Povos Indígenas na América Portuguesa entre os Séculos XVI e XIX. Contatos Interétnicos, Agenciamentos e Territorializações | História (Unesp) | 2021

Indigenas no Brasil Povos indígenas
Povos Indígenas no Brasil | Foto: Kristian Bengtson – ISA

Por uma história indígena decolonial a partir das problemáticas do presente

Antes de adentrarmos naquilo que vem sendo pesquisado e publicado sobre os povos indígenas na história do Brasil, evidenciamos as historicidades dos povos originários pós-século XVI indo ao encontro da perspectiva de uma história decolonial que segue evidenciando as lutas, violações, conquistas de direitos dos homens e mulheres indígenas no passado com o olhar no presente.

Diante do exposto, afirmamos que hoje no Brasil existem cerca de 820 mil homens e mulheres indígenas, 305 grupos étnicos que se autoidentificam como povos indígenas, falantes de mais de 274 línguas diferenciadas. Apesar de representarem apenas 0,43% da população, os povos indígenas estão presentes em 80% dos municípios brasileiros, habitando 1.290 terras indígenas, sendo 408 homologadas e 821 em processo de regularização e/ou reivindicadas. As terras indígenas – demarcadas ou não – em sua quase totalidade encontram-se invadidas, depredadas e em processo de profunda devastação. Leia Mais

Memórias e Mortes de Imperadores romanos (I a.C. – VI d.C.) | História (Unesp) | 2020

Memórias e Mortes são dois temas que constantemente impulsionam questionamentos e pesquisas nos estudos das humanidades. A morte gera uma ausência e, certas vezes, o espaço vazio deixado pelo morto é parcialmente preenchido com discursos (escritos, esculpidos, proclamados…) sobre tal pessoa. A “busca pelo passado”, e uma idealização que vem com ela, pode explicar a frequência desses assuntos em nossas pesquisas. Nesta circunstância, observamos que os diversos documentos produzidos durante o Império Romano proporcionam diferentes pontos de vista para pensarmos nossa relação com a morte e com a memória que é elaborada sobre ela.

Conforme o estudioso das ideias, Paolo Rossi, “a memória (como bem sabia David Hume) sem dúvida tem algo a ver não só com o passado, mas também com a identidade e, assim (indiretamente), com a própria persistência no futuro” (ROSSI, 2010, p. 24). Na procura por identificação, por vezes, celebramos e lamentamos a morte através da construção de memórias que geram modelos positivos ou negativos de conduta. Portanto, memórias são discursos organizados por autores que desejam sistematizar o passado para a sua compreensão no presente. Neste ínterim, a memória é um dos suportes para o passado. Refere-se à elaboração de imagens sobre um passado, ou seja, é uma “memória manipulada” (RICOEUR, 2007, p. 93). Longe de serem elaborações neutras, as memórias respondem, sim, a objetivos determinados – normalmente por grupos que administram uma pequena região ou mesmo um país inteiro. Leia Mais

História da Colonização em Terras Paulistas: Dinâmicas e Transformações (Séculos XVI a XX) | História (Unesp) | 2020

As monções representam, em realidade, uma das expressões nítidas daquela força expansiva que parece ter sido uma constante histórica da gente paulista e que se revelara, mais remotamente, nas bandeiras. Força que depois impeliria pelos caminhos do Sul os tropeiros de gado, e que, já em nossos dias, iria determinar o avanço progressivo da civilização do café. Tomadas no seu conjunto, o historiador de hoje poderia talvez reconhecer, nessas formas, uma só constelação. (HOLANDA, 1994, p. 135)

Pensado em perspectiva diacrônica e dentro do quadro de expansão e consolidação do capitalismo mundial, o dossiê História da colonização em terras paulistas: dinâmicas e transformações (séculos XVI a XX) tem como objetivo congregar estudos dedicados aos enlaces específicos entre as trocas comerciais, os mundos do trabalho, a organização do espaço produtivo e a ordenação dos movimentos de população como prática política e econômica no território paulista ao longo de cinco séculos. Processo responsável pela integração e ampliação dos laços entre São Paulo e o mercado mundial e pelo desenvolvimento do mercado interno, que configurou certa diversidade da produção agrícola, muitas vezes obscurecida posteriormente pela grande lavoura exportadora. Leia Mais

Relações entre crime e gênero: um balanço | História (Unesp) | 2019

O presente dossiê reúne artigos que discutem crime e gênero em diferentes perspectivas, espaços e temporalidades. Recentemente, estudos que buscam problematizar as questões de gênero nas pesquisas históricas com fontes criminais têm ganhado destaque, significando a retomada de trabalhos que foram pioneiros na década de 80 do século XX. A importância de análises sobre os delitos femininos no cotidiano dos grupos populares, os papéis femininos, a constituição das masculinidades e o controle por parte das instituições estatais foram temas que ganharam destaque em pesquisas que hoje são consideradas referências sobre crime e gênero.

Nesse sentido, um dos primeiros trabalhos que pensou a relação entre tais temas através das fontes criminais foi o de Martha de Abreu Esteves (1989), Meninas Perdidas. Este estudo, bastante inovador na utilização das fontes criminais, analisa os padrões normatizadores da conduta sexual sugeridos por juristas e médicos, bem como os valores e normas presentes no cotidiano das relações amorosas dos grupos populares no Rio de Janeiro do início do século XX. Além do citado livro, destacam-se também, no campo da história e antropologia, os estudos de Raquel Soihet, Sidney Chalhoub, Magali Gouveia Engel, Sueann Caulfield e Marisa Corrêa. Todos eles já indicavam para a participação das mulheres nas ocorrências criminais, centrando a análise nas situações de controle da sexualidade, uma vez que apareciam com mais frequência em fontes desta natureza. Soihet (1989), no clássico Condição feminina e formas de violência, aborda as mulheres pobres e a questão da ordem urbana nas primeiras décadas da República. Com uma proposta inovadora para a época, a autora buscou analisar os aspectos variados do cotidiano das mulheres trabalhadoras, prostitutas, homossexuais e criminosas, questionando os estereótipos e apontando novas dimensões do comportamento das mesmas. Para além de apenas apresentar as vítimas enquanto objeto de controle e dominação, Soihet aponta para o exercício de poder feminino, suas perspectivas e resistências cotidianas, colocando em xeque os conhecimentos “científicos” sobre as mulheres e “desmitificando” representações universais acerca da passividade, docilidade, dependência e a natureza maternal das mesmas. Leia Mais

A imprensa francófona nas Américas nos séculos XIX E XX | História (Unesp) | 2019

O dossiê que ora vem à luz foi organizado pelos professores Valéria dos Santos Guimarães, Guillaume Pinson e Diana Cooper-Richet. Ele é o resultado da seleção de trabalhos apresentados no congresso internacional A imprensa francófona nas Américas nos séculos XIX e XX nos dias 7, 8 e 9 de novembro de 2018, no Instituto de Artes da UNESP, campus de São Paulo, evento que contou com a participação de pesquisadores de vários estados do Brasil e estrangeiros da França, Alemanha, Canadá, México, Argentina e Uruguai1 , então empenhados em fazer uma necessária revisão historiográfica acerca das novas abordagens sobre imprensa periódica francesa, situando-se igualmente na tradição de estudos sobre a importância da francofonia e da francofilia nas Américas.

Como se sabe, forma-se, do século XIX até meados do século seguinte, uma rede de leitores de periódicos em francês que se espalha por várias partes do mundo, incluindo o Brasil e demais países das Américas, território em que a cultura francesa teve acentuada proeminência. No Brasil, vários trabalhos demostraram de forma pioneira a dinâmica dessas trocas culturais. Sandra Nitrini (2018), em recente artigo sobre a produção na área da Literatura Comparada no Brasil, repassa a constituição de um campo que esteve ligado diretamente ao estudo das relações Brasil e França, citando vários autores que trabalharam o tema tais como Gilberto Pinheiro Passos, Leyla-Perrone Moisés e muitos outros bem referenciados pela autora. No campo da História, o nome de Mário Carelli se destaca em empreender uma história comparada entre os dois países, discorrendo de pintores viajantes a falanstérios, da diplomacia à circulação de imaginários, o que ele definia como uma “colonização pelas ideias” (CARELLI, 1994). Leia Mais

Movimentos migratórios no mundo Atlântico, séculos XIX e XX / História (Unesp) / 2017

O passado esquecido e o presente trágico

O presente número da revista História (São Paulo) está constituído por dois dossiês, vários artigos livres e resenhas de importância inequívoca para o enriquecimento da discussão historiográfica do Brasil e também no âmbito internacional.

O dossiê 1, foi organizado pelo professor Paulo Gonçalves da UNESP – Campus de Assis, sobre o título Movimentos migratórios no mundo Atlântico, séculos XIX e XX. É evidente a atualidade do fenômeno migratório, cada vez mais desafiador, dos grandes deslocamentos populacionais, vítimas de graves crises econômicas, guerras ou genocídio étnico em seus países. Não é preciso retroceder aos horrores do genocídio étnico realizado pelo Império Turco Otomano aos armênios ocorrido durante a Primeira Grande Guerra e nem mesmo ao massacre de Ruanda ocorrido em 1994 (PRUNER, 1999) ou ao holocausto ocorrido na Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Basta atentarmos para o conflito interno da Síria iniciado em 2011 que tem gerado uma enorme onda migratória de sírios e árabes, sem paralelo na história do Continente, desde a Segunda Guerra Mundial. Ou para o genocídio étnico dos rohingya em Myanmar, país budista liderado pela Nobel da Paz Suu Kyi que se escancara aos olhos dos organismos internacionais sem que nada de significativo aconteça. O presente dossiê propõe uma volta ao passado, discutindo os movimentos migratórios dos séculos XIX e XX com vistas à compreensão das catástrofes que estamos vivendo no século XXI. O passado tem que ser sempre lembrado para que os dramas contemporâneos não se transformem em banalidades que não afetam a sensibilidade dos governos, dos organismos internacionais e de nós mesmos. É assim que entendemos Hobsbawm quando diz que o ofício dos historiadores é cada vez mais importante, pois cabe a ele lembrar o que os outros esquecem (HOBSBAWM, p. 13).

É sob esta perspectiva que foram reunidos aqui artigos que discutem diferentes aspectos de grupos e indivíduos e suas experiências no plano das migrações transoceânicas. Os artigos aqui elencados evocam temas bastante atuais de investigação através enfoques teóricos e metodológicos diversos. Aqui são tratados temas relativos às desesperanças e frustrações de imigrantes das mais diversas partes do mundo ao chegarem ao Brasil e em outros países, e constatarem que nada do que lhes foi prometido era realidade. Em suas sociedades de adoção tiveram que se submeter à condição de trabalhadores semelhantes aos escravos africanos, enfrentando preconceitos e imensas dificuldades de inserção social. O tráfico de mulheres brancas para fins de prostituição também compõe este quadro de degradação humana. Um dos artigos aqui apresentado discute tal fenômeno delimitando o espaço temporal de fins do século XIX a inícios do século XX, mas sua autora adverte que experiências dessa natureza não se encerram no passado, mas se fazem sempre presente nos deslocamentos de massa que caracterizam a época contemporânea.

O professor André Figueiredo Rodrigues, da UNESP – Campus de Assis e o professor Germán A. de la Reza, da Universidade Autônoma Metropolitana do México foram os organizadores do dossiê 2, que abrigou artigos abordando o tema Livros, bibliotecas e intelectuais no mundo ibero-americano (séculos XVI ao XX). A temática proposta pelo dossiê atraiu a atenção de estudiosos nacionais e internacionais que abordam o assunto sob os mais variados aspectos. Recebemos artigos sobre a história, a posse de livros e as práticas de leitura no mundo Ibero-Americano que circularam nos dois lados do Atlântico e mesmo dentro do continente americano entre os séculos XVI e XIX.

A materialidade e a discursividade de autores e suas obras, acervos bibliográficos e documentais, a historiografia do livro no universo colonial, hábitos de leitura e informações e discussões sobre as fontes disponíveis foram alguns dos temas explorados pelos artigos publicados no dossiê. Ressalte-se a discussão sobre a metodologia de análise e interpretação de fontes documentais sobre os participantes do Movimento da Inconfidência Mineira e da Insurreição Pernambucana de 1817, desenvolvidas em seus artigos pelos professores André Figueiredo e Luiz Carlos Villalta,respectivamente. Mas estes são apenas dois exemplos dos trabalhos que discutiram com densidade e profundidade a proposta do dossiê.

Enfim, nas leituras dos artigos do dossiê 2 podemos encontrar discussões instigantes a respeito das práticas de leituras em suas diversas modalidades, ou seja, podemos constatar uma coleção indefinida de experiências de leitura enquanto liberdade interpretativa e enquanto prática criativa autônoma dos indivíduos (CHARTIER, p. 121-139).

Por fim, os artigos livres publicados por esta revista neste número são variados em seus tratos teóricos, metodológicos e temáticos. Deixamos aos leitores fazer sua própria apreciação ao invés de falarmos sobre cada um deles.

Queremos tributar nossos sinceros agradecimentos aos professores que organizaram os dossiês, aos pareceristas que não hesitaram em dar suas contribuições para que a revista preserve a boa qualidade oferecida aos leitores e aos autores que deram preferência à revista História (São Paulo) para a divulgação de seus trabalhos.

Referências

CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre práticas e representações. Lisboa, Difel, 1990. [ Links ]

PRUNER, Gérard. The Rwanda Crisis History of a Genocide. 2. Ed. Kamplala Fountain Publishers Limited, 1999. [ Links ]

HOBSBAWM, Eric. A Era dos extremos. O breve século XX, 1914-1991. São Paulo, Companhia das Letras, 1995. [ Links ]

José Carlos Barreiro 

Ricardo Alexandre Ferreira

Editores 


BARREIRO, José Carlos; FERREIRA, Ricardo Alexandre. Apresentação [O passado esquecido e o presente trágico]. História (São Paulo), Franca, v.36, 2017. Acessar publicação original [DR]

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Livros, bibliotecas e intelectuais no mundo ibero-americano (séculos XVI ao XX) / História (Unesp) / 2017

O passado esquecido e o presente trágico

O presente número da revista História (São Paulo) está constituído por dois dossiês, vários artigos livres e resenhas de importância inequívoca para o enriquecimento da discussão historiográfica do Brasil e também no âmbito internacional.

O dossiê 1, foi organizado pelo professor Paulo Gonçalves da UNESP – Campus de Assis, sobre o título Movimentos migratórios no mundo Atlântico, séculos XIX e XX. É evidente a atualidade do fenômeno migratório, cada vez mais desafiador, dos grandes deslocamentos populacionais, vítimas de graves crises econômicas, guerras ou genocídio étnico em seus países. Não é preciso retroceder aos horrores do genocídio étnico realizado pelo Império Turco Otomano aos armênios ocorrido durante a Primeira Grande Guerra e nem mesmo ao massacre de Ruanda ocorrido em 1994 (PRUNER, 1999) ou ao holocausto ocorrido na Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Basta atentarmos para o conflito interno da Síria iniciado em 2011 que tem gerado uma enorme onda migratória de sírios e árabes, sem paralelo na história do Continente, desde a Segunda Guerra Mundial. Ou para o genocídio étnico dos rohingya em Myanmar, país budista liderado pela Nobel da Paz Suu Kyi que se escancara aos olhos dos organismos internacionais sem que nada de significativo aconteça. O presente dossiê propõe uma volta ao passado, discutindo os movimentos migratórios dos séculos XIX e XX com vistas à compreensão das catástrofes que estamos vivendo no século XXI. O passado tem que ser sempre lembrado para que os dramas contemporâneos não se transformem em banalidades que não afetam a sensibilidade dos governos, dos organismos internacionais e de nós mesmos. É assim que entendemos Hobsbawm quando diz que o ofício dos historiadores é cada vez mais importante, pois cabe a ele lembrar o que os outros esquecem (HOBSBAWM, p. 13).

É sob esta perspectiva que foram reunidos aqui artigos que discutem diferentes aspectos de grupos e indivíduos e suas experiências no plano das migrações transoceânicas. Os artigos aqui elencados evocam temas bastante atuais de investigação através enfoques teóricos e metodológicos diversos. Aqui são tratados temas relativos às desesperanças e frustrações de imigrantes das mais diversas partes do mundo ao chegarem ao Brasil e em outros países, e constatarem que nada do que lhes foi prometido era realidade. Em suas sociedades de adoção tiveram que se submeter à condição de trabalhadores semelhantes aos escravos africanos, enfrentando preconceitos e imensas dificuldades de inserção social. O tráfico de mulheres brancas para fins de prostituição também compõe este quadro de degradação humana. Um dos artigos aqui apresentado discute tal fenômeno delimitando o espaço temporal de fins do século XIX a inícios do século XX, mas sua autora adverte que experiências dessa natureza não se encerram no passado, mas se fazem sempre presente nos deslocamentos de massa que caracterizam a época contemporânea.

O professor André Figueiredo Rodrigues, da UNESP – Campus de Assis e o professor Germán A. de la Reza, da Universidade Autônoma Metropolitana do México foram os organizadores do dossiê 2, que abrigou artigos abordando o tema Livros, bibliotecas e intelectuais no mundo ibero-americano (séculos XVI ao XX). A temática proposta pelo dossiê atraiu a atenção de estudiosos nacionais e internacionais que abordam o assunto sob os mais variados aspectos. Recebemos artigos sobre a história, a posse de livros e as práticas de leitura no mundo Ibero-Americano que circularam nos dois lados do Atlântico e mesmo dentro do continente americano entre os séculos XVI e XIX.

A materialidade e a discursividade de autores e suas obras, acervos bibliográficos e documentais, a historiografia do livro no universo colonial, hábitos de leitura e informações e discussões sobre as fontes disponíveis foram alguns dos temas explorados pelos artigos publicados no dossiê. Ressalte-se a discussão sobre a metodologia de análise e interpretação de fontes documentais sobre os participantes do Movimento da Inconfidência Mineira e da Insurreição Pernambucana de 1817, desenvolvidas em seus artigos pelos professores André Figueiredo e Luiz Carlos Villalta,respectivamente. Mas estes são apenas dois exemplos dos trabalhos que discutiram com densidade e profundidade a proposta do dossiê.

Enfim, nas leituras dos artigos do dossiê 2 podemos encontrar discussões instigantes a respeito das práticas de leituras em suas diversas modalidades, ou seja, podemos constatar uma coleção indefinida de experiências de leitura enquanto liberdade interpretativa e enquanto prática criativa autônoma dos indivíduos (CHARTIER, p. 121-139).

Por fim, os artigos livres publicados por esta revista neste número são variados em seus tratos teóricos, metodológicos e temáticos. Deixamos aos leitores fazer sua própria apreciação ao invés de falarmos sobre cada um deles.

Queremos tributar nossos sinceros agradecimentos aos professores que organizaram os dossiês, aos pareceristas que não hesitaram em dar suas contribuições para que a revista preserve a boa qualidade oferecida aos leitores e aos autores que deram preferência à revista História (São Paulo) para a divulgação de seus trabalhos.

Referências

CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre práticas e representações. Lisboa, Difel, 1990. [ Links ]

PRUNER, Gérard. The Rwanda Crisis History of a Genocide. 2. Ed. Kamplala Fountain Publishers Limited, 1999. [ Links ]

HOBSBAWM, Eric. A Era dos extremos. O breve século XX, 1914-1991. São Paulo, Companhia das Letras, 1995. [ Links ]

José Carlos Barreiro 

Ricardo Alexandre Ferreira

Editores 


BARREIRO, José Carlos; FERREIRA, Ricardo Alexandre. Apresentação [O passado esquecido e o presente trágico]. História (São Paulo), Franca, v.36, 2017. Acessar publicação original [DR]

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Escritos e Imagens do Mundo Luso-Brasileiro (séculos XIII-XVIII) / História (Unesp) / 2015

História (São Paulo), principal periódico editado pelos Programas de Pós-Graduação em História da UNESP de Franca e Assis, apresenta aos seus leitores uma nova edição (volume 34, número 1). Além de uma entrevista gentilmente concedida pela medievalista francesa Adeline Rucquoi, que se destacou como diretora de pesquisa do Centre de Recherches Historiques de L’École des Hautes Études en Sciences Sociales e que apresenta uma reflexão sobre sua trajetória como medievalista e sobre o estado dos estudos em história medieval na França atual, o número traz um instigante conjunto de textos dedicados à árdua tarefa de compreender a edificação, entre os séculos XIII e XVIII, de dois mundos que, ao longo de suas histórias, estiveram em vários aspectos fundidos ou, ao menos, articulados.

Resultado da colaboração de historiadores portugueses e brasileiros, o dossiê Escritos e Imagens do Mundo Luso-Brasileiro (séculos XIII-XVIII) conta com estudos que abordam aspectos políticos, sociais e culturais das sociedades portuguesa e brasileira e contemplam desde instrumentos administrativos até formas de saber partilhados ao longo dos séculos em questão. Da configuração do mundo urbano vista a partir de textos produzidos por órgãos e poderes administrativos portugueses dos séculos XIII ao XV, passando por outras facetas institucionais – como os instrumentos legais de justiça, a corregedoria do reino português, a centralização do poder, as medidas preventivas e as práticas terapêuticas – e pelo universo das crenças religiosas e políticas, o dossiê invade o terreno dos escritos e das imagens e sua força nos diálogos atlânticos.

Na seção de artigos de temática livre, o leitor deparar-se-á com diversos estudos sobre temas políticos e intelectuais. Entre os principais pontos abordados destacam-se: a difusão da propaganda fascista no Estado de São Paulo e suas consequências nas relações diplomáticas entre o governo brasileiro e Mussolini, entre as décadas de 20 e 40 do século XX; a peculiar interpretação do Estado Novo, realizada nos anos 40 pelo ideólogo e editor da revista Cultura Política, Almir de Andrade; e o estudo do Carimbó, “expressão típica da musicalidade cabocla do Pará e da Amazônia”. Ilustram ainda a seção análises sobre: as crenças e temores de homens e mulheres das Minas Gerais do século XVIII, as relações políticas entre o governador paranaense Ney Braga e o presidente João Goulart como pano de fundo do “golpe civil-militar de 1964” no Paraná; a relação entre a apropriação da terra e a criação de porcos na área da chamada Floresta Ombrófila Mista; e, finalmente, sobre a reforma da instrução pública colocada em prática nos anos 20 do século passado. O presente número da História (São Paulo), dando continuidade à sua proposta de difundir não apenas artigos originais, traz ainda sua já tradicional seção de resenhas.

O Conselho Editorial da História (São Paulo) gostaria, por fim, de agradecer ao CNPq e à Pró-Reitoria de Pesquisa da UNESP pelos suportes financeiros concedidos e, em especial, à Professora Livre-Docente Susani Silveira Lemos França, pesquisadora do PPG-História da UNESP de Franca, pelo empenho dedicado à publicação bilíngue do dossiê que nomeia esta edição.

José Carlos Barreiro – UNESP – Campus de Assis

Ricardo Alexandre Ferreira – UNESP – Campus de Franca 


BARREIRO, José Carlos; FERREIRA, Ricardo Alexandre. Apresentação. História (São Paulo), Franca, v.34, n.1, 2015. Acessar publicação original [DR]

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A escravidão e os novos mundos / História (Unesp) / 2015

É com enorme satisfação que tornamos público o volume 2 de 2015 da Revista História (São Paulo). Nesta edição, na seção de entrevistas e no seu dossiê, o tema escolhido é dos mais polêmicos e intensamente estudados por pesquisadores brasileiros, caribenhos e norte-americanos no último século. De saída, em uma entrevista gentilmente concedida a três pesquisadores da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), o premiado historiador norte-americano e um dos pioneiros estudiosos da história social da escravidão no Brasil, Stanley Julian Stein, brinda-nos com episódios marcantes de sua vida, de sua relação com o Brasil e de sua trajetória acadêmica. Na sequência, o dossiê A Escravidão e os Novos Mundos, que conta com ensaios produzidos por jovens e consagrados historiadores do Brasil e dos Estados Unidos, contribui com os debates especializados sobre o cativeiro de africanos e descendentes praticado nas Américas, oferecendo ao leitor um amplo e atual painel demonstrativo da proficuidade do tema e sugestivo para a construção de novas abordagens sobre as condições sociais, econômicas, jurídicas, políticas e culturais que concorreram na atualização e, posteriormente, na desnaturalização de uma instituição milenar.

Como é costume, a seção de temas livres desta edição da História (São Paulo) torna públicos estudos originais que certamente despertarão a curiosidade não apenas dos historiadores, mas dos interessados em geral. Os assuntos tratados vão desde o cotidiano e a administração de monastérios da Gália dos séculos IV e V, passando pelas relações entre política e epistolografia no século XI, até a dimensão pedagógica da literatura de viagens nos séculos XVIII e XIX. Encerram a seção três estudos sobre o Brasil do século XX, que abordam desde questões econômicas até sociais e culturais, tais como: o associativismo de trabalhadores fabris, a história da tradicional estrada de ferro que ligou os estados do Espírito Santo e Minas Gerais e, finalmente, a produção cinematográfica de São Paulo nas décadas de 20, 30 e 40.

O número, finalizado por sua habitual seção de resenhas, traz ainda duas ou três inovações que gostaríamos de divulgar. Após o cumprimento do período originalmente estabelecido de três anos de experiência com a sistemática produção de dossiês bilíngues (português e inglês), o conselho editorial constatou que a tradução para a língua inglesa alcançou resultados aquém dos esperados e que as contribuições de pesquisadores internacionais, acompanhadas da tradução para o português, mostraram-se mais frutíferas para ampliar a projeção e internacionalização do periódico. Acreditamos que tal medida oferecerá ao público leitor a possibilidade de inteirar-se das mais recentes produções internacionais da área e permitirá aprimorar a divulgação de pesquisas produzidas por colegas estrangeiros. A partir do ano de 2016, História (São Paulo) contará, em sua nova página na internet, com um moderno sistema on-line de acompanhamento – por parte dos autores, pareceristas e editores – de todas as fases de avaliação dos textos recebidos para publicação. Também, a partir do próximo ano, as seções de artigos de temática livre e resenhas passarão a ser publicadas em fluxo contínuo, o que possibilitará uma nova e mais eficiente dinâmica de recepção, avaliação e divulgação dos artigos publicados no periódico.

Para encerrar, o Conselho Editorial da História (São Paulo) gostaria de agradecer ao CNPq, à CAPES, à Pró-Reitora de Pesquisa da UNESP e à Direção do Campus de Franca da UNESP por proporcionarem os suportes financeiros indispensáveis à publicação deste número.

José Carlos Barreiro – UNESP – Campus de Assis

Ricardo Alexandre Ferreira – UNESP – Campus de Franca 


BARREIRO, José Carlos; FERREIRA, Ricardo Alexandre. Apresentação. História (São Paulo), Franca, v.34, n.2, 2015. Acessar publicação original [DR]

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Biografias, Memórias e Trajetórias / História (Unesp) / 2014

O presente fascículo da revista História (São Paulo) é iniciado pelo dossiê Biografias, Memórias e Trajetórias, organizado pelo professor Wilton Carlos Lima da Silva, do Departamento de História da Unesp / Assis. Esse dossiê é composto por autores do Brasil e de Portugal interessados no estudo dos condicionamentos políticos e culturais que incidem na construção dos relatos biográficos, na busca por fontes inovadoras para a pesquisa biográfica, assim como na reflexão do ofício do historiador dedicado à biografia.

Iara Lis Schiavinatto analisa o papel desempenhado pela imagem na consagração pública dos governantes luso-brasileiros, especialmente os participantes das Cortes Constituintes de 1820, a partir do exame de coleções de retratos confeccionados para fixar a memória oficial. A pintura também é tema do texto de Cristina Meneghello, a qual se debruça sobre a obra do pintor paranaense Eugenio de Proença Sigaud, com o propósito de reavaliar o legado de Sigaud pela confrontação da tradicional crítica artística com novos elementos aportados pela pesquisa histórica. A questão do exílio português é o centro dos dois textos seguintes. Heloísa Paulo discute as dificuldades e armadilhas metodológicas envolvidas na pesquisa biográfica dos exilados portugueses durante o Salazarismo e aponta para a necessidade de superar os relatos lineares e as memórias estabelecidas. Em seguida, Luiz Nuno Rodrigues analisa o exílio do general Antonio de Spinola, primeiro presidente da República de Portugal após a Revolução dos Cravos, que se refugiou no Brasil depois de se demitir do cargo e tentar voltar ao poder por meio de um frustrado golpe de Estado. Portugal ainda comparece em outro texto, de Elsa Lechner, dedicado a relatar a pesquisa biográfica de imigrantes que vivem atualmente nesse país e a refletir sobre as potencialidades e limites deste tipo de investigação. Quanto à Argentina, país prolífico na construção de mitos históricos, tem dois destes, dos mais proeminentes – Eva Perón e Ernesto Che Guevara – , examinados por Cecília López Badano, a qual procura compreender como a ficcionalização das suas biografias reconfigurou a percepção social, transformando-os em heróis martirizados. O dossiê é finalizado pela estimulante reflexão de Benito Bisso Schmidt a respeito das implicações éticas do trabalho do historiador biógrafo.

A seção de artigos livres traz duas contribuições relativas à história da administração da monarquia portuguesa. Armando Norte examina a formação do estamento burocrático nos séculos iniciais do Reino de Portugal, ao passo que Francismar Lopes de Carvalho se detém nas tensas relações dos funcionários e colonos da capitania de Mato Grosso com a Coroa portuguesa. Os setores populares são tematizados sob duas diferentes perspectivas. Beatriz Ana Loner estuda como a primeira extração da Loteria do Ipiranga, em 1880, incidiu sobre a vida de um conjunto de escravos e trabalhadores livres rio-grandenses. Por sua vez, Luis Reznik e Rui Aniceto Fernandes examinam as instituições que recebiam os imigrantes nas Américas, dedicando especial atenção ao Rio de Janeiro, em fins do século XIX. O Chile merece a atenção de dois autores. Manuel Loyola focaliza a chamada Buena Prensa, uma iniciativa do Vaticano para modernizar a imprensa católica no mundo, e analisa os seus desdobramentos na sociedade chilena. Por sua vez, Carlos Dominguez Ávila propõem uma original interpretação da repercussão internacional do golpe contra o governo de Salvador Allende, com base na documentação diplomática do Ministério de Relações Exteriores do Brasil. A seção é encerrada pelo artigo de Carimo Mohomed, dedicado a explorar o complexo papel desempenhado pelas correntes islâmicas na formação do estado paquistanês.

Este número é completado por uma resenha de livro a respeito da Espanha visigótica e por uma tradução de artigo do historiador espanhol Jaume Aurell, o qual dialoga com a temática do dossiê, em sua reflexão, a respeito das autobiografias elaboradas pelos historiadores.

Agradecemos pelo apoio do CNPq, da Pró-Reitoria de Pesquisa e dos Programas de Pós-Graduação em História da UNESP, que viabilizaram a tradução dos artigos e as diversas fases da editoração deste número.

José Luis Bendicho Beired

Jean Marcel Carvalho França

Editores


BEIRED, José Luis Bendicho; FRANÇA, Jean Marcel Carvalho. Apresentação. História (São Paulo), Franca, v.33, n.1, 2014. Acessar publicação original [DR]

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O Conflito Israelo-Palestino: História, Memória e Identidades / História (Unesp) / 2014

A revista História (São Paulo) se compraz em oferecer neste número elementos para a reflexão de uma das questões mais sensíveis do cenário internacional, o conflito israelo-palestino. Tema polêmico e pouco visitado pela comunidade acadêmica brasileira, é este abordado de forma criativa e multifacetada nos artigos do dossiê O Conflito Israelo-Palestino: História, Memória e Identidades, sob os cuidados do editor-convidado, professor Marcos Chor Maio, da Fundação Oswaldo Cruz.

A seção de artigos livres contempla a história do Brasil, de Portugal e da América Espanhola a partir de diferentes abordagens. No primeiro dos artigos, Fernando Tavares Pimenta discute a experiência de reforma da administração colonial portuguesa em Angola, entre 1961 / 1962, apontando as fissuras do bloco dirigente português e os fatores que concorreram para o fracasso do projeto. Em seguida, Nelly de Freitas analisa a imigração de mulheres da Ilha da Madeira para o Estado de São Paulo por meio do estudo de dados quantitativos e do exame das trajetórias de algumas dessas personagens. Por sua vez, o lugar da intervenção estatal na organização das relações de trabalho na Constituinte portuguesa de 1911 é o objeto do texto de Teresa Nunes.

O processo político constitui a preocupação de três autores. Carlos Sixirei examina como a disjunção centralismo versus federalismo dividiu conservadores e liberais na Colômbia depois da sua independência em relação à Espanha. Fernanda Pandolfi se debruça sobre o problema da recolonização do Brasil pela metrópole e da reescravização de libertos, mediante a análise da imprensa do Primeiro Reinado. E Patrícia Calvo busca entender como a imprensa de Havana repercutiu e influenciou a insurreição que culminou na Revolução Cubana.

A tecnologia comparece nos temas de dois trabalhos. Áureo Busetto compara os sistemas de arquivamento dos acervos televisivos do Brasil, França e Inglaterra e discute as políticas de preservação e o acesso aos cidadãos e pesquisadores. Em seguida, Lucas de Almeida Pereira investiga a história da informática no Brasil, por meio do exame da instalação dos primeiros computadores importados e dos seus efeitos sociais.

A história cultural é uma vertente explorada por autores interessados no mercado editorial e na produção visual. Leandro Antonio de Almeida lança sua atenção à emergência do mercado de ficção popular de massa no Brasil ao focar a produção literária do escritor mineiro João de Minas, na década de 1930. Os cartões postais com fotografias da cantora lírica italiana Lina Cavalieri são o objeto de Marco Antonio Stancik para analisar o lugar da mulher e as novas formas da sensibilidade contemporânea. O humor é tratado por Maria da Conceição Pires, com vistas a desvendar os fundamentos ideológicos deste segmento artístico à luz da recente produção cartunista brasileira. Por sua vez, o uso da imagem como fonte de interpretação histórica é discutido por Francisco Santiago Júnior, mediante o diálogo com os escritos de Hayden White.

Dois trabalhos examinam aspectos da história econômica e social. No primeiro, Francisco Cancela discute as reformas do Estado Português e a reorganização do trabalho indígena na Capitania de Porto Seguro, no final do século XVIII. No outro, de Jonas Vargas, a economia do charque rio-grandense é analisada no contexto das transformações do comércio internacional, de modo a explicar a crise dessa atividade no final do século XIX. Encerrando o fascículo, Fernando Perli discute o uso do ensino de História no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, e uma resenha se detém na análise da repercussão da Guerra Civil Espanhola no Peru.

Por fim, não podemos deixar de agradecer ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Pró-Reitoria de Pesquisa da UNESP (PROPe) pelo apoio financeiro dispensado à confecção deste fascículo.

José Luis Bendicho Beired

Jean Marcel Carvalho França

Editores


BEIRED, José Luis Bendicho; FRANÇA, Jean Marcel Carvalho. Apresentação. História (São Paulo), Franca, v.33, n.2, 2014. Acessar publicação original [DR]

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Deslocamentos Culturais / História (Unesp) / 2013

Deslocamentos culturais, eis o tema que norteia o dossiê do volume 32, número 1, da revista História (São Paulo), publicação semestral, editada pelos Programas de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual Paulista, UNESP. A revista, neste número, traz para o leitor um leque amplo de reflexões sobre uma temática de grande relevância para o mundo contemporâneo, um mundo cada vez mais culturalmente mestiço. Os pesquisadores que se dispuseram aqui a pensar os deslocamentos culturais – temática tomada em sentido bastante amplo – se debruçaram sobre temporalidades diversas e propuseram perspectivas variadas.

O leitor será, assim, convidado a percorrer territórios pouco familiares e a tomar contato com personagens múltiplos. De saída, conhecerá um pouco do percurso intelectual do historiador francês Michel Balard, um renomado pesquisador da expansão do ocidente rumo às terras orientais, que nos concedeu uma entrevista. O que se segue não é menos instigante: a trajetória do soldado quinhentista João Carvalho Mascarenhas, um peregrino do Império português; a viagem ao Brasil do navio inglês Minion of London (1581); a cultura Jaga e a renomada Guerra Preta, ocorrida na África Central durante o século XVII; os livros de Belas Letras contidos nas prateleiras do livreiro francês, instalado no Rio de Janeiro, Jean-Baptiste Bompard; um movimento artístico e estético da região do Rio da Prata, a gauchesca; representações de negros e índios nos bustos do escultor francês Louis Rochet; discussões em torno da construção do “caráter nacional” no espaço latino-americano, entre os anos 30 e 50 do século XX; e, encerrando a série, dois ensaios teóricos que refletem, cada um a seu modo, sobre a problemática condutora do dossiê, os tais descolamentos culturais.

Na seção de artigos de temática livre, aquela dedicada a propiciar um panorama mais amplo da produção historiográfica contemporânea, os temas vão desde o Novo Mundo na pintura Renascentista até a reflexão sobre a presença alemã no ensino superior paulista entre as décadas de 30 e 40 do século XX. Nesta edição, o leitor contará ainda com uma seção de resenhas um pouco mais avultada, muito distante, porém, do objetivo que almejamos: tornar a História (São Paulo) um pólo de divulgação de obras recém-publicadas, no Brasil e no exterior, na área de história. Reiteramos, pois, mais uma vez, o convite aos resenhistas e comunicamos aos autores e editores que a revista terá enorme prazer em receber obras recém-publicadas para análise e divulgação.

Os editores


Editores. Apresentação. História (São Paulo), Franca, v.32, n.1, 2013. Acessar publicação original [DR]

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Meio Ambiente, Museus e Patrimônio / História (Unesp) / 2013

 

O presente número da revista História (São Paulo) traz aos leitores o dossiê Meio ambiente, museus e patrimônio. Organizado com a colaboração do Dr. Paulo Henrique Martinez, da UNESP, o conjunto de artigos oferece diferentes perspectivas de temáticas que cada vez mais têm chamado a atenção dos estudiosos e da sociedade no Brasil e no mundo.

Regina Horta analisa o estimulante diálogo entre o historiador ambiental e a sociedade civil em face dos desequilíbrios ecológicos da atualidade. José Luiz de Andrade Franco aborda a formação do conceito de biodiversidade e a emergência da biologia da conservação por meio de obras, de eventos e da trajetória de pesquisadores. A interação entre a sociedade e a natureza no passado é investigada por Marcelo Lapuente Mahl no contexto da expansão cafeeira no Noroeste Paulista, mediante publicações, fotografias e ilustrações do período. A intervenção institucional e social nos espaços públicos urbanos, com a finalidade de preservar a natureza e promover a cultura, é um desafio dos mais urgentes das cidades brasileiras e objeto de estudo de dois outros trabalhos. No primeiro, três autores – Marta Mantovani, Raquel Glezer e Paulo Massabki – abordam o complexo gerenciamento de um museu universitário de ciências dentro de uma área de preservação ambiental da cidade de São Paulo. No segundo, Luiz Henrique Assis Garcia analisa a implantação de um parque público em Belo Horizonte e as ações ecológicas e culturais ali desenvolvidas.

Na seção de artigos livres, um conjunto variado de temas é abordado de forma original. As relações médico – cientificas entre o Brasil e a Alemanha são sistematizadas por Jaime Benchimol com vistas a compreender as redes e a circulação de saberes em escala transnacional, assim como a conversão do país europeu em modelo das práticas médicas brasileiras, de meados do Oitocentos até a Primeira Guerra Mundial. O trabalho seguinte, escrito a três mãos – Agnaldo Valentin, José Flávio Motta e Iraci del Nero da Costa – propõe uma inovadora metodologia de análise demográfica para o estudo de inventários post mortem, tomando como exemplo duas localidades do interior de São Paulo durante o século XIX. O texto de Victor A. de Melo se debruça sobre um costume esquecido, as touradas, uma prática do Brasil colonial herdada dos colonizadores ibéricos, que despertou polêmicas no Rio de Janeiro do final do Império, quando as posições favoráveis e condenatórias se cruzaram com as mudanças políticas e culturais nacionais. O Estado Novo, regime a respeito do qual tudo parece ter sido dito, merece uma interessante análise de Adriano Codato em torno do papel das Interventorias Federais no exercício do controle político dos estados pelo governo Vargas. O último dos artigos, de Maria Carmen G. M. de Oliveira, analisa como a monja alemã Hildegard de Bingen desenvolveu um imaginário da salvação da alma em uma de suas obras, Scivias, no contexto do reformismo papal do século XII.

Na seção de resenhas, são apreciados livros recentes que tratam de Francisco Adolfo de Varnhagen, da história ambiental e das civilizações da antiguidade.

Os editores


Editores. Apresentação. História (São Paulo), Franca, v.32, n.2, 2013. Acessar publicação original [DR]

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Representações do Masculino na História / História (Unesp) / 2012

É com satisfação que tornamos público o volume 31, número 1, da revista História (São Paulo), publicação semestral, editada pelos Programas de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual Paulista, UNESP. A revista, neste número, tem como tema Representações do masculino na História, tema amplo e rico que, como se poderá perceber, abriu espaço para visadas múltiplas e criativas dos estudiosos colaboradores. Ao navegar pelo periódico, o leitor poderá, por exemplo, conhecer um pouco mais sobre o processo de construção historiográfica de uma “personagem” muito presente em estudos dedicados à antiguidade clássica: o “imperador romano tresloucado”. Poderá, também, adentrar pelo universo masculino medieval, percorrendo sejam as nuances da auto-representação militar dos reis portugueses de então, seja o exercício das atividades sistemáticas de cura praticadas por religiosos no interior dos conventos do mesmo período – o cultivo do que a autora denomina uma “medicina monástica”. Avançando no tempo e atravessando o Atlântico, tomará contato com o mundo da escrita – mundo, naquela altura, ainda predominantemente masculino – de uma personagem destacada da vida política brasileira do limiar do século XIX, o Visconde de Cairú. Mais adiante, é convidado a olhar para as imagens masculinas de alguns postais franceses datados das décadas iniciais do século XX; e finalmente, quase dois séculos mais tarde e do “outro lado do mundo”, o leitor terá a oportunidade de tomar contato com o curioso – aos olhos ocidentais, bem entendido – “mundo samurai” do literato nipônico Yukio Mishima, e com uma descrição de alguns dos lugares reservados ao masculino na cultura mulçumana contemporânea.

Na seção de artigos de temática livre, seção imprescindível numa revista que pretende oferecer um panorama amplo da produção historiográfica contemporânea, os temas são muitos, as abordagens variadas e as temporalidades múltiplas: da antiguidade clássica ao mundo contemporâneo. Desfilam aí imperadores e senadores romanos, cronistas e navegadores britânicos dos séculos XVII e XVIII, soldados e ilustrados do Brasil setecentista, higienistas italianos e engenheiros paulistas do ocaso do século XIX, início do XX, e, ainda, personagens do mundo da impressão argentino e chileno do século passado. Encerrando o número, dois ensaios convidam o leitor a uma reflexão sobre alguns aspectos pungentes do mundo em que vivemos: o primeiro promove um amplo balanço dos estudos historiográficos acerca da homossexualidade; o segundo esquadrinha as controvérsias, que tiveram lugar na última década, em torno do uso da energia nuclear.

Antes, porém, de deixar o leitor seguir adiante com sua navegação, que esperamos ser proveitosa e agradável, gostaríamos de dar a conhecer alguns pequenos aprimoramentos que a revista História (São Paulo) introduzirá em seus próximos números, com o intuito de aumentar a qualidade dos serviços que presta ao seu público. De saída, vale salientar que, diante da necessidade de reduzir o número de originais encaminhados ao conselho editorial, a revista receberá contribuição de doutorandos somente para a sua seção de resenhas. A propósito de tal seção, vale destacar que é objetivo da revista tornar-se um pólo de divulgação de obras recém-publicadas na área de história – no Brasil e no exterior. Aproveitamos, pois, a oportunidade para convidar enfaticamente os pesquisadores a enviarem resenhas – preferencialmente curtas, de no máximo 3 laudas – e sugestões de livros a serem resenhados para o conselho editorial.

Outro aprimoramento que pretendemos introduzir é a edição bilíngue: a partir do próximo número, intitulado Imagens dos Novos Mundos na cultura Ocidental, todos os artigos aprovados serão publicados na língua original do autor e em inglês.

História (São Paulo), por fim, seguindo a sua trajetória de contínuo aprimoramento e busca de ampliação do seu público leitor, começa a promover, já a partir deste número, pequenas alterações no seu projeto gráfico, de modo a dotar a revista de uma identidade visual mais marcante e tornar a sua leitura mais atrativa. Esperamos que as mudanças agradem a todos os leitores, os quais convidamos a encaminhar opiniões e sugestões pelo endereço eletrônico [email protected].

Os editores


Editores. Apresentação. História (São Paulo), Franca, v.31, n.1, 2012. Acessar publicação original [DR]

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Imagens dos Novos Mundos na Cultura Ocidental / História (Unesp) / 2012

É com votos de uma leitura agradável e instrutiva que tornamos público o volume 31, número 2, da revista História São Paulo), publicação semestral editada pelos Programas de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual Paulista, UNESP. A revista, neste número, tem como tema Imagens dos Novos Mundos na Cultura Ocidental, um tema que poderíamos denominar clássico na historiografia mundial e que assinala já um contributo bastante significativo dos historiadores de língua portuguesa. Prova disso são os artigos que vinculamos no dossiê deste número, todos resultados de pesquisas consolidadas, com reconhecido impacto na área.

Ao percorrer o periódico, o leitor, de saída, conhecerá nuances da trajetória intelectual de um importante estudioso do Império Marítimo Português, o pesquisador americano Timothy Coates, que gentilmente nos concedeu uma entrevista. Mas não só. O leitor poderá, também, aprender um pouco mais sobre as apropriações filosóficas e jurídicas que os “sábios” do Velho Mundo fizeram das narrativas da França Antártica ou sobre os mecanismos de produção do saber relativos aos “novos mundos” que alicerçaram a construção dos impérios coloniais ibéricos. Poderá, ainda, avaliar o papel da ilustração lusitana nas suas práticas imperiais; inteirar-se da obra de um “quase ilustrado” da América portuguesa, o padre Manuel Ribeiro Rocha; tomar contato com uma análise crítica dos modelos explicativos da economia colonial; deslocar-se ligeiramente para a África e familiarizar-se com alguns aspectos relativos à colonização inglesa do Rio Níger; e, por fim, ser apresentado aos vestígios que deixou na imprensa francesa a passagem de D. Pedro I por Paris, depois de sua abdicação.

Na seção de artigos de temática livre, seção, como destacamos no número anterior, fundamental numa revista que pretende oferecer um panorama amplo da produção historiográfica contemporânea, os temas são variados, ainda que notadamente concentrados no século XX e na América Latina. Abre a seção, é verdade, um estudo sobre Isidoro de Sevilha, seguindo-lhe um outro dedicado a um homem de negócios brasileiro do Oitocentos, Saturnino Braga. Daí em diante, porém, predominam os ensaios sobre a América Latina no último século, sobre alguns de seus aspectos políticos, culturais e econômicos.

Para concluir, e liberar o leitor, gostaríamos de salientar que a revista História (São Paulo), no início do primeiro semestre de 2013, inaugurará um novo sitena Internet, siteque, além de outros serviços, oferecerá aos leitores a coleção completa do periódico em formato digital e a edição bilíngue dos dossiês publicados a partir deste volume 31, número 2. No tocante à seção Resenhas, é objetivo da revista, como já salientamos no número anterior, tornar-se um pólo de divulgação de obras recém-publicadas na área de história – no Brasil e no exterior. Todavia, temos deparado com enorme dificuldade para captar material junto aos pesquisadores da área. Reiteramos, pois, o convite aos resenhistas e comunicamos aos autores que os editores da revista terão enorme prazer em receber obras recém publicadas para análise e divulgação.

Os editores


Editores. Apresentação. História (São Paulo), Franca, v.31, n.2, 2012. Acessar publicação original [DR]

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História da Leitura e do Livro / História (Unesp) / 2011

Este volume 30 número 2, de História (São Paulo), publicado no segundo semestre de 2011, traz o dossiê sobre “a história da leitura e do livro”, artigos sobre temas variados e resenhas. Periódico sob a responsabilidade dos Cursos e da Pós-graduação em História, da Unesp, de Assis e de Franca, apresenta o conjunto de 18 textos e duas resenhas, de profissionais de várias unidades federativas do país – SC, MG, BA, CE, SE, MT, SP – e de Portugal, que debatem assuntos agrupados em torno do tema específico do dossiê ou aqueles de escolhas e de interesse pessoal do pesquisador.

Assim, a primeira parte da revista, apresenta o “Dossiê” que discute aspectos singulares da história da leitura e do livro, com foco em questões mais abrangentes relativas à leitura e sua utilização para produzir significados. Os intercâmbios intelectuais, com trocas de documentos, livros, opiniões e afetos, em diferenciados campos do conhecimento — entre filósofos, músicos e historiadores —, estimularam a produção desses protagonistas, além de propiciar a colaboração mútua entre uma rede de outros intelectuais, como fizeram Nietzsche e Wagner, cujo intercâmbio foi recuperado a partir das relações pessoais e afetivas em efusiva correspondência e, ainda, no deslindamento dos significados da leitura para Nietzsche e seus usos; Capistrano de Abreu e o português João Lúcio de Azevedo, dois “homens de letras” que participaram ativamente do campo intelectual, respectivamente, no Brasil e em Portugal, valendo-se da troca de correspondências. Completam essas reflexões, alguns textos que discutem os significados dos manuais didáticos como elementos destacados da cultura escolar, nas áreas de História e Direito. Para os autores, os manuais em tela podem ser lidos como representação de todo um modo de conceber e praticar o ensino e contribuíram para conformar a leitura e os impressos como ícones da cultura escolar. Essas discussões ampliam-se para questões relativas ao mercado editorial em Portugal e no Brasil, sua inversão e os desdobramentos daí decorrentes.

Ainda nesse dossiê, é possível destacar os textos de intelectuais, homens e mulheres, que usaram a imprensa para publicação de seus escritos, como Nísia Floresta, escritora que, em 1831, no jornal Espelho das Brasileiras, de Pernambuco, aborda a condição feminina e por isso é considerada precursora do feminismo no Brasil; Machado de Assis que publicou Contos fluminenses, sua primeira coletânea de contos, no Jornal das Famílias. Contar histórias e organizálas em livros ou em outros suportes como os jornais, tornou-se um caminho viável de discussão das principais questões para a formação da literatura nacional, da mesma forma que os jornais que se constituíram em meios de fomentação de ideias sobre a emancipação e a conquista de direitos às mulheres e de proselitismo sobre a questão republicana. O texto que encerra esse dossiê é exemplar, nesse sentido. O Mequetrefe que iniciou sua circulação no Rio de Janeiro em 1875 e manteve suas atividades até janeiro de 1893, discutiu, em sua trajetória, temas políticos, entre os quais a questão republicana com base em irreverentes ilustrações e em textos de opinião.

A sessão “Artigos” prossegue em seu empenho para disponibilizar ao leitor textos, com assuntos variados, que abordam aspectos teóricos do campo religioso do período do medievo, o significado histórico assumido por conflitos políticos e relações sociais decisivos para a constituição da Igreja romana e da Cristandade e, as contradições inerentes aos sentimentos religiosos dessa época, submetidos aos objetivos das políticas nacionais e mercantis da Era Moderna.

Além dos textos assinalados, a imigração, em espacialidades distintas, foi discutida, buscando recuperar as estratégias de cada país para transformar esse movimento em conquista de mercados, criação e fomento de colônias, incorporação e tutela das remessas dos emigrados. Mas, também do lado do país receptor de imigrantes, eles foram considerados elementos de modernização e desenvolvimento econômico.

Ainda no âmbito da modernização do país, pode-se acompanhar o debate sobre a agricultura moderna em São Paulo, suas técnicas e possibilidades de diversificação da agricultura, adubação química e natural, cultura intensiva do solo, mão de obra, povoamento e colonização, instalação de núcleos coloniais dentro dos moldes da moderna agricultura então desejada, instrução agrícola por meio de campos de experiências e demonstração, ensino agrícola para diferentes graus, a mecanização da lavoura, em contraposição às práticas agrícolas rotineiras.

Outro aspecto que se pode realçar é o debate sobre a demografia histórica no Brasil para o período 1970-1995 visando evidenciar a ampla abrangência, em termos sociais, econômicos e geográficos, dos estudos efetuados por pesquisadores da área em questão. O último texto dessa sessão discute a construção do conceito de cultura popular na produção do conhecimento histórico, cuja tendência é de se questionar as delimitações essencialistas que separam cultura popular e erudita (ou de elite) em compartimentos estanques.

Finalmente, duas resenhas encerram esse número. A primeira delas aborda pesquisa realizada sobre Brasília, recuperando o longo período no qual a capital brasileira foi projetada, desde a Nova Lisboa, que seria a sede do novo Reino Unido de uma corte no exílio, até Brasília de Juscelino Kubitschek, que surge do traço da arquitetura modernista diretamente para o planalto central. A segunda resenha aborda a cidade Luso-Brasileira na Literatura de Viagem (1783-1845), com entusiasta reflexão sobre este gênero, suas possibilidades e limites, tomando-se por base o livro analisado.

Assim, caro leitor, os textos são diversificados e, certamente, propiciarão leituras instigantes e desafiadoras em direção a novas reflexões. Isso é o que os editores ensejam a todos os interessados nos assuntos aqui discutidos.

Assis, 22 de novembro de 2011

Zélia Lopes da SILVA – UNESP- Campus de Assis / SP-Brasil

Marcia Pereira da SILVA – UNESP- Campus de Franca / SP-Brasil

Editores


SILVA, Márcia Pereira da; SILVA, Zélia Lopes da. Apresentação. História (São Paulo), Franca, v.30, n.2, 2011. Acessar publicação original [DR]

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Capitais sonhadas, capitais abandonadas / História (Unesp) / 2011

A revista História (São Paulo), periódico sob a responsabilidade dos Cursos e da Pós-graduação em História, da Unesp de Assis e de Franca, neste volume 30, número 1, do primeiro semestre de 2011, traz para os leitores da infovia, significativo conjunto de 20 textos, no formato de artigos e resenhas, de autores da França, Canadá, Chile, Colombia e do Brasil que debateram temas inovadores e instigantes que certamente propiciarão aportes importantes para novas pesquisas.

O dossiê organizado, a convite, por Laurent Vidal, de L’Université de la Rochelle, agrega 11 textos de intelectuais que discutem, sob diferentes enfoques, o tema “capitais sonhadas, capitais abandonadas” – de Províncias, Estados e países. Os autores exploraram as estratégias e disputas presentes em diversos níveis, para fixar e garantir a legitimidade de certas escolhas na criação de capitais e no abandono de outras, ora justificadas pela importância econômica e de localização desses espaços, destinados a assumir funções administrativas, ora por suas dimensões simbólicas. A instalação ou abandono dessas capitais se constitui em momentos únicos, nem sempre consensuais, por seus atributos de “representação” do poder e de lugar que requer legitimação decorrente dessa própria especificidade. As justificativas para esses deslocamentos e pretensões oscilaram entre a “afirmação e a ruptura de tradições”, em nome de grupos no poder ou daqueles que almejavam a fixação da memória de suas próprias experiências ou de seus descendentes. Essas situações foram vivenciadas nos Estados Unidos, Canadá e Brasil de forma recorrente. Mas, independente de suas especificidades históricas e das diferenças, existem elementos comuns que unificam a temática.

Já os textos aglutinados na sessão “Artigos”, trazem significativas contribuições de intelectuais do Chile, Colombia / Texas (EUA) e Brasil que analisaram experiências de ocupação colonial nas Américas como foi o caso dos franceses em Cuba, com suas contribuições técnicas na fabricação de embarcações cujo modelo, – por sua forma unitária e centralizadora, por oposição à forma dispersiva da tática espanhola – constituiu-se em diferencial para a continuidade dos espanhóis na região. Outro aporte de significativa relevância evidencia-se no texto seguinte, que analisou o papel das instituições científicas inglesas que formularam teorias “científicas” posteriormente usadas para justificar e legitimar políticas imperialistas de submissão do outro, ao seu domínio.

Deslocando-se para os textos de autores brasileiros, vários assuntos foram tratados, como por exemplo, dimensões da história da historiografia presente nas reflexões sobre o livro de Richard White, The Middle Ground e a (re)escrita da história da América do Norte Colonial, situando sua importância no contexto de renovação historiográfica norte-americana do final dos anos 1970, que redefiniu a compreensão das relações entre índios e brancos no período colonial, ao evidenciar importantes trocas e negociações entre esses protagonistas, do período colonial às primeiras décadas da República; as práticas econômicas sobre o fenômeno do tropeirismo oitocentista das Minas Gerais, a partir de narrativas dos viajantes estrangeiros que, na perspectiva dos autores, ajudaram a compreender certos sentidos sociais e culturais de suas atividades que atravessaram o tempo e chegaram ao século XX; o debate historiográfico sobre a etno-história enquanto campo conceitual; a retórica da imagem memorialística de evento político ocorrido em São Paulo, em 1932, nomeado de “Revolução Constitucionalista” que foi discutida a partir da produção imagética veiculada durante a sublevação, cujas marcas e tensões perpassam, também, a historiografia e, segundo o autor, ela apareceu cindida em posições mais críticas ou aclamativas, reproduzindo, de certo modo, as polêmicas nascidas no próprio confronto; e a memória escolar, no Sul do país, expressa em imagens fotográficas.

Este número de História (São Paulo) contempla ainda resenhas, cujos focos foram o último dia de uma capital – o Rio de Janeiro – e a caricatura no México, que teve papel significativo de fustigação e confronto com governos ditatoriais que encarceravam os seus opositores e cercearam a liberdade de expressão. Apesar de constantemente impedidos de se expressar, os caricaturistas, com sua teimosia, conseguiram romper o cerco e constituíram esfera pública própria utilizando-se de elementos simbólicos específicos, para questionar os abusos do poder. O mote dessa crítica foi à figura dos Presidentes (e sua cadeira), com o objetivo de estilhaçar as barreiras dos interditos.

Os editores entendem que essas pesquisas de intelectuais de reconhecida experiência, do exterior e do Brasil, certamente, propiciarão aos leitores momentos singulares de reflexões e conhecimentos. Cabe, ainda, um agradecimento especial ao editor do dossiê, pelo entusiasmo e dedicação com que se entregou ao projeto proposto.

Assis, 30 junho de 2011

Zélia Lopes da SILVA – UNESP- Campus de Assis / SP-Brasil

Marcia Pereira da SILVA – UNESP- Campus de Franca / SP-Brasil

Editores


SILVA, Márcia Pereira da; SILVA, Zélia Lopes da. Apresentação. História (São Paulo), Franca, v.30, n.1, 2011. Acessar publicação original [DR]

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História e Religiosidades / História (Unesp) / 2010

A revista História (São Paulo), periódico sob a responsabilidade dos Cursos de História e da Pós-graduação da Unesp de Assis e de Franca, no presente número, composto por Dossiê, artigos livres, resenhas e a tradução de uma Conferência, discute temas variados e de interesse atual.

O Dossiê “História e religiosidades” traz 13 artigos de pesquisadores vinculados a diferentes Instituições do país, das regiões Nordeste, Centro-oeste, Sudeste e Sul e abarcam questões variadas. Um deles aborda o pensamento católico acerca da homossexualidade em diferentes momentos históricos; outro o “complexo universo temático das disputas intelectuais contra o fanatismo religioso na Europa Moderna” por intermédio do pensamento de Swift, Montesquieu, Voltaire, Diderot e David Hume. Quatro trabalhos dedicam-se às práticas religiosas, incentivadas ou não pela Igreja: trata-se de artigo que toma como objeto de pesquisa a Sociedade São Vicente de Paula, de texto que revela os avanços e retrocessos da catequese entre negros da cidade de Salvador e seu Recôncavo, de estudo sobre a peregrinação e a memória de José de Anchieta, e de análise sobre as interpretações das práticas religiosas dos brasileiros na visão oficial e / ou nas descrições de viajantes britânicos e franceses.

As relações da Igreja com a afetividade, o gênero e a família, são discutidas em dois artigos. Um deles trata da educação feminina e a Igreja no século XIX; o outro estuda as relações de concubinato, seus significados e os diferentes tipos de famílias compostas por padres da Diocese de Goiás no século XIX, texto que tem debate localizado numa região específica do Brasil. Dentre os trabalhos com temática mais regionalizada o leitor tem a sua disposição ainda artigo acerca das distinções sociais constituídas no catolicismo na província de Sergipe, por meio da análise do processo de admissão de duas irmandades religiosas do local.

Há ainda trabalhos sobre a problemática da “conversão de espaços religiosos em lugares laicos”, a contribuição da Iconografia para a História da Igreja ou as diferentes formas de compreensão das pinturas sobre o Juízo Final no período medieval, e debate religioso entre cristãos arianos e cristãos nicenos nos anos 300 d.C.

Para além do Dossiê, os artigos livres enfocam as mais variadas temáticas: o pensamento de Gilberto Freyre, Hayden White, Afrânio Peixoto e Capistrano de Abreu; história e tempo, jornalismo e narrativa; imigrantes italianos, mulheres e Academia Brasileira de Letras; Centro Cultural Euclides da Cunha e a administração do Rio Grande do Sul; e formação profissional do SENAI no Brasil. Os autores são pesquisadores que pertencem a distintas universidades do país.

Soma-se ainda a esta edição três resenhas e uma tradução. A última refere-se à conferência do Prof. Dr. Jean-Michel Carrié, historiador e arqueólogo, Diretor de Pesquisas da École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris, proferida por ocasia ão da abertura do XI CEAM e I GEAM / LEIR da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Campus Franca, em agosto de 2009. A grande procura pelo texto justifica esta publicação.

As editoras da Revista acreditam que os artigos do presente número, de um grupo variado de pesquisadores, propiciarão ao leitor um momento de prazer e reflexão.

Boa leitura,

Márcia Pereira da Silva – UNESP – Campus Franca, SP – Brasil.

Zélia Lopes da Silva – UNESP – Campus Assis, SP – Brasil.
Editoras


SILVA, Márcia Pereira da; SILVA, Zélia Lopes da. Apresentação. História (São Paulo), Franca, v.29, n.1, 2010. Acessar publicação original [DR]

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História e Militarismo / História (Unesp) / 2010

Apresentamos a Revista História (São Paulo), periódico sob a responsabilidade dos Cursos de Pós-graduação em História da Unesp de Assis e de Franca. O presente número é composto por Dossiê, artigos livres e tradução de Conferência.

O Dossiê “História e militarismo”, com 08 artigos de pesquisadores, de diferentes formações e regiões do país, aborda aspectos variados das Forças Armadas brasileiras e do exterior. Em geral tratam da política de defesa do Brasil, dimensionando o papel das Forças Armadas e da elite civil; do relacionamento militar-naval entre o Brasil e a Argentina; da participação política dos militares no Uruguai; das disputas por espaços de poder entre as diversas esferas militares no que tange a formação do Exército brasileiro de 1850 a 1930; do perfil da praça policial de São Paulo entre os anos de 1868 e 1896; do comportamento de adesão ou não aos valores do Exército brasileiro por parte das esposas em relação ao projeto profissional de seus respectivos maridos; da ESG (Escola Superior de Guerra) em relação a formação de uma Doutrina de Segurança Nacional na percepção de seus integrantes em meados do século XX e da Guerra Assimétrica e Guerra Assimétrica Reversa abarcando, evidentemente, conflitos bélicos e a questão da superioridade técnica e militar de um dos lados beligerantes.

Quanto aos artigos livres os textos apresentam temática contextualizada na História do Brasil e de outros países da América latina em diferentes momentos históricos. Alguns têm temas próximos ao do Dossiê, como os que analisam o discurso de deputados federais brasileiros em março de 1964, a TFP desde a década de 1960 e a Paz de Vestfália em relação com a história das relações internacionais modernas. Chamou-nos a atenção como estes textos, em virtude do próprio momento histórico e do objeto de análise, ajudam nas reflexões sobre o militarismo no Brasil e no mundo. Os demais artigos livres abordam questões diversas.

Por fim, temos a tradução da Conferência “Religión y control social em El Mundo Romano. La prohibición de lãs bacanales em Roma”, proferida por Cecilia Ames (Universidad Nacional de Córdoba-Conicet) por ocasião do I Colóquio Internacional e III Colóquio Nacional do LEIR (Laboratório de Estudos sobre o Império Romano) realizado na Unesp – Campus de Franca. O sucesso do Evento e o grande interesse dos participantes pelo texto justificam sua publicação.

Aproveitamos ainda a oportunidade para agradecer aos profissionais que participaram deste número na correção dos textos, português e inglês, e na diagramação dos mesmos: Criar – Sistema de ensino de lingua Portuguesa (revisão – português), Hamilton Robin (revisão – inglês), e Helena Amália Papa e Fabricio Trevisan Florentino da Silva pela diagramação.

Desejamos a todos boa leitura.

Márcia Pereira da Silva – UNESP – Campus Franca, SP – Brasil.

Zélia Lopes da Silva – UNESP – Campus Assis, SP – Brasil.

Editores


SILVA, Márcia Pereira da; SILVA, Zélia Lopes da. Apresentação. História (São Paulo), Franca, v.29, n.2, 2010. Acessar publicação original [DR]

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Império português / História (Unesp) / 2009

Caros Leitores: É com muita satisfação que convidamos vocês, leitores, para navegarem pelas linhas dos artigos do presente dossiê IMPÉRIO PORTUGUÊS. Apresentamos um conjunto de dezesseis textos envolvendo temas entre as relações BRASIL-PORTUGAL. Nesse, encontram-se material de dois autores estrangeiros, um da Universidade John Hopkins – USA e o outro da Université de La Rochelle – Université Paris 3 – Sorbonne Nouvelle; quatorze nacionais provenientes de diversas universidades brasileiras. Tratam-se de textos inéditos feitos especialmente para o referido dossiê e que estão articulados às novas discussões historiográficas sobre o tema.

Na seqüência, há oito artigos de assuntos diversos e mais três resenhas de livros recentemente publicados.

Destacamos que após um ano de editoração da atual comissão editorial, a procura pela revista se acentuou consideravelmente, fato esse que demonstra nosso empenho na divulgação de pesquisas nacionais e internacionais tão importantes para a aquisição do saber histórico.

Assim, desejamos a todos uma leitura profícua e que continuem acompanhando nossos temas inéditos aqui registrados.

Margarida Maria de Carvalho

Wilton C. L. Silva

Editores da Revista História / São Paulo


SILVA, Wilton C. L.; CARVALHO, Margarida Maria de. Apresentação. História (São Paulo), Franca, v.28, n.1, 2009. Acessar publicação original [DR]

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França Antártica / História (Unesp) / 2008

É com muita satisfação que apresentamos este dossiê, produto do Seminário Internacional “O Universo da França Antártica”, realizado entre os dias 3 e 6 de outubro de 2005, no Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro. Na ocasião, comemorávamos os 83 anos de criação do MHN, lembrando os 450 anos da chegada de franceses à Baia de Guanabara, liderados por Nicolas Durand Villegagnon. Assim, para marcar a dupla efeméride que articula a História da colônia portuguesa na América à trajetória do maior e mais importante museu de história do país, promovemos, em parceria com o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e com a colaboração do Consulado Geral da França no Rio de Janeiro e da Fundação Cultural Brasil-Portugal, um grande encontro de professores e pesquisadores – brasileiros, portugueses e franceses – que em quatro dias se dedicaram à reflexão e ao debate sobre as relações estabelecidas entre a França e o mundo Luso-atlântico, ao longo desses quatro séculos e meio.

Foram vinte e cinco expositores distribuídos em dez eventos, entre conferências e mesas-redondas. Os temas abordados foram: “A França Antártica no Contexto Atlântico”, “O Rio de Janeiro e a França Antártica”, “Os fundadores do Rio de Janeiro”, “O Imaginário e a França Antártica”, “História e Ficção na França Antártica”, “França e Brasil, histórias cruzadas” e “Direito Natural, o índio brasileiro e os cronistas da França Antártica”. Era pretendido que as exposições e os debates em torno destes temas resultassem em um livro. Sua publicação imediata não foi possível, mas a tempo contamos com a colaboração e a generosidade do Professor Jean Marcel Carvalho França na organização deste dossiê que, gerando uma memória do evento, possibilita, a um maior número de pessoas, o conhecimento sobre os conteúdos trabalhados durante o Seminário.

Não poderíamos finalizar esta apresentação sem agradecer à equipe do Museu Histórico Nacional, especialmente a Sarah Fassa Benchetrit, cujo empenho e dedicação foram fundamentais para o sucesso do Seminário Internacional “O Universo da França Antártica”. Nossos agradecimentos também ao Embaixador Vasco Mariz e aos professores Arno Wehling e Paulo Knauss, pela consultoria acadêmica do evento; e aos autores que colaboraram com seus artigos para a materialização deste dossiê. Finalmente, nosso muito obrigado ao professor Jean Marcel Carvalho França pela organização e publicação deste dossiê na Revista de História da UNESP, selando mais uma parceria entre o Museu e a Universidade.

Aos leitores, participantes ou não do Seminário, agradecemos o entusiasmo e desejamos que dêem continuidade ao evento, através de suas leituras.

Vera Lúcia Bottrel Tostes – Museóloga, diretora do Museu Histórico Nacional


TOSTES, Vera Lúcia Bottrel. Introdução. História (São Paulo), Franca, v.27, n.1, 2008. Acessar publicação original [DR]

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Patrimônio Histórico / História (Unesp) / 2008

A publicação desse volume apresenta o Dossiê Patrimônio Histórico, através de sete artigos que enfocam de forma ampla e profunda tal questão.

As contribuições para o dossiê de Sandra C. A. Pelegrini, Cláudio Umpierre Carlan, Ana Paula Farah, Fabio Vergara, Gilson Rambelli, Pedro Paulo Abreu Funari e Erika M. Robrahn-Gonzaléz, e de Janaína Rigo Santin e Elizete Gonçalves Marangon, lançam luzes sobre conservação, manutenção e restauração de bens materiais e imateriais através da discussão de temáticas como a gestão do patrimônio imaterial brasileiro, as relações entre o patrimônio e a museologia, a formação do arquiteto para o restauro arquitetônico, os vínculos entre musicologia, gestão patrimonial e memória institucional, a utilização do patrimônio cultural subaquático do país, a arqueologia pública nacional, e os instrumentos jurídicos de política urbana para o Patrimônio Histórico, em um rico painel que reúne profissionais de diferentes formações intelectuais, vínculos institucionais e orientações teóricas.

Além do dossiê temático, sobre os bens de valor estético, artístico, documental, científico, social, espiritual ou ambiental, que formam o patrimônio histórico, temos também a presença de quatro artigos livres, de Zita Rosane Possamai, Gerardo Rodriguez, Ana Paula Tavares Magalhães e Paulo Roberto de Oliveira, enfocando temas distintos como a fotografia e as paisagens urbanas, as migrações e imigrações religiosas no Medievo, o papado avinhonense e os poderes civis no século XIV e os impactos da economia paulista sobre o Triângulo Mineiro, e de uma resenha crítica de Petrônio Domingues sobre o livro Diploma de Brancura, de Jerry Dávila.

Esperamos que o leitor do presente volume de História / São Paulo possa encontrar os prazeres da riqueza historiográfica e da descoberta intelectual nos trabalhos apresentados.

Wilton C. L. Silva

Margarida Maria de Carvalho

Editores da Revista História / São Paulo.


SILVA, Wilton C. L.; CARVALHO, Margarida Maria de. Apresentação. História (São Paulo), Franca, v.27, n.2, 2008. Acessar publicação original [DR]

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História Antiga / História (Unesp) / 2007

A revista História é das mais antigas dentre os periódicos publicados pela Unesp. Veiculada com esse título pela primeira vez em 1982, ela nasceu da fusão de dois outros periódicos: Anais de História, editados anualmente pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Assis, e Estudos Históricos, revista publicada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Marília. O primeiro circulou de 1969 a 1977, atingindo nove números; o segundo, criado em 1963, alcançou 16 números, deixando de ser editado igualmente em 1977.

Neste ano de 2007 a Revista passa por uma nova fusão, integrando as revista Estudos de História da Pós-graduação de História, de Franca, e a Pós-História da Pós-graduação de História, de Assis. Nesta nova fase concentraremos esforços com o intuito de garantir uma publicação de alta qualidade, oferecendo aos nossos colaboradores e leitores um espaço de diálogos e debates profícuos. Gostaríamos de agradecer a todos os colaboradores (editores, autores, pareceristas e demais colegas) envolvidos nas edições dessas revistas e que tornaram possível com seu trabalho a excelente qualidade e reconhecimento no meio acadêmico brasileiro.

A revista História indexada ao SciELO-Brasil contará, a partir desta edição, com dois editores, Carlos Alberto Sampaio Barbosa (Unesp / Assis) e Tânia da Costa Garcia (Unesp / Franca), sendo elaborada conjuntamente por docentes dos dois Departamento de História da Unesp.

Neste primeiro número desta nova etapa apresentamos o dossiê “História Antiga” organizado pela Profa. Dra. Margarida Maria de Carvalho (Unesp / Franca) e pelo Prof. Dr. Pedro Paulo A. Funari (Unicamp). Boa leitura!

Tânia da Costa Garcia

Carlos Alberto Sampaio Barbosa

Editores.


BARBOSA, Carlos Alberto Sampaio; GARCIA, Tânia da Costa. Apresentação. História (São Paulo), Franca, v.26, n.1, 2007. Acessar publicação original [DR]

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História e Cultura Visual / História (Unesp) / 2007

Para encerramos a gestão do Conselho Editorial escolhemos como tema do dossiê História e Cultura Visual. A discussão em torno da relação entre História e Imagem já é uma realidade entre os historiadores e demais pesquisadores. O objetivo deste dossiê foi justamente abrir espaço para um amplo debate em torno da problemática visual. Recebemos artigos de historiadores e pesquisadores de áreas como Estética, Letras, Jornalismo, Ciências da Comunicação, Ciências da Informação e Ciência Política, fato este que nos deixou extremamente gratificados, pois permite um amplo diálogo interdisciplinar tendo como vetor a análise do social a partir do ponto de vista do visual.

O artigo que abre o dossiê é da pesquisadora mexicana da história da fotografia Rebeca Monroy Nasr, que realiza uma reflexão instigante sobre a utilização da fotografia como documento social e suas possibilidades metodológicas.

Após este primeiro texto temos um bloco de artigos vinculados à fotografia e sua utilização em diversos suportes, mas em especial em periódicos. O primeiro deles escrito pelo investigador mexicano e pesquisador da Fototeca Nacional do México vinculada ao Instituto Nacional de Antropologia e História – INAH Daniel Escorza. Seu trabalho procura averiguar a trajetória do fotojornalista mexicano do início do século Agustín Victor Casasola, fundador de uma dinastia de fotojornalistas e considerado como fotógrafo oficial da Revolução Mexicana. Ele atuou nos principais jornais da capital mexicana nas primeiras décadas do século passado. O segundo artigo, da francesa Marion Gautreau, analisa como se construiu um imaginário político da Revolução Mexicana através de fotografias veiculadas na impressa ilustrada mexicana logo após o fim do conflito.

O quarto artigo, escrito pela professora do curso de Ciência da Informação da Unesp de Marília, Telma Campanha de Carvalho, procura identificar elementos da formação da visualidade jornalística no país e traz subsídios para os estudos da história visual da imprensa brasileira através de uma análise de fotografias publicadas no jornal O Estado de S. Paulo entre 1910 e 1929.

A professora Maria Eliza Linhares Borges da UFMG busca, em seu artigo, desvendar o papel da cultura visual na construção da identidade nacional no começo da era republicana brasileira. Parte das práticas publicitárias para verificar a elaboração de uma imagem moderna e cosmopolita.

Fecha este bloco o trabalho da professora da UnB Flávia Biroli sobre a transformação do jornalismo no Brasil a partir da década de 1940, que levou a um disciplinamento do olhar e da escrita na imprensa.

Os próximos três artigos possuem como eixo o cinema. O primeiro, do professor de História da América da UFRJ, Mauricio Bragança, trata da relação entre cinema e história, tendo como eixo de análise as películas produzidas sobre a Revolução Mexicana. O segundo artigo, da professora Ângela Aparecida Teles, procura desvendar os hibridismos entre o mundo rural e urbano do cinema de Ozualdo Candeias. O terceiro artigo da professora de História da Unesp, campus de Franca, procura investigar o discurso visual do cineasta Arnaldo Jabor em seu filme Tudo Bem.

O próximo artigo, do professor Victor Andrade de Melo, da UFRJ, discute a relação entre esporte e futurismo. Procura desvendar a construção de imaginários sociais e políticos da modernidade européia. Já o trabalho do professor de Antonio Gilberto Ramos Nogueira, da UFC, busca construção de uma identidade brasileira durante a experiência de Mario de Andrade ao longo das décadas de 1920 e 1930 e sua elaboração de uma política de preservação e patrimônio.

A investigação de Carine Dalmas procura estudar a construção de imaginários sociais a partir dos murais propagandísticos produzidos pelas chamadas Brigadas Muralistas, ligadas aos partidos Comunista e Socialista chileno durante o governo de Salvador Allende.

O texto de Ely Bergo de Carvalho e de Eunice Sueli Nodari trabalha com outro tema pouco explorado pelos pesquisadores brasileiros, a transformação da paisagem na região da cidade Engenheiro Beltrão, Paraná.

O artigo do professor do Instituto de Investigações Históricos da Unam, Federico Navarrete, versa sobre a iconografia de Malinche na narração visual da conquista do México e como essas imagens foram utilizadas de maneira criativa e complexa pelos indígenas mesoamericanos, que se apropriaram dos símbolos e discursos ocidentais para defender sua identidade e sua autonomia política. O trabalho que fecha o dossiê do professor da UNIFESP trabalha com a iconografia portuguesa para discutir a representação dos sonhos em imagens no século XVII.

Publicamos ainda três artigos fora do dossiê: o primeiro, de Jean Rodrigues Sales, sobre a trajetória do PC do B durante o governo militar. O segundo é da professora Yolanda de Paz Trueba do Instituto de Estudios Históricos y Sociales da Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires. Seu trabalho investiga como instituições de beneficências tornaram-se agentes moralizadoras do Estado argentino no final do século XIX. O último é do pós-doutorando da Unicamp Daniel Faria e discute o conceito de modernismo no Brasil.

Por fim publicamos duas resenhas, sendo a primeira de Johnni Langer sobre a edição traduzida para o português do livro do historiador e paleógrafo francês Serge Gruzinski, A guerra das imagens. A segunda resenha é do professor José Carlos Barreiro, da Unesp, campus Assis, sobre o livro Frontier Goiás, 1822-1889, escrito pelo Prof. David MacCreery.

Boa leitura.

Conselho Editorial


Conselho Editorial. Apresentação. História (São Paulo), Franca, v.26, n.2, 2007.Acessar publicação original [DR]

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Trabalho e Sociedade nas Américas / História (Unesp) / 2006

A problemática do trabalho é uma questão central na história das sociedades americanas, desde o surgimento das primeiras civilizações, muitos séculos antes da chegada do europeu neste continente, intensificando-se com a incorporação desse novo território primeiro como colônias das coroas de Castela e Portugal e posteriormente com a Inglaterra, França e Holanda. Foram várias as soluções experimentadas para a questão da mão-de-obra, como a escravização da população nativa, a introdução do escravo africano e tantos outros sistemas de trabalho ao longo da história. Objeto de várias investigações tanto no campo historiográfico como entre pesquisadores das diversas áreas das ciências humanas, o tema vem atraindo a atenção de investigadores brasileiros e estrangeiros. Questão de extrema atualidade, tendo em vista as transformações do mundo do trabalho no século que se inicia. Foi com a intenção de aprofundar e divulgar este debate que o conselho editorial escolheu esta problemática para dar início a uma nova gestão da revista História.

Os dois primeiros artigos, embora em perspectivas diferentes, abordam a experiência da Companhia de Jesus em duas regiões da América. O primeiro do professor Fernando Torres-Londoño, estuda a questão da mão-de-obra nativa nas missões jesuítas da região amazônica. O segundo, de Beatriz Helena Domingues, analisa a experiência jesuítica entre os guaranis através de três relatos do século XVIII.

O trabalho dos professores José Manuel Serrano e Alan Kuthe analisa a implantação de estabelecimentos que ficaram conhecidos como “presídios”, ou seja, cidades fortificadas para a expansão da colonização espanhola ao longo da fronteira norte do Vice-reinado da Nova Espanha. Em região conhecida pela sua aridez e de poucos recursos econômicos, a coroa espanhola procurava com estas atividades colonizar a área e submeter os indígenas belicosos. Os autores procuram investigar em especial como se deu a busca de recursos para manutenção destes núcleos.

O artigo do professor Horacio Gutierrez analisa a utilização da mão-de-obra escrava no Paraná e sua importância junto à questão das terras na constituição de hierarquia sociais. O artigo do professor Pedro Miranda Ojeda segue o caminho da constituição do trabalho, do progresso e da modernização como valores morais que contribuíram na construção da nação mexicana. O professor Ivan de Andrade Vellasco trabalha com a formação de processos identitários e de solidariedade através da análise de um processo criminal. Ambos inseridos no contexto do século XIX.

O artigo do historiador Norberto Ferreras visa averiguar as relações entre imigração e formação da classe operária na Argentina moderna. Já o artigo de Dainis Kaperovs analisa a criação, pelo Partido Comunista, em 1925, da Coligação Operária de Santos.

Fora do dossiê participam deste número o artigo coletivo da professora Heloisa Rechel em conjunto com Ana Paula Bronizieck e Débora Ehlert, que analisa a historiografia da América Latina, publicada no periódico argentino Desarrollo Económico Revista de Ciencias Sociales, durante os anos sessenta do século passado, em especial o tema da política e do pensamento desenvolvimentista. Em outro artigo, Alexandre Mendes Cunha discute o fenômeno do clientelismo na sociedade brasileira desde um ponto de vista da longa duração.

Trabalho e Sociedade nas Américas é o tema que abre os trabalhos do novo conselho editorial da revista de História. A nova gestão assume com uma proposta de adaptar a revista para os novos tempos de nossa universidade. Assumimos também com a intenção de dar continuidade ao trabalho que já vinha sendo feito, com muita competência, de inserção maior da revista no meio acadêmico e científico brasileiro e internacional e para tanto contamos com o apoio de nossos colegas do curso de História.

Conselho Editorial


Conselho Editorial. Apresentação. História (São Paulo), Franca, v.25, n.1, 2006. Acessar publicação original [DR]

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Cultura e Política / História (Unesp) / 2006

Neste dossiê sobre Cultura e Política estão reunidos trabalhos que buscam refletir sobre o cruzamento entre história cultural e história política. Temas como identidade política, cultura política e a relação, sempre controversa, entre arte e política no Brasil, na América Latina e no mundo são abordados nos artigos que os leitores terão oportunidade de apreciar neste volume.

Abrimos este número com um artigo do professor de História da Universidad Nacional da Colômbia (Sede Medellín) Yobenj Aucardo Chicangana-Bayona. O autor parte de uma questão central: por que os indígenas são representados nas gravuras renascentistas como corpos escultóricos? Interpretando as gravuras de Theodor de Bry em relação à teoria da arte renascentista, o autor procura perceber o alcance etnográfico e o cânone artístico na construção da representação do corpo do índio como categoria universal.

O professor Carlos Eduardo Jordão Machado, percorrendo a experiência intelectual de dois críticos da modernidade Siegfried Kracauer e Walter Benjamim, mapeia as afinidades estético-teóricas de ambos tendo como tema central a vivência do exílio e a concepção de história expressas em suas obras sobre Paris e o Segundo Império Francês.

O artigo de Elizabete da Costa Leal investiga o estabelecimento do calendário republicano de feriados oficiais e a participação de membros da Igreja Positivista do Brasil na sua implementação, principalmente na festa do dia 3 de maio como homenagem ao descobrimento do Brasil.

Maria da Conceição Francisca Pires, pesquisadora da Fundação Casa de Rui Barbosa, faz uma incursão extremamente prazerosa e instigante pelo universo do cartunista Henfil, demonstrando como este estabeleceu uma crítica política, mas também de costumes, à ditadura militar brasileira. A autora demonstra como o humor pode ser uma excelente arma contra o autoritarismo e o conservadorismo.

Flamarion Maués, coordenador editorial da Editora Perseu Abramo, utiliza as fontes orais para reconstruir a história da Editora e Livraria Kairós, entre os anos de 1978 e 1983, em pleno processo da redemocratização brasileira, procurando vislumbrar a relação entre a política editorial e a conjuntura histórica.

Os dois últimos artigos do Dossiê abordam a América Latina. O trabalho de Everaldo de Oliveira Andrade, professor da Universidade de Guarulhos, nos apresenta uma reflexão sobre a relação entre arte e política de um país pouco estudado entre nós, mas que tem estado em todos os meios de comunicação brasileiros nos últimos tempos, a Bolívia. O eixo de sua investigação é a trajetória do muralista e militante político Miguel Alandia Pantoja. Já Mônica Cristina Araújo apresenta uma pequena parte de sua tese de doutorado defendida no Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina (Prolam), da Universidade de São Paulo, em que analisa o Instituto de Cinematografia de Santa Fé na Argentina, mais conhecido como Escola de Documental de Santa Fé. Este instituto, fundado por Fernando Birri, foi um centro de desenvolvimento do cinema na Argentina, ademais de ser um espaço muito importante de troca de experiências e de sociabilidade de cineastas latino-americanos.

Os artigos que se encontram fora do dossiê abordam temas e personagens do Brasil colônia e império. O primeiro de Sezinando Luiz Menezes, do Departamento de História da Universidade Estadual de Maringá, trata de Alexandre de Gusmão e a tributação em Minas no período colonial. Os dois artigos seguintes se circunscrevem ao período imperial brasileiro, um de José Flávio e Lupércio Antônio Pereira sobre o pensamento econômico e jurídico de José da Silva Lisboa, enquanto Wlamir Silva, professor da Universidade Federal de São João Del Rey, analisa os liberais mineiros do período regencial.

O artigo que fecha este número da revista aborda a constituição da Comunidade Européia como um “super-Estado”. O autor, desde uma perspectiva crítica do surgimento desta união, entende que tal estrutura visa, de fato, o avanço da globalização e da ideologia neoliberal. Temática extremamente atual nos leva a uma aguda reflexão sobre o futuro do mundo e do Brasil, cada vez mais inserido no processo de globalização capitalista.

Conselho Editorial


Conselho Editorial. Apresentação. História (São Paulo), Franca, v.25, n.2, 2006. Acessar publicação original [DR]

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Debates historiográficos / História (Unesp) / 2005

O dossiê Debates historiográficos que a revista História apresenta aos seus leitores neste número pretende contribuir para o aprofundamento das reflexões historiográficas indispensáveis ao trabalho do historiador, num momento em que transformações significativas alcançam a disciplina histórica e provocam o repensar de suas linhas de força.

Norma Breda dos Santos traz uma análise da História das relações internacionais, área que vem se firmando nos estudos acadêmicos no Brasil. Em sua avaliação do percurso historiográfico aborda as especificidades deste campo de pesquisa e os pressupostos teórico-metodológicos que têm contribuído para grandes transformações da disciplina, além de sua repercussão em termos de institucionalização.

Em perspectiva inovadora o texto de Maria de Lourdes Mônaco Janotti realiza a inter-relação entre história, memória e historiografia aplicada ao estudo da Balaiada. A partir da análise de fontes memorialísticas da época, cotejadas com a historiografia local e acadêmica re-significa a invenção da tradição balaia.

A História de gênero e seu diálogo com os movimentos sociais de mulheres são apresentados em balanço historiográfico por Joana Maria Pedro que dialoga com teorias e o campo conceitual específicos. A vitalidade deste campo historiográfico evidencia-se em sua estreita correlação com as dinâmicas sociais que o inspiram e sustentam.

Pensar a independência do Brasil no plural motivou Jurandir Malerba a realizar um diálogo polêmico com a historiografia do tema nos últimos vinte e cinco anos. Como resultado, seu artigo apresenta um quadro comparativo das principais vertentes interpretativas e suas relações com a história, recuperando assim sua historicidade.

Em perspectiva aproximada, Fernando Teixeira da Silva percorre as “zonas de fronteira” que separam e aproximam a História e as ciências sociais, da História Metódica à Microhistória, colocando em questão a identidade do historiador a partir destes diálogos e procedimentos transdisciplinares.

Yi Liu retoma a perspectiva temática em seu estudo sobre a decadência do Império marítimo português, tomando como centro da análise o clero, a nobreza e a Coroa portuguesa no âmbito do mercantilismo e suas implicações para a ascensão da burguesia.

O Dossiê se encerra com a tradução de O significado da História de Federick Jackson Turner , feita por Arthur Lima de Avila. Na apresentação do texto, o tradutor salienta a relevância deste historiador norte-americano para a historiografia de seu país de origem, seja pela ênfase na história-problema, seja pelo estudo das “forças invisíveis” presentes no processo histórico.

Outros dois artigos compõem este número. O estudo de José Ernesto Pimentel Filho tematiza a educação da criança, do jovem e do camponês no século XIX associando incultura e criminalidade. Renata Senna Garrafoni apresenta original contribuição para o estudo do cotidiano dos gladiadores romanos mediante apresentação de rica Epigrafia do início do Principado.

Comissão Editorial


Comissão Editorial. Apresentação. História (São Paulo), Franca, v.24, n.1, 2005. Acessar publicação original [DR]

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História – Perspectivas / História (Unesp) / 2005

Os percursos da discussão historiográfica na contemporaneidade, em suas diversas temáticas e perspectivas analíticas, motivaram a reunião dos artigos aqui apresentados aos leitores no dossiê História-Perspectivas.

Marcel van der Linden abre o dossiê com uma discussão historiográfica sobre o conceito de classe trabalhadora e sua adequação aos mundos do trabalho. A questão que desenvolve em suas reflexões é a da pertinência da elaboração de um novo conceito, que leve em conta uma crítica da teoria de Karl Marx e os aportes dos debates contemporâneos sobre o tema.

Direcionados para as formas de escrita da História, os artigos seguintes abordam diferentes linguagens. O texto de Ana Maria Mauad elabora um questionamento metodológico sobre o fotojornalismo e seu tratamento como fonte histórica. O trabalho de Rosangela Patriota volta-se para as relações teóricas e metodológicas entre história e teatro, abordando historiograficamente o tema do Teatro de Arena de São Paulo.

Os estudos de História Antiga estão contemplados nos trabalhos de Fábio Duarte Joly e André Leme Lopes. O primeiro artigo tem por objetivo analisar a Vida de Nero, de Suetônio, procurando nela identificar elementos que permitam associar esta obra à tradição historiográfica senatorial romana. O segundo texto analisa Como se deve escrever a história, de Luciano de Samósata, como o único tratado da Antigüidade sobre historiografia que chegou até nós, escrito no contexto da produção “histórica” gerada pelas guerras párticas de Lucio Vero (século II d.C.).

Os escritos de Varnhagen e Capistrano de Abreu inspiraram os artigos de Temístocles Cezar e Rebeca Gontijo, que analisam tanto obras históricas quanto correspondências desses autores procurando novas leituras da compreensão que alcançaram do ofício do historiador.

Abordando a história das idéias políticas luso-brasileiras no século XVIII, Eduardo Romero de Oliveira centra sua atenção sobre a dimensão político-administrativa da monarquia do período pombalino, vista em perspectiva historiográfica.

Temas diversos compõem a seção artigos, que Joshua Alma Enslen abre com o estudo sobre a correspondência e outros escritos de Manuel de Oliveira Lima a partir da perspectiva da sua contribuição para a construção da identidade nacional brasileira.

Denise A. Soares de Moura apresenta um estudo sobre ao abastecimento da cidade de São Paulo nos séculos XVIII e XIX que se apóia também nas rivalidades entre políticos, negociantes e autoridades régias.

Pedro Geraldo Tosi, Rogério Naques Faleiros e Rodrigo da Silva Teodoro abordam a cafeicultura na região de Franca (São Paulo), discutindo relações de trabalho, formas de financiamento, produção e acumulação no complexo cafeeiro.

Com este número encerram-se os trabalhos do atual conselho da revista História, que deixa registrados os agradecimentos a todos os autores e pareceristas que colaboraram no decorrer desta jornada.

Comissão Editorial


Comissão Editorial. Apresentação. História (São Paulo), Franca, v.24, n.2, 2005. Acessar publicação original [DR]

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Ensino de História / História (Unesp) / 2004

O volume 23 da revista História, que ora apresentamos, reuniu os números 1 e 2 em decorrência de dificuldades financeiras enfrentadas pela comissão editorial no biênio.

Nele oferecemos aos leitores o dossiê Ensino de História que reúne artigos de pesquisadores especializados na temática e indicadores dos avanços que vêm sendo feitos na área. Desta maneira pretende-se contribuir para a reflexão acerca de aspectos fundamentais do trabalho com a disciplina no ensino fundamental e médio e neste sentido o diálogo com os professores adquire relevo.

Os artigos de Maria Aparecida Leopoldino Tursi de Toledo e Elaine Rodrigues problematizam a História da disciplina apontando continuidades e rupturas que marcaram o campo do seu ensino no que diz respeito aos conteúdos trabalhados , tendo como referentes o ensino de Educação Moral e Cívica e o Projeto Político-Pedagógico do Estado do Paraná. Apontam também para relações entre História e memória presentes no tratamento metodológico dos conteúdos que constituem o saber escolar.

O livro didático de História, sua produção e difusão constituem o objeto da pesquisa de Célia Cristina de Figueiredo Cassiano. Neste artigo, aspectos da circulação anteriores à sua entrada nas escolas desvendam políticas públicas para o livro didático no Brasil e apontam processos que interferem no currículo de História implantados em escolas públicas da cidade de São Paulo.

Os artigos de Vitória Rodrigues e Silva e Dislane Zerbinatti trazem relatos de experiências e sugestões aos professores sobre a prática de ensino da disciplina, desenvolvendo estratégias de aprimoramento da indispensável competência leitora de alunos do ensino básico. Uma proposta de abordagem de textos literários do ponto de vista da historiografia avalia limites e possibilidades da análise da literatura como fonte documental a ser trabalhada em sala de aula.

Completam este volume artigos que apresentam aspectos relevantes do debate historiográfico sobre história política e cultura política a partir de diferentes espaços e realidades do continente americano. Inicialmente o trabalho de Elizabeth Cancelli questiona o modo como desde a modernidade, matizes diferentes de pensamento político perpetuaram a construção de representações centradas nas idéias de pesadelo, exotismo e sonho, configurando a América como lugar de estranhamento.

A cultura política do Uruguai e seus desdobramentos em termos de organização político-partidária constitui o cerne das reflexões do instigante artigo de José Rilla que aborda a tradição antipartidarista e suas implicações em termos de formação da cidadania naquele país.

Carlos Antonio A . Rojas, em seu artigo sobre as transformações no pensamento histórico ocidental analisa o significado da revolução cultural de 1968 e aponta conexões entre este evento de ruptura e a historiografia.

O estudo de Eda Góes apresenta resultados de pesquisa sobre a chamada transição política das últimas décadas no Brasil, tendo como universo analítico o cotidiano das instituições penitenciárias no Estado de São Paulo, especialmente os desdobramentos do debate acerca dos direitos humanos.

Martin N. Dreher traça um perfil biográfico de Hermann Gottlieb Dohms tendo como fios condutor da narrativa a inserção de comunidades de descendentes de alemães luteranos no Rio Grande do Sul, entre os fins do século XIX e o Estado Novo. A partir dessa temática o artigo aponta para questões que atingem a vida de imigrantes num contexto marcado pelo totalitarismo.

Ainda abordando a política, o artigo de Ivan Esperança Rocha trata da relação entre dominadores e dominados na Palestina do século I a partir do testemunho de Flávio Josefo sobre a guerra entre judeus e romanos e a crise interna que envolveu diferentes interesses de grupos judaicos.

Comissão Editorial


Comissão Editorial. Apresentação. História (São Paulo), Franca, v.23, n.1-2, 2004. Acessar publicação original [DR]

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História | UNESP | 2003

Historia UNESP 2 Povos indígenas

História (São Paulo) é (Assis/Franca, [2003]-) um dos mais antigos periódicos acadêmicos publicados pela UNESP e também uma das mais antigas revistas de história que circulam no Brasil. A revista surgiu em 1982, após a fusão de dois periódicos no campo: Anais de História , publicado pela Escola Assis de Filosofia, Ciências e Artes da Linguagem, e Estudos Históricos , publicado pela Escola Marília de Filosofia, Ciências e Artes da Linguagem. O primeiro circulou entre 1969 e 1977, atingindo 9 edições; e o último, criado em 1963, alcançou 16 edições antes de ser descontinuado em 1977.

A partir de 1990, a revista começou a ser publicada pelos dois programas de pós-graduação em História da UNESP, localizados nas cidades de Franca e Assis. Em 2006, após mais de uma década de experiência, com o objetivo de otimizar o trabalho da revista e alcançar um nível de qualidade superior, os programas optaram por encerrar duas outras publicações que até então eram mantidas separadamente, a saber, o periódico Pós-História , pertencente à o Programa de Pós-Graduação em História em Assis e Estudos de História , publicado pelo Programa de Pós-Graduação em História em Franca.

Desde 2007, a História (São Paulo) a revista passou a ser o periódico oficial dos Programas de Pós-Graduação em História da UNESP. Também a partir de 2007, a revista, que já há algum tempo foi incluída em vários índices internacionais, começou a circular exclusivamente pela mídia digital, o que levou a uma expansão e diversificação significativa de seu público.

A revista publica pelo menos dois dossiês anuais e recebe textos para suas demais seções em fluxo contínuo. O título a ser usado em bibliografias, notas de rodapé, referências e legendas bibliográficas é História (São Paulo).

Periodicidade anual.

Acesso livre.

ISSN 0101-9074 (Impresso)

ISSN 1980-4369 (Online)

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América Latina / História (Unesp) / 2003

O dossiê do presente número traz um conjunto diversificado de artigos, que configuram amostra significativa do avanço das pesquisas na área de História da América, em curso no Brasil durante os últimos anos. Oferta-se aos leitores gama variada de objetos e abordagens relativas aos séculos XIX e XX, com particular destaque para aspectos da história política e cultural. A profundidade das reflexões, associada à inovação e ineditismo das pesquisas que lhe dão suporte, certamente estimulará o debate e contribuirá para a propositura de novas perspectivas de investigação.

O artigo de Maria Ligia Prado retoma, com fina erudição, o tema clássico da independência das colônias espanholas da América e discute, a partir da análise de dois textos de Jose Bernardo Monteagudo, as múltiplas possibilidades abertas naqueles “tempos de sonhos, tempos de escolha”. Maria Helena Capelato também se debruça sobre um episódio carregado de simbolismo: a perda, pela Espanha, de seus últimos redutos na América, Cuba e Porto Rico. A geração de 98, suas expectativas, dilemas e impasses são cuidadosamente perscrutados.

O debate em torno da construção da nação e da ordem liberal nas Américas está no centro das preocupações dos dois artigos seguintes, que estabelecem instigantes diálogos entre Tocqueville, Sarmiento Alberdi, caso do texto de José Luis Beired, e Oliveira Lima e José Enrique Rodó, comparados, no que respeita às possibilidades dos Estados Unidos fornecerem um modelo para o restante do continente, por Fabio Murici dos Santos.

Com Patrícia Funes e Júlio Pimentel Pinto, a abordagem desloca-se para os aspectos culturais. A questão da “argentinidad” é debatida por Funes a partir da construção, nas décadas inicias do século XX, de um cânone literário, retraçado em seus aspectos fundamentais a partir do estudo das histórias da literatura. Evidencia-se o esforço em configurar uma tradição própria, aspecto que, como bem aponta a autora, está longe de ser uma especificidade argentina. Júlio Pimentel, por seu turno, nos convida a percorrer ruas com Borges, Girondo, Mário e Oswald e refletir sobre as vanguardas latino-americanas, especialmente a produção poética e a celebração das cidades tal como se apresentam na produção desses escritores.

A política educacional da Argentina, entre o final do século XIX e a metade do século seguinte, é investigada por Gabriela Pellegrino Soares. A partir de rigorosa pesquisa empírica, descortina-se como se efetivou o processo de expansão do sistema escolar do país, a constituição de uma rede de bibliotecas públicas e comunitárias e o nascimento do mercado editorial argentino, sem que se deixe de apontar as motivações e / ou implicações políticas das medidas implementadas.

Fecham o dossiê os trabalhos de Alberto Aggio, que tem por objeto a passagem de Fidel Castro pelo Chile de Salvador Allende, tema pouco explorado pela bibliografia, e Samantha Viz Quadrat, que discute a polêmica questão da apropriação de crianças nas ditaduras do Cone Sul, com especial ênfase para os casos argentino e uruguaio.

Na seção Ensaio historiográfico, Bárbara Weinstein analisa a recente produção acadêmica norte-americana, tributária da nova história cultural. A autora aponta, com perspicácia, os impasses enfrentados por essa vertente e discerne as principais críticas que lhe vem sendo dirigida, provenientes da nova história mundial e dos estudos pós-coloniais.

Norberto Ferreras, por seu turno, revisita o tema do banditismo social, com sólida tradição historiográfica, e discute o seu percurso até os dias atuais.

Jean Marcel Carvalho França apresenta, na seção Documento, excerto do viajante inglês John Turnbull que visitou a cidade de Salvador em 1800.

Com o presente número, a atual Comissão Editorial encerra a sua gestão. Gostaríamos de agradecer a sempre pronta colaboração dos membros dos Conselhos Consultivos Nacional e Internacional, assim como a todos os colegas que, de forma generosa, dispuseram de seu tempo para atuar como pareceristas ad hoc.

Comissão Editorial


Comissão Editorial. Apresentação. História (São Paulo), Franca, v.22, n.2, 2003. Acessar publicação original [DR]

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