Pierre Duhem: Entre física y metafísica | Víctor Manuel Hernandez Márquez

This book is structured by seven chapters written by six researchers from three different Universities: Fábio Rodrigo Leite y João Cortese from the Universidade de São Paulo, Brazil; Ambrosio Velasco Gómez from de Universidad Nacional Autónoma de México and Víctor Manuel Hernández Márquez (coordinator), Roberto Estrada Olguín and Roberto Sánchez Benítez from the Universidad Autónoma de Ciudad Juárez, Mexico.

Each of the authors develops their own analytical perspectives around the work of Pierre Duhem (1861-1916). Ambrosio Velasco seeks to show that the contemporary philosophy of science began from a fundamental criticism of the modern conception of scientific rationality proposed by Descartes (in his rationalist version) and by Newton (in his empiricist turn). Velasco contends that Duhem’s contribution to this discussion is to have undermined several myths and dogmas, among them, the Cartesian idea that the rationality of knowledge is based exclusively on strict adherence to certain methodological rules and the Newtonian thought that observation, induction and experimentation are the fundamental procedures of the scientific method. Leia Mais

Siendo continuación de un estudio anterior (A Tale of Seven Elements), encontramos en este trabajo un libro ameno y de ágil lectura. En él se reflejan no solo la genuina humildad que caracteriza al erudito, sino la curiosidad, que es el germen de la indagación filosófica.

Apto tanto para el lector diletante o desprevenido como para el estudioso experto, este texto posee múltiples niveles de complejidad que lo convierten en una lectura grata y edificante a la vez. Leia Mais

Fluxus Indagine sui fondamenti della metafisica e della física di Avicena, LIZINNI (V)

LIZINNI, Olga. Fluxus. Indagine sui fondamenti della metafisica e della física di Avicena. Bari: Edizioni di pagina, 2011, 679p. ISBN 978-88-7470-123-0. Resenha de: OLIVEIRA e SILVA, Paula Oliveira e. Veritas, Porto Alegre v. 57 n. 2, p. 216-220, maio/ago. 2012.

Olga Lizinni apresenta nesta obra uma análise da Metafísica do Livro da Cura (Kita b al-Sifa ) de Avicena, rastreada à luz do conceito fundamental de fluxo (fayd). Arabista e Doutora em Filosofia, Lizzini preparou, juntamente com Pasquale Porro, a primeira edição italiana da Metafísica de Avicena (Ed. Trilingue: árabe, latim, italiano. Milão 2002; 22006). A obra que publica agora sobre o conceito de fluxus (fayd) é reveladora de uma análise feita a partir do conhecimento intrínseco da língua árabe. É a partir do trabalho filológico que Lizzini desbrava a centralidade do conceito de fluxus quer na Metafísica de Avicena, quer em outras obras do filósofo árabe.

Essa volumosa obra de Lizzini está dividida em cinco capítulos, aos quais se seguem dois Apêndices, uma Bibliografia, um Índice de lugares citados e, finalmente, um Índice de autores. O capítulo primeiro, Fluxo, fluir, fazer fluir – fayd, fayada n, ifa da (p. 27-87), expõe as “primeiras notas sobre a terminologia do fluxo”. Trata-se de um levantamento de ocorrências do termo quer nos textos neoplatônicos traduzidos para o árabe pelo círculo de Al-Kindi (Plotiniana árabe: respectivamente a obra Teologia pseudo-aristotélica, a Epístola sobre a Ciência Divina e os Ditos do Sábio Grego; Procliana árabe: Elementatio Theologica e Discurso ou Livro do Sumo Bem), quer nas obras de autores que precederam Avicena, nomeadamente Al-Kindi e Al-Farabi, recolhendo ainda algumas primeiras observações sobre o tratamento aviceniano de fluxus.

O Capítulo 2 parte da definição de fayd dada por Avicena no Livro das definições (Kita b al-Hudu d), para evidenciar o alcance metafísico do termo e as questões que lhe são subsequentes. O termo fluxo é empregue para referir a procedência do mundo em relação ao Primeiro Principio ou para dar conta das aporias, de âmbito lógico-linguístico e ontológico, que envolvem essa procedência. O absoluto primado do Primeiro e a Necessidade da sua existência limitam desde logo a sua dizibilidade e compreensão. Por isso, tratar dos atributos de Deus significa considerar a derivação do mundo e, inversamente, qualificar a emanação de algo a partir de Deus implica necessariamente adscrever atributos ao próprio Deus. Escreve Lizzini: “Qualunque predicazione che vada al di là della mera esistenza di Dio implica il mondo e con esso il flusso che gli dà origine; la predicazione degli attributi divini finisce così per coincidere con lo stesso flusso”(p. 94). A questão é a de saber de que modo é possível a predicação de Deus e se esta é de fato uma predicação dele ou do que flui a partir dele. Dada a inefabilidade absoluta de Deus, Avicena considera que o silêncio, mais do que o discurso negativo ou afirmativo, é a resposta coerente ao problema da predicação do divino. A relação do Necessariamente Existente com o mundo coloca-se não a partir do próprio Primeiro, mas a partir da procura da razão última da relação que todos os existentes têm entre si. Ora, a temática do fluxo é operativa na metafisica aviceniana, precisamente para compreender essa relação. Trata-se de uma relação irrecíproca, sem correlação: “ È al interno di questo orizzonte dottrinale che le relazioni possano andare ascritte al Necessariamente Esistente: pensate como non costituenti l’essenza del Principio e rispetto ad essa esterne, esse sono causate dall’essenza del Principio e le sono posteriori, come posteriori al Primo è lo stesso flusso d’essere che da Esso si origina” (p. 97). A ideia de fluxo é por conseguinte central na compreensão da relação de Deus com o Mundo, do problema aviceniano da emanação, da identificação dos modos do existente, da instauração do mundo ou da resolução do problema da sua origem, para a compreensão da identidade de Deus e dos existentes e para o estabelecimento da diferença ontológica. Essas são, em síntese, as grandes questões sob as quais a análise do conceito de fluxo e a sua operatividade no sistema aviceniano pretende lançar luz. No que diz respeito ao Livro das Definições, conclui a autora, três são os aspectos desta doutrina que aí se evidenciam: a necessidade do fluxo, o seu caráter ontológico e o seu carácter hierárquico (p. 109). Essas características serão explicitadas e os seus conteúdos serão determinados na Metafísica do Livro da Cura. Nesta obra, a relação é analisada em termos de causalidade e, de modo particular, a partir da diferença entre o Existente Necessário e o Possível. Partindo da consideração aviceniana do fluxo como “causalidade comunicável” (p. 114), a autora explana três temas centrais da metafísica aviceniana: a relação necessidade-possibilidade (p. 114-146); a relação essência-existência (p. 147-157) e a relação de providência, no horizonte do conceito de “utilidade” em que Avicena a inscreve (p. 193-223). Lizzini leva a cabo uma verdadeira exposição da ontologia aviceniana: a noção de fluxo serve-lhe aqui de ponto de partida, mas as questões são discutidas em um horizonte que ultrapassa a delimitação do conceito em causa. A análise sobre a relação entre necessidade e possibilidade mostra bem a função heurística que essa disjunção assume na ontologia aviceniana, concretamente na concepção do existente causado (necessário por outro) e da sua relação com o Necessariamente existente. Completa essa análise o esclarecimento da estrutura ontológica do existente entre essência e existência, da diferença entre ambos os princípios e do primado da essência sobre a existência. Um último apartado do Capítulo II é dedicado à delimitação do termo fluxo: “ci usa soltanto a proposito del Creatore e delle Inteligenze” (p. 224-234). Desse modo, a autora introduz as temáticas dos três capítulos seguintes, nos quais trata respectivamente o problema do “agir divino” (Capítulo 3), a emanação do mundo sublunar (Capítulo 4) e finalmente o fluxo no mundo natural ou físico (Capítulo 4).

O Capítulo 3 analisa o primeiro momento do fluxo, isto é, a emanação do existente possível a partir do necessário, mostrando como para Avicena “la causalità del Primo non è né per volontá né per elezione, ma perchè al Primo deve essere attribuito un atto assoluto (…) per il quale neppure il termine di ‘instaurazione’ puè essere acolto senza essere redifinito” (p. 235-236). A questão em análise é a do modo de emanação das Inteligências e dos existentes a partir do Primeiro Principio ou, como nota a autora, a da resposta aviceniana à ideia teológica de criação. Nesse âmbito, discute o preciso conceito de creatio ex nihilo em Al-Kindi e em Al-Farabi (p. 248-257) e a sua limitação na ontologia emanacionista de Avicena (p. 257-270), bem como a erradicação de toda a consistência ontológica operada pelo filósofo árabe com respeito à noção de nihil. Dessa análise evidencia-se a concepção de Avicena de instauração, como aquela que corresponde a um poder absoluto de constituir algo no ser, cuja causa é o Primeiro Principio, sem qualquer mediação por um lado (é absoluto) e sem qualquer intencionalidade por outro (é necessário). Nos dois apartados que completam esse capítulo, Lizzini analisa a dimensão ética da instauração (a emanação a partir do supremo bem ou a necessária difusibilidade dele, e o lugar possível para a consideração da vontade no Primeiro) e a dimensão noética do mesmo. Fica assim delineada a mundividência aviceniana, nos seus fundamentos ontológicos, éticos, noéticos, com base na operatividade de noção de fluxo. Nos Capítulos 4 e 5, Lizzini analisa respectivamente o devir do mundo sublunar e o fluxo no mundo físico. No que se refere ao mundo sublunar, evidencia a condição universal do fluxo e a particularidade do mundo e analisa os elementos de conciliação entre ambos, com base no modo como Avicena considera a relação entre os princípios constituintes do existente – matéria e forma – e o modelo de causalidade que lhe está subjacente. Admitindo o caráter receptivo da matéria com relação ao princípio formal – e por conseguinte admitindo a necessidade do fluxo –, Avicena considera, contudo, que a forma não tem causalidade exclusiva, com relação à matéria (p. 378). Avicena revê o esquema causal aristotélico, dando lugar à intervenção de um “princípio separado” de causalidade vertical (p. 381). Nessa estrutura de causalidade e na interdependência entre fluxo e influxo se inscreve a cosmologia aviceniana determinista e a explicação para o mal, temas analisados no final deste capítulo (p. 451-483) e ainda o longo do capítulo quinto e último, bem como a sua relação com a questão do acaso (p. 514-542). O Capítulo 5 analisa a concepção aviceniana de natureza. Ao introduzir de uma causalidade celeste ou de um princípio “oltre che naturale” no processo de derivação das formas a partir do Primeiro, Avicena pretende abarcar no conceito de natureza toda a realidade, mesmo aquela que pode ocorrer de modo “supranatural”. Com base na análise desse conceito amplo de natura (tabıa) a que se segue o apartado sobre o lugar do acaso, do determinismo e do influxo no âmbito da Física de Avicena, encerra-se a parte expositiva desta obra. Seguem-se dois Anexos. O Anexo I Terminologia contém um léxico que esclarece um conjunto de termos implicados no campo semântico da noção de fluxus (fayd), tais como emanar e influir (p. 546-570) e criação, instauração e produção (p. 570-581). O Anexo II Tavola delle opere(p. 583-595) disponibiliza uma cronologia das obras de Avicena, deter-minada com base em uma investigação exaustiva das fontes disponíveis, cujo objetivo é resolver as ambiguidades que se verificam sobre esse assunto. A obra contém ainda uma Bibliografia, subdividida em I. Fonti ed edizioni utilizzate (para as obras gregas; obras gregas e do Pseudo-Aristóteles em tradução árabe; obras latinas e obras filosóficas e teológicas árabes; e II. Leterattura secondaria (repertórios bibliográficos sobre o corpus aviceniano, Dicionários e Estudos). Finalmente, a obra apresenta um conjunto de índices de autores (antigos; árabes, hebreus, persas e sírios; autores de áreas medievais e modernos; especialistas).

Esse extenso e denso volume de Lizzini revela a competência da autora enquanto arabista e especialista em Avicena, e é o resultado de uma imensa investigação realizada em torno da metafísica aviceniana, em todos os domínios: levantamento de fontes, abordagem histórico-filológica e genética dos conceitos implicados (fluxus e os referentes ao mesmo campo semântico), recolha da literatura secundária desde os inícios do século 20 até à literatura mais recente, leitura e comentário das principais teses em debate e das posições dos especialistas na área, sobretudo dos mais recentes.

A dispensação, em Anexo, dos instrumentos lexicais e a cronologia para a obra de Avicena, junto com as edições críticas e traduções disponíveis, são dois instrumentos de trabalho que, em domínios diferentes – conceitual e bibliográfico –, facilitam a continuidade da investigação nessa área. Este estudo esclarece a identidade e a originalidade da filosofia de Avicena e permite compreender melhor as influências por ele sofridas do pensamento grego tardo-antigo e a assimilação das teses de Avicena por parte dos medievais no Ocidente. É sem dúvida uma obra de referência incontornável no estudo da gênese e estrutura da filosofia de Avicena e da sua influência na Idade Média ocidental.

Paula Oliveira e Silva – Instituto de Filosofia. Universidade do Porto.

Acessar publicação original

A busca pela compreensão cósmica. São Carlos: EdUFSCar, 2010. Resenha de: VIEIRA, Rodrigo – OLIVEIRA (EPEC)

OLIVEIRA, Adilson J. A. A busca pela compreensão cósmica. São Carlos: EdUFSCar, 2010. Resenha de: VIEIRA, Rodrigo Drumond. A busca pela compreensão cósmica. Crônicas para despertar o interesse pela Física e a Ciência em geral. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, Belo Horizonte, v.13, n.02, p.189-192, mai./ago., 2011.

O livro em análise foi escrito por Adilson J. A. de Oliveira, professor do Departamento de Física da Universidade de São Carlos e responsável por vários projetos referentes à divulgação científica. O autor apresenta, logo nas primeiras páginas do prefácio, o fascínio que a Astronomia e a Ciência em geral lhe despertaram desde tenra idade. Carl Sagan, reconhecidamente um dos maiores divulgadores da Ciência do século XX, tem sua série para televisão “Cosmos” apontada como uma grande fonte de incentivo e estímulo para o autor na sua relação com o conhecimento científico.

Ainda no prefácio, o autor destaca que muitas vezes estamos sujeitos a um volume enorme de informações oriundas da mídia, internet, etc. O autor reconhece que a publicação deste livro de divulgação é importante pela possibilidade que oferece para uma leitura mais pausada e reflexiva sobre Ciência, favorecendo e complementando o entendimento das pessoas sobre o que é e para que serve este empreendimento humano, tão presente e necessário no cotidiano de todos.

A obra é composta por “crônicas” sobre diversos temas de Ciência, em especial sobre Astronomia e Física, que foram publicadas originalmente em sites do AOL, Web São-Carlos e ClickCiência. As “crônicas” foram publicadas e escritas em épocas diferentes e a sua organização neste livro segue um padrão recursivo, em que uma mesma ideia é abordada segundo diferentes contextualizações, como é o caso da Teoria da Relatividade Especial. Essa “recursividade contextualizada” facilita a compreensão do leitor das temáticas abordadas. As crônicas foram agrupadas segundo campos específicos, como em “Crônicas sobre o Saber”, “Crônicas sobre a Matéria”, “Crônicas sobre o Cosmos”, “Crônicas sobre o Espaço e Tempo” e “Crônicas sobre a Vida”. Apesar dessa estrutura, as crônicas são independentes e podem ser lidas em qualquer ordem.

Em “Crônicas sobre o Saber”, o autor inicialmente desenvolve argumentos a favor da importância do entendimento do conhecimento científico por todas as pessoas. O caráter essencialmente humano da Ciência é discutido com exemplos, inclusive de fraudes, as quais resultam de ambições pessoais dos cientistas.

O autor prossegue fazendo apologia ao conhecimento básico como forma de evitar engodos na navegação da web, em um momento em que temos a disposição uma vastidão de conhecimentos sem, entretanto, que todo esse conhecimento tenha compromisso com a sua confiabilidade. As mecânicas newtoniana, relativística e quântica são introduzidas segundo seus campos de aplicação e a teoria das supercordas é apresentada como uma possível síntese de “tudo”. O autor adverte ainda que, apesar da coerência interna dessa nova abordagem teórica, ela ainda carece de comprovação empírica. Com o exemplo da teoria heliocêntrica, o autor aborda a questão da temporalidade que uma ideia ou teoria necessita para ser aceita, tendo como obstáculos os dogmas da igreja e outras constrições. Esse conjunto de crônicas é finalizado com a opinião de que o conhecimento pode ser uma solução para medos, apesar de sempre lidarmos com incertezas, inclusive na Ciência, como é apontado para o caso do princípio da incerteza na mecânica quântica.

Em “Crônicas sobre a Matéria”, são abordados inicialmente temas como o papel da imaginação na Ciência, a revolução tecnológica atual com o advento da nanotecnologia e as supercordas como suposta teoria unificadora. O autor discute a importância do Sol para a manutenção do ciclo da vida na Terra, introduzindo elementos de conhecimento do campo da Biologia. A natureza dual da luz e a importância dos elétrons na vida contemporânea são alguns dos exemplos que o autor utiliza para introduzir elementos da Física do século XX.

O magnetismo e o spin são apresentados como promissores de novas tecnologias em processamento e armazenamento de dados. Na sequência o autor aborda a questão do aumento constante da entropia do universo, o que resulta em uma concepção sobre o seu destino. O histórico de descoberta dos planetas e seu batismo com nomes de deuses é traçado e a lenda de Ícaro é apresentada como metáfora para os riscos inerentes à conquista espacial, a qual é comparada com o advento das grandes navegações. Na sequência, o autor explica como as estrelas podem ser usadas como fontes de referência, além de apresentar os diversos estágios que as estrelas percorrem ao longo de sua vida. A origem do universo sob as perspectivas da mecânica newtoniana e relativística são discutidas e descobertas do século XX são apresentadas como evidência para a solução relativística. Finalizando essas crônicas, o autor apresenta a problemática do mistério da escuridão noturna, a qual é atribuída à finitude e inflação do universo.

Em “Crônicas sobre o Espaço e Tempo”, o autor mostra como as ideias de Newton foram influentes, posteriormente questionadas, e, não obstante o seu questionamento, é salientado que elas ainda possuem um amplo campo da aplicação na sociedade contemporânea. Os cinco artigos que Einstein publicou no início do século XX são introduzidos, e o autor dá ênfase à Teoria da Relatividade Especial e suas consequências para o nosso entendimento sobre espaço e tempo. Ainda referindo-se ao trabalho de Einstein, o autor apresenta as implicações da revolucionária equação E=mc2, e a sua aplicabilidade no entendimento dos processos de fusão e fissão nuclear. A seguir, são apresentados os princípios básicos da Teoria da Relatividade Geral, dando-se destaque ao princípio de equivalência. O autor explica que essa teoria foi validada em 1919 com observações de estrelas em uma situação de eclipse solar, as quais foram realizadas em Sobral, Ceará, e nas Ilhas Príncipe, África. Finalizando esse conjunto de crônicas, as incríveis velocidades atingidas por naves espaciais são comparadas com a intangível velocidade da luz; o tempo contínuo e a possibilidade de discretizá-lo são apresentados; a motivação para discretizar o tempo é traçada tendo em conta a tentativa de obter uma descrição mais completa dos fenômenos físicos, superando a incompatibilidade no nível microscópico entre mecânica quântica e relatividade.

Em “Crônicas sobre a Vida”, o autor foca inicialmente a Física das competições esportivas, explicando como o entendimento de Física ajuda a superar os limites humanos. Tais limites também são explorados quando o autor aborda a questão dos super-heróis e a implausibilidade física dos seus superpoderes no universo em que vivemos. A importância da água para a criação e manutenção da vida é abordada, juntamente com a necessidade de consumo de energia de alta qualidade. Finalizando esse conjunto de crônicas, a estrutura e função do DNA são apresentadas como condição para a emergência da vida tal como a conhecemos.

Em “Uma Última Crônica”, o autor reflete sobre os capítulos precedentes e advoga que o saber científico é um dos mais bem sucedidos empreendimentos da humanidade. O autor finaliza o livro reforçando a ideia de que o acesso ao conhecimento científico, mesmo que parcial, é importante para todas as pessoas.

O conjunto da obra é acessível ao público universitário iniciante e a pessoas que já têm inclinação e interesse por Ciências. Devido ao seu linguajar simples, à recursividade e à contextualização dos temas abordados, o livro permite também que professores do Ensino Médio o utilizem como fonte complementar de referência para suas aulas. Nesse sentido, o livro avança o campo de divulgação de ideias consideradas “contrasensuais” e de difícil entendimento, como os princípios da mecânica quântica e da relatividade, e suas consequências para o nosso entendimento do universo e da nossa relação com ele.

Resta questionar se o Ensino Fundamental e a Educação de Jovens e Adultos, devido às suas peculiaridades, podem também se favorecer com o livro.

Esse questionamento é relevante, já que os trabalhos de divulgação científica sempre pressupõem um público específico. Ideias como o “princípio da incerteza” e “dilatação do tempo” são desafiadoras e carecem de divulgação apropriada para o Ensino Fundamental e jovens e adultos que deixaram os estudos há muito tempo e estão novamente retomando sua formação básica.

Rodrigo Drumond Vieira – Doutorando em Educação pelo Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação (FaE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). E-mail: [email protected]

Acessar publicação original

[MLPDB]