História Antiga e Medieval no Brasil: pesquisa e prática de ensino / Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino / 2020

As pesquisas em História Antiga e Medieval ganham o Brasil de uma ponta a outra. Partindo de centros de excelência, como a Universidade de São Paulo, a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Universidade Federal Fluminense, espalharam-se por todo o país, graças ao trabalho incansável e audacioso de muitos pesquisadores / professores que acreditaram que é possível fazer uma História Antiga e Medieval de excelência no Brasil. Teçamos loas a essas pessoas admiráveis, que passaram por nossas vidas, que nos inspiraram e continuam a fazê-lo.

O trabalho pujante da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos, a SBEC, a formação dos Grupos de Trabalho (GTs) da Associação Nacional dos Professores de História (ANPUH), os inúmeros laboratórios reunindo pesquisadores de diferentes estados e os muitos congressos e revistas científicas especializadas na área têm proporcionado uma rica troca de experiências, que impulsiona a pesquisa brasileira.

As atuais pesquisas em História Antiga e Medieval propõem modelos interpretativos diversos, o alargamento das fontes documentais, o uso da tecnologia em benefício da pesquisa e do Ensino e o diálogo com outras ciências, especialmente com a Arqueologia. Novas questões estão na ordem do dia a nos desafiar, intimando-nos a pensar, a tecer novas proposições para a construção de uma História Antiga, viva, em movimento.

Toda sorte de problemas que afetam direta e indiretamente a todos nós, conduzem-nos a reflexões importantes para o repensar do mundo antigo e do nosso próprio mundo. Entre tais problemas está a inquietação com as questões do tempo presente de um mundo globalizado, com problemas igualmente globais, como a pandemia do novo coronavírus a nos fragilizar; enfraquece-nos também a intolerância, a grassar em suas diversas faces, principalmente, no que se refere à discriminação contra as minorias.

Diante de tal quadro, os artigos desse dossiê devem contribuir para a valorização da diferença, da diversidade, da heterogeneidade, da tolerância e combate à discriminação, rejeitando qualquer tipo de preconceito, seja de qual natureza for, por seu potencial de abordagem multiculturalista e de diversidade presente em seus conteúdos. Dialogando com pesquisadores de vários centros de pesquisa, o dossiê apresenta trabalhos de novos e experientes pesquisadores demonstrando, que os estudos de História Antiga e Medieval estão bem dinamizados na Bahia e em outros estados da Federação.

Estes artigos são exemplos de que as pesquisas brasileiras em História Antiga e Medieval estão conectadas com as discussões levadas a termo no cenário internacional, mas evidenciando as especificidades de um “olhar” local que contribuem nos debates em ambientes hegemônicos. Os artigos também espelham a proximidade das pesquisas com a nossa realidade, propiciando-nos uma fecunda possibilidade de compreender melhor o presente, com uma visão menos limitada, linear e por vezes distorcida. No âmbito do ensino, tal perspectiva deve ajudar os discentes a enxergarem a nossa realidade de forma transitória, contrastando-a com os seus modos de vida, observando as persistências e mudanças ao longo do tempo, dissipando a distância entre o saber científico, produzido nas Universidades, e o saber escolar, produzido em salas de aula do Ensino Fundamental e Médio. Aos docentes, os artigos apresentam instigantes possibilidades de refletir sobre a História Antiga, de repensá-la em sua prática de sala de aula, de fazer novas experimentações, tornando essa História mais próxima, mais viva e prenhe de sentido. Muitos artigos visam instrumentalizar o professor, oferecendo-lhe ferramentas úteis para diminuir o descompasso entre aquilo que é produzido no meio acadêmico e o que é ensinado nas escolas.

Compõem o dossiê um total de dez artigos. Alexandre Galvão Carvalho, em seu texto Diálogos entre a História Antiga e o ensino de História, tece reflexões em torno da alteridade, multiculturalismo, eurocentrismo e da relação entre Ocidente e Oriente nos debates acerca do ensino da História Antiga. Procura repensar as formas e modelos da História Antiga e o ensino de História com o objetivo de aproximar a disciplina História Antiga de nossa realidade e superar preconceitos, articulando artigos atuais sobre as formas e modelos teóricos da área com as propostas curriculares para o ensino de História, acentuando os caminhos para a inserção da disciplina História Antiga na construção e fortalecimento da cidadania.

No artigo Saberes arqueológicos na escola pública: ações educativas do Labeca aplicadas ao “Projeto Minimus Intersdiciplinar”, Maria Cristina Nicolau Kormikiari, Felipe Perissato e Felipe Leonardo Ferreira destacam a contribuição do Laboratório de Estudos sobre a Cidade Antiga (LABECA) para o avanço das pesquisas sobre a cidade antiga grega no Brasil. Apresentam, a partir de um rico e instigante projeto, um relato de experiência dos desdobramentos dos estudos desenvolvidos no LABECA em escola pública da Educação Básica de São Paulo. O objetivo do projeto é aproximar o conhecimento produzido no espaço da universidade da escola secundária, preocupação constante do Laboratório.

No terceiro artigo, O livro didático e o Ensino de História Antiga – desafios no presente e problemas do passado, Luis Filipe Bantim de Assumpção e Carlos Eduardo da Costa Campos partiram da experiência como docentes no Ensino Médio, em colégios particulares do Rio de Janeiro, para demonstrar como os materiais didáticos ali utilizados detêm uma visão conservadora sobre a História Antiga. Os autores aproveitam a oportunidade para apresentar, com muito esmero, uma metodologia de análise do livro / material didático utilizado, com a qual se objetiva desenvolver uma análise crítica do conteúdo de Antiguidade.

Na sequência, o artigo História dos cristianismos nos livros didáticos: considerações sobre a narrativa histórica escolar, de autoria de José Petrúcio de Farias Júnior e Ramonn Gonçalves de Moura, apresenta uma discussão necessária e importante sobre a História dos Cristianismos a partir de preocupações atuais, como o fundamentalismo religioso e a intolerância religiosa, tão presentes em nosso cotidiano. Os autores analisam a apresentação da história dos cristianismos nos livros didáticos e chegam à conclusão do quanto ainda é profundo o fosso entre aquilo que é ensinado nas escolas e as discussões recentes sobre a temática.

No quinto artigo “Mitologia, História e Cinema”: um projeto de extensão sobre recepção do mundo-greco romano em curso, Igor Barbosa Cardoso e Maria Cecília de Miranda Nogueira Coelho brindam-nos com a apresentação de um projeto amplo e audacioso (como todos devem ser) envolvendo Mitologia, História e Cinema, realizado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Muito mais do que a apresentação do projeto, os autores oferecem um magnífico quadro teórico de análise da produção cinematográfica e de importantes questões atinentes ao estudo da recepção da cultura clássica. Trata-se de um convite desafiador (e tentador) àqueles que desejam repensar a História sobre novos e promissores alicerces, inserindo, sob bases acertadas, o cinema em sala de aula.

Em O Mediterrâneo Antigo: uma proposta didática Manuel Rolph Cabeceiras apresenta, em seus aspectos teórico-metodológicos e práticos, os resultados da construção de uma proposta de aprendizagem compartilhada nas turmas de “História Antiga” no 1º Período do Curso de Graduação em História da UFF de 2013 a 2019, centrada no Mediterrâneo como categoria de análise histórica nas áreas por ele abrangidas dos séculos XXIV a.C. a III d.C. O artigo além de apresentar análise inovadora sobre o Mediterrâneo Antigo, abre a possibilidade para um novo modo de se pensar e trabalhar em sala de aula o mundo antigo.

No artigo seguinte O II Concílio de Braga e Da Correção dos Rústicos contra o paganismo: entre a cultura escrita e a oralidade, de autoria de Vitor Moraes Guimarães e Márcia Santos Lemos, os autores apresentam uma análise muito rica sobre as formas utilizadas pela Igreja no processo de evangelização e difusão do cristianismo no Reino Suevo do VI século. A partir de múltiplas estratégias de conversão ao cristianismo, a Igreja alcançava tanto as baixas camadas do clero quanto as populações humildes e afastadas, na busca da consolidação do cristianismo e eliminação do paganismo.

O oitavo artigo, A pesquisa sobre Império Romano no Brasil: a Numismática e a Coleção do Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro (RJ), de Cláudio Umpierre Carlan, apresenta uma das mais instigantes e frutíferas fontes de pesquisa: a moeda. A partir da Coleção do Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro, o estudioso presenteia-nos com uma análise do Império Romano. Passeando pela história da Numismática, apontando suas possibilidades de pesquisa, ofertando-nos exemplos de como é possível extrair da fonte imagética um conhecimento profundo e sob diferentes aspectos da história dos romanos.

O artigo seguinte: Os sepultamentos secundários dos judeus e os ossuários judaicos: um breve debate sobre continuidades e rupturas dos padrões funerários na região da Judeia, dos autores Carolina Mattoso e Vagner Carvalheiro Porto, apresenta uma história que vem da província romana da Judeia, pouca conhecida entre nós. Tem o mérito de discorrer com profundidade sobre o sepultamento secundário de judeus e o uso de ossuário como modo para esse tipo de sepultamento. Sob tais bases os autores tentam ampliar o conhecimento das interações entre a província e os romanos e entender o próprio passado judaico.

Fechando o dossiê, no artigo O espaço como um contributo para a compreensão da tragédia e para a interpretação da História, Márcia Cristina Lacerda Ribeiro propõe a utilização do ‘espaço’ como categoria de análise útil para ampliar o entendimento sobre a tragédia grega e sobre a História. A partir de uma leitura antropológica do espaço, tomada de empréstimo de Amos Rapoport, o texto discute a interação entre espaço e comportamento, exemplificado a partir da análise do espaço da gruta, presente na tragédia Íon de Eurípides.

Com esse dossiê, reforçamos nossa perspectiva de que o estudo da História Antiga e Medieval deve ser encarado como um laboratório, com uma enorme diversidade de formas socioculturais das experiências dos homens e mulheres ao longo da história. O afresco de Luca Giordano, “O barco de Caronte, o Sono da noite e Morfeu”, do século XVII, capa da nossa revista, é uma leitura da Antiguidade formulada em outro contexto histórico, por meio de uma linguagem própria, uma forma de apropriação e usos do passado que coloca em tela o interesse que o antigo e o medievo têm despertado ao longo do tempo. Que assim continue….

Nossos agradecimentos a todos os autores que nos presentearam com seus belíssimos trabalhos.

Boa leitura!

Alexandre Galvão Carvalho – Doutor em História Social pela Universidade Federal Fluminense. Professor Pleno do Departamento de História da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Brasil. E-mail: [email protected]

Fábio de Souza Lessa – Doutor em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor Titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, vinculado ao Laboratório de História Antiga e ao Programa de Pós-Graduação em História Comparada (PPGHC) do Instituto de História da UFRJ e ao Programa de Pós-Graduação em Letras Clássicas (PPGLC) da Faculdade de Letras da UFRJ. Brasil. E-mail: [email protected]

Márcia Cristina Lacerda Ribeiro – Doutora em História Econômica pela Universidade de São Paulo; Pós- doutora em Arqueologia Clássica pela Universidade de São Paulo. Professora da Universidade do Estado da Bahia (na Graduação em História e no Programa de Pós-Graduação em Ensino, Linguagem e Sociedade). Pesquisadora do LABECA / MAE / USP e do NHIPE / CNPq. Brasil. E-mail: [email protected]


CARVALHO, Alexandre Galvão; LESSA, Fábio de Souza; RIBEIRO, Márcia Cristina Lacerda. [História Antiga e Medieval no Brasil: pesquisa e prática de ensino]. Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino. Caetité, v.2, n.6, jul. / dez., 2020. Acessar publicação original [DR]

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Educação, Cultura e Identidade em perspectiva / Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino / 2020

Atônitos, fomos surpreendidos por poderoso inimigo a atacar por todos os lados. Não se trata de nenhuma nação com seu poderoso arsenal nuclear, mas de estranho organismo, letal e microscópico, a igualar – em um mundo de desiguais – todos os seres humanos, com sua carga mortífera: o Sars-CoV-2. Aos graves problemas que o nosso país enfrenta, somaram-se a Pandemia do Novo Coronavírus e suas trágicas consequências. Findando 2020, o ano que marcará indubitavelmente a primeira metade do século, assistimos desolados ao aumento das mortes a bater novos recordes, passando de mil por dia. Mas a esperança chega em pequenas doses – uma vacina. Nesta manhã de 18 de dezembro de 2020 acompanhamos, pela televisão, um avião pousando no aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo, trazendo dois milhões de doses de vacina contra a covid 19. Tendo escapado os males do mundo, na caixinha de Pandora restava a esperança, tal qual nessa aeronave a transportar a combatente aniquiladora do inimigo. Rendamos homenagem àqueles heróis, anônimos ou não, que em seus laboratórios dedicaram todo o seu tempo ao estudo do vírus e dos meios de combatê-lo, e seguem sem desanimar. Acreditemos na CIÊNCIA e na EDUCAÇÃO.

Nesse turbilhão, chamado 2020, tivemos de nos adaptar, de descobrir meios de continuar contando as nossas histórias. A universidade, cujo espaço físico está silente, carente do fulgor dos seus jovens, devido ao isolamento social, continua a pulsar. Pulsa firmemente, apesar de todas as dificuldades: em seus vários projetos em andamento, nos inúmeros congressos virtuais, em suas bancas examinadoras de graduação, mestrado e doutorado, em suas aulas remotas, e na publicação de suas revistas científicas. Pulsa, enfim, com o símbolo que é seu por natureza – o da resistência.

É nesse cenário que apresentamos mais um número da nossa revista – Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino.

Condizente com sua proposta de tornar-se um espaço diverso, em que diferentes áreas do conhecimento dialoguem, apresentamos, em seu primeiro número de 2020, um conjunto de artigos e uma entrevista em que a interlocução entre História, Educação, Antropologia e Sociologia ficam evidentes e se atualizam em temáticas instigantes.

A Seção de Artigos conta com oito trabalhos. Abre a edição o artigo magistral – Axel Honneth e Paul Ricoeur su identità personale e lotta per il riconoscimento – de autoria de Vereno Brugiatelli. O artigo, que trata do conceito e das implicações da identidade pessoal e da luta por reconhecimento, descreve como Axel Honneth e Paul Ricoeur enfrentaram tal tema, focando na questão do Outro e da percepção ética de si mesmo, desembocando em conclusões sobre os desdobramentos sociais do reconhecimento mútuo. O artigo seguinte – Caetano Veloso, Gilberto Gil E Jorge Mautner: desafetos nas páginas d’O Pasquim – de autoria de Givanildo Brito Nunes e Milene de Cássia Silveira Gusmão – versa sobre a relação de disputa simbólica entre o jornal O Pasquim e os músicos brasileiros exilados durante a Ditadura Militar. O terceiro artigo, Linhas doutrinárias traçadas por Cubberley em gestões de Anísio Teixeira, assinado por Lívia Maria Goes de Britto e Jaci Maria Ferraz de Menezes, discute a influência de Ellwood Patterson Cubberley no pensamento de Anísio Teixeira. O quarto artigo, As políticas educacionais e a Educação de Jovens e Adultos, de Milene de Macedo Sena e Isabel Cristina de Jesus Brandão, discute as políticas educacionais para a Educação de Pessoas Jovens e Adultas no Brasil a partir de bibliografia especializada. Na sequência temos o artigo, A emergência da intelectualidade conservadora no sertão da Bahia: Alfredo Silva e João Gumes, assinado por Danielly Pereira dos Santos e Diego Raian Aguiar Pinto, analisa o pensamento de duas personalidades que atuaram em Caetité em períodos diferentes, mas conectados em seus escritos e intelectualidade. Segue o artigo Educação, música reggae e direitos sociais no Brasil, tendo como autores Iancarlo Almeida da Silva e Olívia Morais de Medeiros Neta, com abordagem inovadora sobre o Reggae, enquanto manifestação cultural brasileira, e seu diálogo com a crítica social e a com a Educação. O artigo seguinte – O ser e o fazer docente no ensino superior no Brasil: desafios contemporâneos, assinado por Laís Paula de Medeiros Campos Azevedo; Nara Lidiana Silva Dias Carlos; Arthur Cássio de Oliveira Vieira, toma como objeto de investigação a docência no Ensino Superior no Brasil, enfatizando o percurso formativo e as práticas pedagógicas. Encerrando a seção temos o artigo Direitos humanos e religiões: e se Deus fosse mesmo um ativista dos direitos humanos?, em que a autora, Ana Luiza Salgado Cunha, reflete sobre a obra de Boaventura de Souza Santos e a relação entre direitos humanos, religião e justiça social.

Na Seção de Entrevista, Edna Pinheiro Santos e Lília de Jesus Nascimento brindam o público apresentando a entrevista concedida pela professora e pesquisadora Dra. Elizabete Conceição Santana, uma das mais importantes pesquisadoras da atualidade no campo da História da Educação. Suas publicações constituem leitura obrigatória para àqueles que desejem conhecer esse campo do conhecimento.

Em tempos de pandemia e isolamento social que a leitura da Revista Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino seja um alento. Boa leitura!

Márcia Cristina Lacerda Ribeiro

Antonieta Miguel

Equipe Editorial


RIBEIRO, Márcia Cristina Lacerda; MIGUEL, Antonieta. Editorial. Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino. Caetité, v.1, n.5, jan. / jun., 2020. Acessar publicação original [DR]

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Domínios Teóricos da História Social e da Educação Histórica / Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino / 2019

Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino tem o prazer de apresentar ao público mais um número. São sete artigos e uma entrevista com temas que refletem os domínios teóricos da História Social e da Educação Histórica. Convém realçar que os textos aqui reunidos traduzem a atenção e o cuidado dos seus autores em provocar discussões que contribuam para o avanço e difusão de informações atinentes aos domínios teóricos.

Compõem a Seção de Artigos textos inéditos que reforçam a perspectiva interdisciplinar deste periódico, sendo eles: “A Representação da Cavalaria Medieval na Trilogia “O Senhor dos Anéis”, assinado por Geisy Stephany Lauton da Silva e Daniela Moura Rocha de Souza; “Há uma Lei específica que cria a profissão de professor no Brasil?” Escrito por Genivaldo Cruz Santos; “Alegorias da Justiça e a República Brasileira (Exercício de Leitura Iconológica), de autoria de Manuel Rolph Cabeceiras, Hiram Alem, Mateus Martins do Nascimento, Douglas Magalhães Almeida, José Luiz Rebelo e Renan Cardoso Galvão; “Espaço Urbano de Vitória da Conquista: lugar de oportunidades. Para quem?”, texto que tem como autores Priscilla Sandes Ferraz e Vilomar Sandes Sampaio; “Evolução e Expansão da Educação Superior no Brasil: uma revisão bibliográfica”, de autoria de Iracema Oliveira Lima e Sandra Regina Arruda; “O Sistema de Seleção Unificada (SISU) e a ausência de políticas de permanência estudantil: análise sobre o crescimento do número de convocações na Universidade do Sudoeste da Bahia – UESB, Campus de Vitória da Conquista – BA”, tendo como autores Ari Fernandes Santos Nogueira, Sheila de Araújo Paiva e Iracema Oliveira Lima; o artigo “Uma dose de História: cachaça de alambique e aguardente de coluna”, Tendo como autores Leonardo Milani Avelar Rodrigues, Andrea Gomes da Silva, Patrícia Beltrão Lessa Constant, Cristiane Patrícia de Oliveira e Alexandre Galvão Carvalho.

Além da seção de artigos, a Revista apresenta uma entrevista com o Professor Demerval Saviani. Fruto de uma conversa estabelecida com a professora Sidnay Fernandes dos Santos, por ocasião do V Seminário Interdisciplinar de Ensino, Extensão e Pesquisa, ocorrido na Uneb, Campus VI, Caetité, nos dias 28, 29 e 30 agosto de 2019, a entrevista apresenta sua trajetória como pesquisador e militante da educação, além de uma série de considerações sobre a importância da Educação como um campo relevante de pesquisa e combate por uma sociedade justa.

Como sempre, desejamos a todos aqueles que acessam e colaboram com a Revista uma excelente leitura! Nossa expectativa habitual é a de facultar aos leitores e aos pesquisadores debates que interessem às Ciências Sociais como a cultura, as diversas linguagens, a educação, dentre outros temas que se encontram em consonância com o que se propõe este periódico.

Genilson Ferreira da Silva

Márcia Cristina Lacerda Ribeiro


SILVA, Genilson Ferreira da; RIBEIRO, Márcia Cristina Lacerda. Editorial. Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino. Caetité, v.2, n.2, jul. / dez., 2019. Acessar publicação original [DR]

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História e memória da educação / Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino / 2019

Este volume da Revista Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino é dedicado ao tema “História e memória da educação”. Para tanto, tecemos algumas considerações a respeito das próprias noções de história e de memória. O alargamento e a aceleração da produção de estudos em ambos os campos, tem engendrado uma certa fusão e confusão entre as mesmas (SILVEIRA, 1996, p. 15).

Pierre Nora nos demarca que memória e história não são sinônimos, mas conceitos opostos. Na força de suas palavras:

A memória é a vida, sempre carregada por grupos vivos e, nesse sentido, ela está sempre em evolução, aberta à dialética da lembrança e do esquecimento, inconsciente de suas deformações sucessivas, vulnerável a todos os usos e manipulações, susceptível de longas latências e de repentinas revitalizações. A história é a reconstrução sempre problemática e incompleta do que não existe mais (NORA, 1993, p.1).

Autores que estudam a memória (BOSI, 1979; NORA, 1984; HALBWACHS, 1990; POLLAK, 1992; LE GOFF, 1996; KESSEL, 2016) assinalam que a rememoração individual se faz na tessitura das memórias dos diferentes grupos com que nos relacionamos. O indivíduo carrega em si a lembrança, mas a ação de lembrar é feita na interação com a sociedade, com grupos e instituições em que participa. É no contexto destas relações que construímos as nossas memórias.

A produção da história, por outro lado, ultrapassa o registro do depoimento, das informações contidas nas mais diversas materialidades, e se volta para a reflexão teórica e metodológica na construção do conhecimento. Para André Burguière o que confere valor ao trabalho do historiador não é a qualidade das fontes que ele conseguiu descobrir, mas a capacidade praticamente infinita de interrogá-las (1993, p. 54).

No campo da história e memória da educação podemos tratar da cultura difundida e praticada na instituição, enfocando também as práticas educacionais. Podemos igualmente pensarmos na reconstrução da memória audiovisual e documental por meio da seleção de fontes iconográficas, como fotografias, plantas arquitetônicas, filmes, entrevistas e documentação escrita. Há a possibilidade também de valorizarmos a rede de configurações socioculturais estabelecidas pelo corpo docente e discente, trabalhando-se com a memória coletiva.

Pari pasu, neste volume são apresentados 13 (treze) artigos que discorrem sobre história e memória a partir de temáticas alusivas aos acervos e fontes, a história do ensino e suas práticas pedagógicas, agentes e instituições educativas.

Aproveitamos para desejar uma boa leitura a todos e que a temática do volume inspire novos pesquisadores a realizarem investigações no campo da história da educação.

Referências

BOSI, Ecléa. Memória & sociedade: lembrança de velhos. São Paulo: T.A. Editor, 1979.

BURGUIÈRE, André. Dicionário das Ciências Históricas. Rio de Janeiro: Imago, 1993.

HALBWACHS, M. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990.

LE GOFF, J. História e Memória. 2. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 1996.

KESSEL, Zilda. Memória e memória coletiva. Disponível em: acesso em 28 / 04 / 2016

NORA, Pierre. Les Lieux de mémoire. Paris: Gallimard, 1984, v. 1.

NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Proj. História, São Paulo, (10), dez. 1993.

POLLAK, M. Memória e identidade social. Estudos Históricos, v. 5, n.10, 1992

SILVEIRA, Rosa Maria Godoy. Recuperar a memória, fazer história. In: Debates Regionais III: Fazer História, (des) construção e (in)certeza. João Pessoa: Almeida Gráfica e Editora Ltda / NDIHR / ANPUH,1996.

Olivia Morais de Medeiros Neta

Maria Inês Sucupira Stamatto

Genilson Ferreira da Silva

Marcia Cristina Lacerda Ribeiro


MEDEIROS NETA, Olivia Morais de; STAMATTO, Maria Inês Sucupira; SILVA, Genilson Ferreira da; RIBEIRO, Marcia Cristina Lacerda. Apresentação. Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino. Caetité, v.1, n.3, jan. / jun., 2019. Acessar publicação original [DR]

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