Imagem e reflexo. Religiosidade e Monarquia no Reino Visigodo de Toledo (séculos VI-VIII)

O campo historiográfico brasileiro atravessou, nas últimas décadas, um amplo e profundo processo de consolidação e expansão. Essa dinâmica, amparada fortemente no crescimento do ensino superior no país, tanto em cursos de graduação e principalmente na pós-graduação, cria as condições para que a historiografia nacional avançasse em termos teóricos e metodológicos, mas também ultrapassasse as fronteiras temáticas que tradicionalmente limitavam os estudos históricos.

No bojo deste processo assistimos senão a emergência, mas com certeza o estabelecimento e a consolidação dos estudos históricos voltados para temáticas vinculadas a Antiguidade e o Medievo. As dissertações de mestrado, as teses de doutorado, artigos e livros se multiplicaram, ainda que aquém do desejável, abordando uma vasta gama de questões que se debruçam desde aos problemas da economia mesopotâmica até a santidade na realeza portuguesa no alvorecer da modernidade. Leia Mais

Organização do episcopado ocidental (séculos IV-VIII): discursos, estratégias e normatização | Leila Rodrigues da Silva, Rodrigo dos Santos Rainha e Paulo Duarte Silva

Os estudos medievais têm se desenvolvido bastante no Brasil nas últimas décadas. Em boa parte dos programas de pós-graduação disponíveis em nossas universidades, é possível encontrar especialistas em história ou literatura medievais, o que permite a ampliação das possibilidades de formação e aperfeiçoamento de novos profissionais dedicados ao trabalho nesse campo do conhecimento. A consolidação do mesmo pode ser constatada observando-se o crescimento da produção de livros, teses de doutoramento, dissertações de mestrado e artigos científicos a ele relacionados. Tal produção somente tem sido possível graças à ação de laboratórios e grupos de trabalho dedicados aos estudos medievais que atualmente funcionam no âmbito das principais universidades brasileiras. Esse é o caso do PEM – Programa de Estudos Medievais, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, laboratório que há cerca de duas décadas tem contribuído para a formação de novos medievalistas nos cursos de graduação e pós-graduação em História dessa universidade.

Um bom exemplo disso é o livro Organização do episcopado ocidental (séculos IV-VIII): discursos, estratégias e normatização, organizado por Leila Rodrigues da Silva, Rodrigo dos Santos Rainha e Paulo Duarte Silva, todos pesquisadores do PEM. A obra em questão reúne trabalhos de alunos dos cursos de Mestrado e Doutorado do Programa de Pós-Graduação em História Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro, todos eles relacionados a projetos desenvolvidos no âmbito do PEM. As temáticas abordadas, a documentação trabalhada e os recortes teórico-metodológicos adotados refletem as preocupações centrais desse grupo de pesquisa, servindo como uma significativa amostra do conjunto das investigações em curso. Leia Mais

Imagem e Reflexo: Religiosidade e Monarquia no Reino Visigodo de Toledo (Séculos VI-VIII) | Ruy de Oliveira Andrade Filho

Com Imagem e Reflexo: Religiosidade e Monarquia no Reino Visigodo de Toledo (Séculos VI-VIII), São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012, de autoria de Ruy de Oliveira Andrade Filho, a Edusp presta-nos a nós medievalistas – e aos historiadores em geral – um grandioso serviço, fazendo renascer para a vida um dentre os milhares de exemplares de teses que, elaboradas com afinco e dedicação por estudiosos de programas de pós-graduação de todo o país, jazem condenadas a dormitar nas estantes empoeiradas dos recônditos das bibliotecas universitárias, fadadas ao silêncio e ao esquecimento.

Baseada em sua tese de doutorado,1 Imagem e Reflexo… dedica-se à análise das relações entre a(s) religiosidade(s) e a monarquia no reino visigodo da Hispânia, desde a conversão de Recaredo ao credo niceno, celebrada no III Concílio de Toledo, em 589, até a conquista muçulmana da Península Ibérica, em 711. Segundo o autor,2 o desfecho deste processo ocorreria no citado concílio, quando tem início a elaboração de uma teoria da realeza que, por seu turno, ficaria mais bem configurada na reunião seguinte, realizada no ano de 633. Leia Mais