O maior revolucionário das Américas: a vida épica de Toussaint Louverture | Sudhir Hazareesingh

A publicação do livro de Sudhir Hazareesingh diminui em alto nível a escassez de bibliografia disponível no Brasil acerca dos acontecimentos que eclodiram em agosto de 1791, conhecidos por Revolução Haitiana, que levou à abolição da escravidão em 1793 naquela lucrativa colônia francesa, fundando novos direitos para seus habitantes, e da qual resultou sua independência da França, em janeiro de 1804. Apesar das traduções para o português de livros como os de C. R. L. James e de Michael-Rolph Trouillot, este mais recente, e da publicação do de Marco Morel,1 ainda há pouca coisa sobre suas repercussões por aqui, mais especificamente, sobre como escravizados, libertos, senhores e autoridades policiais reagiram ao evento, revelando, a depender do protagonista, rebeldia, ameaça e medo de abalos à escravidão.2 Leia Mais

Raízes do conservadorismo brasileiro: a abolição na imprensa e no imaginário social | Juremir Machado da Silva

Em linguagem ágil, narrativa vertiginosa, Juremir Machado da Silva, em 38 capítulos, leva o leitor às páginas de jornais que interpretavam os significados dados por autores de notícias acerca do dia da abolição definitiva da escravidão no Brasil, e também eventos variados que ajudariam a compreender o 13 de maio de 1888. Contudo, os capítulos, cuja organização não compreendi o sentido, falam de tudo um pouco em termos de notícias da defesa ou ataque ao regime escravista. Como o livro não tem uma hipótese a ser trabalhada, uma questão a ser respondida, então, o leitor se depara com um circuito aberto de idas e vindas a jornais do século XIX: notícias sobre escravidão e situações ocorridas em anos posteriores, como o golpe militar-empresarial de 1964, e a ditadura então instalada, constituem boa parte do estilo narrativo da obra. Comentários para lá de genéricos e senso comum completam o quadro, como o da abertura do capítulo dezesseis: Leia Mais

Pelo prisma da escravidão: trabalho, capital e economia mundial | Dale W. Tomich

O século XIX foi palco do surgimento de uma combinação entre regimes de trabalho distintos dando impulso ao capitalismo industrial em sua fase de acentuação da divisão internacional do trabalho entre diferentes áreas administrativas nas Américas, no Caribe, na África e na Europa. Essa frase ainda pode causar certa estranheza tanto para os estudiosos das interações sociais relativas à mão de obra livre e assalariada, adotada nos meios de produção industriais, quanto para os que se debruçam nas análises das mais variadas formas em que o trabalho do escravo africano e de seus descendentes diretos assumiu nas Américas e no Caribe. Entretanto, esse não é um problema para Dale Tomich, mas sim o seu ponto de partida, a sua questão a ser explicada. Antes de tudo, vale dizer, ele não negou a possibilidade da existência daquela estranha, para alguns pesquisadores, combinação, como se fosse uma evitação de formas de relações patrão-empregado ou senhor-escravo e os seus papéis nos meios de produção e de escoamento das mercadorias. Para Tomich, não há como se compreender a produção capitalista de maneira independente do entendimento dos mecanismos em que são realizadas as trocas de mercadorias, isto é, perscrutando as diversas maneiras de produção de mais-valia, preço, compra e venda como chaves de leitura conceituais da construção de mercados por pessoas de carne e osso. Leia Mais