Engineers and the Making of the Francoist Regime | Lino Cmprubí

Both as a (cutting edge) piece of scholarly work in the arena of the History of Technology and as a (very refreshing) contribution to the much debated History of Spain during the years of the Francoist regime, Lino Camprubi´s Engineers and the Making of the Francoist Regime makes a not so usual read within either academic milieu. Indeed: a relatively good wealth of research has been devoted lately to the development of science and technology within the context of the various undemocratic political regimes of the 20th century, thus challenging the over-simplistic idea that science (or even a well-orientated science as Philip Kitcher would have it) keeps a privileged relationship to democracy. That this needn’t always be the case is something that a good deal of research work has made evident over the last two decades. Ranging from the pioneering narrative by Mark Walker on nuclear energy research in national-socialist Germany during WWII to the many/multitude of contributions about the “fascistization of science and technology” put forth by Tiago Saraiva, an increasingly respectable amount of scholars have located the focus on the avenues through which real science (perhaps sadly: one no so well orientated as Kitcher would hope for) interacts with the social and political contexts in which real scientists do, in fact, operate. Leia Mais

Jogos de Identidade Profissional: Os engenheiros entre a formação e a acção – MATOS (LH)

MATOS, Ana Cardoso de; DIOGO, Maria Paula; GOUZÉVITCH, Irina; GRELON, André Grelon (eds.). Jogos de Identidade Profissional: Os engenheiros entre a formação e a acção. Lisboa: Colibri, 2009. Resenha de: PINHEIRO, Magda. Ler História, n.60, p. 198-200, 2011.

1 O livro agora publicado inscreve-se num contexto de colaboração científica entre investigadores de dois centros de pesquisa portugueses, o Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades da Universidade de Évora e o Centro Universitário de História das Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e investigadores do Centro Maurice Halbwachs do CNRS. Esta colaboração que se tem estendido ao ensino é um exemplo de rede internacional temática e interdisciplinar com resultados muito positivos que se exprimem nesta publicação. A evolução das instituições de investigação faz aliás com que o Centro Universitário de História das Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa se tenha entretanto unido ao Centro de História da Ciência Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa formando um centro de maiores dimensões.

2 Jogos de Identidade Profissional: Os engenheiros entre a formação e a acção é um livro assumidamente trilingue em que se procuram os vectores através dos quais se elaborou a tomada de consciência da especificidade profissional dos engenheiros. Trata-se de uma publicação com avaliação científica de parte das comunicações apresentadas a um colóquio internacional que teve o mesmo título. Os estudos são originários de mais de 11 países e abarcam o período que vai dos finais do século XVIII à actualidade.

3 O tema também é aliciante já que aborda a identidade profissional dos engenheiros, grupo a que, na introdução, André Grelon atribui uma imagem social positiva. Questionando-se sobre a permanência de uma identidade comum, em face da multiplicação de tarefas e funções traduzida num trabalho cada vez mais diferenciado, conclui pela sua actual ausência. Cedo, refere-nos, a identidade colectiva foi atravessada por conflitos entre instituições e formações. Ao explicitar os conflitos de fronteiras e formações que presidiram à constituição desta, como de outras identidades profissionais, a abordagem aqui publicada distancia-se de epopeias ainda hoje comuns nesta área de estudos. Uma grande evolução tem porém vindo a afirmar-se e este livro denota-o.

4 O estudo comparativo ao nível internacional é, neste caso, particularmente adequado dados os traços comuns presentes nas diversas experiências nacionais. Traços ligados às formações e à precoce existência de organizações e certames internacionais. A estes tópicos acrescentaria as circulações de capitais que também favoreceram transferências culturais e identitárias.

5 Este livro foi organizado em cinco grandes eixos temáticos dos quais os dois primeiros dizem respeito às instituições de ensino e à formação de professores, o terceiro ocupa-se das áreas de acção profissional e o quarto às associações representativas da profissão de engenheiro. O quinto eixo de enfoque considera aspectos nacionais e imperiais de uma identidade profissional que, sendo baseada nas ideias de perfectibilidade e de progresso, se adequava particularmente à acção imperial.

6 Não é possível recensear as 26 comunicações presentes neste livro. Começarei por salientar a pertinência e novidade do conjunto das comunicações apresentadas pelos portugueses. Algumas são resultantes de estudos doutorais, outras de projectos colectivos. Salientarei pela sua novidade as comunicações de Rui Branco sobre o trabalho de campo dos engenheiros cartográficos, o de Ana Carneiro e Vanda Leitão sobre a profissionalização dos geólogos e a carta geológica de Portugal e ainda o de Paulo Simões sobre o debate entre arquitectos e engenheiros no Portugal da segunda metade do século XIX. Tiago Saraiva aborda o papel dos engenheiros na criação dos novos espaços madrilenos do século XIX sem nos trazer grandes novidades, pois a história do Ensanche madrileno é por demais conhecida. Também os investigadores sénior Maria Paula Diogo, Ana Cardoso de Matos e Álvaro Ferreira da Silva apresentam estudos muito relevantes sobre temas que já vinham focando ou trouxeram de novo. Maria Paula Diogo aborda o papel dos engenheiros na expansão colonial portuguesa.

7 Os estudos publicados abarcam o mundo mediterrânico, a Rússia, a República Checa, o México, o Brasil e a Tunísia. O mundo anglo-saxónico e a Alemanha ficam em grande medida de fora, salvo no estudo de Ian Inkster da Universidade de Trent que aborda comparativamente a emergência do papel dos engenheiros no registo de patentes, ou seja, como inovadores. Chama a atenção para o bem conhecido aumento do papel do Estado nos paises late comers. Em Inglaterra, a data da mudança de uma maioria de patentes registadas por artesãos para uma maioria de registos apresentados por formados em engenharia parece-lhe situar-se em torno de 1850. Em 1850-70 já 42% das patentes eram registadas por engenheiros, enquanto apenas 20% provinham de profissões tradicionais. Londres começou a ser a localização da maioria dos pedidos de registo no mesmo momento. Antes de 1860 a cultura da oficina seria ainda considerada em Inglaterra a melhor escola, emergindo a engenharia neste país em estreita simbiose com os meios artisanais. A identidade do engenheiro nasceu aqui no mesmo cadinho onde se afinavam as outras profissões qualificadas, uma cultura de saberes urbanos que não carecia tanto de certificação.

8 A emergência da engenharia como inovação, segundo o autor deste estudo, pode encontrar-se também em países como a Alemanha, em finais do século XIX. Em 1912 havia 3,4 milhões de patentes no mundo. Entre 1905 e 1910, só os alemães tinham registado 25.900 patentes noutros países, sendo seguidos pelos americanos com 25.200 e os britânicos com 16.800. A expansão do consumo de bens resultando, nos países precocemente desenvolvidos, de uma subida do nível de vida das classes médias estaria também ligada a uma nova estética – a do movimento Arts and Crafts – trazendo um renovar do trabalho artisanal e da invenção a este associada.

9 Mesmo na Alemanha 70% dos aprendizes estariam, entre 1850 e 1914, empregues em pequenas firmas mas tenderiam a mudar ao longo da carreira para firmas dominadas pela engenharia industrial. As escolas estatais que davam certificação foram apoiadas por um Estado confrontado com técnicas mais complexas e por isso mais aberto a arcar com os custos da inovação. Nestes casos o estatuto dos engenheiros destacava-se face ao dos artesãos.

10 A estes modelos o autor acrescenta o das nações coloniais onde a engenharia será uma poderosa alavanca, mas onde a identidade dos engenheiros naturais é posta em causa pelo poderio comercial, téncico e social dos colonizadores. Assim, o autor postula uma relação entre inovação e identidade dos engenheiros que não demonstra cabalmente, mas constitui uma interessante hipótese de pesquisa.

11 A problemática da constituição das ordens de engenheiros é também abordada sendo particularmente interessante a comunicação de Éric Gobe sobre os engenheiros tunisinos e a sua «ordem». Neste estudo mostra-se que a inscrição na «ordem», deixando de ser rentável – ou possível – para os jovens engenheiros, muito mais numerosos do que os fundadores, faz com que o seu monopólio desaba numa crise de representatividade. Um problema que podemos associar não à modernidade mas à pós-modernidade que parece tardar a ser integrada por uma profissão que se auto-associa ao progresso.

Magda Pinheiro – CEHC – Instituto Universitário de Lisboa

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Ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora | Bruno Latour

A recente edição em língua portuguesa do livro Ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora nos convida, a nós leitores brasileiros, à leitura de mais um trabalho de Bruno Latour. Particularmente, instiga-me saber por que, dentre tantos autores dos chamados estudos sociais da ciência, Latour tanto se destaca entre nós. Afinal este é o terceiro livro deste filósofo e professor do Centre de Sociologie de l’Innovation (CSI),1 aqui publicado.2 Muito embora, alguns haverão de retrucar, se trate de obras quase obrigatórias, uma vez presentes nas referências bibliográficas da maior parte dos trabalhos sobre as relações entre ciência, tecnologia e sociedade.

No entanto, Ciência em ação distingue-se de grande parte da produção anterior de Latour, lembrando que sua primeira edição, em língua inglesa, é de 1987 pela Havard University Press. Distingue-se por não ser um estudo denso de uma instituição de pesquisa ou de um fato científico, a exemplo dos precedentes Laboratory life (com Woolgar, 1979) e Les microbes: guerre et paix (1984). Não, aqui seguimos um Latour entretido com uma série de estudos de caso, alguns realizados por outros pesquisadores.3 Um Latour preso à tentativa de estabelecer as recorrências e as singularidades entre as situações e os contextos relatados nesses estudos, para então pensar nas problemáticas e métodos compartilhados por seus autores. Pensar, portanto, na possibilidade de um campo de pesquisa interdisciplinar dedicado às relações entre ciência, tecnologia e sociedade. Reivindicando, sobretudo, uma forma de análise não centrada no social nem só no técnico, porém capaz de respeitar a dinâmica não hierárquica e não-linear de suas imbricadas relações. Leia Mais

Engenheiros do tempo e as visões de Agamenon: História e Memória

Engenheiros do tempo e as visões de Agamenon: História e Memória. Resenha de: VANDERLEI, Kalina. CLIO – Revista de pesquisa histórica. Recife, v.16, n.1, p. 167-173, jan./dez. 1996.

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