Histórias da arte sem lugar | ARS | 2021

Histórias da arte sem lugar, tal como nomeamos esta edição especial, propõe o exame da disciplina História da arte à luz dos principais problemas que se apresentam hoje ao campo da arte. Fundamentalmente, perguntamos sobre a relevância (ou não) da História da arte no debate contemporâneo da arte e da cultura, motivados pela constatação de que as últimas décadas testemunharam o surgimento de novas práticas de escrita sobre arte, dificilmente assinaláveis ao modelo tradicional da disciplina. A iniciativa de organizar um número especial da ARS sobre o tema surgiu da proposta das editoras Liliane Benetti e Sônia Salzstein e dos doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Comunicações e Artes (PPGAV-ECA) da USP Leonardo Nones e Lara Rivetti, junto a um grupo de estudantes de graduação e pós-graduação em artes visuais do Departamento de Artes Plásticas da ECA. As discussões realizadas pelo grupo desde o início de 2020 também contribuíram, de modo decisivo, para a realização desta edição.

Em meio a tais discussões, nos dávamos conta, com certa perplexidade, que muito da melhor literatura produzida entre as décadas de 1990 e 2010 sobre arte – tomemos como exemplo a arte moderna, um dos objetos caros à historiografia, notavelmente revisitado no período – não havia sido produzida sob os auspícios de uma literatura acadêmica, mas aparecera em catálogos de exposições, isto é, em contextos que impunham o confronto rente com as obras, e que levavam os autores à revisão ad hoc dos métodos e pressupostos consagrados na abordagem histórica da arte moderna – como também, e por consequência, à construção de novos instrumentos de análise. Ficava claro que dessa experiência haviam resultado leituras estimulantes da arte, e o formato ensaístico dos textos certamente terá permitido incursões sem muita cerimônia por outros campos disciplinares, sem as mediações e protocolos que a pesquisa acadêmica impunha. Leia Mais

Membranas: intersecções entre arte, ciência e tecnologia | ARS | 2019

Não é tarefa simples explicar a escolha do título que nomeia este dossiê especial ao qual Ars dedica sua 35ª edição, tampouco dar conta da singularidade de que o termo membrana aí se reveste, uma vez que uma definição descontextualizada não atenderia às expectativas desta proposta. As duas principais referências que nos levaram a tal enunciado remontam aos anos 2000. A primeira é o livro The postdigital membrane – imagination, technology and desire1, de Robert Pepperel2 e Michael Punt. Para estes autores, membrana seria um conceito capaz de abranger tanto o estado contínuo da realidade – que não deveria ser sacrificado por conveniências conceituais – quanto as mudanças que vêm ocorrendo com a digitalização da informação. Adjetivaram ainda o conceito como membrana pós-digital, apesar de reconhecerem tratar-se de título polêmico, pois procuravam naquele momento reconhecer o estado da tecnologia e a necessidade de novos modelos conceituais que pudessem descrever/reconhecer as intersecções entre arte, computação, filosofia e ciência sem se deixar driblar por binarismos, determinismos ou reducionismos. A metáfora utilizada pelos autores refere-se a uma membrana biológica, que dá forma a fenômenos complexos, ao mesmo tempo que possibilita continuidade e trânsito entre eles. Seria algo como uma malha transparente capaz de conectar, dividir, separar e, ao mesmo tempo, integrar elementos3.

A segunda referência é o livro Information arts: intersections of art, science, and technology de Stephen Wilson4. Neste compêndio, o autor oferece uma pesquisa abrangente de artistas que trabalham nas fronteiras entre arte, investigação científica e tecnologias emergentes. Wilson, no prefácio de seu livro, relata que, em seu último ano na Antioch College (detalhe: cursava faculdade na área de Humanidades/ Ciências Sociais, em 1967, em Yellow Springs, Ohio, EUA), resolveu que, para fazer seu trabalho de conclusão, iria aprender como o rádio funcionava, mesmo não tendo nenhum conhecimento técnico prévio. Por fim, aprendeu algumas coisas que seriam até mais importantes:

That the mystification of science and technology was unjustified; that scientific principles were understandable, just like ideas in other fields; and that technological imagination and scientific inquiry were themselves a kind of poetry – a revolutionary weaving of ideas and a bold sculpture of matter to create new possibilities.5 Leia Mais

ARS | USP | 2003

ARS Artes visuais ARS

Em sua política editorial, a Ars  (São Paulo, 2003-) prioriza a publicação de material original e inédito, de modo que 80% dos artigos e os ensaios visuais especialmente concebidos para a revista decorrem, necessariamente, de pesquisas acadêmicas e artísticas novas. Ao lado de textos inéditos, é parte de sua política editorial a republicação periódica de textos fundamentais de história, teoria e crítica de arte, lançados há muito, no intuito de recuperar fontes relevantes de pesquisa bibliográfica para o uso nos cursos de graduação e de pós-graduação.

Como iniciativa acadêmica, nascida numa escola de artes, a revista abre-se à discussão do problema da formação, não apenas aquela dos estudantes que pretendem se tornar artistas, professores, educadores ou teóricos, mas também a formação de uma experiência de criação e reflexão, capaz de favorecer a constituição de pontos de vista emancipados no ambiente globalizado da cultura contemporânea.

A missão editorial da Ars consiste em 1) incentivar a produção artística e cultural brasileira em geral; 2) oferecer a artistas, professores de arte e pesquisadores atuantes no Brasil e no Exterior, em início de carreira ou com trajetórias profissionais já consolidadas, o fórum privilegiado de debate e intercâmbio de conhecimentos que a vida acadêmica pode propiciar; 3) constituir-se em uma instância de crítica e revigoramento recíprocos para o meio acadêmico e artístico e cultural, favorecendo uma presença propositiva da Universidade na sociedade brasileira; 4) buscar o nível da excelência acadêmica na pesquisa artística, cultural e científica; 5) incentivar o diálogo das artes visuais com outras áreas da produção cultural e científica e 6) formar um público leitor na área especializada da arte e da cultura, público ainda incipiente no ambiente brasileiro.

Periodicidade quadrimestral (a partir de 2017).

Acesso livre

ISSN: 1678-5320 (Impresso)

ISSN: 2178-0447 (Online)

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