Medicina, Saúde e Doenças na História (II) / História Revista / 2015

Ao propormos um dossiê com a temática Medicina, Saúde e Doenças na História para publicar na História Revista, para nossa satisfação, fomos surpreendidas com inúmeros artigos de excelente qualidade que ultrapassavam o limite de um dossiê. O editor da revista decidiu organizar os artigos em dois dossiês e publicar em dois números seguidos da revista.

O fato de recebermos tantos artigos vem reafirmar o crescimento do campo historiográfico da saúde e das doenças no Brasil. Desde mais de uma década, criou-se um núcleo de pesquisadores de algumas universidades brasileiras interessados nesse campo de estudos. Esse núcleo, aos poucos se ampliou com a inserção de mais pesquisadores de outras universidades, formando verdadeira rede de conhecimento.

Organização de simpósios em congressos da área, em especial da ANPUH (Associação Nacional de Professores Universitários de História) e da SBHC (Sociedade Brasileira de História da Ciência), publicação de artigos e de livros que tematizam a história da saúde e das doenças em suas várias vertentes consubstanciaram na construção e consolidação desse campo de conhecimento no Brasil, somado à existência crescente de linhas de pesquisa nos programas de pós-graduação, onde se formam novos pesquisadores, potencialmente novos membros dessa rede.

Esse segundo dossiê atesta a diversidade de abordagens e fontes para se estudar a história da saúde e das doenças. Primeiramente, apresentamos o artigo de Viviane Machado Caminha São Bento e Nadja Paraense Santos intitulado “Botica jesuíta: apontamentos sobre a produção de medicamentos e a utilização de recursos naturais no Brasil colonial” que analisa a atuação dos jesuítas no desenvolvimento de medicamentos e práticas de cura, no período colonial.

O segundo artigo trabalha basicamente com o “Banco de Theses de Médicos Mineiros”, disponível no Arquivo Público Mineiro (APM). Trata-se de um corpus documental já inventariado que permite abordar aspectos que dizem respeito à formação, relações sociais e atuação dos médicos mineiros.

O terceiro artigo analisa as doenças no território baiano, a partir do curandeiro Faustino Ribeiro Junior, pelo viés da alimentação. A seguir Rômulo de Paula Andrade apresenta uma fecunda discussão política a partir de uma ação da saúde pública, qual seja a da campanha de erradicação da malária na Amazônia. O artigo “Bons ares, maus colonos: ambivalência entre raça e ambiente em Doenças Africanas no Brasil de Octavio de Freitas” investiga um personagem, a partir de sua obra, contextualizando suas ações. O artigo de Marinice Sant’Ana de Oliveira e Liane Maria Bertucci tem como objeto a Semana da Tuberculose, realizada em novembro de 1937, em Curitiba, no Paraná. As autoras analisam as ações de educação em saúde pública durante o evento e afirmam que os bons ares não são suficientes para evitar a tuberculose. No sétimo e último artigo, Charles Klajman trata de duas pandemias de gripe, a Espanhola de 1918 e a Influenza A de 2009. Examina as duas gripes de forma comparada, utilizando o referencial teórico da História Ecológica.

Esperamos que, como o dossiê anterior, este também se desdobre em profícuas discussões sobre a temática proposta.

Dilene Raimundo Nascimento – Doutorado em História pela Universidade Federal Fluminense. Docente do programa de Pós‐Graduação em História das Ciências e da Saúde, da Casa de Oswaldo Cruz

Sônia Maria de Magalhães – Doutorado (2004) em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. É docente no Departamento de História da Universidade Federal de Goiás


NASCIMENTO, Dilene Raimundo; MAGALHÃES, Sônia Maria de. Apresentação. História Revista. Goiânia, v. 20, n. 3, set. / dez., 2015. Acessar publicação original [DR]

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Medicina, Saúde e Doenças na História / História Revista / 2015

Os intelectuais dos Annales foram pioneiros em estimular os estudos relacionados à doença. Precursores também ao valorizar os aspectos comuns da vida material, como os comportamentos biológicos, a história da alimentação, a história das enfermidades, contribuindo para uma releitura da história econômica e social. Os estudos de Emannuel Le Roy Ladurie e Fernand Braudel sobre a medicina e as doenças merecem destaque. O primeiro iniciou uma série de pesquisas sobre a história do clima e, posteriormente, da saúde e das doenças.[1] Ao segundo, coube a tarefa de promover pesquisas interdisciplinares, estimulando representantes de diferentes especialidades a discutir questões sobre história social da medicina e da doença alvitradas na revista Annales. O convite de Braudel foi bem recebido não só pelos historiadores, mas também por médicos e outros especialistas interessados em compreender historicamente o seu ofício. Desse exitoso encontro entre a História e as outras áreas do conhecimento resultaram vários artigos, procedendo em números especiais dedicados exclusivamente ao tema.[2]

Mas o texto basilar O corpo: o homem doente e sua história de Jean‐Pierre Peter e Jacques Revel, herdeiros de Fernand Braudel, promoveu um novo olhar sobre a temática para além do seu aspecto biológico. Eles vislumbraram a doença como elemento social, um acontecimento de reelaboração das conexões estabelecidas pelo homem, possibilitando evidências reveladoras sobre as mudanças sociais, uma esclarecedora leitura do mundo. O homem enfermo, outrora excluído da sua subjetividade, também ganha voz e visibilidade nesse processo. Desde então, esses objetos de pesquisa tem granjeado novo sentido na análise do historiador, que os examinam não apenas como um fenômeno mórbido, mas associados, sobretudo, aos aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais. Nesse complexo cabeamento analítico, as temáticas abrangem saberes práticas, instituições, representações sociais e culturais, relações de poder, ciência, sociedade, cultura, religião, espaço ambiental[3].

No Brasil, o impacto desse campo historiográfico pode ser auferido na crescente produção de dissertações e teses, livros, periódicos, grupos de trabalhos e programas de pós‐graduação e eventos indicando profícuas perspectivas teórico‐ metodológicas, que não só enriquecem a historiografia brasileira, mas sugerem novos temas de pesquisa.

Deste modo, os artigos reunidos no dossiê Medicina, Saúde e Doenças na História contemplam uma parcela abrangente da literatura produzida no Brasil, as tendências de investigação e metodologias aplicadas pelos historiadores. Os autores dos artigos que compõem o dossiê discutem os significados históricos da medicina, saúde e doenças seja no século XIX seja no XX, abarcando os diversos estilos, objetos e narrativas que propõem compreender as tensões entre os impactos sociais das doenças e as ações de saúde pública (avanços, retrocessos e desafios inerentes à constituição do saber médico e às ações públicas).

Notas

1. LADURIE, E. Histoire du climat depuis de An Mil. Paris: Flamarion, 1967.

2. J. R. (Org.). Médicins, médecine et societé en France aux XVIII et XIX siécles. Annales. Economies, sociétés, civilizations, n. 5, septembre-octobre, p. 849-1055, 1977.

3. REVEL, J.; PETER, J-P. O corpo: o homem doente e sua história. In: LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre. História: novos objetos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1976.

Dilene Raimundo Nascimento – Professora Doutora (COC / Fiocruz)

Sônia Maria de Magalhães – Professora Doutora (FH / UFG)


NASCIMENTO, Dilene Raimundo; MAGALHÃES, Sônia Maria de. Apresentação. História Revista. Goiânia, v. 20, n. 2, mai. / ago., 2015. Acessar publicação original [DR]

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Medicina no Contexto Luso-Afro-Brasileiro / História Ciências Saúde — Manguinhos / 2014

Em abril de 2012, teve lugar em Lisboa, no Instituto de Higiene e Medicina Tropical, o primeiro Encontro Luso-Brasileiro de História da Medicina Tropical, com o subtítulo: “A medicina tropical nos espaços nacionais, coloniais e pós-coloniais (séculos XIX-XX)”. O encontro integrou as comemorações do 110º aniversário de fundação da Escola de Medicina Tropical de Lisboa, antecessora do atual Instituto de Higiene e Medicina Tropical, comemorando-se também, na mesma ocasião, o 60º aniversário do primeiro Congresso Nacional de Medicina Tropical, realizado na capital portuguesa em 1952.

Aquele primeiro encontro de investigadores brasileiros e portugueses dedicados ao estudo da história da medicina tropical, ou de temas correlatos, foi organizado com o decisivo apoio de Paulo Ferrinho e Zulmira Hartz, diretor e vice-diretora do instituto lisboeta, e a importante participação de Isabel Amaral, do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Nova de Lisboa.

Nas diversas mesas apresentadas ao longo de quatro dias, foram abordados os temas a seguir. “Trópicos e medicina” debatia os significados atribuídos à medicina tropical como objeto de estudo; as representações construídas em diferentes contextos históricos e formações sociais a respeito da categoria “trópico”; e as reflexões ou controvérsias que a ideia de “tropicalidade” suscitara no pensamento sobre as sociedades e nações luso-afro-ásio-brasileiras. “Saberes e práticas médicas: histórias e tradições plurais” tinha em mira a reflexão sobre as formas como os conhecimentos e as técnicas da medicina tropical foram aplicados no combate a doenças em territórios nacionais e coloniais, em diferentes contextos históricos. Seriam aí também contempladas as relações de domínio, exclusão ou permeabilidade com medicinas nativas e saberes tradicionais, assim como as artes de curar e as estruturas de assistência implementadas no contexto luso-afro-ásio-brasileiro. O terceiro eixo de discussões do primeiro Encontro Luso-Brasileiro de História da Medicina Tropical foi “Tráfico de escravos, fluxos migratórios e circulação de doenças” entre Portugal, Brasil, África e Ásia nos séculos XIX e XX. “Atores, doenças e instituições” enfeixava comunicações sobre trajetórias e inter-relações de instituições e outros atores vinculados às áreas de medicina tropical, microbiologia e saúde pública nos contextos referidos acima. Nas mesas alinhadas a esse tema, foram incluídos trabalhos que diziam respeito a expedições científicas e programas de investigação no âmbito das ciências biológicas e biomédicas visando ao controle de doenças incidentes em suas diferentes zonas geográficas. Por último, o encontro debateu “Políticas internacionais de saúde”, histórias comparativas, trajetórias e inter-relações de instituições e outros atores vinculados a ações globais em medicina tropical, microbiologia e saúde pública nos países lusófonos.

Tais temas foram desigualmente cobertos pelos trabalhos apresentados, e menos da metade chegou efetivamente às páginas da atual edição de História, Ciências, Saúde – Manguinhos, sabendo-se que alguns foram veiculados em outras edições da revista, e que a presente edição traz trabalhos que não fizeram parte do encontro, tendo porém afinidade com a temática do dossiê “Medicina no contexto luso-afro-brasileiro”.

Antes de chegar a ele, os leitores encontrarão seis instigantes artigos submetidos de forma espontânea sobre temas variados: as representações sociais do mundo rural na Europa e em outras regiões; um panorama das antropologias médica, do sofrimento e do biopoder nos EUA e na Europa; relacionados à Argentina, dois trabalhos: modos de pensar o esporte destinado a deficientes físicos nos anos 1950 e 1960, e câncer como objeto científico e problema sanitário no começo do século XX; um artigo discute as extensões possíveis do darwinismo ao âmbito da cultura e outro, disponível no portal Scielo desde janeiro, traz à edição em papel o estudo sobre as redes sociotécnicas subjacentes à Liga de Acupuntura da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Esta edição de HCS-Manguinhos traz ainda a coligação de duas resenhas e uma entrevista que têm relação com Ernesto Laclau, teórico argentino recém-falecido que inovou os estudos sobre a teoria do discurso, tendo publicado A razão populista, um dos livros aqui resenhados. A entrevista é com Chantal Mouffe, companheira de Laclau e, como ele, autora de importantes contribuições ao uso da teoria do discurso nas democracias contemporâneas. O segundo livro resenhado é O lugar da diferença no currículo de educação em direitos humanos, de Aura Helena Ramos, educadora que faz uso desse referencial teórico em seu estudo sobre o lugar da diferença na educação em direitos humanos, e que participa da entrevista feita com Mouffe.

Termino esta carta com uma dupla homenagem: a Ruth Barbosa Martins, fundadora e por longo tempo editora desta revista, jornalista competentíssima, amiga do coração, que se aposenta deixando um rastro luminoso de realizações e amizades; e Isnar Francisco de Paula, que secretariou a revista desde as origens, com seu jeito suave e eficiente. Aposentadas, bem longe agora da “ralação” cotidiana, Isnar, Ruth e outra companheira querida, Ângela Pôrto, muito brejeiras, acenam para veteranos, como o autor destas linhas, com a tentadora promessa de gozarmos também do justo e merecido direito à preguiça.

Jaime L. Benchimol – Editor científico


BENCHIMOL, Jaime L. Carta do editor. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.21, n.2, abr. / jun., 2014. Acessar publicação original [DR]

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Persuasion and Domination: Medicine and the Public in Spain (19th and 20th Centuries)  / História, Ciências, Saúde – Manguinhos / 2006

Neste número de História, Ciências, Saúde — Manguinhos, temos dois acontecimentos importantes para celebrar com nossos leitores e colaboradores. O primeiro é que a revista, agora, é indexada no PubMed-Medline, complexo de bases de dados mais utilizado em todo o mundo por profissionais das áreas de saúde e medicina.

Em meados dos anos 1960, serviços bibliográficos, técnicos e científicos começaram a ser informatizados. Com a popularização da Internet, nos anos 1990, as informações passaram a ser disponibilizadas em redes eletrônicas de abrangência internacional. Um dos mais antigos serviços dessa natureza são os Zoological Record, cuja existência remonta a 1864. Sob a responsabilidade do British Museum of Natural History e da Zoological Society of London, hoje estão acessíveis em http://www.ovid.com/site/catalog/DataBase/200.jsp.

O PubMed-Medline, serviço oferecido pela U.S. National Library of Medicine (http://www.nlm.nih.gov/), reúne cerca de quarenta bases de dados e contabiliza mais de um milhão de acessos diários. Segundo página produzida por uma universidade de Indiana, a Purdue University, aliás excelente guia para quem quiser navegar no Pubmed (visite http://www.idi.ntnu.no/emner/tdt46/docsIntroduction%20to%20PubMed2.pdf e consulte também Guide for Finding History of Medicine or Older Medical Articles in PubMed http://info.med.yale.edu/library/historical/Pub Medguide.html), sua existência remonta aos esforços feitos pelo soldado John Shaw Billings, veterano da Guerra de Secessão nos Estados Unidos, para organizar a biblioteca do Surgeon General, a autoridade suprema dos serviços médicos do exército daquele país. As fichas de papel produzidas por Billings logo se transformaram em listas que começaram a ser publicadas, surgindo, então, em 1879, o Index Medicus.

Em meados da década de 1960, com o advento dos computadores, transformou-se no Medical Literature and Retrieval System ou, simplesmente, Medlars, o qual passou se chamar Medlars Online ou Medline ao ser disponibilizado na Internet (www.ncbi.nlm.nih.gov).

Em 1997, o acesso ao Medline tornou-se gratuito. São cerca de nove milhões de referências bibliográficas retiradas de quatro mil e quinhentos periódicos, a partir de 1966. A despeito de abranger publicações de mais de setenta países, 80% dos artigos são escritos em inglês, ou seja, ficam fora milhares de revistas escritas em outros idiomas, de países com menor tradição em pesquisa.

Justamente para modificar esta correlação de forças surgiu, em 1997, a Scielo (Scientific Electronic Library Online), bem-sucedido projeto bancado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O portal de periódicos científicos dispõe de uma coleção de títulos do Brasil, de vários países da América Latina, além de periódicos da Espanha e da Organização Pan-Americana de Saúde. (http://www.scielo.org).

O ingresso de História, Ciências, Saúde – Manguinhos na Scielo, em 2000, representou um divisor de águas em sua história. Entre os muitos benefícios proporcionados pela inserção na Scielo destacamos, agora, a indexação de nosso periódico no PubMed-Medline, que remete seus usuários diretamente aos textos disponibilizados na biblio-teca eletrônica latino-americana. Se quiserem conferir, anotem e sigam este endereço enorme: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?db=PubMed&term=”Hist+ Cienc+Saude+Manguinhos”[Journal:__jrid23004.

A admissão de Manguinhos no PubMed-Medline deveu-se, também, ao apoio de Elizabeth Fee, autora de estudos fundamentais em história da saúde, responsável por esta área na U.S. National Library of Medicine. Em abril, Fee proferiu a aula inaugural de 2006 do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, abordando o tema “A Organização Mundial de Saúde e a AIDS: o que podemos aprender com a história?”. Na ocasião, concedeu-nos interessante entrevista que será publicada em nosso próximo número.

O PubMed (http://www.pubmedcentral.nih.gov/) inclui cerca de 16 milhões de citações do MEDLINE e de periódicos relacionados às ciências da vida, compiladas desde os anos 1950. A princípio, era quase um espelho das informações encontradas no Medline, mas depois que acolheu as bases de dados construídas pelo National Institutes of Health’s Human Genome Project, tornou-se o integrador dos hipertextos e registros construídos a seu redor, na coleção de bases de dados bio-informáticas que cresce exponencialmente.

De 1951 aos dias de hoje, o PubMed inclui todos os artigos históricos indexados no MEDLINE, a base de dados na literatura médica corrente, assim como artigos publicados em periódicos de história não cobertos por este indexador mais antigo. Os dados relativos ao período 1951-1965 foram incluídos recentemente, e como os registros são dessemelhantes daqueles relativos ao período posterior a 1966, convém variar as estratégias de pesquisa. Além de conhecer o PubMed não deixe de visitar os sites da History of Science, Technology and Medicine (http://echo.gmu.edu/index.php) ou da Base HISA (Base Bibliográfica em História da Saúde Pública na América Latina e Caribe) que também incluem livros, capítulos de livros ou dissertações (http://www.coc.fiocruz.br/areas/dad/hisa/).

Como mostrou Ruth B. Martins em dissertação de mestrado Do papel ao digital: a trajetória de duas revistas científicas brasileiras [Curso de Pós-Graduação em Ciência da Informação do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) e Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ), Rio de Janeiro, 2003], cuja leitura recomendo a quem queira conhecer este complexo universo de bibliotecas e indexadores virtuais, a entrada no Medline foi um marco muito importante para os periódicos nele admitidos, como nosso irmão mais velho, os Cadernos de Saúde Pública. Novos colaboradores e leitores passaram a ver a revista com outros olhos desde que ela apareceu na base que mais valorizavam; foi estimulada a se abrir para novos temas, o que, por sua vez, redundou na aquisição de universo mais amplo de leitores e colaboradores. Oxalá isso venha a acontecer conosco.

O segundo acontecimento importante que desejamos celebrar com você, leitor, tem relação com este limiar que História, Ciências, Saúde — Manguinhos acaba de transpor. Como comunicamos na edição passada, seus editores escolheram, dentre os artigos publicados nos dois últimos volumes, aqueles que serão vertidos para o inglês com recursos fornecidos pelo CNPq para fortalecer periódicos científicos brasileiros divulgados por meio eletrônico, em modo de acesso aberto.

Foram escolhidos “A reforma médica no Brasil e nos Estados Unidos”, de Flavio Coelho Edler e Amy Kemp (v. 11, n. 3, set. dez. 2004); “Transformações no exercício das artes de curar no Rio de Janeiro durante a primeira metade do Oitocentos”, de Tânia Salgado Pimenta (v 11, sup. 1, 2004); “Revisitando a Espanhola: a gripe pandêmica de 1918 no Rio de Janeiro”, de Adriana da Costa Goulart (v. 12 , n. 1, jan.-abril 2005); “Brincos de ouro, saias de chita: mulher e civilização na Amazônia segundo Elizabeth Agassiz em Viagem ao Brasil (1865-1866)”, de Fabiane Vinente dos Santos (v 12, n 1, jan.-abril 2005); “Antropologia, raça e os dilemas das identidades na era da genômica”, de Ricardo Ventura e Marcos Chor Maio (v. 12, n. 2, maio-ago. 2005), e, finalmente, “Globalização e ambientalismo: etnicidades polifônicas na Amazônia”, de Luiza Garnelo e Sully Sampaio (v. 12, n. 3, set- dez. 2005). Em breve as novas versões desses artigos estarão na SciELO.

Termino reiterando o convite a todo autor cujo trabalho tenha sido aprovado para publicação nesta revista: submeta, também, versão em inglês pois, através da Scielo e com a ajuda desta poderosa alavanca, o PubMed-Medline, ele certamente correrá mundo.

Jaime Larry Benchimol – Editor.


BENCHIMOL, Jaime Larry. História, Ciências, Saúde – Manguinhos. Rio de Janeiro, v.13, n.2, abr./jun.2006. Acessar publicação original desta apresentação [DR].

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