2016. 102p. Resenha de ALVES, Daniela Maria. Revista de Arqueologia, v.31, n.2, 2018. Especial: Arqueologia da Infância.

O livro Historical Racialized Toys in the United States, de Barton e Somerville, recentemente publicado, apresenta uma abordagem multidisciplinar, contemplando um estudo arqueológico, sociológico e antropológico da cultura Vitoriana nos Estados Unidos, a partir do estudo da cultura material. Os autores compilaram 172 brinquedos advindos de dados de colecionadores e antiquários, de catálogos e coleções de museus. Esses brinquedos foram datados entre os anos de 1865 a 1930.

A obra contempla seis capítulos, distribuídos ao longo de 102 páginas. Primeiramente, Barton e Somerville conceituam a ideologia de raça e argumentam sobre a teoria de habitus de Pierre Bourdieu (1997, 1984). O trabalho é um exame de como os brinquedos produzidos em massa geraram visões preconceituosas a respeito de populações asiáticas, irlandesas, negras e nativas americanas. Tais estereótipos funcionaram como método de socialização das crianças entre a última metade do século XIX e início do século XX, em uma visão de mundo racializada e racista. A priori, atenta-se à ideologia de raça, que sugere haver diferenças inatas na espécie humana. Essa categorização é hierárquica e possivelmente conduz à práticas de racismos, isto é, um ou mais grupos raciais recebem privilégios em detrimento da desumanização dos “outros”. Similarmente a qualquer construção social, raça é uma ideologia que tem sua origem fabricada, assim como sua manutenção e reprodução realizadas por meio da socialização da criança.

Os brinquedos não foram os únicos objetos a mostrar representações do “outro”, no entanto talvez sejam os mais chocantes para a sensibilidade moderna, pois são objetos especificamente feitos para crianças. Como explica Bourdieu, os indivíduos não aderem cegamente às estruturas sociais, mas operam dentro de uma “área cinza” que aplica, rejeita e modifica tradições pré-existentes. A habilidade de mediar a estrutura social é baseada sobre a socialização de um indivíduo que cultiva um habitus. O habitus permite e restringe as práticas individuais dentro das situações de mudança social. As práticas individuais diárias causam reações nas relações sociais, um habitus individual é alterado para conformar as situações de mudança e depois transformar a estrutura social. O resultado é uma relação dinâmica na qual as estruturas sociais coletivas influenciam as práticas individuais, e as práticas individuais podem afetar a estrutura social, o que possibilita a continuação e modificação da sociedade através do tempo e do espaço. Desse modo, as relações sociais não são estáticas, mas são constantemente sujeitas à renegociação. Assim, a teoria de Bourdieu possibilita entender as relações entre estrutura, habitus e prática, facilitando o modelo teórico no qual pode-se interpretar a disposição reflexiva e constitutiva da cultura material analisada.

Em seguida, as discussões giram em torno de conceitos como raça, classe e capitalismo na América. Barton e Somerville retomam o conceito de raça, afirmando tratar-se de construção ideológica para promover a hegemonia de classes dominantes por meio da criação falsa de uma percepção entre e dentro dos grupos marginalizados. No século XIX até o início do século XX da era capitalista, a possibilidade de qualquer união solidária entre esses grupos marginalizados era negada. Assim, essas ideologias posicionavam as “raças” como competidoras umas com as outras, ao contrário de desafiar o poder das classes dominantes. Tal poder ideológico da raça sugere que as classes trabalhadoras brancas tinham mais em comum com as elites brancas. Durante o período de institucionalização da escravidão nos Estados Unidos, houve uma associação semiótica direta entre pele negra e percepção biológica e social de inferioridade. A combinação entre escravidão e ideologia racial expandiu-se nas sociedades escravocratas do Sul e depois invadiu todo o país. No nordeste dos Estados Unidos, o medo do crescimento da população negra, entre os séculos XVIII e XIX, resultou em estratégias institucionais e práticas diárias usadas para minar a influência negra na política, na economia e na sociedade. Com o fim da escravidão, o país experienciou uma grande expansão do racismo. Um aspecto marcante da influência suscitada pela ideologia racista, popularizada por volta da década de 1830, era os espetáculos de interpretação, performance e música, denominados de blackface minstrel show. Nessas performances figuravam homens brancos como atores interpretando atitudes e comportamentos tidos como característicos dos negros. Muitos desses atos apresentavam comportamentos infantis ou pessoas negras felizes com a escravidão. Homens afro-americanos eram representados como jovens trapaceiros ou como empregados bem preguiçosos. Tais estereótipos racistas foram cultivados não somente por meio de interações com pessoas negras, mas também pela socialização em uma visão de mundo racista.

O texto também perpassa pela temática da criança e da infância. A infância é descrita como um período prolongado de dependência, durante o qual as crianças tornam-se socializadas e aceitas na sociedade em que nasceram e isso varia de acordo com a cultura, assim como as atividades e comportamentos considerados permitidos. Essas atividades e comportamentos estão relacionados à construção de gênero e encontram-se centradas nas categorias de biologia, sexo e idade. Os adultos costumam usar diferentes estratégias, como leituras, premiação/punição, exposição/restrição a certas experiências, para incutir nas crianças valores e comportamentos considerados culturalmente aceitos.

Em seguida, são expostas definições e reflexões sobre o brinquedo e a brincadeira, além da análise sobre a influência da Era Vitoriana britânica na sociedade americana. Os autores salientam a perspectiva comportamental do brincar como um comportamento orientado e ativo, cuja estrutura é altamente variável, na qual aparentemente não há intenção imediata e há acompanhamento específico de sinais que incluem odores, sons, ausência de submissão, inversão das relações de dominação, mudanças nas atitudes motoras individuais, etc. Na época Vitoriana, os brinquedos tinham uma função utilitária e serviam como instrumento para desenvolver habilidades físicas e mentais, além de incutir valores culturais nas crianças. Enfatizavam diferenças de gênero e refletiam a crença da época de que a infância é um período fundamental para o desenvolvimento da moral e da ordem no ser que futuramente será adulto. O período vitoriano foi sinônimo de capitalismo industrial, rápida industrialização e sistema socioeconômico baseado em classes. Com isso, os brinquedos manufaturados rapidamente se tornaram um grande negócio nos Estados Unidos e na Europa. O desenvolvimento tecnológico facilitou a produção em massa de brinquedos de ferro, lata, de bonecas, livros, jogos de tabuleiro e tornou possível aos pais de todas as classes sociais a compra de brinquedos para seus filhos em diferentes graus de qualidade.

Posteriormente, é apresentada a metodologia, bem como os resultados da análise da cultura material. Os 172 brinquedos foram classificados do seguinte modo: 53 cofres mecânicos (possuíam mecanismos que eram acionados quando ali se colocava uma moeda), 18 cofres não mecânicos, 63 brinquedos de corda, 9 brinquedos de puxar e empurrar, 6 jogos de alvo, 6 pistolas, 12 bonecas/conjunto de bonecas, 3 fantasias e 2 jogos de tabuleiro. Muitos desses brinquedos em sua aparência e nas descrições dos rótulos das embalagens sugerem inferioridade e falta de autocontrole do “outro”, particularmente considerando as representações dos brinquedos afro-americanos. Observa-se a fascinação das pessoas com a novidade, com a inovação e com o desejo de estimular a vida pelo significado mecânico. Os brinquedos automatizados da época representam intrincada convergência da concepção vitoriana do corpo do outro e da performatividade do corpo, que servia para criar e recriar estruturas racializadas e de racismo, além de socializar as crianças nessas estruturas.

Quatro raças não brancas foram representadas nos brinquedos, quais sejam: os nativo-americanos, os asiáticos (japoneses e chineses), os irlandeses e os negros.

Os nativo-americanos foram representados em 10 brinquedos examinados. Dois tipos de estereótipos foram destacados pelos autores: o guerreiro violento e o “nobre selvagem”. O guerreiro violento foi notado nos jogos de tiro ao alvo, cujo objetivo era acertar com espingarda figuras de homens nativo-americanos, juntamente com leões, bisões e tigres. Como exemplificação para o estereótipo do “nobre selvagem”, os autores relatam um cofre mecânico, no qual encontrava-se a figura de Cristóvão Colombo fumando um cachimbo. Além da mensagem de paz, o brinquedo apresenta a posição de subjugados dos indígenas em relação aos europeus.

Os chineses foram representados em 14 brinquedos, enquanto os japoneses foram representados em apenas 4 deles. A partir de 1849 a imigração chinesa nos Estados Unidos cresceu vertiginosamente. Os chineses foram os primeiros a serem empregados no trabalho manual nos campos minados e nas ferrovias do Oeste. Nos brinquedos, os homens chineses eram especialmente associados a uma longa trança. Outra associação perigosa era baseada na religião. No século XIX, qualquer prática religiosa fora da visão protestante era considerada ameaçadora para a sociedade. Os chineses foram vistos como incapazes de boa moral, por causa das práticas religiosas e sociais, e, por fim, acreditava-se que eles poderiam arruinar a seguridade econômica da classe trabalhadora.

Os irlandeses foram representados em 2 brinquedos. Um deles trata-se de um cofre mecânico, no qual um homem irlandês é retratado com testa proeminente, queixo símio, prognatismo facial, pele e cabelos claros. O homem segura um porco entre as pernas. Isso porque a maioria dos imigrantes irlandeses vivia na zona rural e com limitado capital social e econômico. Exerciam trabalhos manuais, eram relegados ao empobrecimento, à vida nos guetos, convivendo com altas taxas de criminalidade e poluição. A aparência e os movimentos do homem que parece lutar com o porco por dinheiro mostra o elemento de classe associado aos irlandeses no século XIX e XX, imigrantes malvestidos realizando qualquer trabalho degradante para conseguir poucos ganhos.

Os afro-americanos foram representados em 142 brinquedos. Um dos mais impressionantes são as bonecas topsy-turvy, uma boneca com cabeça e torso de menina branca atada na cintura à cabeça de uma menina negra, com uma longa e ampla saia separando as duas. Alguns pesquisadores afirmam que as bonecas foram feitas por mulheres escravas como significado de contestação à repressão sexual pelo homem branco; outros sugerem que as bonecas foram utilizadas para socializar garotas negras a fim de entender a dualidade da maternidade e assim ensiná-las a importância do cuidado com suas próprias crianças e com as crianças de seus donos brancos.

Para concluir, Barton e Somerville ressaltam que não havia sistema social à parte das práticas sociais padronizadas. Essas práticas eram criadas e reproduzidas conforme eram postas em ação, como afirma Bourdieu. Os brinquedos do período Vitoriano se preocupavam em ensinar valores e moralidade. Esses valores formavam as bases para o capital social e cultural da classe média e os brinquedos racializados foram os meios pelos quais a classe média gerou capital simbólico. Nesse sentido, esses objetos foram analisados não apenas como produtos para o divertimento, mas também como diálogo e locus frequente de conflito entre adultos e crianças e entre crianças e seus pares. Os brinquedos da era Vitoriana tentavam impor ordem entre garotos e garotas para que eles se tornassem modelos, indivíduos que conhecessem seus papéis tão bem quanto conhecessem o papel e o lugar do outro na sociedade. Os brinquedos racializados de todos os tipos e de todos os períodos de tempo revelam muito mais sobre os adultos que ofereceram os brinquedos às crianças do que sobre as crianças que os receberam.

É certo que o trabalho dos autores é de suma relevância para a temática da criança e da infância. Apesar de se tratarem de objetos desassociados de seu contexto arqueológico, o livro explora as interconexões entre a cultura material e a identidade social da época Vitoriana nos Estados Unidos, tão marcada pelas desigualdades sociais. Os brinquedos reunidos pelos autores contribuem ainda para aclarar sobre tipos de artefatos do período histórico mais recente, além de revelar as crianças como componentes do registro arqueológico e histórico, e como agentes nas relações sociais da época abordada.

Daniela Maria Alves – Mestre em Arqueologia pelo Museu de Arqueologia e Etnologia MAE/USP. E-mail: [email protected].

Acessar publicação original

[IF]

Nukak: Ethnoarchaeology of an Amazonian People – POLITIS (IA)

POLITIS, Gustavo G. Nukak: Ethnoarchaeology of an Amazonian People. Walnut Creek: Left Coast Press, 2007. 411p. Resenha de: KELLY, Robert L. Intersecciones en Antropología, Olavarría, n.9, ene./dic., 2008.

It is unfortunate but nonetheless true that many archaeologists do not value modern ethnographies.Why? Archaeologists need information on material culture – how it is made, who uses it, how long it lasts,what happens when it breaks, what happens when its owner dies, and so on. Although there are some notable exceptions, few modern ethnographies pay attention to such mundane things. But archaeologists need these data to construct arguments that allow us to make secure inferences from the material things that we recover. For this reason, a few archaeologists have climbed out of their trenches and conductedethnoarchaeological research with the living. Politis is one of those archaeologists, and Nukak is the result ofhis efforts. This book covers some of the same ground as his 1996 Nukak (published by the Instituto Amazónico de Investigaciones Científicas) but is updated, placed in a larger theoretical context, andmade available to the largely monolingual North American audience.

The Nukak are a small group of hunter-gatherers who live in the Columbian rain forest. Politis workedwith those who were least acculturated to western society. As an archaeologist who has also done ethnographic research, I understand the effort that lies behind Nukak. Ethnography, especially that of nomadic peoples in isolated places, is not easy. There are the usual problems: language barriers, medical issues, feeding yourself and your students, explaining yourself and your task to the people. In addition,ethnoarchaeologists must justify their preoccupation with odd things such as trash, pits left in the groundafter pounding food in a mortar, or what happens to the remaining bits of a hammock burnt in a maritaldispute. The Mikea, with whom I worked in Madagascar, never believed my (honest) explanation of what I was doing there. Instead, they were certain I was searching for gold or silver, and one of my students hadto fend off accusations of witchcraft when measuring the diameters of house posts. Most people can understand an interest in kinship, religion, and politics, but trash and house posts? For this reason, I admirethe amount of information that Politis was able to collect in his several visits to the Nukak.

Every archaeologist (and ethnographer) interested in hunter-gatherers, and especially those interested in tropical hunter-gatherers, will find something of value in Nukak. Politis describes their settlements in detail, noting the differences between wet and dry season camp construction and how these condition differences in how trash is left behind. Nukak contains some of the only information I know of on how long it takes to put a camp together, or to take one down in order to move. Politis describes their residential and logistical mobility, providing about the only account of how people actually move camp – who does what, what paths they follow, and whether old camps are reoccupied (they are not). He describes their traditional technology and their subsistence, giving special attention to animal exploitation. The book ends with a chapter devoted to what the Nukak data have to say about several perennial issues in the anthropology of hunter-gatherers (at least, those issues that concern archaeologists). He includes two appendices: one containing data on the wet and dry season foraging trips he recorded, and one by Gustavo Martinez on faunal material recovered in the camps. There are many wonderful anecdotes, including the use of a parrot’s entrails as a fishing lure.

Politis begins the volume with background on the Nukak’s environment, his fieldwork methods and theconditions of his research (for example, his eighth session was prevented by the Columbian military) In addition, Politis lays out his theoretical framework. Interestingly, it contains elements of Lewis Binford’s materialistic approach as well as Ian Hodder’s postprocessual approach. In each chapter, Politis provides information on the “function” of material culture or on a more Binfordian behavioralist approach. For example, the discussion of the use of space shows how the particular kinds of structures built by the Nukakin the wet season conditions how trash is deposited (as opposed to the dry season when the Nukak do notbuild structures). But, in each chapter, Politis also discusses the social and ideological meaning of the chapter’s subject. For example, in the chapter on space use and discard, he notes how the trash of a deceased woman was treated, resulting in an archaeological record different from that produced by daily living in a camp, and that directly records some (as yet unknown) links between trash deposition and death.

In the chapter on shelters and camps, Politis also describes non-residential structures – everything from”ritual” structures to more mundane things such as children’s playhouses. In fact, his contribution on children’s toys and their effects on the deposition of trash and other items in residential structures is a crucial contribution. It turns out that children are a strong determinant of the final disposition of material culture in the archaeological record. To me, this is an important observation because anything that signals “children” archaeologically also tells us that a site is a residential camp, rather than, for example, a hunting camp.

Politis also explains that the Nukak avoid previous campsites because these places become wild gardens, the result of gathered seeds left behind (either in trash or feces). With the secondary (but not the primary) canopy removed as the camp is made, these plants thrive in old camps. The Nukak live in a more”constructed” environment than we might think.

Throughout the book, Politis is able to give archaeologists the information that they crave and yet often do not find in other ethnographies. For example, exactly how does one hunt monkeys with a blowgun? There are also useful descriptions of things that carry purely symbolic information, such as the wall of sejeleaves that forms a protective wall around a camp to prevent invasion by the spirits of jaguars. This is alluseful information that many archaeologists will make profitable use of in years to come.

This book is well worth reading, but I must admit that I was disappointed with one aspect of it.Throughout Nukak Politis criticizes the approach of human behavioral (or evolutionary) ecology, specifically its use of optimal foraging models. As a practitioner of human behavioral ecology I admit to some bias, but I also can see that his criticisms of this approach will not convince any other such practitioner that the approach is incomplete or misleading. For example, in a discussion of Nukak mobility, Politis states that “the Nukak abandon camp when many products are still abundant …that are not found further away, which therefore generates a negative cost-benefit energy balance….there are no obvious resource limitations that would prevent the Nukak from staying in their residential camps for longer periods of time. The causes for their high residential mobility must be sought elsewhere.” He argues that mobility produces more patches of edible plants (through the formation of the wild gardens), is necessary to perform rituals, is for sanitary reasons, to avoid a recently deceased person’s spirit, or is for the sheer pleasure of moving (or to satisfya taste for honey or fish).

These are all good reasons to move, and several are mentioned in other ethnographies of foragers. Butthese reasons could be the proximal reason for moving a camp, while the ultimate reason may lie in foodacquisition. Optimal foraging models do not argue that foragers move when nearby food reaches the point of depletion. Indeed, the marginal value theorem argues only that foragers move when the current return rate equals the average return rate of the environment taking travel time into account. In many instances this means that foragers move long before depletion begins; in fact, the “marginal value theorem” leads us to expect that in an environment with high average return rates that people will leave camps long before the point of depletion (I demonstrated this with a simple simulation in The Foraging Spectrum). Another example: there is a significant difference between wet and dry season mobility – the Nukak remain longer in wet than dry season camps and yet move shorter distances when they move in the wet than in the dry season. The data tables show that fish and honey are more important in the dry than the wet season. Do these resources account for the differences in seasonal mobility?

Elsewhere, Politis shows that taboos on certain animals, such as tapir, cannot be explained bymaterialist reasons. He is correct. And yet how would an archaeologist know if the lack of food remains was the product of a taboo? Behavioral ecology’s diet breadth model offers a way. This model predicts which resources should be in a diet based on their return rates assuming that nothing other than strict economic concerns are at work in food selection. If the predicted diet breadth model predicts that tapirs should be included in the diet, and yet the archaeological remains demonstrate that they are not, then we can safely assume (providing that other information shows that tapirs were available) that something else is at work – a taboo, for example. Unfortunately, we cannot really judge the utility of optimal foraging models in the case of the Nukak because their fundamental piece of data – return rates on the various plants and animals-are not in the volume. I admit that this was a disappointment (the data in tables 8.14 – 8.17 are not adequate as these provides returns, not return rates). In sum, those who use the paradigm of behavioral ecology will be somewhat disappointed with the volume.

But set that aside: Nukak contains some wonderful and wonderfully-detailed information on a little-known group of foragers. It is a solid contribution to huntergatherer studies that deserves to be read by anyone, archaeologist or ethnologist, interested in this rapidlydisappearing class of humanity.

Acessar publicação original

Robert L. Kelly – Robert L. Kelly. Department of Anthropology, University of Wyoming. E-mail: [email protected]

[IF]