Arquitertúlia: Prosa em construção – Contos de humor não edificantes | Manoel Vaz Gomes Corrêa

Arte sobre a capa de Arquiteertulia de Manoel Vaz 2 Arquitertúlia
Arte sobre a capa de Arquiteertulia, de Manoel Vaz

Há pouco tempo, 25/08/2021, recebi um e.mail de um antigo colega de ginásio no Colégio dos Maristas no Rio de Janeiro. Manoel Vaz Gomes Corrêa, o Nel Vaz, carioca, 75 anos, arquiteto, cartunista e ilustrador. Casado, dois filhos, três netos. Em função das quarentenas e isolamentos provocados pela pandemia são vários os ex-alunos que nos procuram via remota São palavras do autor Manoel Vaz:

“Um livro (já sinto suas contrações), era o que faltava, pois na prancheta, fiz muitas plantas, que estão aí até hoje, regando ou não regando. Quanto a plantar na terra, lembro-me de que na instituição onde trabalhei, em cada projeto inaugurado, plantávamos mudas de pau-brasil, pra compensar o que levaram na marra. Desse modo, posso dizer também que já fui uma espécie de pau pra toda obra”. Leia Mais

Aquela água toda | João Anzanello Carrascoza

Durante os processos de leitura e estudo do doutorado1, encantei-me com a literatura do escritor João Anzanello Carrascoza. E em consonância com o encantamento, o desejo de compartilhar com outras pessoas as delicadezas de suas narrativas aconteceu quase naturalmente. Como um rio querendo desaguar, como o autor mesmo conta em suas prosas sobre a vida.

Inicialmente escrevi sobre Aos 7 e aos 40, um belíssimo livro relançado em 2018 e que foi muito importante na definição de caminhos de minha pesquisa, que buscou, entre outras reflexões, afirmar a importância da vida na escola e como a vida reluz nos encontros escolares em muitas linguagens diversas, especialmente nos textos escritos dos estudantes. No livro, percebi o belo encontro de tempos que dançam em nossas subjetividades, nos compondo e recompondo nas estações da vida. É um brilho que reluz nas menores coisas. Leia Mais

História da Maria do Céu na terra CFEA – (REF)

CENTRO FEMINISTA DE ESTUDOS E ASSESSORIA. História da Maria do Céu na terra. Brasília: CFEMEA, 2009. Resenha de: FLEISCHER, Soraya. Revista Estudos Feministas, Vol. 18, No. 3, setembro-dezembro – 2010.

Há algumas décadas, os movimentos feministas, brasileiros e internacionais, vêm tentando desenvolver argumentos e tecnologias para tratar do tema do aborto, seja simplesmente falando do tema, seja intervindo em grande escala pela descriminalização e/ou pela legalização da prática. Muitas iniciativas foram experimentadas, com maior ou menor sucesso, principalmente em termos de eficiência da comunicação.

Chega-nos, agora, um material que me chamou excepcional atenção pela sua criatividade e singeleza. O Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA) e a Rede de Desenvolvimento Humano (REDEH), com o apoio da Safe Abortion Action Fund (SAAF) do Governo britânico, lançaram no final de 2009 o livreto História da Maria do Céu na terra. Em 32 páginas, o material contém um conto mezzo ficcional (à frente explicarei esse ponto); informações estatísticas sobre a realidade do aborto; razões vividas pelas mulheres para interromper uma gravidez; razões para se ser a favor do aborto legalizado; um glossário das palavras recorrentes; e uma listagem de referências bibliográficas. Leia Mais

Contos e lendas da mitologia celta – LÉOURIER (S-RH)

LÉOURIER, Christian. Contos e lendas da mitologia celta. Tradução de Monica Stahel. São Paulo: Editora WMF/ Martins Fontes, 2008, 224 p. Resenha de: CAMPOSI, Luciana de.  Entre a História e a Memória dos  mitos e lendas celtas. sÆculum REVISTA DE HISTÓRIA, João Pessoa, [23] jul./ dez. 2010.

Mitos, lendas e contos folclóricos sempre foram guardiões da memória e, para algumas culturas que valorizavam sobremaneira a oralidade, essas narrativas também eram as responsáveis por transmitir a história. As narrativas mitológicas celtas2, que, na sua maioria vão apresentar as batalhas travadas entre deuses e monstros, homens e criaturas fantásticas, são narrativas fundamentais para se entender a dinâmica da sociedade celta na Irlanda. Todos esses contos que hoje lemos refletem, por assim dizer, a reverência que os celtas nutriam pela oralidade: conferiam um caráter quase que sagrado às palavras atribuindo a elas um aspecto mágico como é possível constatar em algumas narrativas como, por exemplo, em “A busca dos filhos de Tuireann” em que três jovens empreendem uma viagem pelos mares do mundo em busca de tesouros fantásticos e para se locomoverem apenas dizem: “– Barco de Mananann, já que estás sob nossos pés, leva-nos à Pérsia!” (p.45). São as palavras as responsáveis por conduzir os jovens a incontáveis aventuras, da mesma maneira que as palavras são usadas para transmitir o conhecimento, as tradições e, desta feita, perpetuar pela oralidade as tradições, a história e a memória. Leia Mais