Historiografia e Ensino de História | Revista Territórios & Fronteiras | 2021

A produção de um conjunto de trabalhos que tome as relações entre historiografia e ensino de História como objeto de análise insere-se na tradição da produção bibliográfica acerca do ensino de História que tem envolvido, principalmente, os debates e reflexões que vêm sendo produzidos por historiadores e professores no âmbito de instituições de pesquisa e ensino, ou como partícipes de debates em torno de programas ou políticas educacionais. Ademais, envolve também um conhecimento historicamente produzido, resultante de projetos e propostas de investigações, experiências e práticas concretas. Do ponto de vista do arcabouço teórico os trabalhos sugerem a opção e adesão aos fundamentos teóricos e filosóficos da ciência da História como referenciais para reflexões, investigações e debates. Esta opção e adesão tem caracterizado, de maneira específica, a qualidade e a especificidade para um recorte diferenciado da produção no âmbito do Ensino de História. Uma das principais contribuições a este debate tem sido o princípio indicado pelo historiador Jörn Rüsen acerca da Didática da História como ciência da aprendizagem histórica, porqueela produz de modo científico (especializado) o conhecimento necessário e próprio à história, quando se necessita compreender os processos de aprendizagem e lidar com eles de modo competente. Ou, todo conhecimento acerca do que seja a aprendizagem histórica requer o conhecimento do que seja história, daquilo em que consiste a especificidade do pensamento histórico e da forma científica moderna em que se expressa. No cerne da questão está a capacidade de pensar historicamente, a ser desenvolvida nos processos de educação e formação. Leia Mais

Metodologia da pesquisa em Educação Histórica | Educar em Revista | 2019

A História é uma recolha de experiências”1

A escolha do tema “Metodologia da pesquisa em Educação Histórica”, sugerido ao dossiê, pode causar, aos mais experimentados leitores da História e do seu ensino, uma certa inquietude. No entanto, o leitor saberá também que há várias maneiras de se pensar a História, pensar o ensino de História e, portanto, a pesquisa historiográfica e a pesquisa sobre o ensino de História. Todos que, de alguma forma, passaram pela formação inicial de historiador, recordam-se das reflexões de Marc Bloch sobre o ofício de historiador e de como era caro, ao autor, o compromisso com o rigor metodológico da investigação histórica. Mas não só: para além do rigor científico, para Bloch, “o historiador é chamado a prestar suas contas. Não se aventurará a fazê-lo sem um pequeno estremecimento interior: qual o artífice, envelhecido no ofício, que nunca perguntou a si mesmo, com o coração apertado, se fez uso avisado de sua vida” (BLOCH, s/d., p. 11). O mesmo historiador, ao se apresentar a um público de jovens alunos do Liceu de Amiens, em 1913, diz: “Como sabeis, sou professor de história (…)”, demonstrando, assim, a preocupação em expandir a natureza desse ofício (BLOCH, 1998, p. 21). Leia Mais