Paisagens da história. Como os historiadores mapeiam o passado | John Lewis Gaddis

Resenhista

Diogo da Silva Roiz


Referências desta Resenha

GADDIS, John Lewis. Paisagens da história. Como os historiadores mapeiam o passado. Trad. Marisa Rocha Motta. Rio de Janeiro: Campus, 2003. Resenha de: ROIZ, Diogo da Silva. Como os historiadores escrevem a história das sociedades passadas? História Debates e Tendências. Passo Fundo, v. 7, n. 1, p. 217-223, jan./jun. 2007. Acesso apenas pelo link original [DR]

Paisagens da História – Como os historiadores mapeiam o passado | John Lewis Gaddis

A historiografia é abordada como tema nessa obra de John Lewis Gaddis, que consiste em um conjunto de conferências proferidas por ele na Examination Schools em High Street. Influenciado por Marc Bloch e E. H. Carr, o autor discute o papel do historiador e seus métodos, visando a uma complementação e reflexão embasada no pensamento desses autores. Isso é feito de modo interessante e original, com o levantamento de questões – como o objeto de estudo desses profissionais, seu modo de pensar e analisar a realidade – cuja discussão é permeada por exemplos advindos desde a história, até as artes – como a pintura, a literatura e o cinema –, e pelo uso de metáforas; recursos, esses, que facilitam o entendimento e entretêm a leitura.

A discussão se inicia com a análise da pintura O viajante sobre o Mar de Névoa, de Casper David Friedrich, que desencadeia uma reflexão sobre a posição do historiador em relação ao seu objeto. Ele, assim como o personagem do quadro, observa os acontecimentos com o distanciamento que o tempo exige, uma vez que o passado chega até nós inacessível, sendo somente possível sua representação pelos artefatos sobreviventes. Esta pode ser feita sob um prisma mais amplo, quando comparado ao daqueles que viveram a experiência, já que o historiador pode variar entre o geral e o particular, fazendo uso também das diferentes escalas de tempo e espaço, conforme for necessário. Dessa forma, para o autor, o que deve ser buscado é uma abstração, não uma descrição literal dos eventos ocorridos. A história deve ser como um mapa: que simplifica a realidade, destacando aspectos de acordo com o que se pretende compreender e explicar. Leia Mais

We Now Know: Rethinking Cold War History | John Lewis Gaddis

O ano de 1989 é considerado o ano do fim da Guerra Fria, devido ao colapso do mundo socialista, simbolizado pela queda do muro de Berlim, seguida da dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas em 1991. Continuaram, no entanto, os debates a respeito desse fenômeno político singular, que perdurou por mais de meio século. O colapso do comunismo está permitindo aos historiadores do ocidente ter acesso aos arquivos orientais pela primeira vez. O conceituado historiador e especialista em Guerra Fria, John Lewis Gaddis, procura dialogar com essas fontes em sua mais recente obra: We Now Know. Ele procura unir uma sólida bibliografia no campo à pesquisa em novas fontes. Sua proposta seria a de apresentar uma nova história da Guerra Fria.

Segundo Gaddis, nós saberíamos agora que os países democráticos pensavam de forma mais realista do que a URSS e seus satélites. Stalin acreditava que o mundo capitalista jamais conseguiria destruir a revolução russa. Mao iludiu-se em acreditar que a URSS estaria ao lado da recém criada República Popular da China. Kruschev, ao instalar os mísseis em Cuba, acreditava estar assegurando a disseminação do comunismo pela América Latina. Essas posições, mais próximas do romantismo revolucionário do que de uma realpolitick, dificilmente seriam adotadas pelos regimes democráticos, dotados de maior capacidade de autocorreção. A URSS, seus satélites e a China, segundo Gaddis, seriam semelhantes às monarquias absolutas. Leia Mais