Pensamiento político e historia: ensayos sobre teoría y método | John G. a. Pocock

A história das ideias políticas precisa ser analisada na condição de ser uma história da linguagem ou linguagens políticas, sendo o papel do historiador apreender, ou melhor, reconstruir o contexto retórico e sociolinguístico do passado. Eis uma das premissas básicas da qual parte o historiador neozelandês John Greville Agard Pocock para as suas análises. Paralelamente ao britânico Quentin Skinner, que possivelmente atraiu mais os olhares de admiradores e críticos no campo intelectual com o passar dos anos, ele é um dos grandes expoentes do já há décadas conhecido Linguistic Contextualism, oriundo da Escola Histórica da Universidade de Cambridge. Os caminhos de Skinner e Pocock sempre se cruzaram, haja vista a formação que tiveram desde a época da graduação. E não é despropositado afirmar que nessa confluência de experiências vividas há mais de cinquenta anos, há muito mais convergências do que divergências. Mas é claro que as especificidades são inerentes a cada um e, por isso, os estudiosos ganham muito ao disporem de mais uma obra de Pocock, e que é muito relevadora acerca das suas pesquisas nas últimas cinco décadas. Trata-se de Pensamiento político e historia. Ensayos sobre teoría y método. Leia Mais

Uma genealogia do Estado Moderno | Quentin Skinner

Não é algo absurdo afirmar que o que mais ocupa o espaço nas reflexões ligadas ao pensamento político, seja no campo da ciência política ou especificamente no da história das ideias, é o Estado. Conceito extremamente polêmico, para dizer o mínimo, e que sofreu ao longo dos séculos as mais distintas caracterizações. Com as vertentes teóricas até então conhecidas, pode-se afirmar inúmeras coisas. Para alguns, o Estado se apresenta como uma grande superestrutura imanente à realidade social, e que a todos e a tudo arrasta, conforme a vontade ideológica que lhe é própria, como num turbilhão inescapável rumo a algo que independe das vontades dos indivíduos. Já para outros, não seria mais que um mero conceito abstrato, útil unicamente para nomear o que se enxerga como a mera união dos atores sociais, esses sim, por sua própria vontade agindo para a concretização da realidade efetiva. Há ainda os que pensam o Estado como nada além de um emaranhado burocrático, historicamente constituído para ser o meio de dominação de determinada classe sobre os oprimidos. Enfim, não cabe aqui narrar o grande número existente de ideias sobre o conceito. Não há espaço para tal. Leia Mais

Epistemologias da história: verdade, linguagem, realidade, interpretação e sentido na pós-modernidade | Gabriel Giannattasio e Rogério Ivano

Nas últimas décadas, e bem mais recente quando se tem por base o cenário brasileiro, os debates no campo da História (e também, claro, no da Filosofia e no das Ciências Sociais), mais especificamente na área de Teoria e Metodologia da História tem direcionado suas preocupações em torno de um objeto, ou pode-se dizer ainda, tema, ideia, paradigma, pois as designações são múltiplas. De fato, o que é possível afirmar, aqui sim com convicção, é que a pós-modernidade é a pauta do momento, seja para arrancar suspiros daqueles que a defendem e/ou idolatram, seja para nausear aqueles que acreditam que tudo isso não passa de mera invenção de alguns intelectuais equivocados. E é com a intenção de esclarecer alguns tópicos que a torrente pós-moderna e a enxurrada de problemas, novidades, embates etc que a ela são intrínsecos, que surge o livro organizado pelos historiadores Gabriel Giannattasio e Rogério Ivano. Leia Mais

Mestres do passado: clássicos da sabedoria política moderna | Marcos Antônio Lopes

Um conjunto variado de temas – eis o que nos revela Mestres do passado, coletânea de ensaios do historiador Marcos Antônio Lopes. A obra apresenta a análise de alguns autores que a tradição interpretativa tem considerado como as grandes figuras do pensamento político moderno. De Maquiavel a Montesquieu, passando por Morus, Hobbes e Locke, o livro reúne uma seleção de filósofos tão diferentes quão interessantes. O autor se empenhou em incluir no grupo figuras menos prováveis de ocorrer numa história do pensamento político. São elas o místico italiano Giordano Bruno, o bispo francês Jacques-Bénigne Bossuet e o intrépido Voltaire, autores que comumente são deixados de lado nas obras do gênero.

O ensaio de abertura do livro intitula-se “Para viver na posteridade: as tradições intelectuais e a permanência das obras de pensamento”. Ao final, o artigo “Esticando conceitos” funciona como um apanhado bastante sugestivo sobre o complexo conceito de política e de Estado tomado numa linha de continuidade que parte de Platão e Aristóteles para chegar a Marx, Weber e Bobbio. Ainda que separados pelos capítulos de exegese de textos clássicos da história da filosofia política moderna, textos que cobrem os séculos XVI, XVII e XVIII, os ensaios em referência são dois momentos nos quais Lopes discorre sobre conceitos operacionais e metodologias interpretativas e acerca de como ler as obras do passado. Leia Mais