O deus de Dawkins: genes, memes e o sentido da vida | A. Mcgrath

Esta resenha, apesar de referir-se à obra O deus de Dawkins, está alicerçada em dois teóricos: o biólogo Richard Dawkins e o teólogo Alister McGrath. Ressalva-se que se não fossem as obras de Dawkins, a obra resenhada aqui e, consequentemente, esta resenha não seriam possíveis, pois para McGrath escrever esse livro se respaldou nas obras de Dawkins de 1976 a 2003. O livro não trata apenas de uma refutação ao ateísmo, nem da sofisticada biologia evolucionista do biólogo, mas propõe-se a debater as supraconclusões que Dawkins extrai da teoria evolucionista, mais especificamente “as relativas à religião e à historia intelectual” (MCGRATH, 2008, p. 18).

O livro expõe dois lados antagônicos de Dawkins: o biólogo e o ateu. McGrath, de início, mostra a sua admiração pelo trabalho científico do biólogo, mas também as fragilidades de seu ateísmo supostamente científico: Leia Mais

Human natures — genes, cultures and the human prospect | Paul Ehrlich

Se você é um cientista social que não admite que as palavras ‘evolução’ e ‘cultura’ habitem a mesma frase — como fiz de propósito no título acima —, então não leia este provocativo livro de Paul Ehrlich. Mas se você é um cientista natural que acha que a genética explica sem maiores dificuldades todos os aspectos do comportamento humano, o conselho é o mesmo: não leia este livro. Ambos os tipos de leitores ficarão desconcertados e correrão o sério perigo de mudarem suas opiniões.

Paul Ehrlich tem autoridade para escrever um texto como esse, capaz de abalar as convicções dos dois lados da polêmica questão das relações entre a evolução biológica e a cultura humana. Biólogo, professor de estudos populacionais e de ciências biológicas da Universidade de Stanford California (EUA), ele é nada menos que um dos inventores da questão ambiental contemporânea. Escritor prolífico, é autor e co-autor de dezenas de artigos e livros, entre os quais figuram pelo menos dois clássicos da moderna literatura socioambiental das décadas de 1960 e 1970 — The population bomb e extinction: the causes and consequences of the disappearance of species —, que colocaram os temas da superpopulação e da extinção de espécies na pauta ambiental planetária. Ehrlich resumiu boa parte de suas próprias pesquisas biológicas e ambientais, em combinação com uma excelente exposição sobre os fundamentos da ecologia, num belo livro de divulgação científica traduzido para o português (O mecanismo da natureza, Campus). Foi também um dos primeiros cientistas a se empenhar publicamente na proteção da biodiversidade e na promoção do princípio de sustentabilidade ambiental das atividades humanas. Leia Mais