Memórias e Mortes de Imperadores romanos (I a.C. – VI d.C.) | História (Unesp) | 2020

Memórias e Mortes são dois temas que constantemente impulsionam questionamentos e pesquisas nos estudos das humanidades. A morte gera uma ausência e, certas vezes, o espaço vazio deixado pelo morto é parcialmente preenchido com discursos (escritos, esculpidos, proclamados…) sobre tal pessoa. A “busca pelo passado”, e uma idealização que vem com ela, pode explicar a frequência desses assuntos em nossas pesquisas. Nesta circunstância, observamos que os diversos documentos produzidos durante o Império Romano proporcionam diferentes pontos de vista para pensarmos nossa relação com a morte e com a memória que é elaborada sobre ela.

Conforme o estudioso das ideias, Paolo Rossi, “a memória (como bem sabia David Hume) sem dúvida tem algo a ver não só com o passado, mas também com a identidade e, assim (indiretamente), com a própria persistência no futuro” (ROSSI, 2010, p. 24). Na procura por identificação, por vezes, celebramos e lamentamos a morte através da construção de memórias que geram modelos positivos ou negativos de conduta. Portanto, memórias são discursos organizados por autores que desejam sistematizar o passado para a sua compreensão no presente. Neste ínterim, a memória é um dos suportes para o passado. Refere-se à elaboração de imagens sobre um passado, ou seja, é uma “memória manipulada” (RICOEUR, 2007, p. 93). Longe de serem elaborações neutras, as memórias respondem, sim, a objetivos determinados – normalmente por grupos que administram uma pequena região ou mesmo um país inteiro. Leia Mais

Debates Historiográficos sobre a Antiguidade e o Medievo / História e Cultura / 2013

A revista História e Cultura, atenta às pesquisas e ao debate acadêmico desenvolvido na História e em áreas afins, traz neste número especial um dossiê voltado ao estudo da Antiguidade e do Medievo.

As pesquisas acerca da Antiguidade e do Medievo vêm ganhando destaque crescente entre a pluralidade de temáticas de estudos no Brasil e no exterior. Dessa forma, essas investigações congregaram problemáticas, metodologias, discussões historiográficas e estudos de caso ímpares que demonstram as especificidades dessas áreas de pesquisa. Respeitando essas características, o dossiê se apresenta como um espaço de reflexão dos temas que abordam o recorte cronológico das denominadas Antiguidade e Medievalidade.

O tema “Debates Historiográficos sobre a Antiguidade e o Medievo” determina o fio condutor da abordagem dos trabalhos de pesquisa contemplados neste dossiê. Além de artigos que abordam a temática elencada para este número, contamos com a contribuição de entrevistas e resenha de livro, analisadas pela comissão de pareceristas conforme sua relevância historiográfica e sua pertinência acadêmica.

Nossos objetivos não são somente possibilitar, mais uma vez, o debate intelectual acerca do tema, mas também fortalecer uma rede de pesquisadores preocupados com a produção historiográfica elaborada no campo da antiguidade e medievalidade no Brasil e no exterior. Dessa forma, organizamos este dossiê em três partes: Entrevistas, Artigos e Resenha.

As duas Entrevistas que abrem o dossiê abordam, cada uma, os dois campos de pesquisa atendidos. A primeira foi direcionada ao Dr. Adolfo D. Roitman, diretor e curador do Santuário do Livro, uma ala do Museu Nacional de Israel, em Jerusalém. O entrevistador, o doutorando Fernando Mattiolli Vieira, nos traz notícias do trabalho desenvolvido pelo Dr. Roitman, bem como do local onde estão armazenados alguns dos manuscritos do mar Morto encontrados nas cavernas da região de Qumran. Outros dois entrevistadores, Prof. Dr. Ruy de Oliveira Andrade Filho e o doutorando Germano M. F. Esteves, por meio da entrevista com a Profª Drª Eleonora Del’Elicine, nos informam sobre os estudos acerca do Medievo na Argentina. Especialista sobre a Hispânia Visigoda, a Drª Del’Elicine nos mantém informados sobre as pesquisas medievais na Argentina e na Universidad de Buenos Aires, onde leciona.

Os trinta e um textos que compõem o dossiê estão organizados cronologicamente abordando uma pluralidade de discussões historiográficas sobre as denominadas, a saber: Antiguidade Clássica, Antiguidade Tardia e / ou Primeira Idade-Média, Alta Idade Média, Central e Baixa Idade Média, além da passagem do Medievo para o que entendemos historiograficamente como Idade Moderna.

Passível de percepção, os textos aqui selecionados e apresentados compreendem a perspectiva de diferentes olhares sobre as chamadas histórias Antiga e Medieval, na medida em que concentram intelectuais de diversas tendências acadêmicas em uma mesma obra, incluindo professores e alunos de pós-graduação de universidades brasileiras e estrangeiras. Nossa intenção foi exatamente essa: a de apresentar diferentes olhares, rótulos, percepções e entendimentos de História, mais especificamente no campo da Antiguidade e do Medievo.

De acordo com nossa proposta, informamos de uma forma breve os trabalhos que compreendem o presente dossiê: oito Professores Doutores locados em universidades públicas do país; quatorze doutorandos em História, dos quais onze pertencem a instituições nacionais e dois a programas de pós-graduação do exterior; dois mestres e sete mestrandos em História. Além de apresentar artigos de autores da instituição, ou seja, do Programa de Pós-graduação em História da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da UNESP, Campus de Franca; o terceiro número (especial) do segundo volume da revista História e Cultura apresenta, igualmente, pesquisas de dezoito instituições de ensino superior, a saber: Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB); Programa Cultures en Contacte a la Mediterrània do Departament de Ciències de l’Antiguitat i de l’Edat Mitjana da Universitat Autònoma de Barcelona (UAB); Programa de Pós-Graduação em História Medieval da School of History – University of Leeds, Reino Unido; Universidade de São Paulo (USP); Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP); Universidade Estadual de Londrina (UEL); Universidade Estadual Paulista (UNESP – Assis); Universidade Federal de Goiás (UFG); Universidade Federal do Alagoas (UFAL); Universidade Federal do Espírito Santo (UFES); Universidade Federal do Maranhão (UFMA); Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS); Universidade Federal do Paraná (UFPR); Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM – UBERABA); Universidade Federal dos Vales Jequitinhonha e Mucuri / Diamantina-MG (UFVJM) e Universidade Federal Fluminense (UFF).

Ao final, apresentamos a resenha do livro de Andrew Lintott confeccionada pelo doutorando Thiago Eustáquio Araújo Mota.

Agradecemos em nome de todos os membros do Conselho Editorial o constante apoio do Conselho do Programa de Pós-graduação em História no qual está locada a História e Cultura.

Desejamos a todos uma boa leitura!

Margarida Maria de Carvalho – Professora Doutora

Helena Amália Papa

Germano M. Favaro Esteves

Organizadores do dossiê


CARVALHO, Margarida Maria de; PAPA, Helena Amália; ESTEVES, Germano M. Favaro. Apresentação. História e Cultura. Franca, v.2, n.3 (Especial), 2013. Acessar publicação original [DR]

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